segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Alunas e professores que não esquecem

A semana passada visitou-nos uma ex-aluna. Vinha ver se tínhamos ainda emblemas do Colégio para ela pôr na sua capa de Formatura. É médica, estudou na República Checa e agora trabalha no Cadaval, mas por pouco tempo pois está a preparar o exame de acesso.
Como gostei de estar com a Viviana! São momentos de carinho e recordação. Recebemos sempre com muita alegria as antigas alunas e temos imenso prazer em saber como estão e o que fazem.
Mas, em termos de visitas , não ficámos por aqui. Outra aluna nos visitou - a Antónia - e mais conversa sobre o "ontem" e o "agora"; mais um monte de recordações e evocações; mais uma palavra amiga, lembrando conselhos e recomendações de ontem que se tornaram vida.
Nestas alturas há sempre uma lágrima que surge, numa comoção sentida ao lembrar outros tempos e outros modos. Lá recordámos a srª D. Bela Castro, as suas brilhantes aulas de Português, as representações no Colégio, as peças sempre um sucesso. Enfim! um mundo de acontecimentos que encheram os dias das alunas do nosso Colégio.
Mas lembrámos também outras professoras que marcaram o corpo docente bem como as alunas de há mais de dez anos

E lá veio a Miss Sabbo, antiga aluna também, com o seu Inglês fluente, o seu jeito de trocista com graça, as suas sábias justificações para as lendas e histórias do Colégio no seu tempo.
Com ela, muitas viagens fizemos, muitas actividades foram planeadas, muitas festas realizadas... Mas se metia danças, era a Natália quem "metia as mãos na massa". E recordámos mil ensaios de festas, a preparação da visita da Mrs Reagen ou do Primeiro Ministro, a ida a Fátima para os 150 anos da Madre Fundadora ou a apresentação dos "marinheiros"( que já tinham sido Pierrots noutras andanças), a participação na exposição dos Cinco séculos de Evangelização ou na Expo 98.
E, não podíamos esquecer a srª D. Cristina Soldin Fallé e Costa, o seu alemão sem parcerias, os seus planos para as semanas multiculturais, as festas do Colégio ou o arraial do fim do ano.
E lembrámos quando ela estava no ciclo e eu era professora de Ciências, ainda principiante. Interessante recordar uma aluna que depois foi professora no meu tempo de directora do Colégio!... E há mais alunas que hoje são professoras aqui.
E nesta galeria de recordações, não podíamos ter esquecido a srª D. Maria Lúcia Nobre, que era a professora de História mais antiga do Colégio.
Foi assim a vida passada, o "ontem" do nosso Colégio, que recordamos com emoção.
                                           Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 29 de setembro de 2013

Contos que são interrogações

Li este conto que me deixou uma grande inquietação, perguntando-me como seria comigo e com tanta gente que conheço:

Um dia um camponês apresentou-se à porta do convento e ofereceu ao Irmão porteiro um cacho de uvas, como agradecimento pela caridade com que ele sempre o tinha tratado.
O frade porteiro passou a manhã a olhar para o magnífico cacho. De repente, teve uma ideia: foi levá-lo ao abade para lhe dar um pouco de alegria.
Este agradeceu mas lembrou-se que no convento havia um frade idoso e doente que certamente apreciaria tão belo cacho de uvas. E levou-lho.
Mas o frade doente pensou que ele seria mais proveitoso nas mãos do Irmão cozinheiro que tanto se sacrificava por eles e ofereceu-lhe as uvas.
E o frade cozinheiro pensou e achou que o Irmão sacristão precisava mais das uvas e foi dar-lhas. Este, levou-as ao frade mais novo do convento ,que mais precisava de apoio. E assim, de mão em mão, as uvas foram novamente parar ao Irmão porteiro.

Lembrei-me, ao mesmo tempo, nesta sequência de dar e receber, do Evangelho de S. Mateus :" Quem der um copo de água a um destes pequeninos..." 
E, comentei comigo mesmo se haveria mais alegria em dar ou em receber. Geralmente, defendemos a teoria do dar, mas... não é dando que se recebe? E Deus não é um dom permanente e gratuito? Mas, claro que espera a nossa disponibilidade para a oferta. O convite ao jovem rico não era uma promessa de dom em troca da disponibilidade e do despojamento?
Esta história não é tão simples como parece e levanta demasiadas questões.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A investigação - certezas e dúvidas


