terça-feira, 29 de outubro de 2013

Agradecer é preciso

Voltei hoje a ler no Evangelho o episódio da cura dos leprosos. Aliás foi o Evangelho dum dos domingos passados! É um episódio que nos põe dúvidas e interrogações, ao mesmo tempo que nos chama a atenção para situações da nossa vida corrente.
Um grupo de leprosos, gente proscrita e sem qualificação, acerca-se de Jesus e pede-Lhe misericórdia. Ele atende-os e cura-os. Mas do grupo, apenas um e logo o estrangeiro, volta atrás para agradecer a graça recebida.
E o resto do grupo? Que aconteceu? Porque não vieram? Todos foram curados... E Jesus até perguntou por eles...
Podemos ser levados a pensar que lhes aconteceu o que se passa connosco tantas vezes: ficaram tão felizes por terem conseguido o que desejavam que se esqueceram de parar, de voltar atrás, para dizer obrigado.
Achei interessante que fosse precisamente esta palavra "Obrigado" uma das que o Papa recomendou às famílias como indispensável ao seu progresso e mesmo à sua  subsistência no tempo.
É que saber agradecer é uma manifestação de humildade mas também de justiça e de partilha. É reconhecer o bem que o outro nos faz, o contributo que nos traz para a nossa felicidade. É o testemunho de que não estamos fechados em nós mesmos, no nosso egoísmo  e que sabemos reconhecer o outro e como a sua acção é actuante em nós.
Há muitas formas de agradecer. O leproso voltou para trás e ajoelhou-se aos pés de Jesus... Mas às vezes basta parar, dizer uma simples palavra, mostrar um sorriso, um olhar... É simplesmente partilhar o nosso reconhecimento pelo que recebemos.
Se o nosso coração não está fechado, somos sensíveis a estas formas de reconhecimento que indicam que não estamos centrados em nós mesmos.
Talvez os leprosos ainda não tivessem encontrado a luz que significava a sua cura.
Também nós, quantas vezes!...estamos tão encerrados em nós e preocupados com as nossas coisas que não vemos a luz que alumia o nosso caminho, aquele que nos conduzirá à casa do Pai e "torna novas todas as coisas".
Peçamos a Deus que nos abra o coração e que nos ajude a dizer, hoje e sempre, o nosso obrigado. Que a nossa humildade se reflicta no nosso reconhecimento.
                                   Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A força que nos sustenta

"O Senhor é a nossa força e confiança. Ele deu-nos a liberdade"
Esta mensagem que me chegou às mãos sem ser esperada, quase me fez saltar da minha intrínseca apatia para a necessidade de reflexão e acção.

O Senhor é a nossa força, a nossa certeza, a nossa capacidade de agir, na medida da nossa Fé.
"Se tiverdes Fé do tamanho dum grão de mostarda..." 
Com Ele, sabemos que tudo podemos, que somos capazes de ultrapassar dificuldades, vencer contratempos, esquecer dúvidas. Às vezes o "tudo" parece um pouco exagerado mas não é., porque com Deus e para Deus nada é impossível. É um problema de Fé e de confiança, realmente.
Ponhamos n´Ele a nossa confiança, conscientes de que nos acolhe, acompanha, orienta, perdoa...
Nem sempre tudo corre bem; nem sempre somos capazes de sorrir e olhar a Vida com optimismo. Às vezes é difícil enfrentar dúvidas e contrariedades e continuar cantando. Sobretudo se nos debruçamos sobre nós mesmos e não contemplamos o Além.
É então que a confiança tem que entrar em campo; saber que não estamos sós, que há sempre uma mão amiga que se nos estende e ampara na dúvida e nos sussurra que o Senhor é a nossa força , que o Espírito Santo é a Luz que torna clara toda a escuridão.
Claro que podemos sempre escolher. Parar, ouvir, seguir na dúvida, na contrariedade, na incerteza. Ou mudar, em busca da Felicidade que o Pai nos prometeu. Deus deu-nos a Liberdade... Que Liberdade? A de opção entre o Bem e o Mal, a Verdade e a mentira, a dúvida e a certeza, a partilha e o egoismo, o passado e o futuro. 
A liberdade de O escolher e fazer a Sua Vontade ou de nos debruçarmos sobre nós mesmos e os nossos interesses. Que preferimos? 
No Sacrário  Ele espera-nos para acolher a nossa resposta.
                                     Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


