domingo, 31 de agosto de 2014

A voz do silêncio

Já cheguei de férias há dois dias mas só hoje é que tive ocasião de me sentar calmamente e só na nossa velha capela , diante daquele crucifixo enorme que parece encher todo o espaço e chamar-nos para que o olhemos e escutemos.
Sentei-me, para o ouvir, talvez! mas para lhe contar das minhas alegrias e angústias, das coisas boas e das dificuldades que me aguardam, dos sonhos sonhados e das desilusões sofridas.
Talvez, como muito raramente acontece, encontrasse aquele ambiente de paz, de tranquilidade, de convite à reflexão e ao diálogo interior.
Olhar aquele crucifixo que parece  "imenso"  e nos fala, é sempre impressionante. E não pude deixar de pensar naquela outra situação  e naquele outro crucifixo, face ao qual, se tinha feito frade um jovem talentoso, cheio de dons e de projectos.
São os planos de Deus!...
E é que no silêncio, num ambiente em que o Amor e a Misericórdia estão bem presentes, sentimos melhor o apelo de Cristo para que O sigamos e O testemunhemos.
Lembro a propósito as palavras de Jeremias, lidas hoje na Missa: " Ele me seduziu  e eu deixei-me seduzir".  Penso que a questão está mesmo aí: Primeiro, em deixar-se seduzir e depois, em viver de acordo com esse apelo  e essa sedução, tendo presente que Jesus é amor e está sempre connosco mesmo quando a dor, o sofrimento, a inquietação nos invade.
Continuei desfrutando dessa quietude  e desse silêncio que nos torna mais capazes de ouvir a voz que é silêncio mas fala dentro do nosso coração.
Saí diferente? Certamente não. Os problemas, as inquietações, as dúvidas persistem ... 
Mas voltei às ocupações que me esperavam com a certeza que tudo vale a pena quando abrimos o nosso coração à graça.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Liberdade

Manhã a caminho da praia.
No ar, ainda uma ténue neblina que não deixava o sol mostrar-se sorridente. O mar, ao longe, ainda um pouco encoberto pela névoa e a areia ligeiramente húmida.
Mas ao chegar ao areal, um surpresa. Um bando enorme de gaivotas estendendo-se pela praia.Não sei se estavam a descansar se a fazer a digestão do pequeno almoço...
De onde em onde duas levantavam voo, davam um volta e desciam, em voo planado, para se juntarem ao grupo. Mas às vezes uma partia sòzinha, voava mais alta e parecia não voltar.
Não podia deixar de recordar a história de Fernão Capelo Gaivota, da sua ânsia de novos rumos, novas descobertas, grandes novidades.
Ao mesmo tempo, pensei em nós, homens. Pertencemos a uma sociedade, temos uma família, constituímos um grupo,formamos  uma comunidade...
Isto pressupõe entrar num esquema, estabelecer uma linha coerente, identificar-se com ideias e orientações. Foi uma escolha, uma opção.Mas depois, quantas vezes, a ânsia de conhecer novos rumos,de seguir novas estradas, de experimentar novos caminhos!... E o desejo de partir à descoberta
É a ânsia de liberdade, de pensar pela nossa cabeça, de não seguir ninguém. Mas afinal, em qualquer circunstância somos livres porque, se baptizados, "já não somos nós que vivemos mas Cristo que vive em nós" . E Cristo é a Liberdade por excelência.
Fico olhando o mar e as gaivotas que, em bando, partiram para novas paragens.
Afinal, optaram por manter o grupo, lutar por ele, testemunhar valores.
Será que temos uma lição a aprender das gaivotas?
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

domingo, 24 de agosto de 2014

Caminhos.