A investigação é um campo imenso de possibilidades e interesses. Qualquer cientista que enverede por essa área tem à sua frente um caminho que conduz, com entusiasmo, embora com persistência, a grandes e pequenas descobertas.
Tive ocasião de constatar isso, ao vivo, quando frequentei cursos de aperfeiçoamento no Instituto Gulbenkian de Ciência. Estive lado a lado com grandes nomes da Ciência, cujo fito era a descoberta e que a cada pequeno avanço celebravam com alegria. Também alunas que trabalham em investigação, em Portugal e no estrangeiro, manifestam o mesmo interesse e falam com o mesmo entusiasmo.
Mas às vezes deparamo-nos com notícias sobre descobertas, denominadas científicas, que nos deixam um pouco confusos e interrogativos.
É que há realmente estudos extraordinários que nos levam a perguntar se as conclusões são mesmo credíveis ou se são extrapolações mais ou menos resultantes de dados teóricos não confirmados.
Um artigo da revista Science, deixou-me, precisamente com esse mundo de interrogações.
Afirmava o autor do artigo que era possível verificar, em bebés, dos 6 aos 10 meses, as suas capacidades de julgar os outros e de preferir as pessoas boas, distinguindo-as, cognitivamente, das más.
E esta conclusão era resultado de trabalhos realizados no Departamento de Psicologia da Universidade de Yola. em Connecticut.
Todos nós sabemos que qualquer bebé prefere uma pessoa carinhosa e que o trate com meiguice. Mas não é isso que o artigo defende mas sim a capacidade do bebé distinguir as pessoas que tratam bem o próximo daquelas que o tratam mal ou com indiferença. Mesmo antes de falar, a sensibilidade e a afectividade dão à criança esta capacidade de apreciação.
Aqui, as dúvidas, quanto às provas...
Mas, ao mesmo tempo, podemos pensar se Deus não nos terá dado, desde sempre, possibilidades que ainda desconhecemos e que são dons.
Não precisaríamos, então, de estar mais atentos aos nossos sentimentos e reacções? Não necessitaríamos de olhar melhor os imensos dons que recebemos e procurar pô-los a render para melhor correspondermos às graças recebidas?
O mundo da investigação é uma oportunidade que Deus dá ao Homem de conhecer e fazer render os seus talentos. Não percamos a ocasião de investigar o que há em nós para fazer render...
                             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


domingo, 22 de setembro de 2013

Professoras ausentes que estão presentes


A semana passada fez anos uma das nossas ex-professoras de Português que sempre é lembrada, entre o corpo docente e não só - a Maria da Conceição Barraca.
Telefonei-lhe a dar os parabéns e falámos, recordando, coisas de outros tempos. Dito assim, até parecem coisas de outras épocas, mas não foram! Fazem parte dum passado bem recente e foram passos da vida que foi nossa, dos nossos professores, dos nossos alunos.
Ao pensar em tudo isto e lembrando esta professora e a sua estadia entre nós,recordei outras excelentes professoras de Português,ainda vivas e em actividade:A Maria de Lurdes Gonçalves ( a Lurdinhas, como lhe chamavam algumas colegas) e a Luisa Supico. Eram todas professoras do Ensino Secundário e foram chegando e saindo conforme as turmas cresciam ou iam decrescendo. Deixavam sempre saudades...
Eram professoras do ensino oficial e estavam portanto no Colégio em regime de acumulação. Mas, não se distinguiam da professora efectiva- Cristina Ovídeo, igualmente amorosa e competente.
Pudémos sempre contar com elas, com a sua dedicação, o seu profissionalismo, o seu entusiasmo. E deixaram um lugar no nosso coração  e, certamente, no das alunas que leccionaram.
Ao escrever isto, lembro uma outra professora de Português - eu hoje dediquei o dia à língua materna...- a Teresa Azinheira, que logo ao ser contratada declarou que não era católica. Mas... quem diria? Ninguém como ela cumpria as exigências de vida cristã impostas no Colégio.
São assim os autênticos profissionais!...
" Recordar é viver " disse alguém  e nunca senti tão verdadeira esta afirmação. É que, recordando estas pessoas, amigas como todos os professores do Colégio, estou a viver outros tempos e outras situações. Estou a viver festas, lanches, almoços, passeios... Estou a viver discussões e partilhas... Estou a reviver pedaços duma vida feita de alegrias e dificuldades, de colaboração e de apoio.
São histórias da história da maior parte da vida destes 70 anos do nosso Colégio. São recordações do tempo que tornaram grande o Colégio e inesquecíveis os que cá trabalharam.
Um grande obrigada a todos os professores que por aqui passaram e que recordo com carinho e saudade.
              ir.Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Conhecer indica crescimento


