quarta-feira, 31 de julho de 2013

E a História continua...


Pensando à distância, continuo a recordar acontecimentos e histórias doutro tempo. Não há como estar fora de casa para as memórias se tornarem mais vivas e mais presentes, para as saudades e as interrogações se avolumarem no espírito.
Cheguei ao Ramalhão apenas 15 anos depois da sua fundação e vivo lá há 56 anos. Como não ter muita coisa para recordar e partilhar, com outros que viveram comigo ou que já são só recordação!... 
Como não lembrar aquelas reuniões do conselho geral, quando a Madre Maria. Inês chegava de Coimbra, com a Madre Sameiro e eu tinha de mudar de quarto para haver espaço livre na zona do conselho?... Como não recordar a Mestra de Aulas ( era assim chamada a Directora do Colégio) - a Madre Sto Agostinho, com quem fui trabalhar quinze dias depois de chegar ao convento?... Como não ter presentes as professoras- as Mestras, como eram tratadas na altura?... Como não saber que o Colégio tinha já tido um professor masculino, professor de matemática - o sr. Costa?... Como esquecer que a minha Mestra de Noviças deixou o Noviciado - a Madre Emanuel - para ir substituir a Madre Sto Agostinho que foi destacada para dirigir o Lar de Enfermeiras recém- aberto no I.P.O.? E que, ao fim de dois anos foi para África e ficou como directora a Ir. Santo Alberto Esparteiro da Cunha Serra, que tinha sido minha colega de Faculdade, quando ainda nenhuma de nós era religiosa?...
Nunca trabalhámos juntas no Colégio, pois entretanto voltei à Faculdade para acabar o curso e, quando regressei, ela tinha ido para o Restelo e eu tinha acabado de ser nomeada para a substituir, no Ramalhão. Corria o ano de 1967!...
Tanto tempo e tantas histórias !...
E muitas ficaram para trás, muitas ficaram esquecidas, muitas estão apenas no coração daqueles que passaram pelo Ramalhão e que lhe chamam "a sua casa", com carinho e gratidão
                                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P..

terça-feira, 30 de julho de 2013

O ontem e o hoje

Aqui em férias, sentada diante do mar, estive a ler a carta em que a Madre Teresa Catarina conta ao P. Tomás as tentativas feitas para comprar a quinta do Ramalhão.E não pude deixar de lembrar... velhas histórias do meu tempo de jovem religiosa, histórias que sempre se iam ouvindo e que nunca foram esquecidas: A vinda do secretário do sr. Cardeal Patriarca que não achou a casa em condições de servir para Seminário; a visão objectiva da Madre M. Rita Lecor Buys que previu imediatamente a possibilidade de instalar ali um Colégio; as tentativas de arranjar dinheiro para a compra, para o que muito contribuiu a família da Madre S. Paulo de Frias Carvalho; as obras que foram realizadas durante um ano; a abertura do Ramalhão e as tentativas, sempre bem sucedida, da Madre Teresa Catarina e da Madre S. Paulo para arranjar alunas.
Mil histórias que encheram os primeiros anos e que foram sempre contadas através dos tempos. Até o feitor não era esquecido: aquele senhor que tomava conta da quinta e da casa e de tudo a que chamava "nosso": a nossa casa, as nossas frutas, os nossos empregados, as nossas Irmãs e até as nossas meninas.
Fazem também parte destas histórias as "lendas" que eram contadas às alunas que vinham pela primeira vez. Por exemplo a da aia da Rainha Carlota Joaquina que passeava, à noite, pelos corredores com uma bandeja em que levava a cabeça, que lhe tinha sido cortada...
Talvez porque estou em férias, todas estas histórias me vêem à ideia com muita intensidade e me fazem recordar essas Madres e Irmãs da 1ª hora que fizeram duma casa e duma quinta, quase em ruínas, um Colégio que marcou a vida de muitas jovens e que este ano está a celebrar o seu 70º aniversário.
                            Ir. teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Férias