Somos três amigas de tempos idos. Conhecemo-nos no liceu ; criámos laços; fizemos planos juntas. Os nossos caminhos cruzaram-se mas depois cada ums seguiu a sua estrada.Tirámos cursos diferentes:a Joana Arquitectura, a Catarina Serviço Social e eu Biologia. E as nossas opções de vida também foram diferentes: A Joana casou, organizou a sua vida e tem quatro filhos amorosos. A Catarina não quis casar e preferiu dedicar-se aos jovens e adultos com quem trabalhava. Eu... recebi um apelo diferente e escolhi segui-lo fazendo-me Dominicana.
As três continuamos a servir o Pai , cada uma à sua maneira. As três somos felizes e nos sentimos realizadas. As três permanecemos amigas.
Às vezes, ao pensar nos nossos percursos de vida, sinto que somos como testemunhas daquilo que Deus pede a cada um. Nem só o matrimónio realiza a missão de mulher.Ser religiosa é estar disponível para servir sem responsabilidades de família , sem preocupações de filhos, mas... com outras responsabilidades, outras preocupações, numa doação total de si mesma à vontade do Pai. E algo parecido acontece com o celibato por opção , em que se renuncia a constituir família para estar livre para outras famílias e outros serviços.
A questão está na escolha. Ou melhor... na resposta a dar ao que Deus nos pede.
 Porque em qualquer dos casos estamos a falar de Vocação.
Não se escolhe um caminho, qualquer que ele seja, ( matrimónio, religiosa, celibato leigo ) sem que se tenha sentido um apelo de Deus e se queira corresponder a ele, com disponibilidade, alegria, generosidade. Não devemos ser nós a escolher. Quem escolheu, desde toda a eternidade, foi o Pai que nos falou como aos Apóstolos: "Queres? Vem e segue-Me..."
No nosso Sim está a correspondência à vontade de Deus.
Estejamos atentos aos apelos do Pai, ao Seu chamamento, à Sua palavra no nosso coração. Só atentos, na oração, Lhe podemos responder e encontrar assim a nossa felicidade.
                    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P. 

sábado, 23 de agosto de 2014

A Paz é possível

Quando abrimos a TV e os noticiários só nos falam de lutas, de guerras, de tréguas precárias, de ódios,de mortes, apetece perguntar onde fica a noção daquela paz que Jesus veio trazer à terra, que estão os homens a fazer dela.
É verdade que há quem defenda a paz, quem lute, sem armas, pela igualdade, o respeito, a fraternidade..
É certo que todos os anos há personalidades a quem é atribuído o prémio Nobel da Paz Entre esses temos, por exemplo Nelson Mandela que tanto lutou , sem armas, pela igualdade dos direitos dos homens.
Mas são casos isolados. Aqueles que procuram a paz até parecem seres estranhos, seres isolados e idealistas, num mundo em que grassa o ódio e a luta.
E depois, se olharmos mais profundamente para o problema ficamos com a ideia que se calhar a paz não convem a muitos países. Que fariam ao armamento, à fábrica de explosivos e de material bélico? Não viriam logo as questões económicas a sobreporem-se aos problemas humanos?
Aflige-me ouvir todos os dias falar em luta, em destruição, em perseguições e em morte. E preocupa-me pensar na dificuldade em arranjar meios de sanar conflitos , de fazer que os homens se olhem com respeito e colaboração.
Mas, acreditemos. A paz é possível. Ela é um fruto do Espírito Santo. Lutemos para a conquistar.Trabalhemos para que os Homens a entendam e a ponham em prática, acompanhando os votos do Papa Francisco, ao falar aos habitantes da Coreia do Sul.
Há guerra nos países, entre irmãos. Mas mais grave ainda é o conflito dos nossos corações, o desencontro entre o que queremos e o que fazemos entre o que acreditamos e o que defendemos , o que sonhamos e pomos em prática.
Que o nosso coração se abra a esta paz e a estendamos a todos os que nos rodeiam.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A recompensa prometida

