sábado, 30 de março de 2013

Os últimos dias...

Estes últimos dias da semana são por demais densos e interiorizantes. Tornam-nos, talvez por isso, mais sensíveis e vulneráveis.
Na 5ª feira foi a cerimónia do Lava-pés com toda a sua dimensão existencial em que ficou bem patente a humildade que Jesus testemunha e que nos convida a viver.
Fazer como Ele fez, em espírito de caridade, de serviço, de disponibilidade, de partilha. Servir os mais simples, os mais humildes, os que mais necessidade têm de apoio, de acolhimento. Descer à condição de servo e abrir os braços aos que passam ao nosso lado e que não têm coragem de pedir ajuda.
Foi a lição de 5ª feira Santa, com a instituição da Eucaristia e a transmissão do poder sacerdotal.
A este dia, segue-se 6ª feira Santa, em que acompanhamos o drama da Paixão, em que recebemos outro exemplo de Jesus que, mesmo ao ser procurado, pretende proteger os discípulos. "Se é a Mim que procurais deixai ir estes..." E assim se cumprem as escrituras.
E depois, a figura de Pilatos, ressaltando de todo o processo de julgamento sumário. Pilatos, aquele homem cobarde que sabe que Jesus está inocente mas que O condena, porque tem medo de ser acusado de não ser amigo de César.
Também ele está dividido entre a Verdade e o poder . E opta pelo poder lavando as mãos do "sangue daquele justo".
E uma grande tristeza, uma grande solidão se estende sobre a terra. A Cruz, em que Cristo morreu, impõe-se a todos os homens e obriga ao silêncio e à veneração. É o único dia em que o Homem se ajoelha diante da Cruz, venerando esse instrumento da morte de um Deus feito Homem.
E hoje, é sábado, o dia do silêncio, da solidão, em que nos recolhemos em nós mesmos para agradecer ao Pai que nos deu o Seu Filho e ao Filho que foi "obediente até à morte e morte de cruz".
Ajoelhemos diante do mistério e acolhamos o dom que fez de nós filhos.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Traição, revolta, morte

A Semana Santa vai-se aproximando do seu climax e vai-nos marcando através das leituras do dia. Hoje, foi a descrição da traição de Judas que marcou e de certa maneira nos deixou interrogações. Como é que aquele homem, que viveu três anos com Jesus, presenciou os Seus milagres, assistiu às Suas pregações, viu como Ele rezava e... não aprendeu nada? Como é que ele, depois duma última tentativa de Jesus, dum último apelo à sua conversão, foi capaz de virar costas e ir entregar o seu Mestre?
E vendeu-O... Por trinta moedas, dinheiro que não chegou a aproveitar, que deitou fora, talvez num último sentimento de revolta.
Arrepiamo-nos ao pensar nisto, ao rever o texto do Evangelista S. João, ao encarar com esta personagem e relembrar cada um dos passos que são descritos e em cada uma das consequências.
E, se queremos ser realistas,  somos levados a pensar que também isto nos acontece a nós, às vezes, muitas vezes...
Também nós estudámos o catecismo, vamos à missa, fazemos retiro, rezamos, assumimos compromissos e depois, voltamos as costas e trocamos Jesus por algumas moedas... talvez por nada...por momentos de prazer e de alegria fictícia.
Judas chegou a arrepender-se mas, demasiado tarde.
Que connosco, ao menos isso não aconteça.
Que nunca nos cansemos de pedir perdão porque, como disse o Papa Francisco, Deus nunca se cansa de nos perdoar.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Paixão de Jesus Cristo segundo S.Lucas

