segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Poesia

 Viver
É crer nalguma coisa:
é sonhar com algo de belo e de grande.
é acreditar,
é ter esperança de que àmanhã será melhor.

Viver
é nunca desesperar:
é cada dia recomeçar,
é cada dia crescer,
é ser cada dia melhor,
é a cada momento sorrir!

Viver
é gastar a vida por uma causa:
é estar acordado para a realidade presente,
é ser homem simplesmente!

Viver
é nunca descansar enquanto no mundo houver ódio:
é lutar por um ideal,
é nunca nos darmos por vencidos,
é ser cada dia, unicamente, jovem!

Viver
é dar-nos generosamente ao mundo!
Viver, Viver, é Amar

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Acontecimentos

Ontem tive a oportunidade e a alegria de assistir à apresentação dum novo livro, apresentação essa feita no auditório da Ordem dos Médicos. Claro que não foi por acaso que fui convidada, nem por acaso que a apresentação se fez naquele lugar. É que o livro conta a história dum médico conhecido e grande médico - o dr. António Gentil Martins. Era portanto muito a propósito a apresentação ser feita num local a que ele pertence e de que foi mesmo figura iminente.
O título do livro é apelativo " Ser bom aluno não basta" . Para mim, que fui professora "de corpo e alma" , este título diz-me muito porque são verdades que eu defendo.. É preciso possuir valores, ter convicções pelas quais se luta, defender princípios em que se acredita. É tudo isso que faz o homem, mais do que ser apenas bom aluno. E essas são as verdades do personagem do livro .
Mas, houve outras razões para eu estar presente : Quem escreveu o livro, depois de horas de conversa e troca de impressões, foi uma ex-aluna do Colégio, hoje jornalista - a Marta Reis. E a responsável pela edição, outra relação muito querida, que foi professora aqui no Ramalhão - a Cristina Ovídio.
Foi uma tarde muito rica. Aliás foi a Cristina quem fez as explicações necessárias, no seu estilo poético de quem gosta e sabe de Português.
A Marta, igual a si mesma, simples, discreta, contou como tudo tinha acontecido e o prazer que lhe dera escrever este livro e conhecer a história deste homem que fica para a História da medicina em Portugal.
Depois, o professor Adriano Moreira, com a sua graça e a sua maneira de expôr, muito próprias, falou do homem, do amigo, dos seus valores, das suas convicções e do seu trabalho, das histórias que o livro relata e que o entusiasmaram e comoveram.
A sessão acabou com o protagonista da história a agradecer a todos e a cada um e a justificar o trabalho, as alegrias e dificuldades.
Agora, tenho em cima da secretária, uma história autografada que é uma vida e me torna presente uma panóplia de amigos e acontecimentos.
"Ser bom aluno não chega" ...
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Venturas e desventuras de viagens

Sair de viagem com um grupo de alunos, sejam eles pequenos ou grandes, é sempre uma aventura.
Os mais novos porque requerem cuidados especiais: estar atentos a que não percam nada, preparar a refeição, ver se comeram, estar presentes ao deitar e ao levantar, fazer as mais insignificantes recomendações.
Com os mais velhos os problemas são outros: as saídas à noite, as trocas de números de telefone, a algazarra nos quartos... Mas é sempre bom e ganha-se mais do que se imagina.
Um ano resolvemos ir à Disneyland Paris com um grande grupo. Éramos oitenta ao todo embora dez ou doze fossem professores.
À ida é sempre a mesma coisa: encontro no aeroporto às sete da manhã, porque a partida é às nove. Mas porque a pontualidade não é o forte desta gente jovem ( e desconfio que nem dos pais...) sempre tem alguém que ficar à porta até ao último momento. Geralmente o sr. Eliseu, o nosso guia de sempre. Entretanto, grande excitação nos que já estão e ansiedade pelos que faltam. No fim, sempre estamos todos.
Depois, a viagem de avião é uma festa.  Para muitos é o seu baptismo de voo. Até dá direito a ir ver dirigir o avião... Mas a chegada é o deslumbramento, o encontro com o sonho e a magia: Um hotel do Far west americano, empregados que parecem cow boys, decoração com cavalos, cordas e afins... E depois, um palácio de sonho e o contacto com as figuras dos filmes da Disney.
São dois dias e meio de experiências inesquecíveis. Não há cansaço que chegue nem aborrecimento que incomode.
Andam em tudo, assistem a todos os espectáculos, entram em todas as exposições, deliciam-se com a parada.
Habitualmente tudo corre bem.
Almoça-se no parque em qualquer restaurante temático e janta-se no hotel, um menu ao gosto de cada um.
O regresso, ao fim da tarde, é feito em camioneta que nos vai buscar ao hotel, a hora prèviamente combinada e nos deixa no aeroporto.
Só que desta vez, tivemos um pequeno, grande, percalço. Seis participantes, felizmente adultos, tinham partida de um outro local de embarque e, depois de nos deixar, o motorista recusou-se a conduzi-los, pois havia manifestações ou acidente ou não sei o quê.
E nós, calmamente na ignorância... Só soubemos no fim, quando eles chegaram meio-mortos, exaustos, ofegantes, angustiados. Tinham tido que vir a pé e até correram pela pista dos aviões, com as malas às costas. Mas, apanharam o avião.
São aventuras duma aventura que fica na lembrança e depois se conta com graça e emoção.
Tudo é bom quando acaba bem. E ir à Disney era uma aventura que se repetia todos os anos, com mais ou menos alunos, mais novos ou mais crescidos.
                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Eis o Outono