A comunicação social, de vez em quando, vai-nos lembrando nomes, mais ou menos conhecidos, do mundo dos homens, quer no campo das ciências, das letras ou das artes.
Ontem, recordou-nos os Beatles  e  a apresentação  da célebre música Yesterday,  que  ninguém, novo ou menos novo, pode ignorar. É um ex-libris da música, que conta uma história que também pode ser nossa. E o seu autor não é esquecido e todos recordamos a sua vida e o seu fim trágico. É mais uma história da História...
Mas ante-ontem a evocação foi outra. Esta, do mundo da ciência - Jean Bernard Léon Foucault e o seu pêndulo com o qual ele quis demonstrar o efeito de rotação da Terra. Era um físico e astrónomo da segunda década do século XIX ( nasceu a 18 de Setembro de 1819). É talvez desconhecido para muita gente que, no seu dia-a-dia, não lida com o mundo da Ciência. Por isso, talvez, o Google fez questão de o lembrar, recordando que ele conseguiu demonstrar uma verdade que já era credível  - que a terra se movia em torno do seu eixo - . Mas, uma coisa é ter-se uma ideia, a noção duma realidade; outra, é poder provar-se aquilo em que se acredita.
Aliás esta convicção de que a terra girava foi dada por Galileu que, por isso, foi executado. Mas, dois séculos mais tarde, Foucault veio provar esta realidade com o seu pêndulo, que até hoje, se encontra no Panteão de Paris, onde foi colocado quando da sua construção..
Mas esta invenção de Foucault não foi o único trabalho deste cientista, embora possa ser o mais conhecido e determinante. Realizou também estudos sobre a velocidade da luz e fez as primeiras medições desta velocidade. O interesse deste cientista pelo estudo e a descoberta vem-lhe desde criança, quando ele já se ocupava a construir máquinas e brinquedos sofisticados.
Não conseguiu ser médico, sua primeira opção, porque o sangue o horrorizava, mas não desistiu do Saber e de o pôr ao serviço da Humanidade.
Aprendamos dele a não desistir e a pôr ao serviço dos outros as nossas capacidades.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Comprar sem dinheiro

"Quem tem sede vinde à nascente das águas. Vós que não tendes dinheiro, vinde e comprai , sem dinheiro, vinho e leite"
Este convite feito por Isaías, numa das Leituras breves do Ofício, remete-nos para a disponibilidade, a pobreza, a confiança. Diz-nos que basta estar de coração aberto e alma liberta; que o importante é saber ler os apelos e ter a certeza da actuação da Divina Providência.
O essencial é ter sede de Deus, de O ouvir, de acolher o seu apelo; o indispensável é ter fome da Sua palavra, do Seu corpo e sangue que é a Eucaristia.
Estes versículos não nos dizem que quem não tem dinheiro tem que trabalhar para o conseguir; não sugere que façamos jejum porque não temos dinheiro. Tudo isso pertence a uma outra realidade que fica aquém da mensagem que a Bíblia nos quer transmitir. Ela fala-nos dum Pai que nos olha com amor, que nos atende, que mata a nossa sede, que alimenta a nossa fome. E não pede nada em troca... apenas a nossa Fé, a nossa confiança, a nossa disponibilidade, o nosso desejo de ir ao Seu encontro.
Vós... Vinde e comprai sem dinheiro...
Gosto de ler estes versículos e pensar que Deus me aguarda junto à "nascente das águas", o coração donde brota toda a graça que alimenta o nosso Amor.
Aprecio pensar que se estiver desprendida, pobre, (no verdadeiro sentido da palavra), livre de todas as amarras que nos prendem e nos sufocam, não preciso de mais nada porque Deus providencia, Deus dá-nos o essencial, Deus dá-se-nos.
E se acreditamos que em Deus temos tudo , que mais precisamos para ser felizes? Não há contrariedades, nem dificuldades, nem dores, que perturbem o nosso coração.
 Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Heróis de PortugaL

No passado fim de semana, houve uma gala de homenagem aos homens e mulheres do nosso país que dão a sua vida em defesa de populações, animais, florestas, os Bombeiros.