Provoca sempre uma grande tensão emocional ouvir a Leitura da Paixão, qualquer que seja o Evangelista que é utilizado paraessa leitura. Mas, a de S. Lucas, que se lê no Domingo de Ramos, é por demais pormenorizada e rica de dados históricos. Nela estão sintetizados todos os acontecimentos da Semana Santa.
Começa com a escolha do local para a preparação da Páscoa. Não é um local qualquer ou previamente combinada. É aquele onde forem levados pelo Homem que lhes há-de aparecer transportando uma bilha de água.
Lá, a Última Ceia, a instituição da Eucaristia e a passagem do testemunho aos Apóstolos: Fazei isto em memória de Mim!... Mas, ao mesmo tempo, ali se anuncia a traição de Judas e a negação de Pedro. É o início do drama... que se continua no Monte das Oliveiras com a agonia de Jesus, lutando entre a Sua vontade e a vontade do Pai que O enviou.
E a seguir, a prisão, o julgamento no tribunal judaico, que não tem poder para condenar à morte. E por isso, Jesus é levado a Pilatos que, ao sabê-lo galileu, o envia a Herodes. E, ironia! por causa disso os dois se tornaram amigos.
E o Evangelho continua a contar-nos, passo por passo, as injúrias, as afrontas, as torturas a que Jesus é submetido.
E depois, a caminhada até ao calvário, a crucificação, o diálogo com os dois ladrões, a promessa do paraíso para o " bom ladrão"e, finalmente, a morte e a deposição no sepulcro por José de Arimateia.
Não há espaço nem para respirar, depois de reviver todos estes episódios que parecem ter dado vida à pessoa de Jesus que nós quisemos acompanhar.
Não se pode ficar indiferente depois de se ter lido este texto dos Evangelhos. Façamos dele vida.
                   Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 24 de março de 2013

As contradições do Reino

Domingo de Ramos!
Entrada triunfal em Jerusalem!
Hossana, óh! filho de David...
Há júbilo, há gritos de alegria e louvor. O povo em geral e os discípulos em particular, saúdam o Rei, o Libertador, a mudança de estatuto, de regimen.Felicitam e rejubilam com aquele que eles julgam ir mudar tudo; que pensam que os vai libertar do erro e do domínio do povo estrangeiro; que consideram ir-lhes dar um reino de abundância, de paz, de felicidade, como anunciou o profeta Isaías...
E não têm razão?
Jesus não nos veio libertar , não veio fazer mudar o rumo dos acontecimentos, não veio trazer novas regras e uma nova doutrina?
Só que... o choque era inevitável! O Rei, é um Rei crucificado, morto mas ressuscitado. E o Reino, está em nós e só será diferente quando mudarmos, quando virmos a Deus e à Vida, despidos das roupagens com que habitualmente os disfarçamos para que não possamos ver claro.
O Reino novo, anunciado por Jesus, o Cristo Crucificado, é um reino que tem que passar pelo sofrimento, pelo despojamento, pela verdade. É um reino de simplicidade, de alegria na pobreza, de felicidade no dom e na partilha.
Queremos pertencer a este reino?
É o momento da escolha, neste Domingo de Ramos...
Queremos continuar à espera dum reino terreno, exterior a nós, ilusório, ou queremos ser testemunhos vivos dum Rei crucificado?
Se queremos... eis a hora!
                         Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

sábado, 23 de março de 2013

Semana Santa

Estamos em vésperas da Semana Santa. Como correu depressa este período de cinco semanas que nos deixou no domingo de Ramos... É àmanhã!
Domingo de Ramos. Entrada triunfal em Jerusalém. Manifestação de louvor, de glória, que rapidamente se desfaz e se transforma em gritos de condenação e em pedidos de morte.
Foi assim o povo de Jerusalém... hoje em euforia , àmanhã em condenação.
É assim todo e qualquer povo quando se deixa manipular e é aliciado por vãos interesses.
Crucifica-o! crucifica-o! É  o grito que contradiz  os cânticos de louvor e acção de graças do Domingo de Ramos: Hossana ó Filho de David.
Somos assim muitas vezes: volúveis, inconstantes, deixando-nos guiar por falsos profetas e mover por questões contraditórias e secundárias.
Estamos a caminho desta semana da Paixão que é preenchida por inquietação e dor. Admiremos a tranquilidade de Jesus que se deixa saudar efusivamente sabendo o que o espera em Jerusalém, conhecendo a reviravolta que as mentalidades vão sofrer e que as levará a condenar aquele que antes louvaram e saudaram alegremente.
Mas, no meio desta semana, um sinal de alegria: a instituição da Eucaristia.
É Quinta Feira Santa! Jesus veio e ficou. Depois, será a Morte e a Ressurreição mas Jesus já tinha deixado a Sua presença entre os Homens: Fazei isto em memória de Mim.