Estou finalmente em férias!
Posso preparar a mala, arrumar o que fica, pensar calmamente nuns dias diferentes, esquecer preocupações e inquietações.
Férias são descanso, mas não necessariamente deixar os dias passarem e o tempo correr, sem fazer nada.
Férias são sobretudo oportunidade para mudar... de ocupação, de lugar, de companhia, de vida... 
Férias são tempo para reflectir, para interiorizar, olhar a vida e os outros, modificar o que esteve mal, melhorar o que pode ser melhor.
Férias é sempre tempo para nos enchermos do Deus que, mais livremente, podemos contemplar e ouvir.
Sentada na areia, olhando o mar, admirando as ondas que vão e que vêm, penso que a vida também é assim, feita de altos e baixos, de avanços e recuos, de sims e de nãos que se vão sucedendo e organizando.
Mas tal como as ondas, que voltam sempre, mais perto ou mais longe, também nós temos que lutar para encontrar o caminho de regresso, quando nos afastamos da praia.
O mar atrai-nos, chama por nós mas também nos dá a sensação de imensidade, de infinito que só Deus é.
Estou de partida! 
Lembro outras férias mas nelas, sempre o mar a marcar presença. Ele e a sua imensidão que nos mostra como somos pequeninos e como temos necessidade de nos aproximarmos do Pai.
Vou de férias mas Ele vai comigo...
                          Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Saudades e recordações


Ontem foi um dia demasiado complicado com muitas coisas em simultâneo: várias actividades a realizar, trabalhos a executar, situações a organizar.
Como se compreende, no meio disto tudo, visitas era o que eu menos precisava. Mas, duas antigas alunas não são visitas e é com carinho e alegria que as recebemos. São imprevistos que só trazem felicidades e recordações.
Beijos e abraços não faltaram.
Eram a Raquel Cruz e a Inês Varela, duas alunas internas que já deixaram o Colégio há tempos.
Falámos da vida do internato, recordámos as diabruras que sempre aconteciam, lembrámos as colegas que, com elas, tinham partilhado 8 anos de vida, estudo, amizade, estadia no Colégio.
A Raquel é Fisioterapeuta e trabalha aqui na zona; A Inês esteve na Africa do Sul onde terminou o Curso e conheceu o noivo. Agora, regressa para se casar. Aliás, vinha acompanhada do futuro cunhado.
É uma alegria voltarmos a ver as "meninas" que ajudámos a crescer. É uma emoção ouvi-las dizer que não esquecem o que levaram do Colégio. É com sentimentalismo que as escutamos repetir que têm na memória que é norma do Ramalhão a Alegria, o Amor, a Amizade,o Trabalho, o Esforço, a Oração.
Nós sabemos que não foi em vão que o Colégio, durante 70 anos, abriu as portas a tantos grupos de jovens que ajudámos a educar...
Nós sabemos que a nossa maneira de ser e de fazer, bem Dominicana, aberta e livre, dá sempre frutos. "Uns são os que semeiam, outros os que colhem"...
Mas ouvir da boca dessas jovens, anos depois, que não foi em vão que aqui passaram, que as Irmãs marcaram as suas vidas, causa um bater mais forte de coração e é motivo para um obrigada maior ao Pai que nos inspira e acompanha.

                                                       Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Acolher


Ontem o Evangelho contava-nos, mais uma vez, a história bem conhecida de Marta e Maria recebendo Jesus em sua casa. Como sempre, este episódio levanta em mim questões, dúvidas e inquietações. Ele é demasiado coincidente com factos da vida real de todos os dias.
São duas mulheres, duas irmãs e o Evangelho apresenta-as com atitudes totalmente diferentes e que são motivo de interrogação para nós.
Marta, atarefada, dum lado para o outro, preparando a mesa e a casa para receber condignamente o seu amigo Jesus.
Maria, calmamente sentada falando, ouvindo,simplesmente.
Não acredito que ela não tenha colaborado nos preparativos... mas isso, ficou para trás e o Evangelho não o explicita. Ele conta simplesmente o presente e quer fazer-nos uma chamada de atenção.
Nós muitas vezes preocupamo-nos em receber bem os nossos amigos e conhecidos. Mas este "receber" fica geralmente no exterior, no acidental. Talvez como Marta que queria tudo perfeito... exteriormente. Não teve tempo de parar para sentir e ouvir o que faltava...
Quando fazemos assim, esquecemo-nos do resto, do interior, do que não se vê mas faz parte das necessidades de cada um: que acolhamos as suas preocupações, que oiçamos as suas dificuldades e dores, que partilhemos as suas alegrias. E, mais ainda, que estejamos abertos àquilo que eles têm para nos revelar. Maria estava atenta à Palavra que Jesus tinha para transmitir, e escutava-O, sentada aos seus pés. Abre-lhe o seu coração e ouve a mensagem, escuta a novidade que Ele tem para ela e para todos nós.
Estejamos atentos, aos pés de Jesus, independentemente do que há para fazer, do que parece importante, das "visitas" que estão para chegar.
É que Jesus tem sempre algo para nos dizer, algo para nos pedir.
                                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