Homenagem bem merecida a esses soldados da paz que tão pouco são reconhecidos e tantas vezes mal compreendidos. Mas a RTP transmitiu, senão na íntegra, uma grande parte dessa homenagem. Parabéns RTP!
É que ser bombeiro é também uma vocação, uma resposta a um apelo para dar a vida em defesa da Vida.
A homenagem que lhes foi prestada, uma homenagem sincera e merecida, que fez mesmo correr algumas lágrimas e mereceu palavras entusiastas de louvor,levou-nos a pensar mais nestes soldados da paz. Muitas vezes passam ao nosso lado sem quase nos apercebermos disso.
Aqui ao lado do Ramalhão há um quartel de bombeiros - os de S. Pedro. Dezenas de vezes tocam as sirenes; dezenas de vezes ouvimos passar carros a apitar... Será que nos lembramos sempre de elevar os nossos corações até Deus, a pedir por esses jovens que, sabemos, foram chamados para acudir a qualquer uma situação de perigo? Lembramo-nos de rezar por todos e cada um desses homens e mulheres que defendem as nossas vidas e os nossos bens?
Esta gala foi preparada por dezenas de particulares, de artistas, de empresas, que gratuitamente ofereceram o seu contributo de coração para que a acção dos bombeiros fosse mais reconhecida, prestigiada e apoiada. "Eles fazem parte das nossas vidas", disse alguém durante a gala. Estão sempre atentos e disponíveis para nos protegerem.
Saibamos tê-los presentes, não só neste momento, não só numa altura especial mas em cada dia e sempre.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.


domingo, 15 de setembro de 2013

O que é a alegria?


Tenho estado a ler uns excertos da vida de S. Domingos. Hoje, calhou-me o relato da transladação do corpo de Domingos para o seu túmulo definitivo em Bolonha.
O autor conta como os Irmãos estavam com algum receio e como ficaram deslumbrados com o odor suave e agradável que se  exalava do corpo de Domingos e que se espalhou pelo espaço circundante.
Constatando o facto, o autor do texto relaciona o perfume suave, difundido no ambiente, com a alegria que Domingos espalhava em seu redor e emanava da sua vida..
É essa alegria que todo o Dominicano deve transmitir e dela dar testemunho junto dos homens que contam com eles.
Alegria na Fé e na Confiança; alegria apesar das dificuldades e contratempos; alegria na dor e na inquietação.
Na vida, há sempre um lado positivo, mesmo nos momentos mais difíceis e inquietantes. Simplesmente, é mais fácil não lutar por encontrá-lo, e deixarmo-nos acabrunhar, lamentando-nos que tudo corre mal. É a atitude dos pessimistas, dos que precisam ouvir as palavras de Jesus aos apóstolos: " Homens de pouca Fé, porque duvidais?"
É mais simples, mas não nos dá mais felicidade. A alegria vem precisamente de encontrarmos o que há de bom naquilo que a vida nos apresenta a cada momento.
Às vezes, são situações de felicidade, das quais não podemos duvidar. Noutras alturas, confrontamo-nos com decisões difíceis de tomar,com atitudes dolorosas, com dificuldades de aceitação.
É o momento de parar para encontrar o "outro lado" da situação. O que quer Deus de nós? Que conclusão devemos tirar destas circunstâncias? Que nos trazem elas de positivo? Talvez não tenhamos respostas imediatas, mas encontramos a paz na certeza do Amor de Deus. E então, podemos sorrir.
                     Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

sábado, 14 de setembro de 2013

Dominicanos e pobreza

Já mais duma vez me perguntaram qual a diferença entre a Ordem Dominicana e a Franciscana , uma vez que ambas são,às vezes, denominadas como "Mendicantes".

