quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Preparando o Natal

Aqui há duas, três semanas, fui a um Centro Comercial e fiquei admirada. Faltavam quase dois meses para o Natal e já tudo estava enfeitado: luzes, bolas, laços, a sempre decorativa árvore de Natal...
Apenas duas coisas eu não vi : o Presépio, o que achei natural... ainda estávamos tão longe!... E a coroa do Advento. Também era cedo, pois nem a festa de Cristo Rei tinha sido... No entanto, se já havia tantos enfeites, tantas decorações a lembrar o Natal, porque não a coroa do Advento que recorda os 4 domingos, as 4 semanas em que nos preparamos para festejar a chegada de Jesus? 
Há que fazer esta caminhada de preparação, em termos de disponibilidade, de aperfeiçoamento, de abertura do coração e porque não? de despojamento e de partilha.
Costumo dizer aos alunos que eles, quando se aproxima o Natal, pensam em duas coisas: na festa e nos presentes. Jesus, no Seu dia, também espera duas coisas: A participação na Missa, que é a Sua grande festa de Amor, e a nossa conversão, como correspondência a esse Amor e que é o maior presente que Lhe podemos oferecer.
Ele não precisa de carros, bonecas, telemóveis topo de gama, consolas... Aquilo de que Jesus necessita é do nosso coração aberto à Palavra que nos deixou, o seu testemunho de Amor.
Disse o poeta e nós devemos acreditar e tentar viver :" Natal é quando o Homem quiser, quando encontrar outro Homem e o tratar como irmão".
É essa a fraternidade que Jesus espera e o Natal preconiza. Não são as grandes festas nem os presentes caros. É o abraço que se dá ao amigo que sofre, o sorriso que se dirige ao idoso que passa ao nosso lado, o perdão que se oferece ao ofendido.
Esqueçamos o Natal de exibição e vivamos, com Jesus, o Natal de interioridade, de oração, de disponibilidade, de Amor.
                  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Consequências

Há duas semanas houve uma greve geral seguida de várias manifestações. Reacções dos tempos que correm...
Uma das manifestações, que se anunciara ordeira e sem grande barulho, terminava na Assembleia da República. Tudo bem! Tudo claro! Tudo autorizado!... Direitos dos cidadãos.
Simplesmente, nestas coisas, raramente se termina como se começou e aqui aconteceu o mesmo. Um grupo de jovens exaltados ultrapassou os limites, derrubou as barreiras, quis avançar não se sabe bem até onde. 
Claro que a polícia não ficou quieta e, para proteger a Assembleia da República e os que lá estavam a trabalhar, " carregou" sobre os manifestantes. Houve gritos, reacções, feridos, presos. A CGTP distanciou-se dos acontecimentos e muita gente dispersou.
Tudo muito triste, como resposta a uma coisa que prometia ser apenas um protesto livre e ordeiro dos cidadãos.
Saídos os últimos manifestantes e acalmados os ânimos, parecia que tudo ia acabar com uma boa noite de sono e o regresso ao trabalho no dia seguinte.
Mas, é que há sempre um "depois" e aqui o "depois" foi a polémica em torno dumas fotos do acontecimento, feitas não se conhece por quem, cedidas não se sabe por quem nem a quem e que não foram emitidas na TV mas são conhecidas.
E logo " vem à baila " o direito dos jornalistas, as transgressões à liberdade de imprensa ou de televisão  e não sei mais o quê.
Fala-se nos noticiários , ordena-se um inquérito interno , indicam-se possíveis cumplicidades e pronunciam-se os comentadores. E o que resta de tudo isto? E o que se encontra talvez por detrás?
E, no meio duma crise económica, social e religiosa que nos aflige, dum orçamento de Estado que vai inquietar e muito as famílias, eis que nos cai em cima uma polémica que mais parece uma "manobra de diversão".
Valha-nos Nossa Senhora!
Ir.Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 

