sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Guerra e perdão

É raro abrirmos a TV e não nos depararmos com as notícias angustiantes dos conflitos no Iraque e na Síria: bombardeamentos, mortes, refugiados...
E esses refugiados ( homens, mulheres e crianças) fogem... para não morrerem mas muitos também para não renegarem a sua fé. Deixaram tudo: a terra, o trabalho, os amigos, os bens. E vêm, à procura da"terra prometida". Vêm... à procura de paz mas também de pão e de tecto.
Como vêem eles os seus perseguidores, aqueles de quem fogem, que lhes tiraram tudo? Certamente é com revolta que encaram a situação e pensam nos inimigos.
No entanto, se rezam o Pai Nosso, são confrontados no fundo do seu coração, com um pedido do Pai: o do perdão. E serão eles capazes de perdoar?
Se pensarem que todos somos irmãos, filhos do mesmo Pai que está no céu!...
E nós? Não temos também momentos de revolta e desejo de vingança? Também sofremos por vezes indiferenças e sentimos a injustiça. Como perdoamos?
Nesta Quaresma é mais um momento que nos é dado para parar e pensar no perdão do Pai que pedimos, "assim como nós perdoamos".
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Para pensar

Realmente não há acasos nem coincidências! Tudo serve para despertar a nossa atenção para situações e factos, às vezes demasiado conhecidos mas que nos passam ao lado. Aconteceu comigo ao ver um vídeo sobre D. Bosco e Domingos Sávio. Mesmo sem querer veio-me ao pensamento o problema da santidade a que todos somos chamados : " Sede santos como o vosso Pai é santo!"
D. Bosco dizia a Domingos que não era difícil ser santo. Era simplesmente preciso tornar fáceis todas as coisas ; que não era necessário fazer grandes coisas mas sim tornar grandes as coisas pequenas de cada dia, pelo amor com que as fazemos.
Realmente, na maneira como olhamos as coisas e as pessoas é que está o amor com que as vemos. É este o testemunho que damos àqueles que nos rodeiam. E eles às vezes precisam que os "abanemos" para que se levantem e vejam a vida com os olhos do Pai.
E o "abanar" não se faz só com a palavra mas também com um gesto, um sorriso, uma oferta, uma presença.
Nesta Quaresma tenhamos presente que temos que ser Santos, fazendo Grandes, com amor, as coisas pequenas.
Deus espera o nosso esforço.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Momentos que são vida

Quaresma - tempo de conversão e de perdão.

" Junto à estação duma grande cidade, todos os dias se reuniam muitos marginais, isto é, jovens e adultos mais ou menos rejeitados pela sociedade. Reuniam-se para se animarem mutuamente.
Entre eles um jovem, todo sujo, cabeleira comprida, ar de pouco alimento. Mas nos olhos,  o reflexo de quem ainda tem esperança.
Quando as coisas corriam pior, tirava da algibeira um bilhete todo amarrotado e lia-o. Depois, voltava a guardá-lo. Nesse bilhete apenas seis palavras: A porta pequena está sempre aberta. Era um bilhete que o pai lhe tinha mandado. Significava que estava perdoado se voltasse para casa.
E uma noite, fê-lo. Entrou e deitou-se no seu quarto. Quando acordou, o pai estava junto dele. Abraçaram-se sem palavras."

Nós também temos sempre uma porta aberta...
A nós também o Pai nos espera...
Que vamos fazer?


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Quarta-feira de cinzas

A capela está silenciosa e despida de ornamentos. Os  altares vazios de flores ou de luzes. Apenas a lâmpada que lembra a presença do Santíssimo, a vela que será acesa para o Ofício divino e o círio, memória do Jubileu da Ordem.
Tempo de expectativa, de reflexão, de mudança e de perdão.
Mais logo, a Missa com o simbolismo da imposição das cinzas " Lembra-te, ó Homem, que és pó e em pó te hás-de tornar".
Nessa capela despida, diante dessa cruz, preço da nossa salvação, desse sacrário onde Cristo continua como dom, apenas uma certeza, a de que nada pode ficar igual.
Deus espera. Que vou fazer?
Há compromissos a fazer, respostas a dar, resoluções a tomar
Não posso fingir que não sei...
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O mês das contradições

