segunda-feira, 30 de junho de 2014

Opiniões e acasos

Muitas vezes é com a maior das facilidades que fazemos juízos a respeito de pessoas que não conhecemos e, sobretudo, sem nos basearmos em dados objectivos. Rotulamo-las, afastamo-nos indiferentes, como se elas não fizessem parte do universo em que vivemos. Esquecemo-nos simplesmente do que dizemos no Pai Nosso.
Evidentemente que, como consequências, gostamos ou não gostamos delas, apreciamos ou não o que elas fazem e dizem. Somos injustos muitas vezes e perdemos oportunidades únicas.
Comigo ia acontecendo isso e não aconteceu não sei bem por quê. Acaso? graça? circunstâncias?...
Durante dois anos assisti, mais ou menos, a conferências duma pessoa que, logo à partida, sem razão, não fazia parte do grupo das minhas simpatias e não caiu nas minhas "boas graças". Falava bem e com interesse mas não me cativava. Também, eu não queria ser cativada...Não gostava e pronto!
Logo, estava sempre de "pé atrás" e com um ar um pouco provocador.
Um dia, talvez irritada demais ou farta de me sentir nesta posição ingrata de " participante - ausente " resolvi tomar uma grande decisão e pedi uma audiência ao dito conferencista..
Ele concedeu-ma e eu comecei dizendo o que queria, o que talvez não quisesse mas saiu , o que pensava. Fui delicada, claro! mas um pouco agressiva, penso, como não podia deixar de ser.
Esperava uma reacção correspondente, talvez beligerante, competitiva, para a qual me preparara inconscientemente.
Mas qual quê!O senhor ouviu-me calmamente e de modo respeitador; aceitou, sem replicar ou interrogar, tudo quanto me tinha apetecido dizer-lhe. Acolheu-me... E no fim, ganhei uma Amizade.
Agora, dou todos os dias graças a Deus por tudo isto e peço-Lhe para não voltar a hostilizar ninguém.
Aliás, é a lição que Jesus nos dá. Ele que não nos julga, não nos afasta quando pecamos. Antes nos acolhe como somos, com as nossas qualidades e defeitos. Só espera que melhoremos as qualidades e tentemos corrigir os defeitos.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
                                

sábado, 28 de junho de 2014

A curiosidade perturbadora da criança

Não há como as crianças para nos fazerem perguntas simples que se tornam embaraçosas.
Outro dia estava no pátio do recreio conversando com umas pessoas conhecidas, antigas alunas e família, quando uma pequenita aí do 1º ano se chega ao pé de mim e, entre denunciadora e curiosa, me diz:
- Os grandes estão a falar de amor . O que é isso?
Houve um momento de silêncio algo inquietante. Que responder a uma criança de 5 anos? Apeteceu-me dizer a frase de S. Paulo : O amor é Deus , mas seria demasiado transcendente. Então, falei do carinho dos pais para com ela, da estima que ela sentia pelos amigos, doutros "lugares comuns" sempre úteis quando não se sabe o que se há-de dizer.
Ela deve ter ficado satisfeita com a explicação porque se foi embora, a correr, continuar as brincadeiras.
Mas eu fiquei preocupada. Que responderia se fosse uma aluna mais velha a fazer a mesma pergunta? Muitas vezes elas não fazem perguntas destas porque julgam saber tudo a respeito dum assunto que, para elas, se identifica mais com paixão e sensualidade. Mas... e se me perguntassem?
Como a definição que vem no dicionário claro que não me satisfaz, nem a ninguém, procuro nos recônditos da memória algo do que aprendi no meu tempo de estudante de Filosofia.
Lembro-me dum professor que nos apresentou o conceito de amor como manifestação da alma, nas suas três vertentes: conjugal, materno-filial e de amizade. Tentei reler os apontamentos dessa época.Tudo verdade mas tudo muito árido e abstracto. Satisfazia por ventura uma adolescente?
Aliás, penso que mesmo para nós, nessa altura, era simplesmente matéria de exame...
É que o Amor é visto de maneira diferente para os adultos, os jovens e os amigos.
Para os mais velhos é geralmente encarado também como compreensão, entendimento, partilha. Para os jovens é sobretudo visto como afectividade, sexualidade, presença. E para os amigos, é confiança, disponibilidade, diálogo.
Mas se quisermos uma fórmula mágica que engloba tudo isto, temos que abrir a Bíblia e vamos descobrir muito simplesmente que, Deus é amor.
E foi por amor que nos deu o Seu filho que nos fez filhos de Deus.
E este amor, à imagem e semelhança de Jesus, é aceitação das dificuldades, é disponibilidade para tudo e para todos, é perdão, é dádiva.
Fácil tudo isto? Claro que não. Exige esforço, oração, fidelidade.
Mas Jesus ao chamar os discípulos não lhes prometeu uma vida fácil. Simplesmente lhes disse que "grande seria a sua recompensa" .
E essa é também a nossa se amarmos como Ele amou.
                  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