domingo, 27 de outubro de 2013

Nabucco no Ramalhão

Foi há muito tempo!
Corria o ano lectivo de 1970/71 e o Ramalhão era conhecido por todos como um Colégio de meninas. Até o corpo docente era essencialmente feminino...
Nessa altura, a Madre Cecília fazia parte do conselho directivo, com a Ir. Inês e a Ir. Ana Teresa.
Tinha um primo - O Ascenso de Siqueira - que dirigia o coro do Colégio Manuel Bernardes e dava também umas aulas no Ramalhão. Conversaram...E ,ideia para aqui, palavras para ali, tiveram uma sugestão original: apresentar, aqui no nosso Colégio, uma área do Nabucco de Verdi - o coro dos Hebreus - executada pelos alunos dos dois Colégios.
Que grande ideia!...E que novidade!...
A Madre Cecília apresentou o assunto na sala dos professores. A srª D. Bela respirou fundo várias vezes, a Maria Lúcia teve um ataque de gaguês, a "madamezinha" abriu muito os olhos e com o seu sorriso terno e a sua voz meiga exclamou: É uma experiência interessante... Os mais novos ficaram entusiasmados, embora não se atrevessem a manifestar-se perante as " sumidades " da casa.
E os ensaios começaram. O sr. João, o "carpinteiro encartado" cá de casa, preparou tudo e fez um escadório para o palco a fim de que todos os intervenientes pudessem ser vistos da plateia. Mas, tal foi o desassossego, nos primeiros ensaios, que o escadório desconjuntou-se e dois alunos caíram.
Houve esfoladela de pernas, algum alvoroço e gritaria mas nada de mais . E o ensaio continuou.
Entre Ramalhão e Manuel Bernardes, troca de números de telefone, marcações de encontros para depois, descoberta de amigos comuns. Tudo normal entre jovens de 17 anos, estudantes do ensino secundário de Colégios de prestígio.
Não tenho a certeza, mas parece-me que a apresentação foi na noite da festa de S. José. O que eu sei é que foi um sucesso. Faltou-nos a orquestra mas foi lindo na mesma. Os pais e professores enchiam ginásio e galerias e entusiasmados aplaudiram de pé estes aspirantes a cantores de Ópera. Os "artistas",radiantes também, gostariam de repetir noutras ocasiões, mas não houve oportunidade. Nem sei porquê!... Talvez também se tivessem "mudado as vontades..."

Foi uma das grandes ocasiões de festa, aqui no Ramalhão.
Muitas outras marcam as nossas memórias e fazem parte do imaginário de milhares de alunos, que passaram por esta nossa casa.
                                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 26 de outubro de 2013

O Homem do caminho


Hoje estive a ler umas pequenas meditações sobre S. Domingos de Gusmão. Numa delas, o autor denomina-o por " homem do caminho ". E explica porquê. É que S. Domingos percorreu estradas sem fim . Estradas de Espanha, de França, de Itália, que sei eu!... Andou por veredas e caminhos de quantas aldeias e vilas conheceu. Visitou e permaneceu em quantos lugares se lhe depararam e lhe chamaram a atenção.
E isto, porquê?
Um leitor incauto ou alguém que não conhecesse nada da vida e obra de S. Domingos , poderia pensar ou dizer que ele gastou a sua vida a fazer turismo.
Homem do caminho...
Mas não. Nada disso Domingos não era um curioso das coisas e lugares. Era o caminhante que levava a palavra de Deus  a quem a não conhecia; o pregador que transmitia a mensagem  de Jesus Cristo a quantos encontrava no caminho; o apóstolo que, em busca da salvação das almas não desperdiçava tempo nem negava esforços.
Onde quer que houvesse alguém que não conhecia Jesus ou se afastara da Sua doutrina, aí estava Domingos, com a sua bondade e sabedoria, a sua paciência e a sua Luz, para o chamar à razão e lhe transmitir a mensagem do Pai.
Caminhante, sim... mas mesmo pelos caminhos não esquecia Deus e mantinha intensa a sua oração.
Cansado muitas vezes, exausto mesmo, mas atento aos seus Irmãos e às suas necessidades e problemas, a que dava prioridade.
E isto, independentemente da sua grande preocupação que era a salvação das almas. Por elas e para elas fundou a sua Ordem , uma Ordem única na época, simultaneamente comunidade orante mas com a missão de transmitir o fruto da sua contemplação, alimentada pelo estudo e apoiada por uma vida comunitária consciente e séria.
Que S. Domingos continue a proteger a sua Ordem e a dar a cada Irmão a força da fidelidade na Graça e a correspondência ao carisma da Ordem que escolheu e o acolheu.
                                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A lição do Tempo