Hoje, por acaso, ao ler um texto de Alain Quilici,o.p., encontrei uma resposta que talvez satisfizesse alguns curiosos. "Francisco de Assis fundou uma "ordem" de pobres cuja vocação é pregar, pobremente, Cristo pobre; Domingos uma "ordem" de pregadores para imitar Cristo pregador do Evangelho".
Mas, esta não é a única especificidade dos Dominicanos. Eles também pertencem a uma Ordem eminentemente democrática:" O que vai ser vivido por todos por todos deve ser decidido".
Mas, falando da vida de pregação dos filhos de S. Domingos, percebemos que ela tem que conciliar dois aspectos indissolúveis: a vida comum e o anúncio da Palavra.
E, nesta vida em comum, vemos ressaltar a pobreza, " a mendicidade" da Ordem, que consiste em cada um não ter bens próprios mas viverem todos comunitariamente com o que a Providência se digne conceder-lhes.
Por outro lado, o anúncio do Evangelho, era uma ocupação exclusiva que S. Domingos queria para os seus Irmãos. E, porque para a pregação é indispensável conhecer e rezar, os frades dominicanos deviam ter o estudo e a oração como sustentáculo da pregação. Deviam, no início da Ordem, por impositivo de S. Domingos, mas devem tê-los hoje e sempre.
Os Dominicanos são, por excelência, transmissores da palavra, pregadores do Evangelho, a Boa Nova de Jesus Cristo.. A Bula de Confirmação da Ordem atesta esta realidade designando os Irmãos como Frades Pregadores.
Estejamos conscientes disto e peçamos ao Pai que os ilumine  e continue a alimentar com as Suas Graças  esta "Ordem" que foi uma vocação especial de S. Domingos que o levou a iniciar um conceito novo de vida religiosa.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.
  

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Porque Sim...

Ouvi hoje um programa de rádio que me chamou a atenção pois era uma razão simplificada das nossas razões de agradecimento, de alegria, de felicitações.

Podemos não ter grandes motivos, mas fazemos algo, simplesmente porque Sim!
Porque sim, darmos os parabens a um amigo...
Porque sim, felicitarmos uma pessoa pelas suas iniciativas...
Porque sim, ajudarmos alguém que precisa de nós...
Porque sim, chorarmos com um irmão que chora...
Porque sim, agradecermos a Deus as graças e favores que nos concede...
Porquê fazer isto ou dizer aquilo? Por uma razão sem razão; simplesmente porque sim.
Andamos tantas vezes à procura de justificação, de razão de ser para atitudes e acções... E afinal, é tudo demasiado simples, demasiado límpido e claro.

Se vivermos assim, simplesmente, aceitando e agradecendo o bem que nos é dado, recusando aquilo que consideramos menos bem; se olharmos a Vida com entusiasmo e alegria, tendo presente Deus em cada um dos momentos que nos enchem de prazer ou nas situações de dúvida e inquietação; se acreditarmos que "nada acontece por acaso" e que o Pai está lá, mesmo quando sofremos , então, sim, tudo é simples, tudo é Verdade.
E quando nos perguntarmos razões e quisermos explicações, encontramos apenas uma resposta:
Simplesmente porque Sim!
                                  Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Aventuras de estudantes e não só

Quando esbarramos com questões relacionadas com conhecimento, mesmo sem querer somos levados a recordar o tempo de estudante, a nossa vida de faculdade, os momentos bons e menos bons que por lá passámos. As alegrias e as contrariedades.

E eu, mesmo sem querer, lembro as salas velhinhas da mais velhinha Faculdade de Ciências, na R. da Escola Politécnica. Sim, que eu fui aluna em tempos anteriores  ao fogo, quando no último andar havia um museu que possuía espécie únicas; quando as aulas de Química eram dadas no anfiteatro do rez-do-chão; quando o Jardim Botânico era o grande campo de observação para as práticas de Botânica;quando a subida para as aulas de Anatomia era feita em corrida acelerada...
E recordo o Prof. Tavares, pontualíssimo, que do início ao fim do tempo da aula falava e apresentava slides, sem interrupção. O pior, eram as orais de Sistemática, obrigatórias, e em que só passava quem  tivesse  identificado, correctamente, as   três  folhas  com  plantas secas que nos eram apresentadas. Quantas horas passadas no Laboratório a reter formas e memorizar nomes!...
E o professor de Física, que sempre se atrapalhava nas demonstrações e puxava dos apontamentos que tinha na algibeira, à voz dum aluno atrevido :"Olha para a cábula!..."?
E o prof. Serra cuja exposição da matéria de Anatomia era sempre feita por detrás duma máquina de projecções, nunca utilizada, mas óptima para impedir a audição? É por isso que havia lutas para conseguir lugar na primeira fila e equipas com a missão de escrever o princípio, o meio ou o fim da frase. Depois se compunha o enredo, nem sempre muito exacto.E os exames... 10 perguntas que habitualmente contemplavam as notas em rodapé, na sebenta  Sim, que era uma das cadeiras em que havia um sebenta que tinha mais de 20 anos.Que delícia !...
E a Mineralogia, com exame escrito, prático e oral? Era um terror...
Foram tempos difíceis, em que só os melhores chegavam ao fim nos quatro anos. Mas, os que se interessavam, iam às aulas, arranjavam os apontamentos, passavam horas na biblioteca e estudavam, eram recompensados.
Como agora!... E como sempre!...
E havia tempo para outras coisas: para a JUCF, para a Conferência de S. Vicente de Paula, para as tertúlias na Associação, para as conversas sem fim, no "General", a pastelaria defronte da faculdade...
                              Ir. Maria Teresa de Carvalho,O.P.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Preferências