Começa hoje , oficialmente, o Outono.
Há humidade no ar, as folhas começam a cair, o vento leve sopra aos ouvidos, parecendo murmurar que a vida é como as estações do ano. Todas diferentes, todas com o seu encanto peculiar.
Nas janelas, pingos de chuva que lembram lágrimas choradas num adeus ao Verão que acabou.
De vez em quando um raio de sol para nos mostrar que, mesmo encoberto, ele está lá e nos acaricia.
Prestemos homenagem ao Outono que é início duma nova etapa e prenúncio duma nova vida.
                                           Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A espera

"Quem espera desespera" diz um velho ditado popular e, realmente muitas vezes parece que é assim .
Desespera o peão que aguarda pelo transporte; desespera o professor que espera colocação; desespera o amigo que anseia por notícias; desespera o aluno ansioso pelas notas; desespera o doente que nunca mais vê a hora de ser chamado para que o médico o atenda ; desesperam empresários e proprietários que não conseguem "dar a volta " à crise. E, pelos vistos, desesperam agora, advogados e afins com um Citius que não quer funcionar...
A espera, sem hora e sem dia, cria angústia, ansiedade, inquietação. Não saber o como nem o quando ou por quê, é motivo para um certo estado de interrogação , de dúvida. E então para quem não gosta de esperar e detesta imprevisíveis...
Mas nem sempre a espera tem que se tornar desespero. Afinal, que ganhamos nós com isso mais do que uma perda inútil de energia, um certo estado de má disposição que habitualmente acaba abatendo-se sobre os que não têm culpa nenhuma?
Podemos preencher a espera com esperança, encher o espaço e o tempo e, simultâneamente ocupar a mente com imaginação, com alegria, com sonhos.
" O sonho comanda a vida " diz o poeta, e podemos sonhar com um futuro pelo qual lutamos, com uma vida cheia que procuramos preencher, momento a momento  , dia após dia. Construir uma vida , em plenitude, em correspondência a um plano que aceitámos, vindo de Deus. Um projecto que pressupõe empenhamento, esforço mas também sonho.
Os homens ao longo dos tempos esperaram, mais ou menos pacientemente, a vinda do Messias, o Mestre, o Filho de Deus que, no fim, muitos ainda ignoram.
Mas, S. Pedro chama-nos a atenção para esta situação de espectativa:
"A paciente espera de Jesus é a oportunidade para alcançar a salvação".
Eis a lição!
Logo, nada de desesperos nestas pequenas esperas que a vida nos proporciona ou impõe.
    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P. 