Quando falamos em tempo, habitualmente, estamos a referir-nos a condições atmosféricas:     Bom tempo,
 tempo de chuva, vento, sol, trovoada...
Hoje por exemplo, está mau tempo: chuva intensa, ventania, trovoada.
Nas ruas, praticamente ninguém. Apenas aqueles a quem o dever e a necessidade a isso obriga, que tiveram que sair de casa e não têm carro.
Um dia de neurastenia...
Um autêntico dia  de mau tempo!
Mas a Bíblia refere-se a um outro Tempo. Por exemplo o Eclesiastes diz-nos que "há um tempo para nascer e um tempo para morrer... tempo para chorar e tempo para rir...um tempo para acumular e outro para dispersar..."
"Há um tempo para viver... "Que significa isto para mim, para nós? Que é hoje e aqui que temos que aproveitar os dons que nos foram dados para os desenvolver e fazer crescer? Que é hoje e aqui que temos que agarrar a alegria e viver a felicidade? Que é hoje e aqui que Deus espera que sejamos nós mesmos e que distribuamos os dons que recebemos por aqueles que contam connosco? Que é hoje e aqui que a Graça nos aguarda e a Vida nos sorri?
Tanta pergunta talvez sem resposta  ou com demasiadas respostas a encher-nos o coração
" Há um Tempo para Viver..." Tempo único que precisamos de aproveitar e do qual teremos que dar contas. 
Quantas vezes deixamos correr os dias e as horas sem nos apercebermos que o tempo não volta para trás!... Podemos atrasar o relógio, fingir que o dia não passou e mudar o calendário, mas não conseguimos fazer com que o tempo volte ao ponto em que estava. E será que o queríamos? Será que era bom?
O que é importante é viver cada hora, cada minuto, segundo o plano que Deus espera que construamos.
Que o Senhor nos ajude a viver cada momento como se não houvesse àmanhã.
                                     Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Guerra ou Paz?

Novamente guerra à vista!
Não aqui em Portugal, uma guerra a sério com balas e gente que morre. Aqui, são mais guerras de palavras e lutas de ideias, mais ou menos razoáveis , mais ou menos lógicas, mais ou menos exibicionistas, sobretudo destinadas a afastar o espírito das realidades  objectivas.
Mas a guerra a sério parece estar a preparar-se em Moçambique.  Durante 16 anos, as lutas de guerrilha colocaram aquele país na miséria. Há 20 anos, em Roma, foi assinado um tratado de paz, que prometia segurança, tranquilidade e desenvolvimento. E o país progrediu.
 De repente, sem causas aparentes ( que causas há sempre, mais ou menos definidas, mais ou menos conhecidas, mais ou menos declaradas) invade-se a casa do chefe do partido da oposição, temem-se retaliações, tremem os povos pela sua segurança e a sua vida.
É o prenúncio da guerra com todas as suas tremendas consequências.
Mas, paremos para pensar!São estas guerras de destruição e horror que nos afligem e fazer tremer e talvez
rezar. Mas, guerras... quantas vezes as travamos connosco mesmos, quantas vezes pomos em confronto o Bem e o Mal e lutamos pela vitória dum deles (nem sempre a que devia ser...)
Quantas vezes nos confrontamos connosco e com os outros e não nos reconhecemos nas nossas acções e opções...
É a guerra, a luta dentro de nós, entre o prazer e o dever, entre o que agrada e o que deve ser feito, entre o desejo e o sacrifício, entre o tudo e o nada, entre a conquista da santidade e a desilusão de não a ter ainda alcançado. 
É a luta silenciosa, sem balas mas com feridas que marcam a vida.
Aqui, entra a Fé e a Esperança, a certeza da Paz que nos vem do Amor de Deus.
Aqui,  temos que contar com a Graça e o esforço,  o entusiasmo e  o dom,  a oferta e a partilha.
Queremos perder ou ganhar?
Deus conta que vença a Sua Graça!...
Por isso,  continua presente,  mesmo quando, no meio da guerra, nos esquecemos d´Ele.
Ir . M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A Dedicação da Igreja

Hoje, no Calendário Romano, é mais um dia da Féria, um dia de caminhada ao encontro do Advento. Um dia em que , lentamente, a Igreja nos vai preparando para a vinda do Deus que se fez Homem para salvação da Humanidade.

Mas, na Ordem Dominicana, a celebração é outra. Festeja-se a Solenidade do Aniversário da Dedicação da Igreja conventual.
E não é por acaso. É que hoje há  festa em  Tolouse,  berço da Ordem. Lá  se comemora  a dedicação  da Igreja  Dominicana " Les Jacobins ", dedicação essa realizada em 1385.
Esta Igreja foi a primeira grande igreja entre as primitivas da Ordem.
O Papa Urbano V tinha declarado ser sua vontade que esta Igreja de Tolouse se destinasse a guardar os restos mortais de S. Tomás de Aquino. 
Realmente, em 1369 as relíquias deste doutor da Igreja foram transladadas para este templo.
E, são palavras do Papa: " Como S. Tomás brilha entre todos os doutores pela beleza do seu estilo e do seu pensamento, assim a Igreja de Tolouse supera em beleza todas as outras Igrejas dos Pregadores.
                                                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O tempo e o espírito

