sábado, 29 de junho de 2013

Festa de Santos

Solenidade de S. Pedro e S. Paulo

Dois santos, dois mártires, dois apóstolos, duas culturas diferentes, duas missões igualmente diferentes. Duas "chamadas " que não se assemelham.

Pedro é o primeiro Chefe da Igreja, aquele que negou Jesus mas que o amava tanto que mereceu a Sua escolha.
Paulo que, como judeu fiel e um pouco farisaico, considerava um atentado à doutrina tradicional estes novos ensinamentos que Jesus espalhava e iam fazendo seguidores.
A Pedro Jesus apenas fez uma pergunta: Pedro, amas-me? A Paulo, uma questão mais elaborada: Paulo, Paulo, porque me persegues?
Um e outro não hesitaram. Deixaram tudo e, por Jesus, foram até ao sacrifício total. 
Pedro, o chefe da Igreja nascente, tendo que tomar soluções nem sempre fáceis; Paulo, o "apóstolo das gentes", necessitando enfrentar dúvidas e oposições...
Dois Sims, difíceis mas completos, com tentações mas com decisão...
S. Pedro e S. Paulo , dois modelos que hoje celebramos!

Será que a nós Jesus nunca perguntou: X, tu amas-me?
Não terá Jesus razão para nos interrogar: Y, porque me persegues?
Muitas vezes dizemos que amamos a Deus, que queremos fazer a Sua vontade, que somos capazes de tudo para corresponder ao Seu Amor... E depois? No nosso actuar, no nosso dia-a-dia, nas nossas convicções, não fugimos a estas nossas palavras e não temos o procedimento que nega tudo aquilo que prometemos?
Quantas vezes nos apetece esquecer o Sim que dissemos um dia, no trabalho, na vida, nos compromissos!...
E não é trair o Pai, como Pedro? E não será "perseguir", de alguma maneira, os que acreditam em nós e em nós confiam?
Festejemos Pedro e Paulo. Façamos um momento de pausa na nossa vida, um instante de silêncio para ouvir o apelo de Deus no fundo do nosso coração. E sermos capazes de Lhe responder: Senhor, Tu sabes tudo, sabes que eu te amo!
                                            Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Anjos e demónios


Acho que era este o título dum livro ou dum artigo que causou polémica aqui há algum tempo. Mas eu não quero saber de polémicas e esqueço a segunda parte para me centrar apenas na primeira - os anjos.
Aliás desde pequena que me habituei a rezar de manhã e à noite uma jaculatória ao meu Anjo da Guarda. No meu imaginário de criança ele tinha a túnica branca tradicional, a cabeça coroada e asas transparentes... Para a maioria de nós foi assim, acho eu!...Depois, claro que esta imagem se vai apagando e chegamos mesmo a esquecer que o Anjo da Guarda é o intermediário , digamos assim, que  Deus  colocou ao nosso lado para nos acompanhar.
Esquecemos a imagem, esquecemos a oração que aprendemos em criança, deixamos de ter presente a acção do Anjo da Guarda junto de nós. E será que fazemos bem? Será que os anjos existem mesmo?
O facto é que no dia 10 de Junho, quando o País  festeja o dia de Portugal,  de Camões e das comunidades portuguesas, a Igreja celebra a festa do Anjo de Portugal, o anjo protector da nossa terra e das nossas gentes.
Aliás, a devoção ao Anjo de Portugal  intensificou-se com o seu aparecimento  aos pastorinhos. Ele mesmo se apresentou com este título.
Mas os Anjos têm um imenso lugar tanto no Antigo como no Novo Testamento: um anjo acompanhou Tobias, dois anjos anunciaram a maternidade de Isabel, novamente os anjos anunciaram aos pastores o nascimento de Jesus, depois de terem pedido o consentimento de Maria para mãe do Filho de Deus. Foram ainda os anjos que convidaram José a receber Maria em sua casa, que anunciaram a perseguição de Herodes ao Menino e estiveram presentes na ressurreição.
Não sei se os Anjos existem mesmo para nos acompanhar e ajudar, mas acredito que se voltarmos a ler a Bíblia e meditarmos em todos os acontecimentos nela relatados, tornaremos, como crianças, a rezar a oração ao Anjo da Guarda e a pedir-lhe a sua protecção.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O passado e o presente