domingo, 21 de setembro de 2014

Martírio - realidade e formas

Ontem a Igreja celebrou a memória dos Mártires da Coreia. Eram muitos mas, curiosamente, apenas um era sacerdote. Os outros , simples fiéis que seguiam a Palavra de Jesus Cristo e por Ele deram a vida.
E mais curioso ainda é que a difusão da Fé na Ásia não  começou por acção dos missionários. Estes, só chegaram depois, Foi pelo interesse pela Verdade dum grupo de intelectuais e pelo entusiasmo do povo que a Fé se difundiu.Estes interessados  encarregaram um jovem Coreano, a viver na China, de se instruír sobre esta Verdade que os intrigava. Ele assim fez, e acabou por se converter , foi Baptizado pelo Bispo de Pequim e veio ser o primeiro apóstolo de Jesus Cristo na Coreia.
Esta memória dos Mártires da Coreia, que são relativamente recentes (sec. XVIII)  e não dos primeiros séculos do Cristianismo, fez-me lembrar uma homilia de há umas semanas e a pergunta que nela era feita: " Afinal por quê ou por quem estamos nós dispostos a dar a vida?"
Estes, deram a vida por Cristo e pela sua Fé e com o seu sangue escreveram as primeiras páginas da História da Igreja na sua terra.
Outros, noutros pontos do mundo , têm dado a vida pelo mesmo Senhor, que os chamou e a quem eles ofereceram todo o seu entusiasmo e a sua dedicação
Todos eles encarnaram as palavras de S. Paulo aos Romanos : " Quem nos pode separar do amor de Cristo?" E por isso, a vitória dos mártires continua a dar frutos na Coreia e em todo o mundo.
Mas Deus não pede a todos nem à maioria para sacrificar assim a vida, como testemunho da sua Fé. Há outras formas de responder ao apelo de Cristo " se queres ser meu discípulo, toma a tua cruz e segue-me" .A nossa cruz, dos pequeninos sims ou das grandes renúncias; da disponibilidade para deixar projectos queridos ou assumir tarefas ingratas...
Outro dia impressionou-me a notícia daquele casal que deixou tudo e partiu para África como voluntário, pôr ao serviço das populações locais o seu saber, o seu trabalho, a sua generosidade.
Não será outra forma de cruz, de martírio, de querer tornar mais suave aquela Cruz mortificante e gloriosa , assumida por Cristo para salvação de todos os homens?
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 20 de setembro de 2014

Aniversários

Esta quinzena é um período de grandes festas para ex- professores do Ramalhão. Há vários que fazem anos e que não podemos esquecer, apesar de já não trabalharem aqui.
Hoje, por exemplo, é dia de anos duma professora de Português que esteve no Colégio vários anos e de que todos gostávamos muito. Pequenina, com uma aparência frágil, uma voz simpática e agradável, mas com uma personalidade definida e uma vontade criteriosa.
A semana passada, outra professora, esta de Geografia, fez igualmente anos. Como presença, são o antítese uma da outra. Esta é "grande", com uma voz potente, um querer estruturado, ideias bem concebidas. Os seus conselhos são ordens mas não mete mede. Era igualmente estimada e apreciada.
Para a semana, mais duas festas de anos. Primeiro, a professora de Alemão, com o seu ar trocista e um pouco brincalhão. Foi aluna, professora, mãe de alunos. Recordada com carinho e amizade porque as suas aulas e os seus conselhos e opiniões estão na mente de todos. E por último um professor. A sua especialidade são Artes mas no Colégio dedicava-se à técnica informática e a sua presença, sempre discreta, era requerida para todas e qualquer dificuldade a nível de computadores.
É assim a vida. Os tempos mudam; as pessoas passam mas as recordações ficam.
É assim, feita de mudanças, de recordações, de novos ventos e de velhos princípios, a história do Ramalhão:
                                  Uma história...
                                  Uma caminhada...
                                  Um projecto...
                      A pensar nos jovens.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Festas

Começaram no dia 13 deste mês de Setembro as festividades, religiosas e profanas, em honra de Nossa Senhora do Cabo Espichel. De 25 em 25 anos a imagem de Nossa Senhora regressa aqui, à paróquia de S. Pedro, onde permanece por doze meses. Depois, com as honras da entrada, segue para outra paróquia aqui do concelho de Sintra, e assim sucessivamente até as ter percorrido todas. 
Durante vários dias, após a chegada de N. Srª, há celebrações, conferências, concertos mas claro! também arraial, "comes e bebes", actividades várias,como não podia deixar de ser.
Temos, portanto, Nossa Senhora aqui, na nossa igreja paroquial.
Nossa Senhora do Cabo Espichel!
Mais uma designação para a mãe que Deus escolheu para o Seu Filho . A mesma que Jesus nos destinou para nossa mãe.
A devoção a esta imagem de Nossa Senhora começou com a visão de um pastor, há mais de setecentos anos. Disse ele que tinha visto uma grande luz sobre o cabo e depois Nossa Senhora a subir a escarpa montada numa mula.
É a lenda mas a devoção mantem-se e naquele lugar foi, no sec. XIV, erigida uma ermida - a Ermida da Memória - na qual ficava guardada a imagem. Depois, levantaram-se instalações para os peregrinos e finalmente construiu-se o Santuário.
Esta designação de Nossa Senhora do Cabo é mais uma das que os homens usam para relacionar com situações ou necessidades: Nossa Senhora das Graças, da Piedade, do Socorro, do Mar, dos Navegantes, das Dores, dos Remédios, da Nazaré, da Conceição... Que sei eu!
Mas todas e cada uma são a mesma Senhora que nos ensinou a dizer Sim , perante um convite que surpreende; que nos incentivou a ficar de pé mesmo perante as dificuldades, acompanhando as dores.
Esta N. Srª do Cabo Espichel vai ficar aqui na nossa capela, àmanhã. Vem visitar-nos, trazer-nos a sua Graça, acolher os nossos pedidos, ouvir os nossos louvores. Junto dela recitaremos o Rosário, a oração grata aos Dominicanos e do agrado de Maria, a Senhora do Rosário, que em Fátima pediu esta devoção para conversão dos pecadores e o fim da guerra.
Connosco estarão todos os que quiserem vir até ao Ramalhão para acompanhar Maria.
             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Luz

