Barro pintado apenas
Duas, três mãos de barro,
amassado e moldado
por duas mãos serenas.
Mas em toda a capela,
e a capela é imensa,
nada tem mais presença
do que a presença d`Ela.
Quem não se comovera?
Tão íntima, tão minha,
como se as mãos que põe
por mim só as pusera.
E um vago sentimento
de ter que lhe pedir
(mas por quem? mas o quê?)
me desprende do tempo.
Criança ajoelhada,
falei-lhe num murmúrio,
não fosse perturbar
a penumbra em que estava
Que palavras Lhe disse
(se é que disse palavras...)
tão cá dentro, tão baixas,
que só Ela as ouvisse?
O que pedi? por quem?
Que vai acontecer
que eu possa perceber
que é de Ela que vem?
Mas não, Virgem, não quero
um sinal que me explique.
- em Tuas mãos me entrego
como se ao mar me desse.
Sebastião da Gama
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