Li ontem uma reportagem num jornal diário talvez ainda não muito divulgado mas bem interessante, o "i".
A reportagem era sobre os "sem abrigo".
E sabem quem a escreveu? Nem mais nem menos do que a Marta Reis, uma ex-aluna. Ainda bastante recente para que todos nos lembremos dela. Suficientemente antiga para ter acabado o curso de jornalismo e feito carreira no jornal.
Nesta reportagem a Marta escreve o texto quase como se estivéssemos a ouvir os intervenientes, a entender as suas motivações e as causas de se encontrarem agora na rua.
Aliás o sub-título do artigo é precisamente "ninguém conta as vidas que vão parar às ruas como eles".
E contam as suas histórias duma maneira "simples, rápida directa" que a Marta apresenta também duma maneira assim crua, sem floreados , sem comentários dissuasores.
Aliás, a Marta sempre foi uma jovem assim simples, completa, decidida, dinâmica.
Vinha para o Colégio e voltava à tarde para casa, na carrinha do Colégio, a velha carrinha do sr. José, com outras colegas. Muitas vezes tive ocasião de utilizar essa mesma carrinha e de apreciar as alunas que a frequentavam. Assim conheci melhor a Marta. Não era muito expansiva mas sabia equacionar um problema e formular uma teoria. Não deixava de dizer o que pensava.
Tinha uma imensa capacidade de trabalho e organização. Só assim conseguia ser uma brilhante aluna e ocupar-se doutras actividades como os escuteiros. 
Parecia transbordar satisfação, equilíbrio, realização.
Aqui há tempos veio ao Colégio colher elementos para um trabalho. Igual a sempre!
Temos saudades dela e das muitas que, como ela, souberam aproveitar do que aqui receberam.
Um grande abraço e felicidades para a nova vida que a espera.
                                     Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.



quarta-feira, 26 de junho de 2013

Originalidade e não só


Talvez porque se lembrava ontem o aniversário de Gaudí recordei uma viagem que fizemos a Barcelona com as finalistas do Colégio.
Foi uma viagem maravilhosa em todos os sentidos.  Pelos conhecimentos  que  se adquiriram,  pelos  bons  momentos  passados, pelas  coisas lindas e originais que tivemos ocasião de observar...
A maior parte de nós não conhecia a cidade e foi um deslumbramento porque Barcelona não é uma cidade qualquer. Aliás, desde que chegámos que nos apercebemos disso. Quer na traça dos edifícios, influenciados pelo estilo do"modernismo catalão", quer no ambiente cosmopolita das suas ruas e praças, quer na originalidade da juventude que se reúne nas famosas "Ramblas".
Começámos as nossas visitas pelo Parque Güell que não tem igual em parte nenhuma que eu conheça: na estrutura, na arquitectura, na imaginação, nas cores... Lá se juntam os elementos de que Gaudí fazia questão de se servir e misturar: a cerâmica, o vidro, o ferro forjado, a madeira, numa sinfonia de desenhos e cores.
Gaudí era um arquitecto catalão que viveu a maior parte da sua vida em Barcelona e cuja "coroa de glória" é o inacabado Templo da Sagrada Família. Dois dos elementos deste templo com mais cinco das obras de Gaudí foram reconhecidos como Património Mundial pela Unesco.
Que honra para o autor e para a cidade!
Na Sagrada Família, Gaudí procurou exprimir os seus sentimentos de católico convicto, a sua imensa devoção, devoção essa que se foi intensificando à medida que a sua obra progredia.
Não finalizou esta obra, por motivos vários, e a catedral continuava à espera de alguém cujo talento lhe permitisse continuar o que uma imaginação prodigiosa concebera. Nós fomos visitá-la e ficámos sem palavras.
Depois, passeámos, orientados por um guia sabedor, pelas principais ruas da cidade. Em cada canto um edifício com a marca Gaudí, muito embora os mais conhecidos sejam as casas Milà e Batlló. Mas há muitas outras igualmente originais na sua concepção, como a "Pedreira".
Engraçado que, segundo ouvimos ao guia, Gaudí começou os seus trabalhos de arquitectura, influenciado pelo estilo neogótico mas cedo se desprendeu dele para integrar o movimento do modernismo catalão e acabando por criar o seu próprio e original estilo.
Cada volta que dávamos servia para encontrar novos encantos que aumentavam o desejo de voltar ràpidamente a esta cidade.
Espero que muitas de vós recordem, como eu, essa semana inolvidável em que mergulhámos em cultura, arte , técnicas e sonhos que nos ultrapassam.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Cantar alivia a alma