Senhor, perante mim há uma vela
Arde intranquila às vezes com uma chama pequena,
outras com uma chama grande.
Senhor, também eu estou muitas vezes intranquilo
Oxalá encontre a tranquilidade em Ti.

Ela oferece-me luz e calor
Senhor, oxalá também eu me converta
numa luz para o mundo.

A vela derrete em seu serviço.
Senhor, oxalá que eu me transforme
num /a servidor/a para o mundo.

Com esta vela posso acender outras velas
Senhor, que eu possa assim contribuir
para que outras se iluminem.

Vienna International Religious centre





segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Natividade de Maria

Hoje a Igreja comemora uma das festas de Nossa Senhora - o seu nascimento.
É festa na Igreja, como não podia deixar de ser. Celebramos o nascimento daquela que, desde sempre, se preparou para a resposta ao apelo de Deus " Eis aqui a serva do Senhor".
Foi um Sim voluntário e livre, o mesmo que cada um de nós pode dar , se quiser ser fiel à sedução que Deus dirige a cada homem : Queres?
Para mim é também um dia especial de festa, um dia de celebração, entre mim e o Pai.
É que faz anos, muitos... que fiz a minha Profissão religiosa. 
Foi aqui, no Ramalhão, nesta mesma capela que é a nossa, na presença duma comunidade que não é a actual mas é como se fosse. Irmãs minhas que para mim cantaram o Magnificat de Galineau que nunca mais esqueci e que tento ouvir cada dia 8 de Setembro.
Lembro-me como se fosse hoje.
Havia pouco mais de ano e meio que deixara a minha casa, a minha família, os meus amigos, a minha vida de estudante universitária.
Fui acolhida com carinho e introduzida num meio muito diferente daquele em que vivera vinte e um anos. Até porque eu estava habituada a ser independente e era voluntariosa. Duas "virtudes" achava eu, de que tive que me ir desabituando.
Não me arrependo. Não lamento nada nem coisa nenhuma. Sou feliz hoje como estava nesse dia.
Ontem, num espaço de reflexão que impus a mim mesma, tentei preparar-me para fazer , interiormente, a minha oferta: Eis-me aqui , Senhor, neste dia em que festejamos a Mãe que nos ensinou a dizer o sim, mesmo quando não se entende nem se deseja.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, OP


sábado, 6 de setembro de 2014

Chuva!...

Manhã nublada, sol encoberto, chuva miudinha, por vezes  mais agressiva, tempo ameno mas repleto de humidade.
Tudo a lembrar que o Outono vai chegar. Ou, já chegou ,neste ano de estações  um pouco transtornadas.
A chuva lava caminhos, folhas sujas do Verão, telhados empoeirados. Anima as flores dos canteiros  e leva com ela as inquietações, as dúvidas, as incertezas.
Mas, ao mesmo tempo, cria uma certa melancolia, uma certa angústia no coração daqueles que olham pela janela e não encontram respostas nesta cortina húmida e sombria.
São as crianças que, despreocupadas, gostam da chuva, de a acolher como uma bênção , apreciam deixar-se molhar como se fosse um banho de graça. 
Os adultos olham a chuva e levantam outras questões...
Mas o Outono é lindo com as folhas secas espalhadas pelo chão, folhas que cantam quando as pisamos. Lembro-me da minha infância, quando brincava no jardim  e me divertia a pisar as folhas para ouvir o seu cantar. Ou seria o seu lamento?
Hoje, procuro não pisar as folhas secas porque elas  também têm uma história de vida para contar, uma história que ninguém certamente quer ouvir mas que elas vão guardar, como nós guardamos os nossos sonhos, as nossas esperanças, as nossas alegrias mais profundas.
Contemplemos a chuva e pensemos que cada estação do ano é como cada etapa da nossa vida que necessitamos viver de coração aberto, cheio de confiança e amor para dar.
         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Olhar a paz com os olhos das crianças