 Ir.Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O tempo passa ... o silêncio fica

Os dias passam... o tempo corre, escoa-se entre os nossos dedos , como a areia da praia.
Ainda "ontem" era Natal e já estamos em vésperas de Páscoa. Passou um trimestre quase sem se dar por isso. Os alunos estão novamente em férias; os professores em reuniões; os funcionários em arrumações e limpezas.
A casa muda de especto e parece estranha com este silêncio em que não há gritos de crianças nem animação de adultos.
Espreita-se pela janela e apenas o ar húmido deste fim de Inverno em que uma réstea de sol parece querer animar a paisagem e os corações.
É ocasião para apreciar o silêncio e tentar aproveitar para tentar desenvolver em nós um clima de sossego que ajuda à reflexão.
Mas o silêncio às vezes oprime, cansa... Sobretudo se não estamos disponíveis para o aproveitar, se não queremos fazer desta tranquilidade o ambiente propício para acolher Deus e a Sua mensagem.
Deus fala no silêncio!
O dia desce, a luz diminui, a noite chega... o silêncio impõe-se. Já não há reuniões, nem trabalhos, nem actividade. Apenas sossego, paz.
Deixemo-nos invadir por esta tranquilidade, por esta calma, por este silêncio. Lutemos contra a tentação de letargia, de tristeza, de inação. E não tenhamos medo deste silêncio que vai tomando conta de nós. Paremos... Fiquemos diante do sacrário tentando ouvir o Senhor que, morreu por nós, mas ressuscitou e está presente para sempre . E fala-nos no silêncio do nosso coração.
Procuremos aquele ambiente em que sabemos estar apenas nós e Deus.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
                      

domingo, 17 de março de 2013

Paciência e misericórdia

Hoje, último domingo da Quaresma, já ninguém se lembra do que ficou para trás. Coincidiu com ele o primeiro Angelus que o Papa veio rezar na praça se S. Pedro e todos nos concentrámos nisso. Já lá vai o tempo do Conclave, a espera pela eleição, a festa face ao anúncio do novo Papa... Igualmente os acontecimentos internos , importantes para o Colégio, mas muito menos que um novo Sumo Pontífice .
O Papa Francisco apareceu à janela, deu os bons dias e, baseado no Evangelho do dia, falou na paciência de Deus e na Sua misericórdia. Uma homilia curta mas em que insistiu que o Deus de misericórdia está sempre atento e disponível para perdoar. Nós é que muitas vezes não vamos pedir o Seu perdão...
Realmente não temos o coração aberto e suficientemente desprendido para acolher a misericórdia e o perdão.
Razão tem um amigo meu... que ainda acrescenta que dificilmente descemos até ao âmago de nós mesmos para nos libertarmos de todo o erro e pecado que lá se esconde, e sermos perdoados totalmente.
Jesus face aos homens que acusavam a mulher de adultério, fê-los descer ao fundo de si mesmos  e reconhecer que eram pecadores. Só aqueles que estão puros, livres, podem acusar. Por isso, eles se retiraram, um a um " começando pelos mais velhos".
É mais uma lição para a nossa caminhada da Quaresma, esta que Jesus nos dá. É tão fácil julgar, acusar e condenar!... E ficar de ânimo leve sem nos apercebermos que nenhum julgamento tem valor sem provas e que só um coração puro é capaz de ver, em verdade, a distinção entre o erro e a ausência dele.
Libertemos o nosso coração e disponhamo-lo não para acusar mas simplesmente  para usar de misericórdia, a do Pai. 
  Ir. M.Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 16 de março de 2013