" Qual a nossa recompensa,nós que deixámos tudo e Te seguimos?" É a pergunta dos apóstolos a Jesus. Uma pergunta que talvez nos choque até porque vem num contexto do Evangelho em que são valorizados os que optaram pela pobreza ou vivem essa condição: "É mais fácil um camelo entrar pelo fundo duma agulha que um rico entrar no reino dos céus"
Mas Jesus não se aborrece nem se indigna. Limita-se a responder aos discípulos que a sua recompensa não será imediata . Tê-la-ão, sim, mas quando o seu reino for instituído.
Será que eles compreenderam esta resposta? Entenderam eles que só na eternidade receberiam a recompensa , depois de dores, sacrifícios, graças?
Ou, mais positivos e imediatos, pensavam que o reino do Mestre estava próximo e em breve teriam a sua recompensa por terem deixado família, casa, trabalho?
A compreensão só chegaria muito mais tarde , quando o Espírito Santo descesse, lhes abrisse o coração e lhes desse força para aceitar tudo o que o amor de Deus lhes pedisse.
Também nós muitas vezes temos a tentação  de imitar os apóstolos e interpelar Jesus: Que receberemos em troca do sacrifício que fizemos, do bem que praticámos, da opção de vida que escolhemos? Quando teremos essa recompensa?
Mas também a nós Jesus nos poderá responder com a certeza duma recompensa na eternidade. E é isso que não nos satisfaz porque não sabemos compreender. É a pobreza de coração, a disponibilidade, a capacidade de doação, que nos torna aptos para a Vida do Reino dos céus. E esta é a recompensa que Jesus nos reserva.
E estamos a prepará-la? Como olhamos a correspondência ao Amor que Jesus nos oferece? Como damos tudo sem esperar nada em troca ? Como estamos disponíveis para o "hoje e o aqui"?
" Será grande a  vossa recompensa" é uma promessa que não deixará de se realizar na medida da nossa oferta, da abertura do nosso coração.
Deus não falha. Quem pode falhar somos nós se não olharmos para o futuro vivendo o presente.
O importante é acreditar no amor de Deus e procurar corresponder a ele.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 16 de agosto de 2014

Viagens, cultura, surpresa, alegria

Viajar é algo sempre agradável e cultural. 
Mesmo que já conheçamos o sítio que visitamos, há sempre facetas novas que se nos deparam , pormenores que nos tinham passado despercebidos, realidades sempre as mesmas e sempre diferentes.
E depois, durante uma viagem há mil episódios que se nos apresentam mais ou menos engraçados, mais ou menos trágicos e que depois de passados são relembrados com saudade e alegria.
Sentada na praia, olhando o mar, recordo... conhecimentos adquiridos, aventuras partilhadas, amizades intensificadas.
Por exemplo aquela viagem a Veneza com a sua praça de S. Marcos,as deslocações sempre em vaporeto, as ruelas e recantos típicos.
.Não podemos esquecer aquele hotel que parecia um casinha de bonecas e aquele carnaval em que, pela primeira vez, encontrámos máscaras maravilhosas passeando pelas ruas.
E a outra viagem a Roma, em que ao chegar ao hotel o encontrámos fechado!
Claro que estava um senhor à nossa espera, mas nós nem queríamos saber de explicações. Só pensávamos em telefonar para a Agência de Viagens.
Quando finalmente acalmámos ouvimos as indicações do responsável pela Agência em Roma que nos conduziu a outro Hotel. E por sinal, ainda melhor...
A Viagem à Sicília também merece menção especial. Fomos recebidos com champanhe e honras de turistas endinheirados (que não éramos...) Mas a grande aventura foi no dia do regresso quando exigimos o pequeno almoço às quatro da manhã e o autocarro a seguir para depois estarmos duas horas no aeroporto à espera que abrisse o chec-in. A Guia bem nos avisara que Palermo não era Lisboa...
Mas, durante a viagem, a sensação foi a actuação de S. Tomás de Vila Nova que fazia que a chuva parasse de cada vez que tínhamos de sair. Até conseguimos ir ao Etna com sol!...
A Guai ficou com tal devoção ao S. Tomás que garantiu ir invocá-lo sempre que tivesse que ir com turistas  e tivesse tempo adverso.
Outra viagem notória foi a ida a Praga e Budapeste.
Devido ao mau tempo tivemos que ir aterrar a 300 Km de Praga, em Breno, onde fomos recebidos, no aeroporto, por oficiais que mais pareciam membros da Gestapo. Depois de muita perguntas e respostas, em várias línguas, conseguimos uma camioneta que nos trouxe até Praga. Mas a Viagem não se fez sem medo porque era noite e dum lado e doutro da camioneta era só neve. A toda a hora uma pergunta: " Ó Madre, não é perigoso? O motorista sabe por onde vai?
 Nestas circunstâncias que responder? Apenas calma. " Não, filhas, ele vai no intervalo da neve!" Oh poder de convicção!
À chegada, no quarto de cada um, um saco de plástico e dentro  um panado duas vezes maior que o pão dentro do qual estava e uma lata com um líquido frio que, com algum esforço, se deduziu ser café com leite.
Mas àquela hora e com tantas emoções sofridas, não havia que refilar. Era comer,deitar e sonhar com melhores acontecimentos.
Não podemos esquecer quantas aventuras, quantas gargalhadas, quantas recordações guardadas!.,..

Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Maria, Mãe de Deus e mãe nossa




Dia 15 de Agosto
          Festa da Assunção de Nossa Senhora



 Maria nossa Mãe olha pelos teus filhos e que eles nunca se  esqueçam que te têm presente para olhar por eles.

Santa Maria , rogai por nós

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Fátima e emigração

Dias 12 e 13 de Agosto é a altura , de cada ano, se realizar a peregrinação dos emigrantes: De todos aqueles que há décadas deixaram as suas famílias, as suas casas, as suas terras, para ir em busca dum futuro melhor.
Todos aqueles que, todos os anos, regressam e têm um pensamento, uma oração dirigida a Maria, para lhe agradecerem a sua protecção .
Mas é também a peregrinação dos jovens de hoje, das dezenas de desempregados jovens que, saudosos, partem à procura de trabalho.
Mas, uns e outros, voltam cada ano para, em Fátima, agradecerem a Maria, nossa Mãe, a sua protecção e o seu apoio.
E ela, como Mãe, nem precisa que lhe peçamos nada. Necessita apenas que confiemos nela e a ela entreguemos as nossas inquietações e dificuldades. Aliás, Maria precisou, por acaso, que lhe dissessem que Isabel, sua prima, precisava da sua ajuda? E não foi ela a primeira, nas Bodas de Caná, a aperceber-se que os noivos não tinham vinho?
Nossa Senhora está atenta ao que nos acontece e ao que necessitamos. Mas certamente espera que reconheçamos o seu amor de Mãe. Concerteza conta que lhe confiemos as nossas preocupações e dificuldades.
Em Fátima estiveram milhares de emigrantes a agradecer a protecção da Mãe do Céu, a dizer-lhe do seu amor, a apresentar-lhe as suas esperanças, a agradecer-lhe a sua protecção.
O santuário encheu-se. A procissão das velas foi uma manifestação de devoção, apesar da chuva. A Missa, com a oferta habitual do trigo
foi um testemunho de Fé.
Estejamos também com eles, lá como cá, a dizer o nosso obrigado e a testemunha-lhe a nossa confiança.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Feira na praia

Acabou ontem a feira instalada aqui na praia. 
Uma feira na praia não é muito vulgar. Pelo menos, não tínhamos dado por isso nos outros anos.
Na verdade a feira não está instalada na areia. Antes, no local que estava destinado para lugar de lazer , o que nunca chegou a acontecer O .espaço entre a areia e o início das casas. 
É uma feira como qualquer outra. Lá está a barraca das farturas, o carrocel infantil, a banca das especialidades nacionais, o carrinho do algodão doce.
E depois, o artesanato do país, do norte ao sul de Portugal e o dos países do costume: Índia, Marrocos, Brasil, África...
Uma tarde, entrei, por curiosidade. Não fazia tenção de comprar nada mas era engraçado o contacto com os feirantes e observar as mil e uma coisas diferentes que apresentam, umas mais interessantes que outras.
" Ó freguesa, venha ver!..." é expressão ouvida e repetida. Até porque gente, muita! mas compras... muito poucas
Mas não deixa de ser original e inusitado o facto de uma feira instalada no espaço da praia. É uma variante para os olhos e  para os hábitos. Sempre se varia da toalha estendida na areia e dos passeios à beira-mar.
E como o tempo não tem ajudado, a feira veio servir de diversão.
                   Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