domingo, 25 de novembro de 2012

fim de semana especial

Quando se chega a 6ª feira começam os planos para o fim de semana:
. Uns querem descansar, recuperar do trabalho dos 5 dias que passaram. Enfim, sábado!...
. Outros preparam-se para uma diversão acrescida, só possível quando, finalmente, chega o fim  de semana. Que bom!...
. Infelizmente há outros que têm que continuar a sua rotina diária ou procurar uma ocupação acrescida.
Para aqueles que podem descansar ou divertir-se , o fim de semana é uma interrupção ansiosamente esperada. Só que o fim de semana contempla necessáriamente o domingo e ele é, ou deve ser, um dia particular. Pelo menos, para os cristãos...
É um dia em que devia estar presente, em 1º lugar, o Senhor que nos convida ao encontro com Ele.
E olhai! O domingo de hoje é especial: É a Festa de Cristo Rei.
 Esta designação surge no confronto de Jesus com Pilatos. À pergunta deste: " Tu és Rei?" Jesus responde: " Sim, sou Rei. Para isto nasci e vim ao mundo a fim de dar testemunho da Verdade".E Pilatos interroga e interroga-se " O que é a Verdade?" Mas Jesus não satisfaz a sua curiosidade...Também nós podemos fazer esta pergunta: O que é para nós a Verdade?
Mas nós, não precisamos que alguem nos responda. Já temos a resposta a esta pergunta. E é na Verdade e com a Verdade que devemos viver; e é a Verdade que temos que testemunhar.
A verdade, neste dia de Cristo Rei. E foi o próprio Pilatos que fez anunciar este reinado de Cristo, quando mandou pôr na cruz a causa da morte: "Jesus Nazareno, Rei dos Judeus". Só que ele pensava num reino terreno, falível e limitado. E Jesus é Rei de todos os Homens, Senhor de cada um de nós que O segue, O vive, O testemunha. E o Seu Reino, não é deste mundo. Foi Ele mesmo que o disse... Mas é a esse Reino eterno que todos nós pertencemos e para o qual devemos viver. Tenhamo-lo bem presente neste dia de festa.
                                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 
 
 
 
 
   

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Mártires de ontem e de hoje

Ontem foi celebrada a festa de Santa Cecília, virgem e mártir.
Cecília era uma jovem do 1º século do cristianismo. Uma das muitas mártires que durante quase três séculos foram sacrificadas. Não por ser culta, bonita ou duma família considerada. Não! Apenas... porque tinham escolhido seguir Jesus Cristo.
Foi uma crueldade, mas igual a tantas outras que se têm vindo a cometer ao longo dos tempos.
Volto a lembrar a Polónia e os seus campos de extermínio - Auschwitz.
Recordo a Hungria e a invasão soviética.
Tenho presente a guerra e os males que ela espalhou pela Europa.
Relembro todos os horrores que vi e que ouvi.
Coisas do passado dir-se-ia...
Mas, falo aqui dum caso recente. O de uma mulher paquistanesa, cristã - Asia Bibi - condenada a ser enforcada porque durante o trabalho, a uma temperatura de 45ºC, bebeu água dum poço e foi acusada pelas companheiras, muçulmanas, de ter conspurcado a água. E isto, apenas por ser cristã.
Estamos no sec. XXI , numa era extraordinariamente evoluída em que as descobertas da ciência se sucedem, em que se procura ultrapassar os limites, em que se proclamam os "Direitos do Homem", em que se defende a liberdade de expressão... E a atitude dos Homens continua a ser a mesma; o ódio, a indiferença, a crueldade, o martírio, continuam a grassar no mundo e a sacrificar vidas inocentes.
Onde está o respeito pelos outros e pelas suas convicções? Onde ficou a consideração pela dignidade do Homem e pela vida humana? Como se vê Deus em tudo isto?
Não foi só nos primeiros séculos do cristianismo que seguir Jesus era um risco. Continua a ser um risco em muitos países e em muitos lugares.
Tenhamos coragem de denunciar as injustiças e de manter viva a nossa Fé.
                                     Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P. 
 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

"Quem quer vai; quem não quer, manda"

É um ditado popular, mas como toda a voz do povo, tem uma grande dose de sabedoria.
Chama-nos a atenção para a necessidade de nos empenharmos num trabalho, numa tarefa, num projecto, se queremos atingir os nossos objectivos.
Realmente, se estamos interessados em alguma coisa, será lógico esperar que outros a façam por nós?
Será razoável encarregar os outros da missão que nos diz respeito?
Para mim, não é!...
Deixar para outros aquilo que nos interessa  ou nos compete não é solução; não é sequer justo.
Acabamos mesmo por constatar, muitas vezes, que não era assim que queríamos o trabalho feito, que o resultado não foi o que esperávamos ou, pior ainda, que a tarefa não foi cumprida. E depois, que obrigação têm os outros, por muito amigos que sejam, de fazer aquilo que nos diz respeito?  E, porque deixámos correr, sem nos preocuparmos, confiantes no entusiasmo e interesse dos que nos rodeiam? Alguém tem obrigação de fazer o que nos compete?
É uma pretensão que não temos o direito de ter...
Não será uma forma de preguiça, de comodismo?!...
Porque nos havemos de admirar que os outros não tivesem feito o que só a nós dizia respeito, se nós próprios não nos empenhámos na sua concretização?
Queres conseguir alguma coisa? Então, mete pés ao caminho, "põe as mãos na massa" e segue em frente confiante. "Querer é poder". Se não queres, então podes delegar, esquecer-te, confiar que alguém vai  fazer o teu trabalho...
Claro que isto não quer dizer que não peçamos ajuda, colaboração, apoio àqueles que nos rodeiam... Não! A partilha e a colaboração são deveres que se nos impõem e temos à nossa disposição. Mas, colaborar, partilhar não é pôr os outros à nossa disposição para realizar o que nos compete.
                               Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
 