A câmara de Sintra no Ramalhão

Ontem foi um dia muito preenchido e agitado aqui no Ramalhão. De manhã foi preciso montar toda a logística para a vinda do sr. Presidente da Câmara de Sintra e sua comitiva. Ao mesmo tempo, fazer os últimos ensaios, arrumar o ginásio, preparar  a decoração, verificar todo o espaço a visitar, falar com professores e pais, etc..
A tarde começou com a recepção às primeiras visitas e a espera, no pátio principal, pela chegada do sr. Presidente.
A sua vinda foi uma honra para nós, independentemente das adaptações que pressupôs. O sr. Presidente agraciou-nos com uma medalha de ouro de mérito na vertente educação e nós, presenteámo-lo com lembranças da nossa casa, uma recordação da Vista Alegre e a representação, em palco, da História do Ramalhão.
Foi um texto escrito pela nossa professora Conceição Bueso que também o ensaiou. Começou com música para criar ambiente para a leitura dum excerto dos Maias de Eça de Queiroz, em que ele fala de um passeio a Sintra em que se passava pela quinta do  Ramalhão. O Eça de Queiroz está sentado à secretária enquanto o narrador lê, passam fotografias em dois ecrãs e deslocam-se pelo ginásio pares vestidos à época.
Depois, simula-se uma aula em que professora e alunos falam da História do Ramalhão.
Em pequenos apontamentos conta-se a história de três séculos do Ramalhão, desde a doação dum casal rústico até à fundação do Colégio, passando pelo Palácio e mostrando as figuras e os acontecimentos que por aqui passaram .
Pudemos contar com a colaboração de todos os professores, nomeadamente o João Carlos, a Ilka, o João Paulo e a Carla Monteiro.
Depois das palmas do público o sr. Presidente subiu ao palco para o seu discurso, a que a Madre geral respondeu. Entregou a medalha à Ir. Francisca que também falou, agradecendo. Terminou esta parte com o Hino do Colégio cantado pelo coro e todos os alunos.
Seguiu-se a 2ª parte do programa que era a visita à casa, durante a qual houve duas interrupções para ouvir o concerto das guitarras e dois números de flautas.
A tarde acabou com um lanche simples na floresta.
Com o sr. Presidente vieram, entre outras pessoas, duas antigas alunas que trabalham na Câmara. É sempre enternecedor encontrar antigas alunas em ocasiões destas. Elas também se emocionaram por voltarem, em serviço, àquela que consideram uma segunda casa.
E assim chegou ao fim mais um acontecimento grande para a história do Colégio.
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Habemus Papam!...

Estávamos na capela a rezar o rosário quando o sr. P. Dâmaso entrou a dizer que já havia fumo branco.
Excitação! Surpresa! Curiosidade! Emoção!
Uma série de sensações juntas que nos levavam a desejar sair da capela e ir à televisão ver o que se passava. Mas... o dever falou mais forte e ninguém se mexeu. Continuámos calmamente a rezar.
Só no fim do jantar fomos saber das notícias, quem era o novo Papa, como se chamava, qual a sua história. E ficámos elucidadas: Papa Francisco I, arcebispo de Buenos Aires,  pertencendo à Companhia de Jesus.
Interessante ser o 1º Jesuíta, o 1º Papa vindo da América Latina, o 1º a escolher o nome de Francisco...
Desde que se soube o nome escolhido que os comentadores se interrogam sobre o sentido profundo deste nome... Francisco!
Que mensagem nos quer transmitir, com esta escolha, o novo Papa? Podemos confiar que estará atento aos  Homens, preocupado com a expansão da Fé, empenhado em resolver os problemas sociais... Se com a escolha quer lembrar S. Francisco de Assis, recorda-nos o "pobrezinho de Assis". o amigo da Natureza, o defensor da Ecologia, dizem os entendidos.
Outra hipótese, é referir-se a S. Francisco Xavier... o missionário, aquele que levou ao mundo a Fé cristã. Outra perspectiva a ter em conta.
Qualquer que seja o sentido, e para já só ele o sabe... espera-se que o Papa Francisco I  seja o Papa dos nossos dias, aquele que não vai tremer face aos problemas e vai ser capaz de os enfrentar.
Impressionou-me aquele pedido de oração por ele, antes de dar a sua 1ª bênção aos presentes e ao mundo. Foi um testemunho de humildade e de coesão com o povo. Aquele povo que esperara horas pela eleição e depois para o aclamar.
Confiemos na sua acção e rezemos por ele.
                         Ir.Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Alegrias e contratempos