"Quem canta seus males espanta"  diz o povo. Não sei se tem razão mas é um facto que antigamente era muito frequente ver, pelas aldeias, as populações cantando enquanto realizavam as suas múltiplas  tarefas, quer domésticas quer no campo.
E mesmo na cidade se ouviam inúmeros pregões: era o amolador de tesouras e navalhas; era o vendedor dr castanhas; era a peixeira com seu peixe fresco; era a compradora de trapos e garrafas...
Cantar, de alguma maneira, é dizer o que nos vai na alma, de triste ou de alegre, de feliz ou menos feliz.É abrir o coração e libertar frustrações e aliviar desalentos. É deixar que os sonhos cresçam e se vão alinhando a seu gosto...
O pior é quando não se sabe cantar!...
Mas fechar-se em si mesmo é amarfanhar a alma e enquistar o coração; é o inverso de procurar e alimentar a felicidade.
Estou a pensar naquele filme já antigo, a Música no coração em que a aspirante a freira transbordava de música e enchia dela a sua vida. Em toda a parte e sempre ela cantava. Oportuna e inoportunamente lá estava ela e a sua música. E com a música motivou sete crianças e salvou uma família.
É uma história, claro! mas também uma lição de vida porque cantar ( mesmo para quem não tem voz) é um libertar de tudo o que oprime; é poder olhar a vida com olhos novos.
"Quem canta seus males espanta" e suas alegrias cultiva e sua felicidade
constrói.  Até porque também é afirmação corrente que cantar é rezar duas vezes. E quem não precisa de rezar? Quem não precisa de contar a Deus as suas alegrias e angústias, de Lhe pedir conforto e apoio? Quem não tem graças a agradecer e louvores a dar a Deus?
Então, canta... mesmo que seja apenas com o coração.
                       Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Conhecimento e invenções

O milénio passado foi fértil em descobertas e nomes que se distinguiram pelos seus trabalhos e as suas invenções. Entre esses nomes está Pedro Nunes. É um português, nascido em 1502 em Alcácer do Sal.
Foi um dos maiores cientistas do seu tempo, na área da Matemática, tendo-lhe sido mesmo confiada a cátedra de Matemática da Universidade de Coimbra, o que, nesse tempo, era a maior distinção que, em Portugal,  era atribuída a   um professor.
Mas os seus estudos universitários iniciaram-se em Lisboa e depois continuaram em Salamanca. Estudou não só Matemática mas também artes, Filosofia e até Medicina.
D. João III nomeou-o cosmógrafo do Reino.
Com a transferência da Universidade, de Lisboa para Coimbra, Pedro Nunes teve que se repartir entre a sua cátedra em Coimbra e as suas investigações e o seu lugar de cosmógrafo do Reino, em Lisboa.
Dedicou-se a vários problemas matemáticos e à sua aplicação até na astronáutica. 
Igualmente inventou vários instrumentos como o astrolábio e o nónio. Este é mesmo o mais conhecido e o nome deriva do apelido latino de Pedro Nunes - Petrus Nonius.
Não se sabe muito àcerca da ascendência deste grande matemático, mas pensa-se que fosse de origem judaica. Não que sobre ele tivesse recaído qualquer acusação ou suspeita mas porque dois dos seus netos- Matias Pereira e Pedro Nunes Pereira - foram condenados pelo Santo Ofício como Judeus e estiveram vários anos presos.
Mas isso não invalida as suas capacidades e o prestígio devido aos seus trabalhos.
                                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Amanhã é um novo dia


Ontem quando me levantei e abri a janela senti uma neurastenia imensa. O nevoeiro invadia tudo, estrada, árvores e casas como um manto leitoso, mole. Dos automóveis, apenas uma ténues luzes a assinalar a sua presença. Donde em onde, algumas pessoas tentando atravessar a rua. Uma aventura... Parecia que estavam numa grande caixa, cheia de algodão, envolvidas como relíquia preciosa que não se podia partir.
Desci ao encontro do "povoado" e os comentários todos iguais: Que tempo! E estamos quase em férias, quase no Verão...
O que vai ser este ano o mês de Agosto?
Como estará o tempo na praia?
E todos nos lamentávamos e nos insurgíamos não sei se contra o S. Pedro, se contra o clima em geral, se contra tudo e contra nada.
Mas, tudo reacções negativas que não ajudavam ao começo dum dia de trabalho.
Resolvi reagir. É que realmente não vale a pena preocuparmo-nos com antecedência e, mais ainda, deixar que as condições atmosféricas influenciem a nossa disposição e o nosso trabalho.
Achei que era altura de pôr a tocar Beethoven com o seu Hino à Alegria. Esse ao menos "puxa para cima" como diz uma professora aqui do Colégio e apresenta perspectivas de esperança ao mesmo tempo que ensina a ultrapassar barreiras e a construir caminhos de Fé e de Esperança.