Todos nós queremos e suspiramos pela paz mas, ao ouvir os noticiários, ficamos em dúvida se estaremos a lutar pela paz. É que a toda a hora eles nos falam de guerra, de conflitos, de perseguições, de mortes.
É a Rússia e a Ucrânia, a Palestina e Israel, o Iraque e a Síria... Um conflito que pode não ficar confinado ao Médio Oriente, muito embora tentemos pensar que sim. É que a maioria das populações actuais não recordam o que aconteceu há 75 anos!
Depois, menos preocupante talvez mas igualmente inqualificável, gente que assalta, que ataca, que mata, numa febre de destruição, de revolta, de vandalismo.
E, como se tudo isso fosse pouco para encher noticiários, poucos são os dias em que não se fala de crianças que vão parar ao hospital ou que morreram devido a maus tratos.
E coisa espantosa! São os próprios pais ou os que estão no  lugar deles que assim procedem, descarregando sobre inocentes não sei se a fúria, se a frustração, se as incapacidades reconhecidas.
E esta situação que tem levado tantas crianças ao hospital e terminado com a vida de algumas, deve-se a quê?
À crise? A situações económicas adversas? Acho que não. Antes, penso estar aqui em causa problemas de alcool, de droga, uma educação deficiente, questões de realização pessoal, situações sentimentais e afectivas, que sei eu...
Mas perante estas crianças injustamente tratadas, não posso deixar de pensar naquele episódio do Evangelho em que crianças se tentavam aproximar de Jesus e que os apóstolos procuravam repelir. Qual foi a reacção de Jesus? Como repreendeu Ele os Apóstolos?
"Deixai vir a Mim as criancinhas..." 
Deixai-as vir, elas que  são simples, sinceras, inocentes. Deixai-as vir, elas que não têm maldade, que não conhecem o ódio, que são confiantes e crédulas.
E esta é também uma recomendação para os adultos , aqueles que querem a paz mas já perderam a Fé e a confiança. " Sede como crianças para poderes entrar no Reino dos céus e trabalhardes pela paz."
Cada passo que damos para nos tornarmos como crianças, é um passo que nos aproxima dos nossos grandes objectivos.
Ir. maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

guerra e paz


" Dou-vos a Paz; deixo-vos a minha Paz" São palavras de Jesus que falam aos nossos corações.
No entanto ,é de guerra que hoje nos recordamos . Faz 75 anos que teve início a Segunda Grande Guerra, com um ataque do Reino Unido à Alemanha.
Milhares de mortos, destruições em massa, muito dinheiro gasto... muitos traumatismos instalados...
Mas já vinte e dois anos antes Nossa Senhora anunciara o fim da Primeira Grande Guerra mas pedira a conversão dos homens, para que não houvesse outra pior.
Onde estavam os nossos ouvidos? Por onde andavam os nossos corações?
E em que estamos pensando enquanto o leste da Europa se  confronta e pode arrastar o resto da Europa?
Que a nossa Fé se mantenha acesa e a nossa oração insistente.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Respostas difíceis

A homilia da Missa de ontem, dum sacerdote nosso amigo deixou-me, e deve deixar a quem a ouviu, uma certa inquietação, porque nos levanta questões muito sérias.
Depois de explanar as ideias do Evangelho de S. Mateus com todo o dramatismo que o mesmo apresenta, uma vez que Jesus fala na perspectiva da Sua morte, é-nos apresentado o convite que Ele nos faz de O seguimos, transportando a nossa cruz. E esta cruz é a luta interior entre as aspirações que se nos impõem e a felicidade que encontramos na obediência  à vontade do Pai. Até aqui, tudo bem, com uma grande interioridade e matéria para reflexão.
Só que a homilia terminou com uma questão que é consequência de tudo o resto mas se sobrepõe a ele: " Afinal por quê ou por quem estamos nós dispostos a perder a vida?"
Grande pergunta e difícil resposta.
Para começar, estamos dispostos a morrer, mesmo que seja só às nossas aspirações imediatas, às nossas satisfações pessoais, aos nossos desejos de alegria e felicidade?
E se estamos, fazêmo-lo por quem? Por nós próprios? Pelos que nos reconhecem valor? Pelos que desejávamos que nos apreciassem?
Ou, em verdade, para remodelar a nossa vida, encontrar o caminho certo, deixar o supérfluo, o que nos pesa, o que nos impede de caminhar ligeiros ao encontro do Pai?
Grande homilia, grande pergunta, que deve  estar sempre presente no nosso espírito e no nosso coração:
" Afinal, por quê  ou por quem estamos nós dispostos a perder a vida?"
               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.