Aqui há uns tempos, chovia e eu, à janela, pensava na inconstância do tempo.
É que, primeiro a chuva se resumia a uns pingos suaves e lentos, como lágrimas que brotam do coração. De repente, uma bátega de água que lavou  ruas e caminhos  e encharcou quantos,  imprudentes, saíram  de casa sem protecção adequada. 
Depois... tudo voltou à quase normalidade. Apenas uma chuvinha leve que refrescava o espírito e o coração a chuvinha que, no momento, eu observava da janela.
E, porque o espírito é fantasista e salta de assunto em assunto, lembrei-me duma amiga que, um dia, também de chuva assim incerta, falando da vida e das dificuldades  que se lhe apresentavam me disse: Era bom que a vida fosse assim como a chuva; simples e de transformações imediatas como o tempo. Era bom que depois das grandes "tempestades", das imensas dificuldades e lutas, das inúmeras contradições e dores... chegasse a "bonança" e o nosso coração voltasse a cantar de esperança.
Tentei esquecer tudo o que de contradição às vezes passa pela nossa mente e responder-lhe com entusiasmo: Mas é assim a Vida, sim! É assim se nós fizermos por isso; se acreditarmos que Deus conta connosco e nos guia; se O tivermos como companheiro de viagem; se deixarmos que o Espírito Santo seja a nossa luz e a força que nos conduz em frente.
Não podemos é deixar, disse-lhe, que o desgaste, o cansaço, o desânimo, a neurastenia ou a depressão possam mais que a Graça; que nos levem a adiar pequenas e grandes decisões que modificariam o que queremos e sentimos. Não podemos permitir que o dia-a-dia nos arraste e nos leve a conformarmo-nos com o que temos, sem desejar o mais e o melhor. Não deixemos para àmanhã o que tem que ser feito hoje; não adiemos a procura das soluções que se impõem  nem nos enganemos,  tentando convencer-nos que está tudo bem.
Deus conta com o nosso querer em procurá-Lo e em corresponder aos dons com que encheu a nossa Vida.
No fim, acho que ambas acabámos mais ricas e que tinha valido a pena.
                        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


domingo, 20 de outubro de 2013

Fátima em Roma


Realmente Fátima é o altar do mundo e Nossa Senhora de Fátima é reconhecida e venerada por toda a parte. 
No fim de semana passado, no âmbito da Peregrinação Mariana, integrada neste ano da Fé, a imagem da Virgem de Fátima viajou até Roma. O objectivo era a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, a qual, segundo Lúcia , devia ser feita na presença dos cardeais. Por isso, a pedido do Santo Padre, lá foi a imagem da capelinha passar o fim de semana à praça de S. Pedro. 
E foi um acontecimento pois esta imagem, nestes 96 anos, apenas três vezes saiu da capelinha das aparições em Fátima. E foi um acontecimento pois, da praça de S. Pedro, Maria vai assumir-se como traço de união entre Fátima e o mundo.
É a consagração do mundo ao Imaculado coração de Maria mas é também o reconhecimento de Fátima como local de culto, como espaço de devoção, como crédito na palavra de três crianças que, contra tudo e todos, continuavam a afirmar: " Nós vimos a Senhora ".
Mas mais do que dizer, eles viviam, testemunhavam.
Nossa Senhora pedira-lhes para rezar o rosário e eles faziam-no; Maria solicitara que o sacrifício fizesse parte das suas vidas e eles corresponderam, muito acima do que seria de esperar de crianças.
Tudo isto tem que ser  uma chamada de atenção para nós. Os pedidos de Nossa Senhora não eram destinados apenas àquelas três crianças. Eles eram para nós, para os cristãos e os não cristãos, para todos "os Homens de boa vontade".
Tal e qual como a promessa que lhes foi feita " No fim, o meu Imaculado Coração triunfará!" se dirige a todos os que temos Fé e consideramos Maria como Mãe, bem como aos outros que Ela também ama.
Confiantes na Mãe que nos guia e nos acolhe, olhemo-La,correspondamos ao que nos pede e, sem medo, sigamos em frente.
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 19 de outubro de 2013