" escuta irmão esta canção de alegria
o canto alegre de quem espera um novo dia"

E amanhã vai ser um novo dia!
E mesmo que continue o nevoeiro e a chuva caia, o sol continua a existir 
e a esperança a animar os corações. 

" e os homens voltarão a ser irmãos"...
                      Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sucessos como e onde

Este ano e este mês em particular o desporto tem-se apresentado como uma mais valia para Portugal. O domingo passado foi o grande dia.

Um ciclista Português ganhou a volta à Suiça, pela segunda vez consecutiva. Chama-se Rui Costa e já o ano passado conseguiu a mesma proeza.

No mesmo dia, duas medalhas de prata premiaram os canoistas portugueses.

Foi em Montemor-o-velho que estes dois desportistas conquistaram as medalhas nos Europeus de velocidade em K4 1.000 e K1 5.000 metros.
Em qualquer dos casos foi uma recompensa pelo esforço despendido, pelo empenhamento de dias e dias de treino, pela capacidade de trabalho nunca descurada.
E mais uma vez se ficou com a certeza de que nada se consegue sem trabalho, força de vontade e entusiasmo.
Muitas vezes nos lamentamos de que não conseguimos alcançar os objectivos traçados porque não tivemos sorte, não nos ajudaram, não fomos capazes... Muitas outras vezes não nos lamentamos mas temos uma tentação imensa de desistir, de deixar tudo, de nos convencermos de que já não vale a pena...
É altura talvez de parar com as lamentações e ou com as tentações interiores para nos perguntarmos se demos o nosso melhor, se nos esforçámos tanto quanto podíamos, se confiámos na graça de Deus e no apoio de Maria. É que o sucesso duma obra  não acontece por acaso nem é a "sorte" ou o "azar" que ditam o resultado. O sucesso, qualquer que seja o campo em que estamos a lutar, alcança-se com esforço, com persistência, com vontade. E, com a certeza de que, quando damos tudo, Deus também faz a Sua parte
E, em última análise,  procurar a resposta à pergunta :onde está a vontade do Pai?
                             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 16 de junho de 2013

Liturgia

A Igreja iniciou há duas semanas, liturgicamente, o denominado "Tempo comum". Os paramentos passam a verde, habitualmente, e a liturgia segue o ritual do ano em que estamos. Mas, nem por isso deixamos de ter festas. São santos, mártires, apóstolos. Aliás, na semana anterior tivemos nem mais nem menos que três grandes festas. E todas elas relacionadas com Jesus.
Primeiro, a festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus, a celebração da oferta permanente do Senhor que, pão e vinho, está cada dia no Altar e no Sacrário, para se nos oferecer, para que O possamos receber e adorar.
Depois, a festa do Sagrado Coração de Jesus, aquele coração trespassado pela lança e que concentra o amor de Deus pelos homens.
No dia seguinte, a festa do Coração Imaculado de Maria, a mãe de Jesus, da Igreja e nossa mãe.
Muitas vezes deixamos passar estas chamadas de atenção da nossa Fé, continuamos a vida sem parar, sem nos determos para reflectir nas razões que a Igreja tem para marcar determinados dias com solenidades que são um apelo.
Celebrar o Coração de Jesus é ter bem presente que nesse coração estamos nós, que desse coração trespassado jorrou sangue e água que limpou o nosso mal  e inundou as nossas vidas. 
Esta é uma devoção dos portugueses, a do Coração de Jesus. Aliás, a primeira basílica e maior na altura, dedicada ao Coração de Jesus encontra-se em Portugal, em Lisboa, e foi mandada construir por D. Maria I, rainha de Portugal.
E, festejar o Coração Imaculado de Maria é recordar que em Fátima Nossa Senhora prometeu aos pastorinhos que o seu coração venceria. E Jesus, ao dizer da cruz que João era o filho que Ele oferecia a Maria, estava a colocá-lo no coração da Mãe e, com ele, todos e cada um de nós.
Não deixemos passar estas festas sem termos ocasião de tornar mais próximo, mais intenso, mais verdadeiro, o nosso amor de filhos.
Jesus chama-nos e Maria está presente junto de cada um para nos acompanhar e interceder por nós.
                      Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O:P:

sábado, 15 de junho de 2013

Figuras do Milénio passado

No segundo milénio , que acabou no ano 2000, há várias figuras que o marcaram pelas suas capacidades, seus feitos, suas invenções.

Uma dessas figuras, talvez não muito conhecida de alguns mas bem marcante e representativa para muitos outros foi Van Braun, Dr. Wemher Von Braun, um alemão nascido em 1912.

A ele  e à sua equipa se deve a criação dos foguetões nucleares e do projector dos voos espaciais tripulados , que permitiram a ida do homem à lua.
Mas nem tudo foi bom e glorioso no seu trabalho.
Durante a II Guerra Mundial, a Alemanha pôde atacar Londres graças às bombas voadoras V2 , também inventadas por ele.
Situações e exigências de guerra, certamente! pois ele, como um homem profundamente crente que era, não teria como objectivo ferir, matar, destruir. Mas... a verdade é que deu o seu contributo!
Como cientista e investigador, Von Braun acreditava numa relação estreita entre Ciência e Religião  dizendo que " algo tão bem ordenado e perfeitamente criado como a nossa Terra e o Universo deve ter um Criador que é um Magistral Inventor".
Ciência e Religião não eram, para ele, forças independentes ou opostas. Chamou-lhes antes "forças irmãs" que procuram ambas um mundo melhor.
Dizia ainda que, embora a Ciência não fosse uma religião era uma actividade religiosa. O criador revela-se pela sua criação.
Apesar de todo o mal causado, durante a guerra, com as suas invenções, Von Braun como crente que era, todos os dias apresentava a Deus os seus problemas, pedindo-lhe ajuda e perdão.
Façamos nós como ele, face ao que nos aflige ou perturba.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A decisão certa

Outro dia, lendo os escritos dum amigo meu, deparei-me com uns versos duma canção muito popular em movimentos religiosos dos anos oitenta:


"Muitos são os convidados
Quase ninguém tem tempo
Se ouvires a voz do vento
Querendo-te enganar
A decisão é tua!"

Muitas vezes ouvi, quando mais nova, esta canção; muitas vezes assisti a grupos e sessões em que ela se cantava...
Não sei é se, na altura, entendíamos a mensagem que nos queria transmitir, o apelo que tinha implícito.
Agora, fiquei a pensar... em todos aqueles que o Senhor chama, que convida para o seguirem; apercebi-me de como é fácil deixarmo-nos enredar no "vento malicioso" das mil ocupações e preocupações que não nos deixam tempo para parar e reflectir.
Fiquei a pensar que "muitos são os chamados e poucos os escolhidos" não porque Deus os elimine da Sua lista mas porque nós, por decisão livre, por opção, nos auto-excluímos.
E voltei a reflectir nos Sims e nos Nãos ditos na Juventude.Muitas vezes não os dizemos com aquela objectividade que seria necessária e na direcção da vontade do Pai, aquela que Ele nos apresenta no momento e no lugar em que nos encontramos.
Muitas vezes consideramos importantes ocupações, tarefas, trabalhos que nos ocupam e nos distraem da autêntica tarefa que Jesus nos pede e, para a qual, por isso, não temos tempo.
Esquecemo-nos, facilmente que a vontade de Deus a nosso respeito não é, por vezes, a que nós escolhemos, a que queremos, a que achamos indispensável. É sim a que está debaixo dos nossos olhos e que nós eliminamos por que nos sentimos atraídos por outra que julgamos mais importante.
Não ouçamos " a voz do vento querendo enganar-nos" e tomemos a decisão certa, a que Deus nos apresenta.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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quinta-feira, 13 de junho de 2013

O Santo Popular



Santo António de Lisboa! É hoje o dia em que a Igreja e a cidade comemoram a sua festa. Cada uma à sua maneira, Claro! A Igreja, liturgicamente, celebrando o dia da morte dum homem que se distinguiu pelas suas virtudes e acções; a cidade, festejando o seu padroeiro, o santo casamenteiro e amigo dos animais.

