segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O dom

Jesus está rodeado de fariseus e doutores da Lei, homens que esperam um Messias, um pouco à sua maneira, pois não acreditam naquele que têm à sua frente.
Entretanto, chegam os que acreditam no Seu poder e na Sua misericórdia. E lutam para se aproximarem  d ´Ele; derrubam os entraves que os impedem; vencem as barreiras que parecem impedi-los de chegar junto do Mestre.
E Ele, diante da sua Fé, oferece-lhes, não o que eles esperam, mas simplesmente o perdão dos pecados. E é suficiente. e é  mesmo tudo. 
É que o perdão limpa o coração, torna-o capaz de ver o dom da Graça e dá-lhe a certeza da cura.
Abramos nós também o nosso coração e peçamos o perdão que nos torna capazes de acolher a Graça do Natal que vem.

domingo, 26 de novembro de 2017

Solenidade de Cristo Rei

Este dia,  habituámo-nos  a considera-lo como uma solenidade a Deus Rei do Universo. Nele, noutros tempos, se fazia o Juramento da Acção Católica. Nele, muitas vezes fizemos Profissão Religiosa. Nele, certos seminaristas faziam a sua Ordenação Sacerdotal. Tudo coisas sérias e solenes. Tudo apelos a que o Senhor, o Rei do mundo e das almas, nos chamava.
Solenidade de Cristo Rei. E vemo-Lo na Sua dignidade de Filho de Deus, na Sua importância de Rei e Senhor. Mas Ele quer mostrar-nos outra faceta e... 
Hoje, os textos da Eucaristia, falam-nos dum Jesus pastor, dum Mestre preocupado com os seus rebanhos, dum Guia que orienta e procura as suas ovelhas.
E não nos devemos admirar. Afinal, Jesus sempre se apresentou como o que trata, como o que chama, como o que acolhe. Como o que se preocupa com aqueles que o Pai lhe confiou.
Apenas diante de Pilatos aceita ser Rei mas para afirmar que o seu Reino não era deste mundo.
Tentemos pertencer a este rebanho; deixemo-nos guiar por este Pastor; orientemos as nossas vidas para podermos, depois, pertencer ao Reino eterno de Deus. Em cada momento aproveitemos da Misericórdis que o Senhor nos oferece.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Perdoar, como?

Quando lemos, no Evangelho, a história do servo que foi perdoado e não soube perdoar, há qualquer coisa que nos toca cá dentro, no coração e no cérebro. Algo que nos obriga a pensar.
Aquele homem não entendeu o que representava aquele perdão que lhe era concedido, gratuitamente, o que significava a condescendência que o senhor estava a ter para com ele. O servo apenas viu a dívida que não era preciso pagar, a família que não ia ser castigada, a prisão que não tinha que sofrer. O imediato.
Certamente ele não tinha a Fé , o discernimento, a confiança do centurião romano que acreditou que, para curar o seu criado, Jesus não precisava sequer de ir a sua casa. Bastava uma palavra. Afinal, a mesma palavra que Ele dirigiu ao devedor quando lhe disse que lhe perdoava as dívidas. Sempre a misericórdia feita dom.


terça-feira, 8 de agosto de 2017

Solenidade de S. Domingos

Domingos de Gusmão.
Foi jovem, estudante, sacerdote, cónego de Osma. Sempre, se preocupou com a pobreza; com os que não tinham pão e com aqueles que ignoravam a palavra de Deus. A uns e outros dava o que lhes faltava.
Um dia foi ao norte da Europa e lá confrontou-se com as heresias do seu tempo. Foi o despoletar do sonho. Homens e mulheres se converteram e o quiseram seguir. 
Enviou-os, dois a dois, a espalhar a Palavra do Senhor. Criou mosteiros e conventos e... fundou a Ordem dos Pregadores, que o Papa reconheceu.
Como Dominicana quero, pela oração e pelo estudo, espalhar junto dos que passam ao meu lado, a Verdade que é o Lema da nossa Ordem.
Que S. Domingos nos proteja e abençoe.
Ir. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Peixes bons e menos bons

