sexta-feira, 25 de abril de 2014

O dia D de Portugal

Este dia 25 de Abril de 1974 foi chamado o dia da Revolução dos cravos e os mais jovens são capazes de perguntar porquê.
Realmente, revolução e cravos não são duas palavras que liguem muito bem. Mas é que nesta " revolução " as armas que os soldados empunhavam estavam ornamentadas com cravos encarnados. Cravos que, nas ruas, as floristas e quantos se juntavam a eles lhes iam oferecendo.
Foi uma maneira de festejar a liberdade.
E aqui, temos novos pontos de interrogação: Liberdade? De quê? Que tipo de liberdade?
Actualmente, sobretudo para os mais jovens, liberdade é mais ou menos sinónimo de "libertinagem", de poder fazer o que lhes apetece. Esquecem mesmo que a liberdade de uns termina onde começa a liberdade dos outros. E nem se lembram que a liberdade pressupõe direitos mas também deveres.
Mas, em 1974, a liberdade que se festejava era o fim dum regime ditatorial  e o início dum governo em democracia. E isto, significava  a libertação de muitas coisas que pareciam pesar demasiado.
Aliás, ser livre, verdadeiramente, é ser capaz de se desprender de tudo aquilo que nos prende, que nos impede de olhar além, de sonhar mais alto, de aspirar à santidade.
Não é, necessàriamente, abdicar de tudo, mas ser capaz de se desprender do que não deixa livre o coração e o espírito. A liberdade está dentro de nós, no nosso coração.
Com o 25 de Abril de 1974, desprendemo-nos da ditadura e assumimos a democracia. Não sei se, nesse dia, já tínhamos plena consciência do que tudo isso implicava ; se todos aqueles que alegremente se manifestavam nas ruas sabiam o que o país lhes ia pedir.
Eu estava em Lisboa nessa madrugada de Abril e fui acordada pelo som do telefone que avisava o meu irmão que tinha havido uma revolução. Depois, um grande silêncio e a expectativa do que se iria passar. E o que desejei e consegui foi regressar rapidamente ao Ramalhão. Havia um Colégio de que eu era a responsável...
Nesse dia não aconteceu nada. Apenas suspendemos as aulas. Depois, é que se seguiram RGAs, RGEs, etc. Quantas reuniões! Quantas dúvidas! Quantas inquietações!
Era o preço a pagar pela liberdade alcançada.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


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