Santo António nasceu em Lisboa, no fim do sec. XII. Foi um sapiente pregador franciscano e o seu sonho era expandir a Fé em terras de além -mar. Mas, como muitas vezes acontece, o seu campo de apostolado foi a França e a Itália, morrendo mesmo em Pádua. Daí os italianos quererem chamar a si as honras deste santo português.
Mas ele é o padroeiro de Lisboa e a ele se dedicam as maiores festas populares da cidade. Aqui é tido como grande milagreiro, sobretudo de coisas perdidas e igualmente o intercessor daqueles que pretendem casar.
Muitas histórias se contam àcerca dele e dos seus milagres. Dizia-se mesmo que era tão grande pregador que quando os homens o não queriam ouvir, os peixes se regozijavam com as suas palavras. 
Grandes festas se preparam e vivem na cidade de Lisboa, tendo como fundo Santo António. Mas a Igreja venera a sua grande humanidade bem como a sua incontestável santidade.
Peçamos-lhe os milagres que necessitamos mas não nos esqueçamos também de rezar em seu louvor.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sonhos,vivências, realidades

Assisti no sábado, na TV, à primeira entrevista de Sara Norton depois de sair da prisão.
Impressionante!
A postura, a simplicidade nas afirmações, a constatação de factos e de culpas...
Fez-me imensa impressão verificar como uma jovem pode ir descendo, talvez inconscientemente, degrau a degrau, a escada que a conduz ao abismo.

Foram questões familiares, problemas sociais, pressão dos média... talvez falta de força e, porque não? falta de Fé. Não sei. Só sei que esta situação me fez tornar mais certo o slogan que as minhas alunas já sabiam de cor à força de mo ouvirem repetir: " A vida inteira depende de dois ou três sims e de dois ou três nãos ditos durante a Juventude"

É que é precisamente nesta altura da vida que se consolida a aprendizagem do Bem e do Mal; que se fortifica a personalidade; que se estabelecem metas e se luta por elas; que se definem objectivos e se aprendem Valores.
É enquanto somos jovens que estabelecemos as grandes linhas do querer, a divisória entre o que se pretende e o que se afasta. É nesta altura que temos força , entusiasmo, alegria, para seguir os nossos ideais, mesmo quando custa. É então que temos coragem para dizer Sim ao que nos eleva e Não ao que nos afunda.
É que ser jovem é isso. É estar na fronteira entre o querer e o não querer. é o momento da escolha, das grandes opções, aquelas que são imprescindíveis e nos enaltecem ou nos diminuem.
Depois, crescemos e vamos simplesmente construindo o edifício de que um dia, mais ou menos distante, lançámos os alicerces. E não podemos ficar a meio; não podemos desistir nem lamentarmo-nos.
Olhemos em frente, levantemos o nosso pensamento até ao Pai e recordemos os Sins e os Nãos que dissemos e nos ajudaram a chegar onde estamos. E tenhamos a certeza de que Ele está lá, que nos apoia e nos espera.
                Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Venturas e desventuras duma directora

Na vida da directora dum colégio há sempre coisas boas e menos boas que vão acontecendo. E em quarenta anos, quantas coisas a registar!...
Foram viagens, foram festas, foram lanches, foram encontros e visitas... Mil acontecimentos que ficaram na memória com a sua dose de alegria e comoção, de preocupação e dificuldade.
Foram os lanches dos professores, cada ano, no fim das aulas,com a sua
alegria, as suas histórias... foram os jantares das finalistas, com os seus números de improviso...
Foram as festas e as viagens... A SIARC, os 5 Séculos de Evangelização, o cinema português, as artimanhas do Scapin, etc.,etc.. 
E a participação na Expo 98  e a visita à Expo de Sevilha  em que dormimos uma noite na camioneta à guarda do dono da bomba de gasolina...
Quem não se lembra daquele Natal em que nos pediram para ir animar o Cascais shopping? Começou à meia noite com os preparativos e terminou às 3 da manhã do dia seguinte com a desmontagem... Uma azáfama, muita alegria, uma colaboração total. Os "relações públicas " do shopping é que se esqueceram de dizer; ao menos, obrigado.
E as viagens... lembro aquela à Sicília em que à chegada ao aeroporto não estava ninguém para nos receber... apenas uma guia desesperado porque os seus turistas brasileiros não tinham vindo. Chegámos à fala e descobrimos que os "turistas brasileiros" éramos nós e a nossa guia desaparecida era ela - a Maria Ruiz. Erros de comunicação!
E aquela outra a Roma em que à chegada ao hotel batemos com o nariz na porta dum hotel encerrado... Nem queríamos saber de explicações dum senhor que estava à nossa espera. Os telefones já preparados para falar para a Agência. No fim, lá nos acalmámos. É que o hotel afinal era outro bem melhor. Erro do motorista, demasiado ocupado com a namorada que nós julgávamos ser a guia.
E as  "visitas ilustres" que tivemos a honra de receber? Muitas canseiras, muita preocupação, mas valeu a pena.
E, uma curiosidade... soube recentemente que a 1ª visita ilustre que o Colégio recebeu, me antecedeu bastante. Foi em 1945, era directora a Madre Sto Agostinho . Foi nem mais nem menos que a Rainha D. Amélia que, a convite do Salazar veio a Portugal e visitou o Ramalhão.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.