 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Fariseus e publicanos ( Luc. 18, 9-14 )

Estava na capela a rezar e veio-me ao pensamento a parábola que nos fala da oração do fariseu e do publicano. Aquela que termina com Jesus a dizer "quem se humilha será exaltado e quem se exalta será humilhado".
Tanto o fariseu como o publicano foram ao Templo para rezar. Ambos, talvez, acreditavam no valor da oração. A sua atitude face a Deus é que os distinguia e, como tal, o seu tipo de oração também era diferente. O fariseu foi agradecer a Deus. Mas, agradecer o quê? Agradecer aquilo que ele considerava que o fazia diferente dos outros homens: o cumprimento da Lei. E, ao mesmo tempo que agradecia, acusava os outros homens de serem ladrões, injustos, prevaricadores... Tudo aquilo que ele considerava não ser !
Apresentava-se com um sentimento de superioridade baseado no cumprimento dos preceitos estabelecidos.
Não sabia que a Lei em si mesma é vazia, pobre. São simplesmenta palavras, princípios, normas. O importante é o amor que pomos no cumprimento da Lei. Jesus não nos legou ordens; Ele deu-nos conselhos, emitiu orientaçõese, sobretudo, mandou-nos amar.
Assim, num gesto de humildade, o publicano, no fundo do Templo, pede perdão e roga a piedade de Deus.
Penso na nossa oração. Como é ela? humilde como a do publicano, suplicando a ajuda do Pai, dando-Lhe conta das nossas fraquezas e fragilidades... ou como o fariseu, agradecendo bens a que julgamos ter direito, bendizendo Deus pelos benefícios que consideramos prémio pelas nossas boas acções?
A oração tem uma importância enorme e é indispensável na nossa vida.Precisamos de mergulhar no silêncio que cultiva a nossa interioridade e aprender a ouvir. Só nós e Deus!
Quando chegamos junto do altar, calemo-nos no esforço de ouvir, no fundo do nosso coração, a palavra de consolação, de apoio, de incentivo, de perdão... A palavra de que necessitamos cada dia.
É o nosso gesto de humildade que será acolhido e recompensado.
Rezar não é dizer palavras, repetir fórmulas. Rezar é, simplesmente despojar-se de tudo e ficar aberto para escutar. Rezar é estar, permanecer, em atitude de libertação, sózinhos com Deus, esquecidos do que nos rodeia ou inquieta. E ficar... livres para ouvir.
                           Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
 
 
 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Velhas e novas tecnologias

Vieram instalar o Skype no computador e isso mostrou-me uma nova facilidade de comunicação. Na verdade, como a vida muda através dos tempos!...
Fiquei a pensar em tempos passados e a olhar para trás.
Quando eu era pequena, o rádio era o nosso aparelho de eleição. Elemento de cultura e distração, existia em todas as casas.
Com melhores ou menos bons programas, boa música, habitualmente, transmissões desportivas e folhetins radiofónicos, a rádio preenchia os dias e as noites de muitos portugueses até aos anos 50.
Depois, apareceu a TV e foi o deslumbramento. Primeiro a preto e branco, depois a cores; de início, apenas umas horas por dia, a seguir durante todo o dia.
Que maravilha! Eram notícias, reportagens, jogos de futebol. Tudo "ao vivo e a cores"...
A sua introdução não foi pacífica e houve mesmo contestação e quem a achasse indesejável e até perniciosa.
Hoje, parece ser um dos elementos imprescindíveis como meio de informação e lazer.
Aceitam-na os idosos para seu entretenimento; usam-na os adultos para informação, desporto e distração e utilizam-na os pais como baby-sitter dos seus filhos pequenos.
" Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... "
É um meio simples de apreensão, como tudo o que entra pelos olhos, e um processo fácil de aquisição de conhecimentos ( bons e maus, verdadeiros ou falsos).
Aliás houve um tempo em que o audio-visual era indispensável como sinal de progresso , de actualização, dum conhecimento evoluído: do acetato ao vídeo; dos slides ao power point...
A pouco e pouco estas coisas foram dando lugar ao Computador e, à internet. Passou ele a ser um elemento de pesquisa, de preparação de trabalhos,de audição de música, de experimentação de jogos, de meio de conversa e troca de impressões.
A internet, com todas as suas vantagens ( e alguns perigos quando utilizada por jovens sem orientação  e cuidado)  é um meio que já ninguém considerado "culto" pode ignorar. E do Moodle, nem se fala... Ferramenta com mil possibilidades para professores e alunos.
Aproveitemos as novas tecnologias postas à nossa disposição e utilizemo-las para crescermos, nós e os outros , em sabedoria e disponibilidade.
                                                     Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
 