O Ramalhão fez anos

Dia 15 de Outubro. Festa de Santa Teresa de Ávila

Estávamos a festejar o encerramento do 70º aniversário da abertura do Colégio de S. José - Ramalhão.
Sonhávamos com uma grande festa, uma Missa com alunos, professores, funcionários, pais, antigos alunos..., actividades desportivas várias, uma tarde cultural, que sei eu!... Tudo aquilo a que 70 anos de existência, de cultura e formação tinham direito. Mas, "o homem põe e Deus dispõe". As circunstâncias trocaram-nos as voltas e os nossos planos abortaram. "Não vale a pena chorar sobre leite derramado". Os tempos mudam, as circunstâncias modificam-se mas a vida continua. Por isso, recordamos...
O ano passado, neste dia, houve realmente uma grande festa. Era o início das comemorações.
De manhã,houve competições desportivas, entre turmas, com os professores Tiago e Ricardo presidindo a elas. Muita competição, muita alegria, muito desportivismo.
Aliás repetimos estas competições no dia de S. José, outra ocasião de festa, em que o Colégio do Restelo veio festejar connosco. E houve medalhas e tudo para as equipas participantes.
Mas voltando ao 15 de Outubro... Depois do almoço, uma tarde aberta . Na Biblioteca, um chá, durante o qual os prof. João Carlos, Ângela e Manuela tinham preparado uma sessão cultural. E houve declamações, récitas, etc. apresentadas pelos alunos. Simultaneamente, uma exposição de cartas geográficas, preparada pela professora Agostinha.
Na sala de Moral era o reino da Matemática, com as professoras Paula Cruz, Sofia Lopes e Ana Festas. Havia quebra-cabeças, jogos, puzzles... tudo para entusiasmar jovens e adultos e desenvolver as suas aptidões matemáticas. O facto é que teve imensa adesão, mesmo dos pais. Acho que todos queriam testar as suas capacidades.
Na "sala escura" e na sala de Desenho eram os ateliers de artes e História. Foram patrocinadoras as respectivas professoras: Ana Passarinho e Ana Isabel que apresentaram uma grande variedade de trabalhos. Aqui colaborou também o 1º ciclo que fez pequenas lembranças para oferecer aos visitantes, bem como bolinhos e bolachinhas, fabrico dos próprios.
No Laboratório de Química, as actividades científicas, coordenadas pelas respectivas professoras. Houve experiências, demonstrações, explicações detalhadas dos procedimentos a realizar.
O final passou-se no Ginásio, com o Hino do Colégio, dirigido pela professora Ilka e cantado por todos e um power point sobre a história do Colégio, preparado pelos professores Angela, Sofia Lopes e João Paulo.
Foi um dia inesquecível!...
Temos que o agradecer a Deus  e a todos aqueles que  o tornaram possível, preparando, colaborando, incentivando e participando.
                                           Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Nossa Senhora da Lapa


Nossa Senhora da Lapa

Barro pintado apenas
Duas, três mãos de barro,
amassado e moldado
por duas mãos serenas.

Mas em toda a capela,
e a capela é imensa,
nada tem mais presença
do que a presença d`Ela.

Quem não se comovera?
Tão íntima, tão minha,
como se as mãos que põe
por mim só as pusera.

E um vago sentimento
de ter que lhe pedir
(mas por quem? mas o quê?)
me desprende do tempo.  

Criança ajoelhada,
falei-lhe num murmúrio,
não fosse perturbar
a penumbra em que estava


Que palavras Lhe disse
(se é que disse palavras...)
tão cá dentro, tão baixas,
que só Ela as ouvisse?

                                       
O que pedi? por quem?
Que vai acontecer
que eu possa perceber
que é de Ela que vem?

 Mas não, Virgem, não quero
 um sinal que me explique.
 - em Tuas mãos me entrego
 como se ao mar me desse.
             Sebastião da Gama

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Ramalhão - o começo


Engraçado como quase sem querer, nos chegam às mãos dados que tornam vida aquilo que foi passado e muita gente desconhece. Ocasionalmente li um comentário dum Dominicano sobre uma carta da Madre Teresa Catarina Lavradio para o Padre Tomás Videira, outro Dominicano. Conheci bem uma e outro e por isso me impressionou esta carta, que o comentador transcreve, carta dum tempo em que eu ainda não pensava em ser Dominicana. Era demasiado pequena...
A carta em causa, falava das perspectivas da compra do Ramalhão para aqui instalar o convento e um Colégio.
Nela, citam-se muitas coisas diferentes mas sobretudo fala-se das "andanças" das Madres , na busca duma casa adequada, das preocupações que tiveram, das dificuldades, de toda a ordem, com que se depararam, dos sonhos que as alimentavam, dos desejos que as mantinham.
Como parece longe tudo isto!... Já lá vão 70 anos!... Certamente a maioria das pessoas que por aqui passou não imagina o que foi necessário de esforço e de persistência para que em 1942/43 o Colégio abrisse as suas portas.
No seguimento desta carta, o comentador transcreve um poema da mesma Madre Teresa Catarina, poema esse sobre o Ramalhão já aberto e a funcionar. E diz como o chocaram os últimos versos que pareciam pronúncio dum futuro que agora é presente: "... e quando te falarem, verás que, de repente
 te custará a crer não estares no Ramalhão "
Claro que o Ramalhão continua a ser a nossa casa, o nosso Colégio; não o vendemos nem o alugámos; continuamos a viver aqui e a marcar aqui a nossa presença e o nosso testemunho Dominicano.
Simplesmente, 70 anos de Projecto Educativo deram lugar a outra linha orientadora, outro projecto, outra maneira de fazer e de viver. É assim a vida..." Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades..."
Há lágrimas nos olhos de muita gente; há revolta no coração de outros tantos; há aceitação nas mentes dos restantes.
Como diria a Madre Fundadora, que o mesmo artigo evoca, "temos que viver na esperança, e continuar esperando, contra toda a esperança".
Esperando... não sei bem o quê. Mas certamente que a alegria, a felicidade e o bem renasçam das cinzas e que aqui se continue a educar crianças e jovens que serão o futuro de Portugal.
                                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Escadas que falam