domingo, 21 de julho de 2013

As lições do tempo


É engraçado como o tempo passa tão depressa que às vezes nem damos por isso. E quanto mais velhos somos, mais rápido parece que o tempo anda. 
Ainda há pouco era Natal, já estamos quase em férias e, não tarda nada voltamos ao Natal.
É o ciclo do tempo que muda as condições, a vida e até o modo como a encaramos.
O povo diz que o tempo é bom conselheiro e é mesmo. Ajuda-nos a não tomarmos decisões precipitadas, a reflectir nos prós e contras duma tomada de posição, a medir as consequências de cada passo dado e de cada resolução tomada.
Muitas vezes os nossos actos atingem proporções com que não contávamos precisamente porque não parámos o tempo suficiente para reflectir, para uma análise séria e rezada, uma meditação profunda sobre os acontecimentos, suas causas, opções possíveis.
"O tempo é bom conselheiro". Afasta para mais longe o desejo de precipitação; apresenta-nos exemplos que são modelos que se repetem e nos mostram como e onde Deus está e como Ele pode e vai intervir. Ajuda-nos a encontrar o caminho certo ou o mais adequado.
Mas o tempo tem outra acção igualmente benéfica: sara as feridas que a vida nos provocou; atenua as dificuldades que ela nos levantou.
Quando errámos, quando nos enganámos, quando prevaricámos, quando as circunstâncias nos magoaram, o passar do tempo vai-nos distanciando do mal feito e vai criando novos motivos de esperança e de alegria.
Não fechemos os olhos à luz que chega cada manhã e, aprendamos a sorrir, mesmo quando dói.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
                        

sábado, 20 de julho de 2013

Vinde...

"Vinde a Mim vós todos os que estais sobrecarregados e Eu vos aliviarei!"

É um pedido e uma promessa que Jesus nos faz.

Vinde a Mim ... acreditai na minha misericórdia e no meu amor.
Vinde a Mim... que vos olho com um olhar de predilecção e vos escolhi desde toda a eternidade.
Vinde a Mim, sem medo porque eu não condeno nem acuso.
Vinde a Mim, vós que estais sobrecarregados, feridos, desanimados... porque Eu tenho a graça que vos salva, que acalma as vossas dores,que vos dá a força que vos repõe no caminho certo.
Não é preciso grandes actos de humilhação, de sofrimento; não é preciso fugir e esconder a cabeça na areia; não é preciso justificações e reparações.
A única coisa necessária é ter a certeza de que Eu estou lá, que chamo, que conheço todos os males e todos os anseios, todos os cansaços e todas as dúvidas. É acreditar no Meu amor e saber que estou aqui  e que vos aliviarei.
Vinde a mim...  dizes Tu. Mas,nem sempre é fácil, Senhor!
É necessário esquecer muitas coisas, acreditar noutras, estabelecer uma hierarquia de valores, deixar o que se julga importante e parar para Te tentar encontrar.
É preciso ter a certeza que aquela hóstia que o sacerdote levanta és Tu, total e absoluto; que no sacrário, escondido, és Tu que estás e me olhas; que no fundo do meu coração a voz que me fala é a Tua, a chamar-me e a acolher-me.
E que razão temos para duvidar?
E porque pomos tantas questões e levantamos tantas dúvidas?
                               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dominicano, um caminho, uma descoberta...

Muitas vezes as minhas alunas me perguntavam qual a razão de ter escolhido ser Dominicana. É uma pergunta com uma resposta simultaneamente fácil e complicada.
Ser Dominicana não é um acaso mas sim uma opção de vida.

Pode-se ter encontrado um hábito branco que nos sugestionou; ter assistido a uma oração de Vésperas que impressionou e nos fez reflectir; ter ouvido um testemunho que nos fez pensar; vivido com Dominicanos que nos motivaram...