O Evangelho ontem falava de rede lançada ao mar e de peixes que o pescador, sentado na areia, escolhia e separava.
Também nós, na vida, a temos cheia de projectos, planos, silêncios, contratempos, pausas, desejos...
O importante é que saibamos escolher o que podemos e devemos realizar. Não nos deixarmos envolver de tal maneira que não consigamos distinguir o importante e o necessário; não consigamos, sobretudo, saber qual o plano de Deus para nós, onde Ele se encontra nos objectivos que perseguimos.
Façamos um momento de pausa e consigamos entender quais os "peixes" bons que o Mestre vai guardar.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O mar e as férias

Estou sentada na areia olhando o mar, as ondas que chegam e que partem, a areia que fica molhada e penso. Penso nos que já tiveram férias, nos que ainda não tiveram, nos que não podem ter férias. E lembro... quando estamos ocupados, quando nos preenchemos com tanta coisa que julgamos ser de Deus, que nos esquecemos mesmo d´Ele.
E isso, não preenche a vida, não é aquilo que Deus quer de nós.
Que as férias sirvam para encher a nossa alma e para olhar o ontem sem mágoa ou inquietação e preparar o futuro em alegria e confiança.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Festas públicas

Não aprecio football nem sou fã de festivais da canção.
Mas, não posso deixar de me alegrar quando um clube, qualquer que ele seja, ganha o campeonato. E o mesmo quando Portugal, pela primeira vez, chega ao topo num festival da canção.
Uma coisa e outra significam empenhamento, trabalho, dedicação. Merecem ser felicitados.
Mas importante também é não esquecer que a fama é efémera e que, se o esforço não é continuado a glória esvai-se como o fumo.
Parabens aos Benfiquistas. Felicidades para o Salvador e sua irmã.
Que uns e outros continuem a lutar não pela fama mas pelo reconhecimento do seu esforço e do seu valor.
Ir. Maria Teresa sde Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 21 de maio de 2017

Fátima - papel da Fé

Foto de Santuário de Fátima.
No sábado 13 de Maio, os portugueses e não só, viveram um grande dia: Centenário das aparições, canonização dos pastorinhos,visita do Papa. Isto, para falar apenas dos acontecimentos em Fátima...
A população, reunida no santuário, saudou com entusiasmo e comoção cada um dos acontecimentos, ao mesmo tempo que dirigia à Mãe do Céu os seus pedidos e agradecimentos.
Tudo muito bem; tudo como estava planeado; tudo sem incidentes.
Centenas e centenas de notícias nos jornais, na internet, na rádio e na televisão. Dava para encher os corações...
Mas, por entre as notícias, vozes inquietantes: não foram aparições mas visões; as crianças foram "formatadas" para acreditarem e contarem essa história; a epopeia de Fátima e a vinda do Papa são questões económicas e políticas, etc....
No meio de tudo isto, apeteceu-me parar para pensar. E perguntei-me:
Então, o que traz, o que trouxe, durante cem anos, milhões de pessoas a Fátima ? O que acontece lá para que elas vão bem diferentes do que chegaram? O que leva tanta gente a mudar de vida depois de ter vindo a Fátima?
Não quero saber de opiniões e contradições. Como disse o Papa, acredito que temos uma Mãe. Aliás, como duvidar se foi o próprio Jesus que, do alto da cruz, no-La ofereceu?
E acredito que , em Fátima, ela pediu, entre outras coisas, que rezassem o Rosário pela conversão dos pecadores. O Rosário, uma oração muito simples e já conhecida  desde que, 800 anos antes, S. Domingos espalhou a sua devoção pelo mundo. E a inspiração veio-lhe de Maria "a Senhora mais brilhante que o sol" e que disse aos pastorinhos ser a Senhora do Rosário.
Fátima, Maria, o Rosário e S. Domingos... Como separá-los?
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