A variabilidade do tempo e da vida

Cada ano, cada dia, marcam uma etapa da nossa vida, sempre diferente da anterior, sempre diferente da que nos espera.
Neste momento estamos em férias porque acabaram as aulas para a maioria dos alunos. Até o trânsito manifesta esta mudança de situação. Mas também as férias vão terminar e o trânsito voltar a aumentar de intensidade, porque começou um novo ano lectivo. Mas igual ao anterior? Não! Tudo igual mas tudo diferente.É assim o ciclo da vida feito de sucessões , de igualdades e de diferenças, de contratempos e previsões, de alegrias e tristezas.
Até o tempo muda. Ora Primavera, ora Verão, alternando com Outono e Inverno. Ante-ontem chovia; ontem o tempo estava nublado com uns raios tímidos de sol a afirmar que estamos no Verão; hoje faz sol. É a variabilidade do tempo mostrando as suas várias facetas, que nos agradam mais ou menos.
E nós também mudamos como o tempo. E as mudanças ora nos agradam ora nos aborrecem.
"Mudam-se os tempos mudam-se as vontades" diz o poeta. E as vontades mudam mesmo sem esperarmos ou contarmos.
E nem sempre é fácil ultrapassar vontades, mudanças, dificuldades e incertezas.
Mas quem disse que a vida era fácil? Quem se esqueceu de nos dar o testemunho de Jesus, no momento da Sua Paixão : "Pai, se é possível ,afasta de mim este cálice" ? Mas imediatamente depois, " que se faça a Tua vontade e não a minha".
Tem que ser esta a nossa atitude, vivendo intensamente a nossa humanidade, ultrapassando as nossas fragilidades, sem medo, seguindo em frente, mesmo no escuro e na incerteza.
Os tempos mudam mas a vida continua e o Pai espera-nos.
É preciso aproveitar a vida , tirar partido das mudanças, das que agradam e das que nos incomodam.
Olhar o dia-a-dia com optimismo e confiança. 
Saborear a beleza das flores, a alegria das aves, a imensidão da natureza que nos convida a construir uma vida melhor e mais feliz.
 "Nada acontece por acaso"
É um slogan que pode acompanhar as nossas vidas e nos dá a certeza da presença dum Deus que é criador e Pai.

 Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Os conselhos dos mais novos

Sempre que me encontro com casais amigos ou conhecidos é inevitável: a conversa acaba sempre por ser em torno da educação das crianças e jovens, das dificuldades que se encontram, dos erros que se cometem.
Rapidamente se fala na facilidade com que os pais dão licenças sem critério ou trocam a sua presença por presentes, também eles muitas vezes, inúteis ou despropositados.
É a vida moderna... o pretexto de sempre.
Para satisfazerem os pedidos dos filhos e também as suas aspirações pessoais, trabalham demasiado, estão ausentes demasiado tempo e apagaram do seu vocabulário a palavra NÃO.
A este propósito lembrei-me dum artigo que li há tempos. Era como se uma criança falasse aos pais e lhes dissesse o que eles deviam ou não deviam fazer, para ajudar à sua educação .
Nesse artigo dizia-se que se os filhos pudessem dar a sua opinião seriam os primeiros a afirmar que os pais estão muito enganados quando os deixam entregues a terceiros ou lhes arranjam múltiplas actividades para os ocuparem longe da família. Diriam aos pais que a sua presença é indispensável para os ajudar a crescer , a entender o que é bem e o que é mal, a encontrar o caminho da Verdade.
Se as crianças pudessem emitir a sua opinião diriam que sabem muito bem que as suas exigências são simples tentativas  de chamar a atenção dos adultos e de testar a sua capacidade de subornar a família.
E depois, quando de crianças passam a adolescentes e se mostram revoltados e chocam com as suas atitudes, querem simplesmente que os adultos se apercebam que eles estão ali e precisam da sua ajuda.
Se crianças e adolescentes fossem chamados a dizer aos pais como gostariam que eles procedessem, diriam para eles não serem tão transigentes e flexíveis, para não aceitarem tão facilmente as suas exigências e teimosias, para não viverem como se eles não existissem e não pagassem as ausências com brinquedos e presentes disparatados.
E o artigo terminava discorrendo sobre o que as crianças e jovens pensam mas não podem dizer  e sobre o que os pais julgam ser o melhor para os filhos e não é.
Na sequência de tudo isto fiquei a pensar que os erros das crianças  precisam de ser corrigidos e a liberdade conquistada e compreendida. E, para tudo isto, o papel do exemplo e do testemunho dos pais é indispensável.
               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Teste ao discernimento

Cada vez que vou a Lisboa há sempre qualquer coisa de novo para me surpreender. Outro dia, quando estive em casa dos meus pais não foi excepção.
Começara a arrumar umas " traquitanas " que precisava para a minha estadia em Fátima e encontrava-me na fase: Levo? Não Levo? Vou precisar?  É melhor levar... quando me tocaram à campainha da porta.
Estranho! pensei. Quem sabia que eu estava em casa? Nem abrira os estores, pois não me ia demorar... Mas, sempre fui à porta. Deparei-me com uma jovem ( já nem muito jovem...)  que morava com a família num dos andares do prédio. Lembrava-me vagamente dela...
Começou por fazer uma série de perguntas sem grande sentido ou oportunidade. Pareceu-me logo um pretexto.
Mandei-a entrar e, sem preâmbulos, depois de sentada na sala, começou a contar-me a sua história recente:
Tinha ido, um tanto contrariada, para fora, fazer um estágio de três meses. Mas, entusiasmara-se. Com o trabalho, o ambiente, os elogios, as atenções, um certo bajulamento... E os três meses transformaram-se em dois anos. Deixara tudo: família, amigos, responsabilidades.
Agora estava de férias e tinha tempo para pensar no que deixara, no que trocara. Não sabia que fazer e pensava que eu a podia ajudar.
Sorri! Não tinha solução para o problema. A solução tinha ela que a encontrar, dentro do seu coração e com toda a sua razão.
Eu conhecia demasiado bem essa situação: esta troca do essencial pelo acidental que parece fazer-nos felizes; este deixar o necessário para agarrar o efémero mas que nos dá alegria; o esquecer o importante para deixar que o que não é nos envolva e nos desvie do que seria desejável.
Não dei conselhos mas ouvi e acho que ela entendeu que a decisão estava nas suas mãos  e era ela que a tinha que acolher.
Ninguém dá por nós a resposta aos nossos problemas...
Foi-se embora e eu fiquei a tentar resolver "o meu problema" : fazer uma mala com o essencial para quinze dias em Fátima.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