domingo, 10 de agosto de 2014

Pedro e nós

Os domingos são sempre dias muito particulares. Já por aquilo que representam de "dias do Senhor" especialmente dedicados à calma, à reflexão, a ter um espaço particular para Deus. Mas também porque sempre nos trazem mensagens especiais que nos chamam a atenção para questões que não podem passar-nos ao lado..
Hoje temos S. Pedro como centro da nossa reflexão.. Pedro que começa por pedir ao Mestre que lhe dê uma prova de quem é :" Se és tu, Senhor, deixa-me andar sobre o mar"
E vai, confiante, certo do poder de Jesus. Mas, de repente, a sua confiança transforma-se em medo e este medo leva-o a afundar-se . E é então que volta a sua  confiança e o seu pedido de socorro que o Mestre atende , embora advertindo-o :" Homem de pouca Fé, porque duvidaste?"
É assim também muitas vezes a nossa vida, um intercâmbio entre a confiança e a dúvida, entre o entusiasmo e o medo.
Como S. Pedro começamos por acreditar que com o Pai tudo é possível. Depois, perante as dificuldades, as incertezas, as contrariedades, duvidamos.
Tudo normal. Temos Pedro como exemplo...
Mas, como ele, lembramo-nos de confiar? Somos capazes de, esquecendo medos e incertezas, pedir ajuda, acreditar, aceitar a mão  que se nos estende?
Às vezes essa mão está bem próxima. Conhecêmo-la! Só que  não a vemos como representante de Jesus junto de nós.
E continuamos, desanimadas, sem" norte  ", infelizes...
E Deus tem os Seus mensageiros e os Seus métodos. Geralmente a acção não é directa como no episódio que o Evangelho nos narra.
Será que preferimos que Jesus nos admoeste dizendo: " homem/ mulher de pouca Fé, porque duvidais?"
A Fé é uma virtude Teologal que recebemos no Baptismo. Não podemos menosprezá-la.
E depois, não devemos querer que Deus esteja sempre disponível para actuar directamente. Muitas vezes sentimos a Sua acção e a Sua presença mas quase sempre é através dos outros, dos que nos rodeiam, que vamos encontrar o apoio e a colaboração para nos erguermos das "ondas alterosas" com que a vida muitas vezes nos presenteia.
Não deixemos esmorecer a nossa Fé e tenhamos bem presente o exemplo de Pedro , ao pedir o socorro de Jesus.
Não esqueçamos que Ele está sempre presente e a Sua missão é acolher-nos  e levantar-nos, quando caímos, se Lhe pedimos com Fé : "Senhor salvai-me"  
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
  

sábado, 9 de agosto de 2014

Trilogia do Reino

" O Reino de Deus é uma questão de paz, justiça e alegria no Espírito Santo" dizem as Escrituras.
E agora , pergunto eu: Como conseguir a paz? Como praticar ajustiça? Como espalhar a alegria?
Certamente temos que começar por nós mesmos, criar em nós um clima de tranquilidade, estabelecer a paz com os outros e dentro de nós, no nosso coração.
Viver com Justiça é praticar a igualdade entre os Homens, não a igualdeda de qualidades ou de dons mas a igualdade de direitos, de responsabilidades e deveres.
E se vivemos assim, se olhamos para os outros como irmãos, se procuramos dar a cada um aquilo que lhe é devido, se não fazemos diferenças baseadas na cor, no sexo, na idade, na religião, etc, estamos a procurar ser justos e damos um passo a caminho da paz.
É que paz não é apenas antónimo de Guerra. Paz, é muito mais do que isso porque implica relação de equilíbrio, satisfação pessoal e com o próximo, disponibilidade para Deus e os irmãos.
Ter paz , distribuir paz, viver em paz, significa estar de bem connosco  e com os que nos rodeiam. E, portanto, com Deus.
E desta sensação de paz e desta prática da justiça, resulta a alegria, a derteza do dever cumprido, a satisfação de ter realizado a vontade de Deus.
E com tudo isto, construímos o Reino de Deus e, se o quisermos em plenitude, deixamos tudo e seguimos o Senhor do Reino. 
Seguimo-Lo livres de prisões, de impedimentos, de encargos, que são fios ténues que nos prendem ao imediato e não nos deixam voar para caminhos mais longos e lugares mais altos, onde encontraremos a alegria
Ir.Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P..