sábado, 20 de maio de 2017

O papel da rádio

A Rádio Renascença fez 80 anos. Passou por vicissitudes, dificuldades, contratempos... Mas aquilo que começou por ser o sonho dum sacerdote é hoje uma grande instituição que agrega mesmo 4 emissoras.
 A Rádio Renascença faz 80 anos e uma série de actividades têm vindo a marcar este acontecimento. Uma delas foi a abertura das suas portas, no dia da rádio, a todos aqueles que a quisessem conhecer.
Hesitei, mas acabei por ir e, integrada num grupo de 20 pessoas e guiada por uma das locutoras, visitei as instalações. Fiquei com uma ideia como os estúdios eram por dentro.
No entanto, fiquei um pouco frustrada. Gostaria de ter podido falar com as pessoas, fazer perguntas, ver como as emissões funcionavam e as notícias eram sabidas e seleccionadas.
De qualquer maneira, tive a noção do muito trabalho que exige uma qualquer emissão e como locutores, programadores, directores de programas e afins, têm que se documentar e estudar para serem rigorosos , verdadeiros e isentos. Saibamos dar-lhes o verdadeiro valor ao mesmo tempo que aproveitamos do seu trabalho, em prol da informação e do entretenimento.
Saibamos usar e defender a Rádio.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Ser Amigo

Falando outro dia com uma pessoa amiga, recordei velhos tempos, actividades realizadas, projectos concebidos. Sem querer, lembrei algumas daquelas pessoas que têm passado pela minha vida e a quem chamei de amigos: companheiros do tempo do Liceu, colegas da Faculdade, pessoas com quem trabalhei na Gulbenkian e no Colégio Militar, professores, funcionários e alunos aqui do Colégio...
São os "velhos amigos" de que fala uma canção dos meus tempos de juventude. Onde estão? Que é feito deles? Que sei de todos e de cada um? Alguns estão já na casa do Pai... Outros vão dando notícias... Doutros nada sei...
Velhos Amigos! Queridos Amigos! Seguimos caminhos diferentes, actividades distintas. A vida foi-nos separando.
Mas a Amizade não desaparece. Não se esvai nos caminhos do tempo. Ela é uma forma de Amor e portanto não desaparece. Resiste ao afastamento, aos interesses diferentes, às opiniões contraditórias, ao silêncio. Uma autêntica amizade é um dom. É um processo de apoio e de partilha, uma ajuda ao nosso crescimento na santidade.
Velho e novos Amigos... saibamos agradecê-los e cultivá-los
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Jesus e eu


Senhor Jesus, não te afastes, fica comigo. Dá-me esse Teu sorriso que apaga as minhas dúvidas. Diz-me que ficas com as minhas inquietações e aceitas os meus erros. Diz-me que o importante não são os erros: eles  ficaram no passado. O que Tu queres é que me liberte da vergonha de os ter cometido; ela, que me quer acompanhar no presente.
Aceita estas flores singelas que são o testemunho do futuro que procuro.
Senhor Jesus, eis-me aqui com o meu coração de criança.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

A dádiva da paz

Já passaram cinco dias desde a manhã da Ressurreição de Jesus. Mas, na tarde do primeiro dia da semana ,Jesus tinha aparecido aos discípulos.
Apareceu-lhes e ofereceu-lhes a paz.
Jesus não recriminou os discípulos pelo medo que sentiam; pela sua falta de Fé, pela sua inacção. Não! Simplesmente lhes deu a Sua Paz.
Paz que é perdão, que é libertação, partilha, entendimento, generosidade.
Paz que podemos entender como luta ao egoísmo, à procura de nós mesmos, à satisfação pessoal.
Paz que é fruto da Ressurreição e participação na Misericórdia, no amor de Deus.
Que a mensagem de paz que o Senhor nos deixou, dando-a aos seus discípulos,esteja operante em nós é o que temos que procurar. Talvez que construir.
Que a paz esteja no nosso coração.

Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

A força do encontro

Eram dois homens solitários, tristes, deprimidos. Iam a caminho de Emaús. Desiludidos, pois os seus sonhos tinham caído por terra.
De repente, junta-se a eles um terceiro indivíduo e começam a conversar. Ele parecia ignorar tudo o que tinha acontecido em Jerusalém mas explica-lhes as escrituras, enquanto vão andando.
Era quase noite e,por isso, convidam-no a ficar com eles naquela noite. Ele aceita e, ao partir do pão, maravilha! Reconhecem o Mestre. A alegria enche-lhes o coração. Ele desapareceu da sua vista mas a certeza da sua presença  não se dissipou. E isso, mudou tudo. Deixam a casa e voltam a Jerusalém para dar a notícia aos discípulos. Acabou-se a tristeza, a angústia, a desilusão, com aquele encontro com o Senhor.
Talvez seja o momento de pararmos e de nos perguntarmos: Quando nos encontrámos com Jesus? Que modificação se operou na nossa vida com esse encontro?
Ele continua lá e procura-nos... Temos,  pelo menos, que deixar que Ele nos encontre..

Ir. Maria Teresa de carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

A oitava

Continuamos a viver esta semana da Páscoa com os olhos postos nesse Jesus Ressuscitado. E lembramos que a Sua primeira aparição foi a uma mulher que, ainda por cima, não era nenhum exemplo de santidade - Maria Madalena. 
Mas foi um testemunho de Fé e de Amor. Por isso, foi encarregada de levar a Boa nova : "Vai dizer aos meus discípulos..."
E ela não fez discursos nem deu explicações. Limitou-se a fazer uma afirmação em que pôs toda a sua Fé: "Vi o Senhor..."
Se olharmos para o que aconteceu uns anos antes, encontramos outro acto de Fé . Aquela jovem a quem apareceu um anjo anunciando que ela ia ser a mãe do Salvador. E a resposta:" Eis aqui a escrava do Senhor..."
Olhando estas duas simples anotações podemos pensar como foi importante o papel da Mulher na construção da Igreja.
Hoje, também continuamos a ter um importante papel com a nossa presença, o nosso testemunho.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 15 de abril de 2017

O grande silêncio

"E um grande silêncio se estendeu sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão"
Desde ontem à tarde. Parece que tudo parou. A capela está deserta, as luzes apagadas, o sacrário vazio.
Apenas o crucifixo a lembrar a morte de Jesus. Mas Ele já lá não está. Foi descido da cruz, entregue a Sua Mãe e depositado num sepulcro vazio. À porta, uma grande pedra.
"Um grande silêncio e uma grande solidão..."
Durante vinte e quatro horas como que nos sentimos órfãos e esmagados pela cruz. Sim! É que Jesus não está mas a cruz permanece lá, à espera que a façamos nossa e, com Jesus, deixemos que ela faça parte do nosso dia-a-dia.
Olho a minha cruz vazia. Também ela tem um Cristo ausente à espera que seja eu que me ofereça para preencher este vazio.
Mais um sábado Santo. Mais uma sucessão de angústias, dores, interrogações. 
Mas logo, será a ressurreição. Que nos tenhamos preparado, através da paixão e da morte, para esta nova Vida, é o que o Senhor espera de nós.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.




sexta-feira, 14 de abril de 2017

A caminho do calvário

Sexta-feira Santa!
Jesus é julgado, condenado e levado até ao Calvário.
Já todos lemos, certamente, a descrição desta caminhada dolorosa; já vimos talvez,em filme, o que foi esse percurso difícil, sofrido, humilhante.
Mas quem já foi a Jerusalém e percorreu a Via Crucis, teve com certeza uma nova percepção.
Vai-se percorrendo aquelas vielas, parando em cada estação da Via Sacra, rezando e cantando. Olham-nos os turistas, que ali foram por curiosidade e a quem aquela cerimónia nada diz. Juntam-se a nós outros que compreendem o significado do que estamos a fazer. 
Mas o que impressiona é a atitude dos vendedores. Dum e doutro lado da rua, tendas onde pessoas  entram e saem , onde se apreciam mercadorias, onde se discutem preços.
Mas nós, continuamos, tentado ficar indiferentes à confusão que nos rodeia.
E chegamos ao Calvário.
Lá, dizemos que Cristo morreu por nós. Mas este "nós" parece desvalorizar o dom maravilhoso que nos foi feito, desvanecer a graça imensa dessa morte. É que Jesus morreu por mim, por ti, por cada um.
De joelhos, junto à cruz, ofereçamos também a nossa vida: a minha, a tua, a nossa... e aceitemos que Jesus disponha dela.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Recordando...