Estamos em Fevereiro e, se pararmos um instante para reflectir, sentimo-nos impressionados com tudo o que este mês nos revela.
É o mês mais pequeno do ano e, no entanto, o único que nos apresenta duas facetas bem contraditórias. Primeiro, a ansiedade e a excitação dos preparativos para o Carnaval. Depois, de repente, a quietude a que nos convida o tempo da Quaresma.
Carnaval versus Quaresma.
Tempo de alegria exuberante às vezes com consequências indesejáveis. Depois, vem ( ou deve vir)  a tranquilidade, a reflexão, a preparação para todo esse drama que valeu a nossa salvação como cristãos.
Quaresma...tempo de confronto, de reflexão, de perdão. Tempo que pressupõe mudança, conversão. É tempo de parar para ouvir o Senhor que nos chama.
Podemos fingir-nos surdos, estar desatentos, dizer não ao Seu convite. Mas Ele está lá, pregado na cruz, fechado no Sacrário, falando ao nosso coração e esperando.
Temos duas opções: continuar, de olhos cerrados e ouvidos fechados, embrenhados nos nossos trabalhos e preocupações.Ou... levantarmo-nos, tomar decisões e seguir o Seu apelo.
A opção é nossa.
Mas não podemos apagar a grande certeza, a do infinito que Deus nos ofereceu pela Paixão, Morte e Ressurreição do Seu Filho Jesus. 
A luz está lá; a chama continua a iluminar; a voz a falar no fundo de nós mesmos. Que vamos Fazer?
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Tu podes...

" Querer é poder!"
É uma afirmação do povo que a História de Portugal ajuda a confirmar.
Afinal... Quisémos e mostrámos novos mundos ao Mundo; quisémos e construímos um património até reconhecido pela Unesco; quisémos e conseguimos libertar-nos da opressão que parecia ir cair sobre nós.
Lá dizia o poeta e com razão ." Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce ".
Mas para a obra nascer é preciso que o Homem sonhe e o seu sonho vá ao encontro do querer de Deus;  é quando o Homem põe o seu "engenho e arte" ao serviço do Senhor dos senhores.
O povo continua a afirmar o seu slogan  mas, sobretudo os jovens, dão-nos a sensação de que não acreditarem muito nisso. Parece estarem mais centrados na "capacidade do improviso", no " há-de acontecer" , no "talvez", no "logo se vê". 
A geração dos tempos de hoje está muito mais interessada no imediato  e no prazer do agora do que no futuro e no esforço. Parece que nada vale a pena, que o lutar por um sonho é trabalho perdido. Será que os jovens ainda sonham?!... 
De onde em onde um nome português destaca~se na investigação, no desporto, na solidariedade... Então, volta-nos a esperança. É que nos dizem que continua a haver jovens que se empenham, que lutam , que querem. Que continuam a manter válido o velhinho ditado : "Querer é poder".
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Saudades e não só...

Muitas vezes somos cépticos em relação ao nosso desempenho junto dos alunos que passaram pelo Colégio e estão anos e anos sem aparecer. Mas estamos enganados se pensamos que a nossa acção foi algo sem consequências. A Vida, muitas vezes, impede os nossos alunos de voltar, de dizer das suas saudades, de enumerar as suas recordações.
Mas quando voltam... Às vezes 30, 40 anos depois, que deslumbramento!...
Querem ver tudo: os dormitórios que já o não são; a floresta, onde comiam, em tal mesa; a varanda onde vinham muitas vezes afogar as suas mágoas a olhar o mar; o ginásio que guarda a lembrança das grandes festas que aqui se realizaram... E vão à capela e lembram o sr. Padre Domingos, a sua bondade, a facilidade com que as acolhia. E recordam as suas aulas de Matemática, os passeios à presa em que iam com ele e  as viagens em que todos participávamos.
E muitas vezes, acabam com uma confidência: " O que sou hoje devo-o ao Colégio e o que ensino aos meus filhos foi o que aqui aprendi!"
E há lágrimas e abraços e comoção.
O tempo passa mas as saudades ficaram porque o tempo que passaram no Colégio as marcou positivamente. Nada foi em vão. "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena"
Ir. M.Teresa C. Ribeiro,O.P.