domingo, 15 de junho de 2014



                            
                        Domingo da Santíssima Trindade


sábado, 14 de junho de 2014

Contradições que são convites

Abrir o Evangelho e os nossos olhos caírem no Sermão da Montanha será acaso ,coincidência ou convite à reflexão? É que, se pararmos um instante para compararmos a nossa visão da vida com as afirmações de Jesus, não podemos deixar de nos interpelar. É que há um mundo de contradições entre o que pensamos habitualmente e o que o Evangelho afirma. Não podemos deixar de nos surpreender. Certamente os Apóstolos também se interrogaram sobre o significado das palavras de Jesus :
Bem-aventurados os pobres... os que têm fome... os perseguidos... os que choram...
O Sermão da Montanha apresenta-nos como felizes todos aqueles que, naturalmente, seriam considerados como infelizes pela sociedade. Diz-nos que são felizes aqueles que nós pensamos só terem motivo para se lamentarem; afirma que são felizes os infelizes do mundo.
Dá que pensar!...
Mas não podemos esquecer o final desta exortação: "Exultai e alegrai-vos porque grande será a vossa recompensa no céu".
De facto, tudo o que acontece aqui no nosso mundo, não é mais nem menos do que aspectos da caminhada que nos vai levar até Jesus, onde será grande a nossa recompensa.
Só que nós, habitualmente, vemos o céu como um futuro longínquo e nubloso , sem relação de continuidade com o presente. E pior, queremos viver o imediato, aquilo que nos faz feliz, hoje e agora.
Mas o Sermão da Montanha é um apelo à esperança, um hino ao optimismo, talvez uma recordação nova daquele convite : "Ide e não leveis nada para o caminho" .
E este caminho é toda a nossa vida.
Seria preciso acreditar que felizes somos se confiamos, se não pusermos a nossa felicidade nas alegrias imediatas, se os nossos sonhos forem mais além do fácil, do terreno.
Precisamos cultivar a certeza de que " nada acontece por acaso "  mesmo quando não vemos o porquê e o como.
Não nos podemos deixar abater por "crises" externas e internas, por dores, por mudanças, por dificuldades. Temos que ter a certeza que "grande será a nossa recompensa no céu".
               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Notícias que nos chegam

Ler jornais, ver televisão ou ouvir notícias na rádio podem proporcionar-nos momentos de grande satisfação ou causar angústias e inquietações.
Ontem, grande euforia com a abertura do mundial, os casamentos de Santo António e as marchas populares. Quase esqueciam as lutas no Iraque, o encontro histórico dos líderes Palestiniano e de Israel com o Papa, as lutas internas dos partidos, os atentados nalguns pontos do mundo.
A comunicação social é pródiga em espalhar notícias, quaisquer que elas sejam mas sobretudo as que mais "fazem o momento". É o seu trabalho muito embora às vezes não sejam tão isentos quanto gostaríamos.
Ontem, em todos os meios de comunicação social os grandes títulos eram, sem dúvida nenhuma , para o mundial de futebol. É o acontecimento do ano!...
Depois, em segundo plano, as manifestações que no Brasil se fazem sentir, contestando despesas que impedem melhorias em sectores essenciais. E que deram ocasião a prisões, feridos e mesmo mortes.
E por falar em mortes, lembrei notícias que têm vindo a ser comunicadas : jovens que entram em escolas e matam, indiscriminadamente, adultos e crianças.
Choca-me! Não o modo como as notícias são dadas mas as notícias em si mesmas.
E pergunto-me: O que leva uma pessoa, por mais desvairada que esteja, a praticar tal acto? O que faz um pai, como aconteceu outro dia aqui em Portugal, atirar contra a família e matar duas pessoas?
O que leva um cidadão a esquecer a sua condição de Homem, de criatura com direitos e deveres, e praticar tais actos? Onde estão os valores de cidadania que todos os homens devem possuir por mais ignorantes e primitivos que sejam?
Não tenho resposta mas acho que é motivo para reflectirmos.
Temos que pensar na formação que damos aos nossos jovens... qual a noção de Deus e de paternidade divina que lhes transmitimos? Que valores influenciam o seu crescimento e a sua formação? Como lhes ensinamos a confrontarem-se consigo e com os outros?
Mais perguntas para as quais continuo sem respostas...
Mas, neste mundo em que os valores parecem andar esquecidos, somos nós , os que acreditamos, que temos que dar testemunho da nossa Fé.
                     Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