É do "conhecimento público", pelo menos do meu, que de todos os ramos da Biologia aquele de que eu mais gosto e mais me entusiasma é a Genética. Pelas questões que põe, pelas dúvidas que levanta, pelas respostas que vai tentando dar...
Mas, perante uma notícia tão sensacional como a que ouvi nestes dias, não podia ficar indiferente. E foi, nem mais nem menos, do que a notícia do aparecimento dum fóssil de Dinossauro carnívoro, quase completamente conservado, nas arribas da praia de Porto Dinheiro, no concelho da Lourinhã.
Quem ficaria encantado, se fosse vivo, era o meu professor de Paleontologia - o Prof. Carlos Teixeira. Esse sim, tinha uma autêntica paixão por tudo o que fosse fóssil, os testemunhos dum passado mais ou menos longínquo da vida na Terra.
Mas este fóssil de Dinossauro é tanto mais extraordinário quanto é um animal cuja a idade remonta ao Jurássico superior, de há mais ou menos 150 milhões de anos, e os fósseis nesta região são habitualmente já do Cretácico. Do Jurássico só, até agora, vestígios e pouco mais.
Ora este fóssil, dum animal de mais ou menos metro e meio, apresenta-se muito bem conservado e isto põe questões às quais os cientistas estão a tentar responder, com estudos minuciosos no terreno e em laboratório. É que, para termos estes fósseis, foi necessário que os animais tivessem tido, nestas regiões, boas condições para nela viverem e morrerem. Depois, tiveram que ser ràpidamente cobertos com areias ou arenitos poderem fossilizar sem se deteriorarem, ao abrigo do ar.
E agora, teve que haver um trabalho cuidado de escavações paleontológicas para pôr a descoberto os estratos em que o fóssil estava "encaixado".
Ora tudo isto tem que ser motivo de estudo e análise cuidadosa para depois se chegar a conclusões que permitam saber mais àcerca da história da Terra e da Vida.
Quantas vezes as "pedras" com que tropeçamos no caminho não são pedaços dessa história e da nossa história pessoal?!...
A ciência ajuda o conhecimento e a Fé a compreensão.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

domingo, 8 de setembro de 2013

Natividade de Nossa Senhora

Faz hoje anos - exactamente 54 - que fiz a minha Primeira Profissão que, em boa verdade, foi já a definitiva porque não houve retorno.

Vivi a Missa deste dia,  que  hoje foi na minha paróquia, como se fosse a  da   própria festa. Recordei a capela do Ramalhão,( o nosso Colégio e o "ninho" da grande maioria de nós), o celebrante, as Irmãs, as famílias, os amigos.
Os  textos da Missa, hoje, não foram os mesmos,  porque  é  domingo   e  a liturgia obriga a seguir o ritual. Mas, engraçado!... Falavam de seguir Cristo, de cruz, de despojamento e de amizade. Coincidência?!...
Ainda houve uma lágrima solitária e discreta. Não sei se de alegria, se de saudade, se de estar ali sòzinha, lembrando outros dias e outras situações.
Também houve um momento especial de oração por todos os que trago no coração e de agradecimento pelas graças recebidas.
Foram 54 anos de caminhada nem sempre fácil. "Deus escreve direito por linhas tortas" diz o povo. Não sei! Acho que os caminhos d´Ele são sempre direitos; nós é que às vezes os fazemos tortos. Ou melhor, essas encruzilhadas e desvios, que por vezes nos surpreendem, são, simplesmente, chamadas de atenção para que entendamos o que é melhor para nós.
Afinal, um dia, fizemos uma opção, decidimo-nos pela "melhor escolha" . Já sabíamos que não ia ser fácil "Quem quer ser meu discípulo tome a sua cruz ".Às vezes são doenças, incompreensões, dificuldades, mudanças. Mas, temos alguma razão para duvidar que Deus está lá e quer a nossa felicidade? Então!...
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 7 de setembro de 2013

A Fé e os interesses dos homens

Quando saímos de casa, nem sonhamos com as surpresas que nos esperam nem com o tipo de pessoas que podemos encontrar. Talvez atraídas pelo nosso hábito ou pelas nossas atitudes.