Foi há vários anos.
Tal como hoje era 5ªfeira Santa. Só que nesse dia, nesse ano, estava em Milão com um grupo de finalistas do colégio e seus professores.
Encontrávamo-nos no refeitório dos frades no Convento Dominicano de Santa Maria das Graças. Ao fundo, o extraordinário fresco de Leonardo da Vinci - a Última Ceia.
Muitos turistas. Mas todos, como nós, admirando aquela cena que parecia real. E o silêncio imperava. Certamente todos se sentiam, como nós, transportados àquela sala em que Jesus, num gesto supremo de Amor, deixava aos seus discípulos mas a todos nós também, o dom da sua presença real na Eucaristia.
E revivíamos o gesto magnífico de humildade ao lavar os pés aos 12. E também o anúncio chocante da traição dum deles. E, porque não, igualmente, a negação de Pedro e o seu arrependimento?
Tudo relembrado naquela hora. Momento único vivido diante daquele fresco, minutos que recordarei sempre e que quero tornar vida, nesta Tarde de Quinta feira Santa.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Em espera

Foram-se escoando lentamente os dias desta semana cheia de contradições.
Jesus retirou-se discretamente sabendo que "não tinha chegado ainda a sua hora".
.Mas são já dias de tristeza, de dor, de angústia:  "Pai, se quereis, afasta de mim este cálice. Mas que se faça a Tua vontade".
E essa vontade pressupõe humilhação, sofrimento, morte. 
E, durante estes dias "de espera" tudo isso vai passando pelos olhos de Jesus e atravessando o Seu coração. Podemos e devemos associar-nos a esta dor.
Mas, ao mesmo tempo, olhemos para a outra vertente dos acontecimentos e temos a certeza da Ressurreição e da presença de Jesus na Eucaristia.
São dias difíceis mas cheios.
Sentemo-nos diante do Sacrário, despidos de tudo o que impede as nossas relações com Deus. E, em Amor e com Amor, nesta longa espera que nos separa da Ressurreição, digamos o nosso Sim, aquele que pronunciámos no dia da nossa escolha e continuemos à espera dos alleluias pascais.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


segunda-feira, 3 de abril de 2017

Super moda

Ao ver um Dominicano /a envergando o seu Hábito branco podemos ser levados a perguntar: Por que o usam? Por costume, obrigação, defesa?...
Ou antes, porque o Hábito é um testemunho da vida que se escolheu, do projecto que se pretende realizar, da missão que nos foi confiada?...
Podíamos fazer um inquérito para saber das razões dos que o usa. Podíamos... mas não vale a pena  É que mesmo sem inquérito temos a certeza que os religiosos consideram o Hábito como um dom, uma graça, um testemunho a transmitir. Ele é o símbolo duma verdade, duma alegria, duma Fé a viver e a espalhar entre os homens. Não se pode comparar com qualquer outro vestuário até porque, para cada peça,há uma oração particular.
Túnica - Vesti-me, senhor com a veste nupcial da castidade para que me possa apresentar sem mancha diante do vosso tribunal
                                      Escapulário - Vesti-me ,Senhor com este escapulário e que ele me livre das chamas do Inferno e até das do purgatório
                                      Correia - Senhor Jesus que te fizeste obediente até à morte e morte de cruz dai-me o verdadeiro espírito de humildade
                                      Rosário -Ó Maria, refúgio dos pecadores, rogai por nós. Jesus fazei que eu tome a minha cruz , renuncie a mim mesma e vos siga
                                      Véu- Ponde, Senhor, sobre a minha cabeça o capacete da salvação e dai-me forças contra os vossos inimigos