A canção do àmanhã

Cantar e ouvir música são duas acções complementares que aliviam a alma e ajudam a libertar o espírito.
Cantar... Não sei! Mas música... oiço muito porque aprecio, sobretudo música clássica. Ajuda-me a descontrair e a trabalhar melhor.
Mas hoje não foi música clássica o que ouvi quando me levantei. Era uma música antiga que entrava nos ouvidos e chegava ao coração.
Ouvi! E valeu a pena, porque toda a manhã tenho pensado naqueles dois versos que fixei:
" Amanhã outro dia virá...
Amanhã, acredita, alguém te sorrirá..."
Sem dúvida nenhuma estes versos são um apelo à esperança e à confiança. Mesmo próprios para quando nos levantamos com neurastenia, sem entusiasmo, sem alegria e boa disposição.
Amanhã... que é hoje, que foi ontem, que é o sempre da nossa vida, temos que o viver, hoje e aqui ,com todo o entusiasmo e alegria. Mesmo quando não os sentimos...
Temos que ter a certeza que sempre... no meio das maiores incertezas, das dificuldades mais constantes, dos problemas mais complexos haverá um novo momento que surge, um novo projecto que se nos apresenta, uma novidade que nos animará.
Sempre... haverá alguém que nos acolhe, que seque as nossas lágrimas, que nos transmita palavras de esperança, que sorria confiante e amigo.
Sempre... haverá alguém à nossa espera para partilhar connosco alegrias e tristezas, sonhos e desilusões.
Sempre...haverá razão para acreditar que vale a pena investir na alegria e na confiança.
Sempre... que é hoje, há um caminho a percorrer na Fé e na certeza de que haverá sempre os braços do Pai para nos receber.. É preciso não desanimar!
" Amanhã... outro dia virá..."
 Amanhã, que é hoje.
                                            Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Anjo de Portugal



 
                            Anjo da Guarda,
                            Minha companhia,
                            Guardai minha alma,
                            De noite e de dia.
                   

domingo, 8 de junho de 2014

Festa do Espírito Santo


                     
                      Domingo de Pentecostes

               
               


sábado, 7 de junho de 2014

Circunstâncias e devoções

Toda a gente aqui em casa ( Irmãs, professores e funcionários ) se ri um bocadinho com a minha devoção a S. Tomás de Vilanova.
Riem-se, riem-se... mas sempre me vão pedindo para rezar quando se trata de achar algo perdido, que é a especialidade do santo. Mas também quando é necessário que aconteça algo, como não chover numa viagem ou festa do Colégio.
E o S. Tomás nunca me deixou ficar mal. Às vezes demora mas não se esquece.
Em boa verdade só soube algo deste S. Tomás quando fui à Polónia e lá encontrei um quadro com a sua imagem como Bispo e, ao lado, a história e a oração que é a que eu costumo rezar. Até aí sempre pensei que era uma daquelas devoções sem conteúdo. Nunca me tinha lembrado de ir à Internet ... Lá, deve haver mil histórias a seu respeito. Mas não conhecer a sua vida e acção não me impedia de acreditar nele e solicitar a sua ajuda sempre que havia um problema. E a história repetiu-se ontem.
Havia arraial no Colégio e o dia anunciava-se chuvoso. Logo de manhã começaram as petições:
" Ó Madre, reze ao seu S. Tomás para que não chova!..." Como se o santo fosse meu e só eu soubesse rezar...
A seguir ao almoço, uma grande carga de água e as dúvidas a imperarem : " Madre, o seu santo está a deixá-la mal..."
Usei a frase dos anjos da Ascensão, adaptada às circunstâncias:
" Mulheres de pouca Fé, porque duvidais?"
E o facto é que, durante a tarde o tempo esteve estável: sem chuva e sem frio e o arraial decorreu com a animação própria.
Mais uma vez tive a certeza que o " problema " dos nossos problemas está na nossa falta de Fé. Eu sempre acredito no S. Tomás de Vilanova...
Claro que  já agradeci a graça do dia e o dom da minha Fé.
                               Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A partilha