Revendo o power point que apresentámos na Reunião dos Antigos alunos que deu início às comemorações do 70º aniversário do nosso Colégio, encontrei um slide que me chamou a atenção. Eram várias fotos sobrepostas, de locais do Colégio, que tinham por objectivo levar os antigos alunos a recordarem sítios e acontecimentos.
Entre elas, a fotografia duma escada que já não existe, mas muitas histórias teria para contar. Foi retirada recentemente com receio de que houvesse um acidente, coisa que nunca aconteceu em 70 anos. Mas... são outros tempos e outras crianças e jovens.
Esta escada, a que me refiro, muitos se lembrarão dela, quer alunos, professores ou funcionários. Começava na "sala escura" que dá acesso à sala de Desenho e terminava na sacristia.
Por ela desciam as alunas internas, ao fim do dia, no mês de Maio, para irem à capela rezar o Rosário a Nossa Senhora.
Dela se serviam, em tempos mais recuados, as internas quando, de manhã cedo, iam à Missa da comunidade.
Por ela subia a Irmã sacristã, que vinha da capela e ia até às tribunas fazer qualquer mudança ou arranjo.
Por ela subiam também os alunos, quando havia Missa na capela para um grupo mais diminuto.
Era uma maneira rápida e eficiente de chegar às aulas sem ninguém se "perder" pelo caminho.
Mas, claro! há sempre mentes ardilosas que arranjam ocupação para espaços que têm outras funções... Por isso, aquelas escadas eram também utilizadas para quem, à hora do recreio do almoço,  se queria esconder para conversar ou estudar. Sempre houve e sempre haverá "desvios de utilização".
Hoje essa escada foi tapada, desaparecendo também a balaustrada, evidentemente. Em seu lugar, mesas e cadeiras para quem quer estudar ou fazer trabalhos.Mas, cada vez que por ali passo, recordo a escada e as mil aventuras que ela evoca. O nosso Colégio está cheio de pequenos e grandes espaços que evocam outras vidas e outras aventuras.
                            Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Magia em Outubro


Este mês de Outubro é um mês especial para mim, um mês mágico. É o mês do Rosário, aquele em que, no dia de hoje, se festeja Nossa Senhora do Rosário, aquela a que todos nós, Dominicanos, temos especial devoção.

Também foi o mês em que Nossa Senhora apareceu, pela última vez, em Fátima; em que João Paulo II foi baleado... enfim... Tudo direccionado para Maria e para a reza do Rosário.
Aliás, como Dominicanos, o Rosário é uma das nossas devoções especiais. A tradição até diz que foi Nossa Senhora que deu o Rosário a S. Domingos, como forma de tornar mais eficaz a sua pregação. E não há capela ou convento em que não se encontre um quadro com S. Domingos aos pés de Nossa Senhora que lhe estende um Rosário...
Mas claro, que isto é história e ninguém pode pensar que Maria deu o Rosário assim como nós o conhecemos: 10 contas que representam Avé-Marias, uma que é o Pai Nosso, outras 10 Avé Marias e por aí fora... Mas Nossa Senhora deve realmente ter inspirado S. Domingos para rezar assim. Aliás, também contam as vidas dos Santos Dominicanos que enquanto uns iam pregar, sempre havia outros Irmãos que ficavam rezando o Rosário , pedindo à Mãe do céu o sucesso para a pregação.
Em Outubro, na Igreja, honra-se de modo particular a Virgem Maria e convida-se os cristãos a rezar-lhe, com mais devoção, a oração do Rosário, lembrando  assim o pedido que Maria fez em Fátima aos pastorinhos.
Mas, como vimos, a devoção do Rosário é muito anterior a Fátima. Vem da Idade Média embora não com a estrutura que utilizamos actualmente. Esta é do sec. XV e deve-se ao venerável Alano de la Roche e depois, no sec. XVI ao Papa Dominicano S. Pio V. E são os Dominicanos que ficam como depositários desta devoção e da sua divulgação pelo mundo.
Aliás em Portugal a prática do Rosário é um tradição generalizada. Reza-se nos conventos, nas comunidades religiosas, nas paróquias, na família. Rezam os pobres e os ricos, os intelectuais e os humildes, os idosos e as crianças.
Façamos um esforço para este mês tornarmos ainda mais viva esta tradição.
                               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

domingo, 6 de outubro de 2013

"O dom de viver com serenidade"