sábado, 1 de abril de 2017

Questões com difícil solução

Quando temos ocasião de contactar com o que se passou, por exemplo na Polónia, quando da invasão russa,várias questões se nos põem  e se apresentam de difícil solução.
Por exemplo o problema da Fé. Como encarar o mal que não se deseja mas nos é imposto? Deus não quer o mal mas permite-o desde o momento que deu ao Homem a liberdade... Há que admitir esta verdade, o que nem sempre é fácil.
Outra questão é o problema da dor, nas suas várias facetas. A dor em abstracto e a dor daqueles que a sofrem. Como encará-la? como vivê-la, como ultrapassá-la? 
A dor não assumida é um drama que desgasta a alma.
Ainda podemos pensar no conflito entre  um compromisso feito e o problema da defesa da vida.
As soluções, que às vezes encontramos, chocam com direitos e deveres, com compromissos e até com problemas de Fé. E a tudo isto, soma-se ainda a questão do remorso que pode  levar mesmo ao desespero.
Mas o mal, a dor, o remorso, são questões que a Fé , a oração e até uma boa inspiração conseguem resolver.
Saibamos encontrar em Deus a solução para as nossas dificuldades, por maiores que elas sejam.
A Deus não importa o erro mas sim a conversão; Deus que está sempre pronto a perdoar e a nos encher com o Seu amor.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 31 de março de 2017

Palavras com significado

Há uns dias vi-me confrontada com o problema da vergonha: a nossa vergonha porque fomos confrontados por outro, face ao nosso erro; vergonha face a Deus, porque nos desviámos do caminho certo; vergonha face a nós mesmos, porque constatamos que não somos o que julgávamos ser ,porque fizemos o que pensávamos nunca ser capazes de fazer. Vergonha porque, de alguma maneira despimos a nossa "máscara" a "couraça" que nos protegia e defendia. Ficamos assim "despidos" diante dos outros e de nós mesmos.
Esta vergonha, este desgosto, pode levar-nos ao remorso, o qual nos diminui mesmo aos nossos olhos e não nos deixa caminhar face à Felicidade, que Deus quer para nós.
Mas para o remorso temos um grande remédio que se chama confissão. Ela consegue eliminar este sentimento, pela graça que nos oferece. 
Deus, que é Pai, apaga a nossa dor e o nosso remorso com o Seu manto de Amor.
A vergonha é que é mais difícil de eliminar porque podemos ter dificuldade de verbalizar o erro que cometemos. Custa a dizê-lo a nós mesmos e, mais ainda, a expôr-nos diante do outro, mesmo que seja o Amigo, ainda que saibamos que é o Senhor que está diante de nós.
Mas, precisamos ser capazes de entrar dentro de nós e de "nos despirmos" verdadeiramente para deixar que o Senhor nos cubra com a Sua graça, o Seu perdão, o Seu amor.

quinta-feira, 30 de março de 2017

O significado da cruz

Esta manhã consciencializei-me duma realidade que é válida há  quase  60 anos.
Reflectida no vidro da janela estava a cruz que trago ao peito. A cruz que recebi no dia da minha profissão. Branca e negra, como são as cores dominicanas. E uma cruz sem crucifixo porque no Seu lugar devemos estar nós.
Não sei porque me impressionei. Afinal não é uma realidade nova...
Talvez... porque estamos a caminho daquela outra cruz em que pregaram Jesus e depois ficou despida quando O desceram dela... Talvez... porque me lembrei duma frase do Evangelho que também me impressionou : " O meu Pai trabalha incessantemente para vos confrontar com a sua imagem"...
Talvez... porque é tempo de reflexão e interioridade...
Olhar a cruz, possuir uma cruz, maior ou menor, não é motivo para tristeza mas sim para acção. Agarrar nela e viver, cada dia , na busca da participação naquele momento único da ressurreição.


quinta-feira, 2 de março de 2017

A voz e os ecos


" Se hoje ouvirdes a voz do Senhor..."