Estes dias têm sido de grande agitação, aqui no Colégio e na Comunidade. Primeiro, por causa do Conclave e da eleição do Papa que faz as pessoas procurarem incessantemente  o ecrã da TV ou as ondas da rádio. Que notícias há?  Já se viu fumo? De que cor era?
Mas claro que são sempre as mesmas notícias  e iguais as imagens, porque para novidades ainda é cedo.
Ontem, na primeira votação, o fumo foi negro e hoje, o fumo que se viu, negro era!... Aguardemos a última votação do dia.
No meio desta expectativa, outra ocupação nos distrai : preparar a visita do Presidente da Câmara de Sintra.
Foi ele que manifestou gosto em vir conhecer o Colégio e nós resolvemos convidá-lo para a celebração do dia de S.José, no âmbito dos 70 anos deste estabelecimento de ensino.
Só que o dia 19 é já em férias e, como tal, tivemos que antecipar a festa para o último dia de aulas, pois precisamos dos alunos para a apresentação da História do Ramalhão em palco, bem como para o concerto das guitarras e flautas. Primeiro contratempo...
A apresentação da classe de acrobática, que fazia parte do programa, também teve que ser suprimida, porque ,entretanto, caiu o teto do ginásio novo. Outra contrariedade...
Sempre acontecem contratempos, quando preparamos um "extra", para testar a nossa paciência  e capacidade de improviso.
Mas para imprevistos há mais... Professoras doentes, visitas de estudo, mudanças de refeitórios...
O que vale é que acreditamos que "nada acontece por acaso" e que S. José, nosso padroeiro, está presente a compensar o que nos falta.
                                                                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 12 de março de 2013

À espera de Papa

                                                      Começou hoje o Conclave.
Os Cardeais já se mudaram para a casa de Santa Marta e logo vão estar encerrados na Capela Sistina para a 1ª votação.
A comunicação social já deu todas as notícias sobre o "como" e o "onde". Toda a gente que queira, pode saber o que se vai passar e quando.
Quem será o novo Papa é que só Deus é que sabe!...
Durante a primeira semana os Cardeais tiveram oportunidade de conferenciar, trocar  todas as impressões possíveis, estudar os prós e os contras de todos os papabili...
Portanto, o Espírito Santo já poderá iluminar os seus corações e as suas mentes para que  escolham o melhor.
 O melhor pode não ser o mais inteligente, ou o mais santo, ou o mais perfeito comunicador. Tem é que ser o que melhor atenda aos sinais dos tempos e saiba acolher a Palavra de Deus. "Ao fim e ao cabo" é Ele quem conduz a barca da Igreja, como disse o Papa emérito Bento XVI.
Neste momento a "barca de Pedro" conhece inúmeros contratempos, sofre ventos bem adversos, caminha no meio das trevas da idolatria e do abandono. Mas é Deus quem a conduz e isso é o que nos dá confiança. Ao fim de 20 séculos nada disto é novidade. Já houve vicissitudes, cismas, lutas, erros, mas a Igreja persistiu. Em muitos lugares do globo o número de católicos aumentou mesmo consideravelmente. Na Europa, não! é verdade... porque a Europa se deixa mover pelos interesses económicos e nela predominam o facilitismo e o prazer.
Precisamos rezar pelo novo Papa , para que o Espírito Santo o mova e presida à sua acção unificadora e santificadora.
E aguardemos, confiadamente, que da chaminé da Capela Sistina saia o fumo branco e o Cardeal da sacada de S. Pedro anuncie: "Habemus Papam".