sábado, 17 de novembro de 2012

O pão nosso de cada dia...

Ouvi outro dia um comentário ao Pai Nosso que achei interessante e, por isso, vou partilhar convosco.
Centrou-se sobretudo nos pedidos que fazemos no Pai Nosso e que são essencialmente de ordem espiritual :
" Venha a nós o Vosso Reino...
" Seja feita a Vossa Vontade...
" Perdoai-nos as ofensas...
" Não nos deixeis cair em tentação..."
E no meio de todos estes pedidos que querem pôr o nosso coração de acordo com o de Deus e fazer de nós indivíduos melhores, vem um pedido material, o único:
" O pão nosso de cada dia nos dai hoje..."
Pedimos o pão, o "nosso", aquele que merecemos com o nosso trabalho e o nosso esforço. E pedimos a subsistência, para hoje, não para acumular, não para fazer "farnel". 
E isto, faz-nos pensar novamente na paternidade de Deus, atento às nossas necessidades. Ele que nos deixou um outro Pão, a Eucaristia. E com esse , nunca mais teremos fome...
Mas voltando "ao pão de cada dia", o material, que tantas vezes nos aflige... evidentemente que temos que pensar, que nos organizar, que planificar o futuro, que procurar aquilo de que necessitamos, mas desprendidos do "mais" e do "melhor".
" Faz e Deus te ajudará!"
Deus não condena a riqueza, a posse dos bens, os planos de futuro. O que Deus deseja é que "tendo,vivamos como se não tivéssemos e possuindo, procedêssemos como se não possuíssemos". É o viver confiante, desprendido.
É o viver partilhando, ajudando-nos mutuamente.
É o viver tendo como objectivo o servir e não o acumular, o ser servido.
Pai, dai-nos o pão de cada dia, o necessário, o suficiente; dá-nos assim a capacidade de dar, de partilhar.
Sejamos felizes porque cada dia confiamos mais numa vida que Deus nos deu para vivermos, recebendo e partilhando.
                                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
         

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Vem e segue-Me...

Jesus convida os seus Apóstolos com esta simples frase : Vem e segue-Me!
O mesmo faz connosco: no fundo do nosso coração, a mesma frase, o mesmo convite para O seguirmos.
E parece tão simples... Os Apóstolos, deixaram tudo e seguiram-no, sem saber para quê nem para onde; os Santos, não olharam para trás e tentaram corresponder ao que Ele lhes pedia; os pecadores... arrependeram-se e seguiram Jesus modificando a vida... 
E nós?... Como ouvimos o apelo? Como correspondemos?
Acho que sentimos que é difícil . Cheios de boa vontade , começamos com entusiasmo. Depois, as contrariedades, as vicissitudes, os esforços malogrados, as consolações não compreendidas... vão-nos desanimando e vamo-nos afastando, esquecidos do apelo: "Vem e segue-Me".
E Jesus não insiste, não se impõe; apenas convida, convida-nos a testemunhar a misericórdia de Deus
que nos oferece a Sua aliança de amor.
E este Amor, é muitas vezes a incógnita que nos paralisa. Que espera Deus de nós? O que implica ou o que vai alterar as nossas vidas, o nosso comodismo e os nossos hábitos?
Se pensarmos bem até nos podem parecer contraditórios alguns testemunhos do Amor de Jesus. Mas... Deus é Amor e esse Amor não é alguma coisa que apenas se deva guardar no coração para uso espiritual ou intelectual de cada um. O Amor é dom, é partilha, é compaixão, é confiança, é alegria.
E responder ao convite de Jesus é ser capaz de criar este clima de confiança e de partilha. É testemunhar, junto dos outros, o imenso dom que recebemos.
E temos que amar como Jesus nos amou. E temos que assumir que a medida com que Jesus nos amou tem que ser a nossa medida de amar.
E onde é que isso nos leva? O que implica isso de mudança nas nossas vidas?
É o momento de pararmos para reflectirmos. Será nessa compreensão e nessa aceitação que está a verdadeira vivência de resposta ao apelo de Jesus: "Vem e segue-Me!"
                                        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Polónia, experiência de Fé e de Esperança