Este "se " é a oportunidade para nos negarmos a ouvir e, portanto, a não aceder ao convite que a segunda parte da frase nos faz: "não fecheis o vosso coração" .
Não ouvimos a voz do Senhor... E por quê? Muito simplesmente porque queríamos uma voz real, sonante, falando ao nosso ouvido. Não o apelo dos acontecimentos, não a palavra meiga ou agressiva da pessoa que chega junto de nós, não a súplica muda daquele que se cruza connosco, não aquela situação que pede o nosso apoio...
A voz de Deus... que está nas circunstâncias de cada dia, no encontro casual que aconteceu, no telefonema amigo num momento de desânimo... essa voz, passa-nos despercebida e a ela não abrimos o coração. No entanto, neste tempo de Quaresma é preciso estar atento, ter o coração e as mãos abertos, numa atitude de escuta e de oferta. 
Nestes dias que vamos percorrendo, acompanhando o percurso de Jesus, olhemos todas e cada uma das situações que se nos apresentam e façamos delas a nossa dádiva ; com elas, o nosso jejum e a nossa oração. Nelas, está a voz do Senhor que se nos dirige.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Novamente


Ao iniciarmos esta Quaresma há que preparar o nosso coração para aquilo que ela nos pede: jejum, oração, esmola. E, antes de mais nada, pôr o nosso espírito em Deus  e intensificar a nossa Fé.
Deus... que está sempre presente, que acolhe os nossos problemas e dificuldades; Deus... que cuida de nós, porque até se preocupa com "as aves do céu e os  peixes do mar". Deus... que tudo criou de maneira maravilhosa e de tudo continua a cuidar.
Recordemos o fado de Amália Rodrigues em que ela nos lembra que "foi Deus que perfumou as rosas, deu ouro ao sol e prata ao luar... deu luz ao firmamento e pôs o azul nas ondas do mar..."
E a nós... Deus não dá muito mais que tudo isso? Não dá, em cada momento, a Graça de que necessitamos, a Sua força, a Sua protecção?
É com esta certeza, que é da Fé que nos foi dada no Baptismo, que vamos hoje receber as cinzas que nos lembram que somos pó mas também que Deus nos olha desde toda a eternidade.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Surpresas

Não me lembro de alguma vez me ter interessado o suficiente pelo Festival da Canção para ter passado uma parte da noite a assistir ao espectáculo. 
Mas desta vez era diferente . Tinha um interesse pessoal em saber o que se ia passar e em participar nas votações.
Constato a minha ignorância pois pensava que num Festival, as canções deviam ser alegres , movimentadas, com ritmos activos. Pelo que ouvi, verifiquei que estava enganada e que o importante são outros valores talvez como os estilos e a execução, entre outros aspectos.
Nestas coisas há sempre os que ganham e os que perdem. E serão sempre os melhores a serem valorizados? No fundo os gostos do público são tão diversificados... E sempre justos?
Mas, quem tem valor, a quem Deus concedeu dons especiais, não os vai perder só porque não foi vencedor. Outras oportunidades surgirão.
Tenhamos presente a palavra do poeta: " Quando Deus quer, o homem sonha e a obra surge."
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Lições que se aprendem


A primeira leitura da Missa de hoje fala-nos de Adão e Eva e da sua desobediência.
Claro que são simbolismos mas também são lições que se aprendem.
Eles começam por desobedecer e depois, empurrando as culpas uns para os outros: foi a mulher...foi a serpente...
Mas o que é notório é que nenhum nega o erro que cometeu. Quando interrogados por Deus admitem logo a sua falta, ainda que supondo já um castigo. Nem sempre valorizamos este aspecto.
Mas,são estas três visões do problema que nos devem servir de lição. É que ser tentado, por alguém, pelas circunstâncias, pelos desejos... é comum. Desculparmo-nos, porque uma pessoa ou alguma coisa nos influenciou... também acontece. Todos nós sofremos desse mal e caímos nesses erros. Mas o que nem sempre acontece é reconhecermos que errámos, admitirmos a culpa, aceitarmos as consequências.
Aprendamos, com Adão e Eva, a não fugir às nossas responsabilidades. Só assim nos vamos fazendo grandes de verdade.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Recordando...