Pudemos ter entrado numa capela onde o ambiente nos convidou a rezar; ter conversado com um padre ou uma freira que nos deram uma imagem magnífica da vida... 
Muito bem!
Tudo isso podem ser causas mais ou menos próximas, circunstâncias impulsionadoras...
Mas para ser Dominicanos/as é necessário mais do que isso. É preciso ter-se identificado com a Verdade que S. Domingos estudava, rezava e pregava; ter escolhido um caminho que é simultaneamente contemplativo e activo; ter optado por uma missão apostólica que deriva do estudo e da contemplação; ter escolhido ser pobre por partilha do que se faz e do que se tem; ter optado por uma "família" onde todos somos iguais e todos temos que respeitar as diferenças.
Ser Dominicana/o é ter aceite ser pobre porque desprendido, livre, obediente e casto mas, simultaneamente, rico de vida, de amor, de fraternidade.
Ser Dominicana, para mim em particular, é ter escolhido uma Ordem com a qual me identificava, pelos seus princípios democráticos, pela forma de aprofundar os conhecimentos , pela liberdade de expressão e pensamento, pela facilidade de diálogo, pela perspectiva de transmissão de dons.
Ser Dominicano é... tudo isto e muito mais.
                     Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Corações abertos


" Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações"

É impossível que o Senhor deixe de nos falar cada dia, dizendo-nos o Seu amor, fazendo o apelo para que O sigamos, chamando a atenção para o caminho que devemos percorrer...
É impossível deixar de O ouvir embora Ele bata de mansinho e não insista, não obrigue, não se imponha...
É impossível deixar de O ouvir; mas é possível fazer como se não O ouvíssemos, como se vivêssemos de coração fechado, indiferentes à voz que nos fala , mais atentos à voz do vento que nos impele ou ao murmúrio das ondas que nos atraem e nos envolvem.
Há demasiadas tentações na vida que nos solicitam: o dinheiro, o prazer, a glória, as vitórias fáceis...
Há imensas dúvidas e incertezas: a neurastenia, a ansiedade, a inquietação o trabalho...
Há os amigos e os que se fazem... As propostas aliciantes e as constatações dolorosas... os entusiasmos e as barreiras opressivas... as lutas e a paz...
Tudo isto nos afasta, por vezes, do único e verdadeiro fim: Deus.
Não deixemos que as circunstâncias afectem e mudem aquilo que o Pai deseja  para nós: a Alegria, a Felicidade, o Amor, a certeza de que somos Seus filhos  e Ele nos Ama.
Não permitamos que os contratempos ofusquem o caminho que Deus traçou para nós e que nós aceitámos percorrer na fidelidade e na graça.
        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
                           


terça-feira, 16 de julho de 2013

Nossa Senhora do Carmo

!6 de Julho. Mais uma festa em que veneramos Nossa Senhora, com uma nova designação - Nossa Senhora do Carmo.
Foi no sec. XII que um pequeno grupo de eremitas escolheu o Monte Carmelo para se estabelecer e começar a sua vida de oração e contemplação. Mais tarde, ali nasceu a inspiração para se fundar uma Ordem contemplativa sob o patrocínio da Virgem Maria Mãe de Deus.
Mas este monte Carmelo não foi assim escolhido tão por acaso. Foi lá que o profeta Elias defendeu a pureza da Fé de Israel ao Deus vivo.
E Nossa Senhora, qualquer que seja o nome porque a conhecemos e a veneramos é sempre a mãe de Deus e a nossa mãe, aquela a quem Jesus, do alto da cruz, entregou o seu discípulo João, dizendo que ele era o seu filho e ela a sua mãe.
Não deixemos chegar este dia ao fim sem termos tido, em sua honra, um acto de louvor, sem termos dito uma palavra de agradecimento, sem termos lembrado o amigo que confia em nós.
                                             Ir.M.Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 


sábado, 13 de julho de 2013

O ambiente que nos influencia


O tempo está a fazer jus à afirmação de Luis de Camões quanto ao mundo ser todo feito de mudanças.Até as condições atmosféricas estão a dar o seu contributo a esta sábia afirmação do nosso poeta!... Ontem, sol, calor abrasador,alegria no ar; hoje, nevoeiro, tristeza, chuva, talvez trovoada...
Assim também os homens: ontem, vivendo sem preocupações, como se tudo lhes pertencesse e todo o futuro se desenhasse risonho; hoje, mergulhado na preocupação, na doença, na incerteza.
Só Deus permanece imutável. Presente nas nossas vidas, atento às nossas necessidades, chamando-nos das preocupações e incertezas...
As vezes andamos esquecidos, ausentes. Procuramos as respostas apenas nos acontecimentos e não nos lembramos que Deus está aqui, connosco. Só Ele tem as respostas de que necessitamos. Só Ele é Pai de misericórdia e de amor. Só Ele nos deu uma mãe que é a Sua mãe e de que hoje se festeja, em Fátima, mais uma das suas aparições aos pastorinhos
 Maria, que é mais uma razão de esperança e de conforto.A ela podemos e devemos recorrer pedindo-lhe que interceda por nós e não nos deixe ser movidos pelo tempo e os acontecimentos.
                   Ir. maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Surpresas