Ontem necessitei de apanhar dois taxis. No 1º, um motorista todo entusiasmado , falador, conhecedor de futebol. Todo o caminho falou de seu clube de eleição e dos aspectos positivos que esperavam ao clube e aos jogadores. Tão entusiasmado estava que quase íamos dando a volta à cidade. E o taxímetro a contar... Era por uma boa causa mas ele no fim fez um desconto dos Kms perdidos
Mas  quem realmente me surpreendeu, pela positiva, foi o 2º taxista. Logo que entrei, um acolhimento afável e delicado. E uma pergunta discreta: "Vai para o convento dali da Estrela?" Não, respondi. Vou à Missa.
E aqui começou uma conversa interessante em que ele me declarou que era católico e não escondia isso de ninguém. Realmente eu reparara que ele tinha uma imagem de Nossa Senhora no tablier e um terço pendurado no espelho. "Não é um, são dois"- esclareceu-me." É que levo Nosso Senhor à minha frente , para me guiar e atrás para me proteger".
Achei lindo mas mais encantada fiquei quando ele me contou que um dia levara um Bispo do aeroporto a casa e que, ao tirar-lhe as malas, o Bispo lhe tinha feito uma cruz na testa e lhe dissera " Nosso Senhor estará sempre consigo". E esta palavra o tem acompanhado pela vida fora.
Era um homem simples, não muito novo, mas um homem de fé e de testemunho.
Não lhe disse muitas coisas nem tinha para lhe dizer mas agradeci-lhe o testemunho que me tinha dado e disse que rezaria por ele. E ele... respondeu-me que lhe tinha dado muito prazer fazer esta pequena viagem comigo.
Fui para a Missa, para a minha Basílica, mas levei comigo a lembrança deste Homem e da sua Fé.
Mas porque as surpresas não acabam e o hábito convida a confidências, novas declarações de Fé, hoje. E até um jovem a perguntar-me como fazer para ser Frade.
E como duvidar? E como não ter esperança? E como não ser fiel?
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O:P:



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Notícias tristes que dão alegria


No meio dos horrores e catástrofes com que a TV nos tem vindo a inundar nos últimos tempos,de guerras a mortes e a fogos, surgem notícias que nos deixam animados. 
Esta semana foram duas, muito embora uma delas esteja envolta numa nuvem de tristeza. Nem mais nem menos do que a morte, aos 50 anos, da criadora da "OPERAÇÃO NARIZ VERMELHO" - Beatriz Quintella.
A sua morte, evidentemente que é um choque e um acontecimento doloroso. Mas a ela se sobrepõe a alegria e a gratidão de todo o imenso trabalho que deixou e realizou, primeiro sòzinha depois com o grupo de colaboradores que a quiseram acompanhar na sua missão de fazer sorrir.
" O sorriso não cura - dizia ela- mas é mais fácil curar uma criança feliz".
Começou, fazendo actividades no Natal, no Carnaval, em grandes festas, mas terminava sempre com a angústia de como animar as crianças depois. E assim  nasceu a sua obra que tem ajudado milhares de crianças. Crianças que sofrem, mas que aprendem a sorrir e a ver com outros olhos os problemas que os afectam. É ajudar a viver o tempo que resta a algumas, com melhor alegria de viver.
Outra notícia, e esta totalmente feliz, o prémio da Fundação Champalimaud atribuído a quatro instituições, sem fins lucrativos, do Nepal, que se dedicam a tratar pessoas que cegaram mas que têm cura, porque sobretudo o problema são cataratas e estas podem ser resolvidas, com cirurgia e lentes intra oculares.
Que obra maravilhosa esta de dar ou restituir a vista aos cegos!...
É seguir o exemplo de Jesus, num caso bem concreto...
Neste momento lembro aqueles casos de pessoas que, vendo, não querem procurar o caminho certo, ou não o querem ver.
Cegos que vêem!
Saibamos dar graças pela capacidade de ver, pelo dom da visão, que recebemos de Deus e ponhamos a render, sempre, todos e cada um dos nossos dons.
                                    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O:P:


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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Viagens que são férias


Quando chega Setembro, há sempre a tentação de dizer : acabaram-se as férias. O olhamos o trabalho, a rotina, a mudança de hábitos com alguma monotonia.
Mas, de facto, esta afirmação não reflecte um facto em si mesmo: primeiro, porque as férias nunca acabam e depois, porque quando uns terminam  o  seu  tempo de descanso outros podem estar a começar e outros a meio do seu tempo de lazer.
Mas ,mesmo quando não há tempo para férias, se encararmos qualquer mudança que ocorra como uma variável na vida, já podemos pensar que tivemos férias. Aliás, elas podem também acontecer em trabalho...
Estou a pensar numa viagem que fiz com as alunas. Era trabalho... porque foi preciso assumir a responsabilidade de 30 raparigas, durante uma semana, em Paris. Mas foi tão divertido e tão compensador!... Não foram férias? Para nós foram.