segunda-feira, 11 de março de 2013

Bodas em Fátima

Mais um fim de semana diferente. Mas este foi programado e saiu como planeado.
Fui a Fátima ! É sempre bom visitar este lugar privilegiado e encontrarmo-nos, in loco, a relembrar a mensagem que Nossa Senhora nos deixou. Há sempre uma visão nova...
Muita gente, toda diferente e de diferentes lugares, ali vai para rezar, fazer ou cumprir promessas, escutar o que Maria tem para lhes dizer...
É gratificante estar em Fátima!...
No entanto, o objectivo primeiro desta viagem não foi este. Foi sim participar no encontro-festa das catorze Irmãs que celebravam as suas Bodas de prata e ouro.
Não sei se intencionalmente, coincidiu com o domingo da alegria (domingo Laetarae ), mas talvez... E foi uma grande alegria festejar estes anos todos de consagração religiosa, de tantas Irmãs.
E impressionante também ouvi-las dizer que não se arrependem, que procuram fazer sempre a vontade do Pai, que sabem bem que foi Ele que as chamou e as encaminhou...
Pensei em mim; revi a minha consagração há mais de 50 anos; voltei a lembrar o dia das minhas Bodas de ouro.
Também eu não me arrependo; também eu acredito que o Pai lançou sobre mim o Seu olhar de misericórdia e de amor; também eu vejo os pequenos e grandes contratempos, as alegrias maiores ou menores, como o caminho que Deus desenhou para mim e me convida a percorrer.
Neste momento, em que estamos em vésperas da abertura do Conclave, em que o Patriarca de Lisboa pediu orações para que o novo Papa possa reformular a face da Igreja, procuremos nós dar o nosso testemunho de adesão ao Pai, de filhas que reconhecem esta paternidade e se sentem acolhidas.
Como o filho pródigo, despojadas de tudo, caminhemos para a casa do Pai, certas do acolhimento que Ele nos reserva.
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Jardins à chuva

Foi este o tema duma composição quando andava no 5º ano do liceu (actual 9º ano). Não sei o que escrevi mas acho que estava inspirada pois a professora (que era bem exigente) gostou muito e classificou com Muito Bom. Aliás, nessa altura, eu tinha imaginação, graça e geito para escrever...
Hoje, não sei porque razão este tema me veio ao pensamento. Deve ter sido porque, quando me levantei, havia uma intensa cortina de nevoeiro e caía uma chuva miudinha que tornava húmidos os caminhos e molhava lentamente quantos se arriscavam a enfrentá-la.
Os pingos que escorriam das árvores pareciam lágrimas escorregando até ao chão.
Um cenário triste e melancólico.
Mas, se pensarmos bem, a chuva é uma bênção, uma necessidade, para o Homem e para a Terra.
E depois... água é sinónimo de limpeza. Fomos limpos com a água do Baptismo...Há uma sensação de frescura quando nos lavamos e conhecemos o contacto da água ...
A chuva pode ser triste, criar neurastenia em nós, mas muda tudo por onde passa. E, se é assim miudinha e leve, parece acariciar-nos e murmurar, enquanto dai deslizando pelas árvores, pelos  vidros da janela, pelas paredes lisas dos prédios.
Fico olhando essas gotas que caem e pensando que demasiadas vezes encaramos apenas o lado negativo das coisas: chuva, molhado, tristeza... E não avaliamos o aspecto positivo: a limpeza, a fertilidade, a renovação.
E, de repente, este termo renovação, salta-me ao pensamento. É que renovação é o que precisamos realizar neste tempo extraordinário da Quaresma.
Renovar... tornar novo...todas as coisas, a começar pelo pensar e o agir.
Renovar... mudar o que está mal; intensificar o bem.
E quando a Páscoa chegar, mesmo que seja com chuva, haverá a alegria de tudo se viver de novo. 
Preparemo-nos para essa alegria, mesmo quando a chuva parece tornar tudo triste e feio.
                               Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Encontro