No fim-de-semana passado realizou-se a campanha a favor do Banco Alimentar contra a Fome.
Parece que este ano rendeu menos do que na campanha similar do ano passado. Motivos? Encontram-se com toda a facilidade: a crise, claro! que aparece em primeiro lugar porque afecta todos, mesmo os generosos. Mas depois, temos que pensar que foi o primeiro fim-de-semana de bom tempo, o que levou muita gente para a praia. Logo, não visitaram supermercados.
Mas a campanha fez-se. E mesmo assim, apareceram muitos voluntários para colaborarem  e quase todos os que entravam nos supermercados saíam oferecendo qualquer coisa.
É a acção solidária que toca sempre o coração dos portugueses. Com mais ou menos facilidades, mais ou menos quantidade de bens, todos querem contribuir para ajudar aqueles que ainda têm menos do que eles.
E ao ver esta boa vontade, muitas vezes dos que têm pouco, lembro a viúva do Evangelho que deitou duas pequenas moedas na caixa das esmolas. Era tudo o que ela tinha. E Jesus elogiou-a dizendo que tinha dado muito porque dera tudo.
Ao mesmo tempo, lembro outras passagens da Bíblia em que se diz que "todos somos irmãos" e que " os que se convertiam vendiam o que tinham e repartiam por todos".
Pensando em tudo isto, pergunto-me qual foi o contributo dos "senhores da riqueza";como entram nesta partilha os grandes industriais  e os donos das grandes fortunas.
Não defendo, de modo nenhum, uma sociedade sem classes nem uma distribuição equitativa de bens.Somos todos iguais, porque filhos de Deus, mas cada um com as suas capacidades e dons...
Mas gostaria que, ao rezarmos o Pai Nosso déssemos testemunho da nossa fraternidade e que a alegria da partilha fizesse parte do dia-a-dia daqueles que têm Fé e se dizem cristãos.
                        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
                             

terça-feira, 3 de junho de 2014

Encontro com o crucifixo

Li ontem, acidentalmente,uma entrevista antiga ( 2002 ) de um religioso dominicano ao programa Ecclesiae, publicada depois no jornal Correio da Manhã. Nessa entrevista o religioso diz que a sua vocação surgiu, talvez inexplicavelmente, ao olhar um crucifixo e pensar que estava ali um Homem que tinha morrido em defesa duma série de ideais que era preciso pôr em prática. E simultaneamente se interrogou: porque tinha ele que estar sòzinho? Então, deixou tudo e foi fazer-se religioso.
Na nossa capela temos um crucifixo no altar-mor, um crucifixo grande que eu sempre apresento e descrevo  àqueles que nos visitam. Mas, em boa verdade, nunca me tinha chamado verdadeiramente a atenção. Só hoje, ao entrar na capela, me senti atraída por ele.
Influência da entrevista? Talvez... ou do tempo em que estamos a viver:
. Uma paixão e morte ignominiosa, depois da entrada triunfal em Jerusalem;
.  uma ressurreição que levanta dúvidas e traz certezas;
. a subida de Jesus ao céu , afastando-se dos Apóstolos mas não os deixando órfãos;
.  a promessa do Espírito Santo que chega e muda os corações...
E depois, na nossa capela, logo abaixo da cruz temos o sacrário, a presença real e contínua de Jesus Cristo.
Duas realidades que se entrecruzam e se completam.
O facto é que aquela cruz me impressionou hoje, de modo particular, pelo que representa de sofrimento, de humilhação mas também de dádiva, de entrega a todos e cada um de nós.
E voltei a lembrar-me da frase do Padre Dominicano: " E por que tem Ele que estar sòzinho a pôr em prática a Sua mensagem de amor e testemunho?
Será que não há lugar para nós nessa missão? Mas Jesus conta connosco para a continuar!...
Chama-nos da Sua cruz, ofereceu-nos a Sua mãe para nossa mãe, prometeu e enviou o Espírito Santo que recebemos no Baptismo. Podemos ficar indiferentes?
                     Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Dúvidas e interrogações