terça-feira, 4 de junho de 2013

Tudo vale a pena...

Na vida, tudo vale a pena, como dizia o poeta. Só que ele acrescentava "quando a alma não é pequena" e, para mim, vale sempre a pena insistir, tentar levar por diante um projecto, experimentar uma ideia nova, defender uma causa justa...
Vale sempre a pena... mesmo quando " uns são os que semeiam e outros os que colhem ".
Acho que o meu imaginário anda muito preenchido pela História. Por isso, me lembrei da contestação montada por Akhenaton ( Amenofis IV) que era um revolucionário para o seu tempo e resolveu opôr-se ao costume institucionalizado, no Egipto, da apresentação dos faraós, quando sepultados. Era costume, qualquer que fosse o aspecto físico, apresentar uma estátua de corpo perfeito, robusto, bem proporcionado, olhar distante e punhos cerrados.
Mostrava-se assim aos súbditos e aos outros povos a força e a imortalidade do Império Egípcio.
Como sempre, "não há regra sem excepção" e há  grandes homens que se opõem aos costumes estabelecidos. Assim aconteceu com Akhenaton que decidiu querer ser representado de acordo com o seu aspecto físico, apesar deste não ser o que melhor correspondia às tradições.
O seu esforço de mudança não teve sucesso, pois não conseguiu continuadores. Após a sua morte tudo voltou ao que tinha sido e a representação da família real como sempre fora.
Luta inglória a sua!... dirão alguns... Mas talvez não. Através dos tempos, a pouco e pouco, outros costumes e métodos se introduziram. E se o Faraó egípcio não viu os seus esforços coroados de êxito, outros aproveitaram das suas ideias e intenções.
Também na vida, muitas vezes, lutamos por ideais que não chegam a concretizar-se ou que terminam sem serem vistos por aqueles que se bateram por eles. Muitas vezes desistimos de defender ideais e princípios porque nos parece uma luta sem sentido que não leva a lado nenhum.
Mas não é verdade. Mesmo que não vejamos os frutos eles estarão lá prontos para serem colhidos por outros que não os semearam." Uns são os que colhem, outros os que semearam..."
Não importa quem vai receber os frutos. Interessa sim ir  semeando ideias e valores que correspondem a Verdades que não morrem.

                          Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O:P:

segunda-feira, 3 de junho de 2013

"Ex-Ramalhoas"

Apetecia-me escrever em grandes parangonas nos jornais : " O Ramalhão vale a pena!"
E porquê? Porque mais uma vez uma ex-aluna  nossa apareceu nos jornais e nas redes sociais - Maria do Céu Conceição.