" Obrigada , Pai, por mais este dia.
Cada manhã acho normal acordar e seguir em frente,
como se me fosse devida esta ementa de cada dia,
como se o que não for hoje, amanhã logo haverá.
Hoje queria pedir-te, Pai,
aquele dom de viver com serenidade,
a certeza de que tudo acaba e nada se repete.
Obrigada por mais este dia, Senhor,
e ajuda-me nesta manhã
a sentir, na sombra fugitiva de mais este dia,
a Luz da Tua eternidade que lhe dá sentido.
Aqui e agora!"
                                                                                                                                 
                          Conceição Barreiro de Sousa

sábado, 5 de outubro de 2013

Compaixão ou economia?

Ouvi ontem na rádio um comentário que me deixou bastante impressionada e inquieta.

Era feito por um teólogo conhecido e versava a liberalização da eutanásia, na Bélgica, em casos de deficiência grave em crianças ou idosos. Em qualquer circunstância, esta liberalização da eutanásia era dirigida a pessoas que não podiam fazer uma opção livre, uma escolha consciente.
E isto é qualquer coisa que põe problemas, que levanta questões,que suscita dúvidas e preocupações.
E, perguntava o comentador, esta lei em nome de quê? Em nome da compaixão, parece... Mas a compaixão é uma manifestação de Amor. Então, será mesmo por amor que se permite matar e matar aqueles que não têm escolha e que são merecedores do nosso carinho e atenção porque são indefesos?
Será amor o tirar a vida mesmo que seja a título de evitar sofrimento ?
Ou será antes em nome de interesses económicos, numa sociedade egoísta, que não está interessada em aumentar gastos com a saúde daqueles que não são produtivos?
Ou será fruto dum mundo sem valores em que se desconhece o significado autêntico da dor, do sofrimento, da vida e da morte, da participação na Paixão de Cristo?
O comentário focava a Bélgica mas eu pergunto-me se em Portugal não haverá também grupos que pensam assim. Se não haverá pais para quem filhos deficientes são um encargo e preocupações acrescidos...
Se não existirão filhos para quem pais, que não se bastam, constituem uma duplicação de despesas e de dificuldades...
É talvez altura de ler o profeta Baruc e atentar no seu incentivo de coragem, para encarar as dores e os problemas que a vida nos apresenta, para ultrapassar contratempos e revezes-
Graças a Deus ainda há muitos pais e muitos filhos para quem a Vida é um dom e que confiam na misericórdia do Pai  e no Seu Amor.
Ainda há muitos cristãos que esperam "o pão nosso de cada dia" e que consideram bem aventurados os que são pobres de bens , quaisquer que eles sejam, mas ricos de dons. Que defendem valores de Verdade e de Bem.
Lutemos por uma visão optimista e mais conforme ao Amor de Deus, que a todos acolhe e a todos recebe no Seu Reino.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
                      

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dias especiais

Entre os dias internacional da música, dia da água ou das pessoas idosas  e o dia Nacional da Implantação da República Portuguesa, fica sediado o dia mundial do Animal.

Não sei se devemos considerar irónica esta mistura  entre arte, bens essenciais, a terceira idade, a mudança de regime em Portugal e... a vida animal.
Evidentemente que eu  não quero, de modo nenhum, deixar  de  ter  em consideração   todos os animais, o zelo pelo seu bem-estar, a luta   pela preservação das espécies em vias de extinção.
Tudo muito lógico, necessário e útil.
Mas o que às vezes me incomoda um pouco é ver  falar e tratar  de animais com mais fluência e cuidado do que o utilizado com as pessoas, sobretudo doentes, crianças e idosos. E, particularmente se são deficientes.
Mas hoje achei interessante que, num programa de rádio, em que celebravam o dia mundial do animal, tivessem tido a ideia de utilizar aqueles símbolos dos programas infantis que, nos anos 90, fizeram as delícias das crianças e, porque não? dos adultos. 
E lá veio o Cocas... o Pato Donald... o Topo Gigio... entre outros.
Eram "bonecos", representação de animais, que falavam e transmitiam ensinamentos, davam lições de vida, exprimiam verdades, chamavam a atenção , duma maneira simples para realidades que marcavam os tempos.
Quem não se lembra destes programas, delícias da infância dos adultos de hoje? Quem não recorda as observações que faziam e as lições que nos queriam fazer passar?
Animais? talvez! mas com experiências e moral E pelos vistos com futuro, porque não foram esquecidos.
                             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Papas e Santos