Isto da Vida Religiosa ainda é uma situação que levanta muitas interrogações e dúvidas. Sobretudo para os jovens, apresenta-se-lhes como um modo de vida estranho e fora do contexto a que estão habituados.
Uma prova disso foi o que aconteceu comigo um dia destes. Ao passar por um corredor, uma jovem que se cruzou comigo, perguntou-me sem mais nem menos:
- O´Irmã! É muito difícil ser freira?
Sorri-lhe e respondi com outra pergunta: - Achas que as Irmãs têm ar de estar a fazer um grande sacrifício?
- Não ! Mas vêmo-las pouco e não sabemos nada sobre freiras... parece assim esquisito.
 - Sabes... ser freira é, antes de tudo, a resposta a uma escolha de Deus: " Não fostes vós que me escolhestes ; fui Eu que vos escolhi."  são palavras de Deus.
- Claro que nessa escolha há propostas, há exigências. E é necessário reflectir se se tem Fé suficiente  para com coragem e disponibilidade , deixar tudo o que nos rodeia e a que estamos habituados. Se queremos deixar a nossa família para entrar numa outra, que nos vai acolher e ajudar a atingir os objectivos que o Pai traçou para nós. E há uma missão a cumprir, um testemunho de vida e de amor a dar aos outros, a Verdade do Evangelho a transmitir aos que não a conhecem.
- Eu bem digo que é muito difícil...
- Não, não é difícil. O que é preciso é querer e crer. Sabes qual é a diferença?
- Sei o que é querer. Agora crer... não sei bem.
- Este crer é acreditar, ter Fé, estar certo de que Deus é Pai e está presente em tudo nas nossas vidas. 
Afinal para qualquer coisa que nós desejamos, é preciso acreditar que vale a pena e que, esforçando-nos, a vamos alcançar. Para ser freira também.
- Mas as freiras já não são novas!...
- Mas já fomos! Só que agora é preciso que os mais novos nos venham ajudar. O pior é que eles andam demasiado ocupados com a Internet, as bandas de música , etc....
Um sorriso e uma resposta rápida:
- Obrigada, Irmã. Vou pensar.
Será que vai mesmo?
                  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


domingo, 1 de junho de 2014

Festividades

Primeiro dia do mês de Junho!
Este ano a Igreja festeja, neste domingo, a Ascensão de Jesus ao céu. E nós podemos imaginar Jesus elevando-se e os Apóstolos, incrédulos, estupefactos, desiludidos, olhando para o alto: " Homens de pouca Fé, porque estais a olhar para o céu?" Esta é uma festa móvel e por isso este ano coincide precisamente com o dia em que se festeja o "Dia mundial da criança". 
Certamente por ser o dia da criança, a Câmara municipal de Sintra, à imagem do que muitas outras fazem, estabeleceu um dia aberto de diversão, no Palácio de Queluz.
E por toda a parte há festejos, comemorações, divertimentos... Tudo para celebrar a criança.
Acho lindo! Até porque "o melhor do mundo são as crianças" diz quem sabe. Só que eu gostaria que o" dia da criança " fosse cada um dos 365 dias do ano.
As crianças necessitam que nos lembremos delas todos os dias, que as ajudemos a crescer, que colaboremos para que se tornem adultos responsáveis, homens e mulheres com perspectivas, com objectivos definidos e válidos.
Elas esperam o nosso exemplo para que, tenham a idade que tiverem, correspondam à questão que Jesus pôs a todos nós : "Se não fordes como crianças..." Crianças, não porque são infantis, mas porque são simples e puras, porque são confiantes, porque se colocam livremente nas mãos do Pai, porque dão sem nada esperarem em troca.
E é este o testemunho que, hoje e sempre, temos que dar às crianças que nos rodeiam: sermos livres, alegres, disponíveis, generosos, sem subterfúgios, sem falsos sorrisos, sem fingimentos.
" O melhor do mundo são as crianças" :
. as pequeninas que vemos no recreio brincando felizes, acreditando num àmanhã que é já hoje....
. as médias, as que sonham com um futuro risonho, as que lutam pelos seus objectivos, as de se desiludiram, as que pretendem desistir...
. as "grandes" a quem Jesus dirige a sua advertência : "se não fordes como crianças..." e que têm mais dificuldade em a viver.
É de todos nós este 1º de Junho, porque é o dia da crianças que todos devemos procurar ser. Aproveitemo-lo ao máximo.
                  Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.