Cheguei ontem da Polónia onde estive em visita. Foi , para mim, uma lição de Fé, de Coragem e de Esperança e, ao mesmo tempo uma experiência imensa de colaboração, solidariedade e acolhimento. Por um lado, pelo que aprendi do país e do seu povo; por outro, pelo ambiente criado pelo grupo em que me integrei, pelas representantes da Geostar e pela guia,que me ajudaram a viver momentos únicos.
Aprendi que os polacos nunca baixaram os braços, apesar de sempre terem sofrido com os seus vizinhos. Ultimamente, foram primeiro os nazis, que durante seis anos cometeram as maiores atrocidades. Foi tempo de terror. Depois, foi o domínio soviético, diferente mas igualmente impositivo e maléfico.
Não havia amigos nem colegas, porque não se sabia quem denunciava quem, mas havia Fé e Esperança. Nunca a perderam, nunca se fecharam Igrejas, nunca deixou de haver Missa.
Ser padre  ou freira era um risco, mas sempre houve quem arriscasse... Era um risco Baptizar filhos ou fazer a Primeira Comunhão mas nunca deixou de haver Baptismos ou primeiras Comunhões...
Nesta viagem, dois momentos altos: um de terror, com câmaras de gás, fornos crematórios, celas do castigo, milhares de mortos!...- Auschwitz.
São cenas e momentos que têm que ficar na memória de todos nós e dos que nos sucedem para que jamais se volte a cair em tamanha degradação e num tão grande atentado à dignidade humana.
Outro momento alto, este de interioridade, de elevação, de Fé - o encontro com a Virgem Negra de Czestochowa, em quem os polacos depositam a sua confiança, a sua Fé, a quem pedem milagres, a quem agradecem dons.
O Santuário da Virgem é um grande centro de peregrinação nacional e internacional.
Também me chocou, pela positiva, o carinho que os polacos sentem pelo seu Cardeal Wojtyla, o "seu " papa João Paulo II. É indescritível! Falam dele, da sua infância e juventude, dos seus trabalhos, do seu talento... Apoiam-se nele e acreditam na sua protecção.
Os polacos são mulheres e homens de Fé mas não são "beatos". Talvez um pouco convencionais mas não facciosos ou intransigentes.
Esta viagem foi realmente  um banho de convicções, de alegrias e de sofrimento. Outros a deviam fazer. De lá vimos senão melhores, pelo menos diferentes.
Que o povo polaco continue fiel aos dons recebidos e à Graça que os anima e acompanha.
                                              Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 
 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Levar Esperança com Fé e Amor

" Se hoje ouvirdes a Sua voz não endureçais  os corações"
                                                                            Heb. 3,7
S.Paulo fala aos hebreus nos primeiros anos do cristianismo mas também se dirige a nós, hoje e aqui, onde quer que estejamos.
É um apelo, um pedido, um convite. E esta voz de Deus pode não nos estar a chamar para nenhuma vocação particular, para uma missão transcendente, para uma ocupação excepcional... Não vale a pena ter medo.
 Deus está simplesmente a dizer-nos que olhemos à nossa volta, que encaremos os conflitos que afligem a humanidade, que não passemos ao lado daqueles que precisam de nós sem os acolher.
É fácil! É simplesmente deixar falar o coração... Nele,encontramos as virtudes de que necessitamos e que recebemos no Baptismo.
O Baptizado é o homem da Esperança, da Fé, do Amor. Por isso, não pode guardar para si estas virtudes que são dons. Ninguém as pode comprar. Simplesmente se transmitem, se testemunham. E nós, cristãos, somos os portadores desses dons...
Muitas vezes se diz que a Igreja não se pode substituir ao Estado. É verdade! Mas também é verdade que não pode ficar alheia ao que acontece aos seus irmãos, cristãos ou não cristãos.
Tem que abrir o coração e levar a Esperança onde há desespero, a Fé onde se instalou a dúvida, a Paz onde está implantada a guerra e o Amor onde impera o ódio.
É essa a essência da vida do cristão. Ser e mostrar que é... filho de Deus, irmão de Jesus Cristo.
E Ele, deu a vida por nós e deixou-nos um único mandamento: o do Amor.
                                                         Ir.M.Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Animais e pessoas