O Papa Francisco anunciou a canonização próxima de dois Papas já Beatos: João XXIII e João Paulo II. Esta canonização será concretizada a 27 de Abril deste ano .em Roma.
Foi um anúncio previsível, não inesperado. Há tempos que se aguardava este desfecho para estas duas vidas tão diferentes mas tão grandes em testemunho. Ambos Chefes da Igreja, ambos escolhidos em conclave, um italiano outro vindo de leste; um do sul da Europa, com um percurso sábio, talvez difícil  mas mais tranquilo: foi delegado apostólico e núncio; o outro, um jovem trabalhador, perseguido, estudante clandestino; um, conciliador, simpático, lutando na 2ª Guerra mundial para salvar judeus; o outro, o maior embaixador da paz e conciliação entre os homens e entre as Igrejas.
O pontificado de João XXIII foi relativamente curto, apenas sete anos. Um Papa de transição, dizia-se. Mas, foi dele a ideia e a concretização dum Concílio que revolucionou a Igreja e o mundo.Pretendia a renovação da Igreja e a adaptação da pastoral ao mundo moderno e em mutação. A ele devemos novas regras, novas normas, novas orientações para a vida dos cristãos. Duas grandes encíclicas marcaram o seu pontificado: Mater et Magistra e Pacem in Terris. Alegre,jovial,simpático, era o Papa da bondade.
Com João Paulo II, outro tipo de revolução: a queda do muro de Berlim, a perda da supremacia da Rússia sobre os países de leste, a mudança de conceito de comunismo, a tentativa de conciliação entre católicos, ortodoxos e judeus.
João Paulo II é um Papa especial. Polaco, desportista, amante do teatro, um amigo dos jovens, um arrebatador de multidões.
Mesmo doente, não fugiu nem se escondeu. Continuou a participar em tudo e dar o seu testemunho de paz e de oferta.
Criticado por alguns, exactamente por isso, foi admirado pela maioria por ter a coragem de enfrentar a sua doença em frente dos "grandes" do mundo.
Dois santos a acrescentar ao calendário; dois santos para admirar o seu testemunho e tentar imitar naquilo que nos for possível. Ser santo é o apelo que Deus faz a cada um de nós. Sê-lo é o trabalho de toda uma vida, na correspondência à graça do Pai.
                                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

S. José ou S. Domingos?


"O melhor do mundo são as crianças". Realmente! Com a sua ingenuidade , curiosidade natural, espontaneidade.
Ainda ontem uma pequenina do 1º ano me interpelou naturalmente àcerca do nome do Colégio: Afinal é S. José ou Ramalhão?
Com um sorriso, respondi-lhe que eram as duas coisas: Ramalhão é o nome do local onde o Colégio se encontra ; S. José o seu padroeiro.
Mas logo outra, mais velhinha, se meteu na conversa para dizer: " mas se as Irmãs são Dominicanas, porque razão o Colégio não se chama de S. Domingos?"
Aqui, a explicação era mais complexa e foi necessário remontar às origens, falar-lhes da Madre Fundadora, da sua devoção a S. José, do desejo que ela tinha que todos os Colégios o tivessem por patrono e protector. 
Ainda bem que estávamos na hora do recreio porque aqui começaram as questões e as dúvidas. Aproximaram-se outros alunos e o "inquérito " começou. É que S. José conheciam-no eles mais ou menos. Pelo menos sabiam que era o pai adoptivo de Jesus, esposo de Maria, a Mãe do menino Jesus. Mas de S. Domingos não conheciam nada. No entanto, não o tinham esquecido. E um rapazinho, que se juntou ao grupo, perguntou a razão porque, sendo S. Domingos um homem, nós Irmãs nos dizíamos Dominicanas. Ele pensava que só havia Dominicanos...
Aqui, a explicação teve que ser mais completa. Tive que falar do primeiro convento fundado por S. Domingos em Prouille, precisamente para albergar as primeiras monjas Dominicanas, um grupo de mulheres convertidas pelos frades Dominicanos. Houve que explicar a diferença entre vida contemplativa e activa, a existência de três ramos distintos numa só Ordem Dominicana, a qual foi fundada no sec. XIII e se manteve até hoje, fiel ao seu carisma.
Mas eles eram demasiado pequenos para entenderem tudo isto, apesar da visão simplista que lhes dei. Duvido mesmo que tenham entendido até ao fim. Mas, satisfizeram-se , mesmo não lhes mostrando o que havia de novo e original na Fundação de S. Domingos: A originalidade duma vida religiosa que associava a versão contemplativa da vida monástica com a missão apostólica da pregação da Igreja. Não lhes falei da necessidade do estudo que anima os Frades dominicanos e da oração persistente que os leva à contemplação e se traduz em pregação. Isso, fica para outra altura e outro "público".
"Contemplata allis tradere" é o seu lema que tentam viver e transmitir.
                             Ir. Maria Teresa de Carvalho ribeiro, O.P.