Sábado foi a festa de S. Tomás de Aquino. o Patrono das Escolas Católicas.
Fui à missa na minha Basílica, a Basílica da Estrela, claro!
O celebrante lembrou as virtudes de S. Tomás, a sua qualidade de filósofo e de teólogo. Depois, referiu-se à designação que davam a Tomás, por ele ser muito calado: "o boi mudo". Mas acrescentou que quando ele falava a sua palavra enchia os corações e a sua verdade corria o mundo. No fim, pediu que fôssemos como S. Tomás: não usássemos palavras inúteis mas quando falássemos a nossa palavra fosse o testemunho de Jesus Cristo.
Depois, lembrei outros dias de S. Tomás, no Ramalhão. Era o Dia do Professor e nele, os alunos homenageavam os seus Mestres e a comunidade os colaboradores de todos os dias.
Havia sempre celebrações, jograis, versos lembrando factos da vida do professor, presentes, um almoço melhorado , uma tarde recreativa, um lanche partilhado, que sei eu!...
Não há como esquecer esses tempos e esses factos.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Impressões

Às vezes  há fenómenos que nos impressionam porque não conseguimos explicar e nos apanham de surpresa.Ontem foi uma dessas ocasiões.
Entrei na capela para fazer uma despedida rápida a Nosso Senhor , antes de subir para acabar o trabalho que tinha em mãos. Mas não consegui ser rápida.. É que do Sacrário, naquela meia obscuridade que me envolvia, tive a sensação dum brilho em que nunca reparara. Não era o Sacrário todo, era a porta, que parecia sobressair do resto do altar. Talvez a lembrar-me que Jesus estava ali , Ele que é a luz para o nosso coração e a nossa vida. Talvez a dizer que Ele está sempre ali e nos espera e às nossas dúvidas e problemas.
Não consegui pensar nada, naquele momento. Fiquei simplesmente olhando e agradecendo ao Senhor as mil graças que me concede cada dia.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Recomeçar

Novo dia... nova caminhada se nos apresenta.
Comecemos louvando o dia que começa e o Deus que no-lo deu. Iniciemos a caminhada com uma oração sincera, intima, verdadeira.
Ela nos dará a força e a consistência necessárias para enfrentar acontecimentos , dificuldades, fracassos.
Recordemos que Jesus também foi pródigo em caminhadas. E, não foi só no tempo da sua vida pública. Já antes de nascer desceu a Belém e depois, ainda Menino, foi de Belém para Nazaré passando pelo Egipto.
E como adulto... percorreu a Terra Santa e terminou em Jerusalém, pregado numa cruz. E até para ser crucificada teve que subir o monte... 
Não é certamente assim a nossa caminhada mesmo que apresente dificuldades e contratempos. 
Mas, seja mais ou menos difícil, não deixemos de dar graças e de pedir a protecção do Pai.
E sigamos,  na senda de Domingos de Gusmão.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Provérbio japonês

Ainda estou a pensar no provérbio japonês: " Quão mais fácil se torna o caminho quando connosco vai um amigo...". É bem verdadeiro. Caminhar sòzinho e resolver sòzinho dificuldades e barreiras não é fácil. A presença do amigo , com a palavra certa, na altura oportuna ou mesmo com o silêncio que é palavra, facilita a caminhada e torna claro o que se apresenta nubloso.
Simplesmente,  lamentamo-nos muitas vezes da falta desse amigo, desse apoio, dessa consolação e esquecemo-nos  que temos um Amigo sempre presente, sempre acolhedor, sempre pronto a ouvir-nos. Também é verdade que é um Amigo muitas vezes silencioso, distante, ausente mesmo. E isso é que faz com que nos esqueçamos d´Ele. Mas, Ele não está ausente. Quer apenas que O procuremos, que O sigamos, que vamos ao Seu encontro. Então, paremos para pensar e certamente notaremos a Sua presença no fundo do nosso coração.
Tentemos ser como aquela mulher a quem Jesus elogiou :" Mulher, como é grande a tua Fé!"  Assim, saberemos que temos o Amigo connosco, que vai fazer  connosco a nossa caminhada, que acompanha alegrias e tristezas, dificuldades e sucessos da nossa vida.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.