Assistente de bordo de profissão, missionária no Dubai por opção, foi a primeira portuguesa a escalar o Evereste e precisamente no 60º aniversário da conquista desse mítico cume dos Himalaias.
E fê-lo não por desportivismo, por vã glória, por procura de prestígio, não! Empenhou-se nesta aventura por amor às crianças do Bangladesh.
Aliás, ao longo do tempo, a Maria do Céu tem-se dedicado a angariar fundos que lhe permitam auxiliar as crianças em dificuldades nesses países distantes.
Esta missão arriscada de escalar o Evereste, conseguiu-lhe um montante  avultado, com o qual vai fazer face a problemas prementes dessas crianças que sofrem.
Não sei se ela se lembra das colegas que teve aqui no Colégio. Não sei se elas a têm presente e a apoiam...
Não sei se o seu espírito humanitário é fruto de algo que aqui aprendeu...
Mas sei que, como portuguesas, temos muito orgulho nela e que, no Ramalhão, a damos como exemplo de disponibilidade e amor ao próximo.
                                                    Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 2 de junho de 2013

Dia da Eucaristia

Hoje é o dia dedicado à Eucaristia, ao dom de Deus que se fez homem por nosso amor e que, por amor, se dá, como pão e vinho, em alimento de todos e cada um de nós.
Em Lisboa, e noutras cidades certamente, houve a tradicional procissão do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, que percorreu o centro da cidade.
Uma autêntica manifestação, podemos dizê-lo, mas desta vez, a manifestação da Fé de um povo.
Alias, impressionou-me a seriedade dos que, ao longo dos passeios, cantavam e esperavam pacientemente a passagem de Jesus. Eu, que não aprecio grandemente  procissões, gostei de ir, de participar, de me juntar a tanta gente que queria mostrar a sua devoção. Eram pessoas de todas as idades e condições. Famílias inteiras, visitantes ou simples turistas.
Foi num dia como o de hoje que fiz a minha Primeira Comunhão. Foi na paróquia de Santa Isabel em Lisboa que tinha como pároco um carmelita - o Padre Nuno. Lembro-me como se fosse hoje!...
Não sei é se compreendi até ao fim  a oferta que Jesus se me estava a fazer e a graça que eu estava a receber... Não sei se foi este o princípio dum "fim "que teve como desfecho a minha opção de vida... Não sei se vivi com a intensidade requerida  esta graça que nos é feita na vinda de Jesus ao nosso coração e à nossa vida...
Jesus ofereceu-se uma vez pelo Seu nascimento, a Sua paixão, morte e ressurreição mas continua a oferecer-se, cada dia, pela Sua presença na Eucaristia.
Não sei se compreendi e agradeci esta dádiva no dia da Primeira Comunhão. Não sei se continuo a saber agradecer devidamente. Mas tenho a certeza que hoje, de maneira especial, ao ajoelhar diante do Jesus presente, soube que Ele estava ali, se me dava e me acolhia.
                                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 1 de junho de 2013

Ainda a Grécia...


Falar da Grécia não pode ser apenas citar episódios duma viagem, recordar a política ou a cultura helénica, lembrar que a Grécia foi o palco dos primeiros Jogos Olímpicos ou voltar a dizer que a beleza era uma das preocupações dos homens helénicos.
É importante que recordemos e falemos de tudo o que nos foi dado ver e apreciar durante os oito dias que a nossa viagem durou.
Muita gente ao chegar a Atenas, pela primeira vez, tem uma grande desilusão. Tudo lhes parece ruínas dum passado longínquo, amontoados de pedras que não se entende que mereçam ser assim guardadas e apreciadas. Depois, se se teve o guia certo, é o deslumbramento. As pedras ganham vida, as colunas  contam histórias, os templos meio desfeitos evocam mitos e lendas.
E andamos dum lado para o outro como elementos dessa História que se torna presente e de que nos fazemos protagonistas.
Subimos à Acrópole, lugar onde morava o Rei e onde o povo da planície se refugiava em caso de perigo. Era um ponto de defesa de Atenas.
Descemos ao Teatro de Herodes, anfiteatro onde se realizavam torneios, jogos, corridas.

Admirámos o templo de Zeus com as suas colunas coríntias e parámos fascinados diante do templo de Atenea.




 Contemplámos o Partenon e ouvimos falar da sua simbologia mais política e cultural que religiosa.

Depois, já com os olhos cansados, regressámos à modernidade para nos espantarmos com a exibição dos soldados que guardam o Parlamento. Originais os trajes! Fora do comum os movimentos! Bizarros os sapatos...

E, como o tempo o permitia, fizemos um cruzeiro pelas ilhas gregas e visitámos Hydra e Poros.
São interessantíssimas com o seu artesanato próprio, o seu ambiente característico, o seu vestuário regional.
Foi uma viagem memorável por séculos da História, ainda sem crise nem contestações.
Que os Gregos não percam a esperança de que melhores dias virão.
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.