Certamente que a Guigui, a Alice Flor, a Isabel, a Constança e tantas outras do mesmo ano recordam esta ida a França.
Fomos de comboio e passámos a noite em viagem. Em Lisboa,tinham-nos marcado os lugares num hotel de estudantes onde o dono  fazia de tudo, desde vigiar as saídas até tomar conta do pagamento dos banhos. Sim que duche só pago com antecedência...
Acompanhou-nos a Semisa, a funcionária do telefone, e com ela, a primeira cena cómica. Claro que também ia a srª D. Lúcia, professora de um grupo delas e a Ir. Inês Mota e Melo que, nessa altura ,trabalhava comigo no Colégio.
Fomos no tempo em que, ao atravessar a fronteira, se tinha que tomar uns comprimidos não sei bem para quê. Todas, com mais ou menos vontade, lá os engolimos. Mas a Semisa, guardou-os debaixo da língua e, assim que passámos a fronteira lá foram eles pela janela. " Era só o que me faltava... tomar essa porcaria que não sei o que é "...
Depois, segunda aventura: as nossas refeições eram numa cantina universitária num bairro do outro extremo da cidade. Logo, metro para lá, metro para cá, duas vezes ao dia, sem falar nas outras deslocações para visitas. Também foi numa visita, ao Museu do Louvre, que apanhei um grande susto. É que,depois de contar e recontar, faltava uma aluna que tinha chegado à porta connosco. E logo a mais sossegada... Nem quis fazer perguntas a mim mesma. Simplesmente confiei. Acho que era suficientemente aventureira e confiante no Pai, para não perder a calma.
E não valia a pena, porque não tinha acontecido nada ! Simplesmente  ela entrou por outra porta, por engano . E, sem bilhete, imaginem. Aventuras da Aventura que é um viagem com alunas. E que saudades nos deixam... São surpresas ,das agradáveis, que eu estou a escrever para não lembrar inquietações e preocupações que também fazem parte da vida.
                                                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

No mundo da surpresa...


Surpresa é uma palavra que habitualmente tem uma conotação negativa. É quase sempre algo que nos causa espanto, aborrecimento, dificuldade. 
Aliás o dicionário, (que eu gosto sempre de consultar nestas circunstâncias), embora nos apresente também uma definição mais optimista, igualmente nos fala em sobressalto, admiração, choque súbito.
Mas nem sempre a surpresa é não ter Missa quando contávamos com ela, não conseguimos bilhetes quando pensávamos viajar, ficarmos retidos em casa por uma chuvada inesperada em pleno Verão...
Há surpresas que são agradáveis e nos enchem de alegria: uma operação bem sucedida, um mail dum amigo que nos traz tranquilidade, uma conversa amena e agradável com uma amiga.
Dumas e doutras, apesar de tudo, há que dar graças a Deus. É que ambas fazem parte da vida e a vida é, na verdade, uma aventura que temos que aprender a realizar.
E a vida dum cristão ainda é uma aventura maior. Ouvi esta afirmação outro dia numa homilia e na altura passou-me ao lado. Tinha outras coisas a encher-me o espírito e o coração... Agora que estou mais calma e tranquila, posso parar e reflectir nesta grande realidade. A vida do cristão é realmente uma Aventura: entre Amor e dúvida, satisfação e intranquilidade, certeza e interrogação... que mundo de coisas!...
E depois, onde pôr a coerência entre a nossa vontade e o querer de Deus? E o mal, a guerra, o sofrimento... a Liberdade do Homem e a misericórdia do Pai.
É uma aventura viver tudo isto, sem desânimo, sem inquietação, alegremente, dando graças, com a certeza de que a Vida também é um motivo de Surpresa.
Saibamos compreendê-la e dar graças ao Pai que cada dia nos dá um novo motivo de espanto e de ventura.
 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.