Eu pensava, meu Deus,
Que habitavas tão longe,
bem alto sobre a lua e as estrelas,
e por isso eu erguia o meu olhar aflito,
procurando no céu, devassar o infinito!

Mas um dia - oh! ventura! -
a mim Te revelaste.
Surpresa! Tu não vieste lá de cima,
mas senti-Te surgir daqui de dentro,
do mais íntimo e profundo do meu ser, que todo se inundou de amor.

Eras Tu! Tu que como uma fonte clara e pura,
brotavas dentro de mim, dessedentando a minha sede ardente.
E eu descobri, Senhor,
que essa fonte profunda és Tu, Tu mesmo,
Tu que és a própria base da minha profundidade.
                   Ivan Lurken

terça-feira, 5 de março de 2013

A injustiça do julgamento

Estive a reler, no Evangelho de S. Lucas, o episódio do cisco e da trave nos olhos e fiquei a pensar como é fácil encontrar problemas, defeitos e erros nos que nos rodeiam.
Jesus recomendou aos fariseus que fossem primeiro tirar a trave do seu olho para poderem ver o cisco no do vizinho... Mas nós, quantas vezes nos esquecemos desta recomendação...
E pior, muitas vezes estamos mesmo empenhados não só em ver o mal do vizinho mas também em depreciar o que os outros fazem de bem. E andamos tão ocupados que nem temos tempo para nos analisar e perdemos assim a oportunidade de reconhecer em nós valores que nos escapam, na ânsia de minimizar apenas os que encontramos nos que nos rodeiam.
E com muita facilidade julgamos e condenamos.
E com que direito o fazemos?
Quem somos nós para julgar e condenar?
E, muitas vezes, baseados apenas em aparências e insinuações. Não temos provas, não conhecemos factos... E mesmo que tivéssemos...
Com alguma facilidade caio nesse mal mas fico sempre magoada, depois, quando tomo consciência da injustiça e leviandade com que fazemos julgamentos. Esquecemo-nos completamente que "Deus é lento em julgar e rápido em amar".
Todos temos o direito de errar, de fazer mal, de pecar, de nos arrepender, arrepiar caminho e... voltar a errar. Por isso, naturalmente é que Jesus disse a Pedro que devia perdoar não sete vezes mas setenta vezes sete.
Não sei se adianta ficar magoada, pedir perdão pela injustiça cometida, pela leviandade do julgamento que fazemos.... Certamente, sim! mas o que vale a pena é corrigir, esforçar-se para fazer como Jesus, que não condenava, antes olhava os pecadores com um olhar de misericórdia.
Que ele nos acuda e abençoe.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 
 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Uma ida a Lisboa