Hoje estou em Lisboa e, como de costume, dirigi-me à minha igreja de estimação , a basílica da Estrela.Ia à Missa do meio dia mas, de propósito, fui um bocadinho mais cedo. Queria tentar pôr em dia a minha conversa com Jesus.
Ajoelhei-me naqueles velhos bancos, conhecidos de há muito, e esperei pela Missa, enquanto apresentava  ao Deus meu pai  inquietações e angústias, dúvidas e certezas.
O tempo passou . Quando era meio dia e um quarto, resolvi ir à sacristia perguntar a que horas era a Missa do meio dia. Desisti! e continuei esperando calmamente. Não tinha ninguém à minha espera...
Um quarto de hora depois, apareceu um dos acólitos para pedir desculpa e explicar que não havia Missa porque o sr, padre tinha ficado retido no hospital, com um problema inadiável.
Fiquei estarrecida. Nunca me tinha acontecido tal coisa ali na estrela: um problema, um padre ocupado, ninguém para o substituir,,,
De facto, tudo acontece, Tudo muda.
Não nos podemos admirar que no Ramalhão também haja modificações e tudo vá ser diferente.
"O mundo é feito de mudanças" diz Camões e essas, afectam tudo e todos , incluindo o nosso Colégio.
No próximo ano, vamos ter uma parceria com o Colégio de S. Tomás de Lisboa, que trará para o Ramalhão uma direcção global, com a sua maneira de ver e de actuar. Mudanças, claro!
Mas os professores são os nossos e nós cá estaremos, como sempre.
O Ramalhão continua a ser o Colégio de todos nós. E os pais, bem o disseram...
                                     Ir.Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 

domingo, 7 de julho de 2013

Esaú ou Jacob


Voltei a reler o texto do livro do Génesis que constituiu a 1ª leitura da missa de ontem. É um texto que sempre me fez impressão pela quantidade de dúvidas que suscita e de problemas que apresenta, na situação que descreve.
Primeiro, aquela mãe , que não se importa de enganar o marido e induz o filho mais novo a trair o irmão mais velho. Depois, o rapaz  que, talvez seduzido pelo  poder, pelos bens, condicionado pela palavra da mãe, sabemos lá porquê!... participa em toda aquele encenação que lhe permite tomar o lugar do irmão mais velho. Por fim, o pai, inocente de toda esta conspiração , incapaz de se aperceber dela,  participa sem dar por isso.
E, no meio de todo este golpe de teatro, Deus que, "impávido e sereno" deixa que tudo aconteça. São os Seus desígnios ou os planos dos homens?
Parece estranho, mas não é. É que Deus não intervem na acção dos Homens. Deus convida, ilumina, inspira mas deu-nos a liberdade de escolha, de opção entre fazer o Bem ou seguir o caminho do erro. Em todas as circunstâncias  e sempre, o Homem é senhor das suas acções e livre da fazer as suas opções.Foi para isso que Deus lhe deu a liberdade. Deus não impõe, não obriga; apenas mostra, convida, ensina. E fala ao nosso coração e à nossa inteligência. E nós, se pararmos para reflectir, somos capazes de distinguir o certo do errado. E até somos convidados a arrepiar caminho e recomeçar.
Jacob recebeu uma missão e uma bênção que não lhe eram destinadas. Não sabemos como se sentiu depois. Mas nós, somos capazes de perceber as consequências dos erros que cometemos ou do bem que deixámos de fazer. Tenhamos a coragem de voltar atrás e recomeçar.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A responsabilidade da Amizade