Outro dia assisti na TV a um programa que me trouxe alguma inquietação e levantou interrogações. Era sobre animais de estimação e indicavam-se os cuidados e atenções a ter com eles. Foram enumerados locais de observação e tratamento, atenção a dispensar-lhes, materiais a utilizar: Clínicas para gatos, hospitais de cães, cuidados a ter com os dentes, vigilância do estado do  pelo, visitas frequentes ao veterinário, medicamentos indispensáveis e até psicólogo do comportamento animal...
Sempre gostei de animais e sempre os tive em casa: o cão, o gato, o canário e até um coelho e uma tartaruga.
Sempre condenei que se possuíssem animais e não se tivesse com eles os cuidados e atenção que eles necessitavam.
Mas aquele programa levantou-me o problema dos cuidados que se têm ( ou não têm ) com as crianças, os doentes, os idosos. E não será de fazer comparações?
Quanta criança e jovem vai para as aulas sem ter tomado o pequeno almoço! Quem em casa deu por isso ou sabe as razões?
Quantos adolescentes saem da escola e vão para casa ao encontro da televisão ou da internet e comem e dormem sem ver os pais! Quem constata as suas dificuldades?
E não é certo que há doentes que não vão ao médico ou não compram os medicamentos por falta de meios?
E não conhecemos tantos casos de idosos que sofrem sozinhos a sua solidão?
Se compararmos os cuidados que nos incitam a ter com os animais e a falta de preocupação que vemos aumentar, cada dia, em relação a crianças, jovens, idosos e doentes, podemos perguntar-nos se é suposto que as pessoas já tenham todas as atenções e agora seja a vez dos animais...
Claro que continuo a considerar importante tratar bem aqueles animais que voluntariamente levamos para casa, mas... não teremos que olhar primeiro à nossa volta e atender às necessidades primárias dos que nos redeiam?
"Amai o vosso próximo como a vós mesmos " foi a lição de Cristo ao escriba. E quem é o nosso próximo?
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Novembro, mês do apelo

Novembro é um mês um pouco inquietante: é um mês que nos interpela e ao mesmo tempo nos traz mensagens e faz apelo à nossa inteligência e ao nosso querer.
Inicia-se com duas celebrações que ambas nos interpelam porque foram e são apelos, quer no mundo dos homens em geral, quer entre os cristãos, em particular: no dia 1, a Festa de Todos os Santos, todos aqueles a quem Deus disse Vem!... e corresponderam plenamente ao Seu apelo; no dia 2, a celebração dos Fiéis Defuntos, aqueles a quem o Senhor chamou desta vida para que, com Ele, estivessem no Reino dos Céus.
Em ambos os casos o mesmo apelo à santidade pois só os santos entram no Reino dos Céus. Aliás à santidade todos somos chamados pois foi para todos nós a palavra de Jesus: "Sede Santos como o vosso Pai é Santo".
Santo, expressão hebraica que significa "separado", representa para os cristãos muito mais do que isso, porque cristão é aquele que pertence à família de Deus que é Santo por excelência.
A correspondência  ao pedido de Jesus, dirigido a todos os homens, pressupõe um trabalho diário e continuado de opções entre os nossos gostos e desejos e a vontade do Pai.
Mas, não é preciso ser "extraordinário"  para ser santo. Não é necessário sofrer o martírio, fazer sacrifícios exagerados, jejuar até à exaustão ou abdicar de todos os nossos gostos e alegrias. Não!... É antes, muito simplesmente, viver alegremente segundo o Evangelho, praticando a justiça e testemunhando a verdade. Aliás, é Santa Teresa que diz : " Para ser santo  basta amar muito!"
No dia 1 festejámos todos aqueles que, como tu e eu, viveram uma vida simples, desprovida de registos mediáticos, contornos de espavento ou notícias extraordinárias.
Celebramos aqueles que, como tu e eu, procuraram "passar discretamente pelo mundo fazendo o Bem" e dando testemunho do amor do Pai.
Juntemo-nos a eles, aqui e agora, levando a Fé onde há dúvidas, a Esperança onde há desespero e o Amor onde impera o ódio.
 
                                 Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro. O.P.