Este fim de semana desloquei-me a Lisboa e tinha pensado ir "viver" a minha cidade,as suas belezas, os seus perfumes...
Planeara sair da Estrela de autocarro até ao Marquês de Pombal e depois descer a Avenida da Liberdade , contemplando as lojas, admirando os pequenos lagos com as suas estátuas, apreciando em pormenor as esplanadas da parte central, parando, de onde em onde, a respirar este ar da cidade. Poluído, sem dúvida, mas tão lisboeta!...
É uma sensação espantosa descer esta Avenida, com os seus encantos e o seu movimento.
O antigo SNI convida-nos a entrar para apreciar a Loja dos Museus com as suas particularidades. E porque não comprar uma recordação ou um presente único?
Uns metros além, a estação do Rossio, com as suas portas que parecem querer envolver quem nelas entra. E estamos no Largo do Rossio. Lá, é impossível não nos determos para um pouco de cultura, diante do teatro D. Maria I. E depois, num pequeno desvio, ajoelhar na Igreja de S. Domingos, relembrando tudo o que ela significa de história e de tragédia.
Voltar atrás e parar para apreciar a beleza da Praça e seguir, R. Augusta além, até ao Terreiro do Paço. Aí aguarda-nos a estátua de D. José e, ao fundo, a paisagem magnífica do Rio. Antes, passa-se pelo Arco da Rua Augusta, o nosso Arco do Triunfo.
Era este o meu plano mas abortou. No sábado, o Baptizado da minha sobrinha mais nova que acabou demasiado tarde. O meu projecto iria coincidir com a manifestação marcada para esse percurso que eu imaginara para voltar a apreciar Lisboa.
Adiei o passeio para domingo mas... nada feito! Um convite para uma ida ao Parque das Nações, modificou a minha tarde de domingo.
Não me arrependo. Gostei do movimento mais do que propriamente a propaganda a lugares dos quais conheço a maioria. Mas admirei aqueles jovens que passaram a tarde de domingo a tentar vender viagens para onde quer que fosse.
E assim passou um fim de semana com um maravilhoso projecto gorado...
Mas o importante é saber tirar partido e aproveitar o que nos é oferecido.
Nem tudo foi mau. Antes pelo contrário. Houve alegrias inesperadas e riquezas que não se podem desperdiçar.
Obrigada , meu Deus.
 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 
 

sexta-feira, 1 de março de 2013

O cão perdido

No domingo passado foi um reboliço aqui no Ramalhão. Um autêntico "levante" na capela com Irmãs para dentro, Irmãs para fora num vai e vem imenso. Até iam chegando tarde à Missa..
Depois, durante todo o dia foram telefonemas, pessoas que vinham e iam, idas à quinta, perguntas sem fim... uma autêntica azáfama.
E tudo isto porquê? Muito simplesmente porque uma Irmã encontrou dois desconhecidos, perto da lavandaria. À sua pergunta que estavam ali a fazer e como tinham entrado, responderam que tinham saltado o muro para vir à procura dum cão que lhes fugira.
A Irmã entrou em pânico e veio pedir auxílio. Lá foi com ela uma equipa mais afoita que entrevistou os ditos homens e ficou a saber que estavam no campo de treino de cães, por detrás do Ramalhão, e lhes tinha fugido um dos animais.
Claro que não ficámos de todo convencidas com as explicações das pessoas (depois já eram sete), que só muito mais tarde se identificaram e fomos-lhes dizendo que estavam em propriedade privada e entrar assim, saltando um muro, é crime.
Mas lá os fomos deixando procurar o cão. Pareciam tão preocupados... Mas nunca percebemos o motivo desta preocupação.
Todo o resto do dia foi um corrupio de gente, de trás para diante, em busca do fugitivo. Também serviu para sabermos mais coisas àcerca do grupo mas a dúvida persistia e persiste.
Do cão... nem sombras!
Se realmente existiu e não foi apenas um pretexto para vir conhecer a quinta, o pobre do animal soube muito bem desenvencilhar-se e a esta hora já está longe. Até porque os nossos 3 cães não gostam de concorrência e sabem muito bem tornar-se desagradáveis para intrusos.
Não sei se tenho mais pena do cão, se dos treinadores da escola, se de nós que nos envolvemos, sem querer, numa história que não era nossa. Umas Irmãs continuam receosas, outras procuram o cão e outras lamentam tudo isto. Mas sempre o cão é o assunto do dia.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.