Hoje de manhã ouvi na rádio um comentário sobre a Amizade que me chamou a atenção.
Entre conflitos políticos, crise económica, instabilidade social, etc.,etc. até parece estranho falar de amizade.
Mas não é! Até porque é precisamente nos momentos difíceis, nas incertezas, nas dúvidas, que devemos poder contar com os Amigos. 
Eles são o ombro acolhedor em que nos podemos refugiar para chorar, os olhos que riem com as nossas alegrias; eles têm a palavra certa no momento oportuno, o conselho adequado à decisão a tomar.
E depois... dizia o comentador... os verdadeiros amigos entendem-se mesmo sem palavras , não quebram a relação quando a distância os separa e não se afastam quando as ideias são antagónicas ou os interesses divergentes.
Ser Amigo é um dom e uma responsabilidade; ter Amigos é uma graça. Porque... os Amigos não julgam, não condenam. Antes, apoiam, aconselham, corrigem, desculpam.
Às vezes fazem perguntas indiscretas; outras vezes, deixam-nas por fazer. Mas sempre estão atentos, presentes, disponíveis.
A Amizade é uma forma de relação de que até Jesus nos deu testemunho. Ele amava Maria, Marta e Lázaro de maneira especial . A Amizade alimenta-se na oração, na partilha, na confiança, na inter-ajuda.
Outro dia, numa revista que me caiu nas mãos , dizia-se que "ter amigos é como possuir um canteiro de flores que se abrem para nós cada manhã".
Esta é uma definição poética das amizades puras e simples que se oferecem, como as flores nos canteiros.
Eu, que não sou poeta, limito-me a dizer ao Senhor: "Obrigada pelos Amigos que me deste. Olha por eles. Ajuda-me a merecê-los".
                                    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


terça-feira, 2 de julho de 2013

Silêncio que é festa

" E um grande silêncio estendeu-se sobre a Terra"
Isto é tema de Semana Santa, mas foi o que me veio à ideia quando me  levantei  hoje. Um imenso silêncio  invadia  a   casa e  os terrenos que a rodeiam. Nem pássaros nem pessoas nem sequer o ruído dos carros na estrada.
 Silêncio!
Talvez por causa do nevoeiro que envolve tudo como um manto e apaga os barulhos.
Dentro de casa também tudo silencioso e, as janelas fechadas por causa do calor, aumentam esta sensação ao mesmo tempo de esmagamento e de alívio.
Resolvi descer até à capela pequenina, a dos alunos como lhe chamamos, e parar.
O silêncio convida à reflexão; é uma maneira de descermos até ao fundo de nós mesmos e aferirmos das nossas coerências e infidelidades.
E hoje é para mim, dia de reflexão. Faz anos que tomei Hábito e iniciei esta caminhada que me trouxe até aqui. Há que rever!... É tão fácil esquecermo-nos dos nossos compromissos... porque  nos deixamos encher de trabalho, porque nos aborrecemos com o que os outros dizem ou fazem, porque não estamos satisfeitos connosco próprios, porque os projectos de Deus "estragam" os nossos projectos, porque nem sempre entendemos e aproveitamos os dons que Deus põe à nossa disposição.
Por isso, às vezes temos medo de parar e nos confrontarmos connosco,  com os nossos sims e os nossos nãos.
Mas tudo isto são dons, são graças; são a felicidade de poder recomeçar.
E é hoje que o tenho que fazer!...
                    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.




segunda-feira, 1 de julho de 2013

Pessoas conhecidas e desconhecidas

A história da humanidade está repleta de acontecimentos e nomes que nos enchem de alegria, de reconhecimento e, porque não?... de orgulho.
Neste segundo milénio da nossa história continua a haver nomes que nos impressionam pela sua grandeza: são missionários, santos, cientistas, escritores, poetas, filósofos, mártires.
Cada um no seu campo se distinguiu pelo que foi, pelo que fez. Alguns nomes são bem conhecidos e fazem parte do nosso imaginário. Outros, passaram sem que soubéssemos algo da sua história ou do seu trabalho.
Ninguém desconhece o nome do inventor do computador, que todos usamos ou da máquina a vapor que foi a base da revolução industrial... Toda a gente sabe quem foi o primeiro homem a chegar à lua ou conhece as músicas de Paul Anka...São nomes demasiado conhecidos os de Camões ou Vasco da Gama...
E Madame Curie, Pasteur ou Edith Stein fazem parte do nosso album de conhecimentos?
E Mary Leakey, sabemos quem é, o que fez, em que área da Ciência se distinguiu?
Foi há cem anos que nasceu em Londres. O seu pai era pintor e viajava pelo mundo . Ela acompanhava-o e assim desenvolveu o gosto pela aventura. Interessou-se muito pela pré-história . Com as suas escavações e viagens, descobriu um grande número de ferramentas desta época, fazia as ilustrações do material encontrado e criou mesmo o 1º sistema de classificação.
De formação e prática era arqueóloga e antropóloga, tendo descoberto o primeiro fóssil  do Proconsul, Antropoide primitivo , um género de Primatas que viveu no Mioceno Africano de 14 a 18 milhões de anos atrás.
Estudou em Londres no University College, casou com Louis Bazett Leakey para o qual fazia ilustrações dos seus achados.
Morreu no Quénia, aos 83 anos, tendo sido uma paleo-antropóloga de renome.