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Dia 8 de Agosto

               Festa de S. Domingos de Gusmão
Este é um dia muito importante e sempre de festa para nós Dominicanos - homens ou mulheres, monjas ou fraternidades leigas. É aquele dia em que a Igreja lembra o grande pregador , o impagável homem,o santo... Domingos de Gusmão

A S. Domingos se deve a criação duma Ordem dedicada à pregação, resultante duma oração e contemplação intensas.
É dele o Hábito Branco que os Papas usam desde que S. Pio V , frade Dominicano, foi eleito Papa e com ele entrou na cátedra de Pedro.
Mas o mais importante foi Domingos ter dado corpo a esta ideia duma Ordem que fosse pelo mundo levar a Palavra do Evangelho.Ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, mostrando-lhes o caminho da Verdade, foi o seu objectivo e por isso a oração e a pregação fazem parte dos pilares da sua organização. A eles se junta a vida comum e o estudo, indispensáveis para , com a oração , viver e transmitir a Verdade.
S. Domingos, nosso pai, roga pelos teus filhos , homens e mulheres que, te querem seguir e, como tu, testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo.
                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.  

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

TRANSFIGURAÇÃO

   Hoje é dia de festa. A Igreja celebra a festa da                             Transfiguração de Jesus.

É um testemunho da divindade de Jesus

É uma manifestação da generosidade e disponibilidade dos Apóstolos

Também nós devemos querer fazer três tendas para Jesus, Moisés e Elias e ficar em contemplação

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Experiências de Verão

Primeiro dia de praia:  com mar, com areia, com sol ... Talvez um bocadinho de vento a mais mas assim o sol incomoda menos.
É óptimo estar assim sentada olhando o mar e pensando nas maravilhas de Deus que tudo criou e tudo pôs à disposição do Homem.
As pessoas vão vindo, a pouco e pouco , umas mais silenciosas outras mais faladoras, contentes com o tempo e a vida. As crianças, sempre animadas, com bolas, raquetes, pranchas.
Fiquei surpreendida porque, ao invés dos outros anos, muita gente chegou por volta das dez horas e às onze, quase todos os toldos se encontravam preenchidos. Começamos a seguir as regras do bom senso e a apanhar sol nas horas menos perigosas.
Mas há sempre excepções como se depreende quando vemos os grupos carregando sacos e lancheiras que denunciam permanência na praia a hora do almoço. Má escolha!
Pela praia vão surgindo os grupos de surfistas, a mulher que vende amendoim torrado, o homem das  bolas de Berlim. Há bolas pelo ar... jogos de raquetes... corridas...
Alguns jovens arriscam ir "experimentar a água" e voltam arrepiados: Está gelada!
Os mais idosos permanecem  geralmente sentados a ler o jornal  ou estendidos na toalha a apanhar banhos de sol. Aliás, essa é uma das "ocupações" obrigatórias dos dias de praia. Quando se movimentam é para ir até ao bar refrescar-se com qualquer bebida ou fumar o cigarro que começaram na praia e para o qual houve logo olhares reprovadores de algumas senhoras mais conservadoras ou de grupos anti-tabaco.
Voltei para casa cheia de sol, de mar, de silêncio e do murmurar das ondas.
Obrigada meu Deus.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Partilha na confiança

Os textos da Missa de ontem falavam-nos da confiança, da certeza de que nada nos pode separar do amor de Deus. E ao mesmo tempo, da disponibilidade, da partilha, do esquecimento de nós para pensar nas dificuldades dos outros. Na 2ª leitura, S. Paulo fala-nos de algumas tentações e dificuldades que se nos podem apresentar para nos afastar de Jesus. Mas depois, faz-nos ver que nada disso é comprável ao amor de Deus, àquele que Ele tem por nós.
Depois, no Evangelho, é-nos apresentada a multidão dos que seguiram Jesus  assim que souberam onde Ele estava. Seguiram-no sem levarem nada com eles, sem pensarem em acomodação ou farnel.
Não tinham outra preocupação que não fosse ouvir Jesus, apreender a Sua mensagem... E o tempo passava.
Os apóstolos então, aconselharam Jesus a mandar embora a multidão. Por caridade, certamente, para que pudessem ir à procura de alimentos. Eles não possuíam senão cinco pães e dois peixe; não os podiam ajudar. Mas aí, Jesus mostra-lhes como estavam enganados. Com o pouco que possuíam podia-se fazer muito, se estivessem abertos à dádiva, à confiança. "Dêem-lhes vocês mesmos...."
E os apóstolos não protestam, não interrogam. Limitam-se a distribuir o que têm. E dão de comer à multidão, mais de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
Estes textos são um apelo, que nos devem fazer reflectir. Porque temos pouco, não podemos repartir com os que não têm nada?
A viúva que deitou na caixa das esmolas apenas duas pequenas moedas deu tudo quanto tinha. E Jesus elogiou-a!. 
Não serão estes os exemplos a seguir?
Bem podemos lembrar que "do pouco se faz muito" quando partilhado com generosidade.
E Deus espera a nossa confiança n`Ele e a nossa generosidader..

Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.





sábado, 2 de agosto de 2014

Férias

Estou de férias na praia. Na praia ... se considerarmos como tal a povoação marítima ... porque propriamente aquilo a que chamamos praia ( o mar, a areia, os toldos) isso!... ainda só vi de longe, do pontão. O tempo não tem ajudado. De manhã, tudo nublado, sem sol, com ar de chuva próxima. De tarde, o sol saiu de entre as nuvens mas o vento não deixa nada nem ninguém sossegado.
Mas da nossa varanda podemos apreciar o azul das águas não muito revoltas, apesar de tudo.
E somos capazes de imaginar viagens através do mar, recapitular aqueles cruzeiros, no Mediterrâneo, na Noruega, no Egipto... E lembrar os Lusíadas e recordar o Canto I : " As armas e os barões assinalados / que da ocidental praia Lusitana / se foram..."
E olhando o mar, relembrar os "feitos valorosos " que nos fizeram senhores do mar e donos de impérios...
E lá volta novamente a lembrança da "Queda do Império" do Vitorino e das mil realidades que ela nos evoca.
Olho o mar e deixo-me ficar sonhando com os mil perigos enfrentados e vencidos,as muitas conquistas conseguidas, as imensas dores sofridas. Lembro o "velho do Restelo" e os seus sempre tristes presságios; evoco Camões e a magnificência com que canta os feitos dos Portugueses.
Continuo a olhar o mar e penso na descrição da criação do mundo e do Homem, na presença do Deus criador e no testemunho que o "criado" devia dar como criatura e filho de Deus.
Apetece-me ajoelhar e dar graças por este mar que nos foi oferecido e pela Vida que recebemos para a fazermos grande e digna do Pai que nos criou.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.



sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Pena ou misericórdia?

Dado que o tempo" não convida a banhos", depois dum passeio à beira - mar vim para casa arrumar papelada que trouxe para me entreter. 
Enquanto folheava apontamentos antigos, lembrei-me dum fado cujo refrão era mais ou menos assim:
"Não tenham pena de mim; não queiram mudar o meu norte..."
Em boa verdade, acho que "ter pena" não é sentimento adequado a ter por alguém. Podemos lamentar, achar penosa a situação, ter compaixão, sentir carinho... Mas pena!... cheira-me um bocadinho a caridade sem amor.As pessoas são dignas da nossa amizade, do nosso interesse, do nosso Amor. Pena... não me soa bem como sentimento a ter por alguém. Tem-se pena do gato doente ou do passarinho que não consegue voar. Mas dos amigos, dos conhecidos, mesmo dos que estimamos menos, não devemos sentir pena.
Concordo com o autor do fado que pede para que não tenham pena dele qualquer que fosse a sua situação.
E pensando na pena que o autor não quer e de que eu não gosto, lembrei-me do que ouvi há tempos sobre misericórdia, aquele dom que não é compaixão mas pressupõe antes uma partilha profunda que só Deus consegue mas que Jesus nos convida a tentar a viver como testemunhas de filhos de Deus.
Mas voltando à letra do fado, o segundo verso ainda me levanta mais interrogações : "não queiram mudar meu norte" .Claro que vem na sequência da primeira citação porque quando se tem pena é porque alguma coisa choca, incomoda, parece errada. Logo, a tendência é procurar mudar , julgando que fazemos bem.
E nem sempre o nosso parecer , a nossa opinião é coincidente com aquilo que é bem e bom para os outros. Às vezes o nosso desejo de colaboração e de ajuda excede os limites do que seria útil para o outro.
Não, não podemos ter pena dos que nos rodeiam.
Não devemos querer mudar os seus caminhos. Podemos e devemos ajudar a ver a luz, a seguir o plano que Deus traçou para cada uma
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P..