sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Saudosismo

Ontem, depois da chuva contínua, o dia estava razoável. Com um certo sentimento de saudosismo , fui dar uma volta pelas aulas, passei pelo ginásio, admirei a quinta da janela da Biblioteca e desloquei-me até à presa.
Debrucei-me no gradeamento que a rodeia  e fiquei a olhar a água que subiu bastante depois das chuvadas dos últimos dias.
Recordei a Neilma e tudo o que ela representou para o Colégio e, ao contemplar o verde das árvores reflectidas nas águas , lembrei outra professora, também Inglesa - a Avril. Esta, felizmente ainda está viva, embora a viver longe, em Moçambique.
Também teve as filhas no Colégio. Até a mais nova- a Carol - que era de Artes, pintou um quadro que tenho no meu gabinete e que mas torna mais presentes ainda.
A Avril também foi nossa professora e é nossa amiga. Encontramo-nos às vezes, quando vem a Portugal e se desloca até Sintra. Aliás, era em Sintra que morava, numa quinta que possui ali para os lados da Várzea. Muito próximo do Ramalhão, até.
No Colégio, ensinava Inglês ao primeiro ciclo mas, ao mesmo tempo, dava aulas de remo e acompanhava os alunos nos seus passeios na presa, de barco ou de "gaivota".
Não vou vez nenhuma até à presa que não a recorde. Aliás, ainda lá está o barracão com os barcos, os coletes, etc. As "gaivotas" é que se foram deteriorando...
Mas a lembrança da Avril e do cuidado que tinha com os alunos, a atenção que lhes dispensava, a preocupação com cada um, não se esquece.
São lembranças, são alegrias, são presenças.
A vida no Colégio é feita destas coisas, destas recordações que não se apagam, destas pessoas que passaram mas ficaram, com a sua dedicação, o seu entusiasmo, os seus talentos.
"Recordar é viver" diz o poeta e eu gosto de recordar os belos momentos que por mim passaram. Gosto de lembrar alunas que tive, pais que conheci, empregados que me ajudaram, professores que foram amigos.
Gosto de recordar os Sins e os Nãos que a vida me exigiu tendo sempre presente que "a vida depende de dois ou três sins e de dois ou três nãos ditos durante a Juventude"
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O mal da distração

É de Job a frase que lemos no Ofício da manhã: " Se aceitamos os bens da mão de  Deus porque não havemos da aceitar também os males?" E Job fê-lo com disponibilidade, com desprendimento, até ao despojamento total. " Deus me deu; Deus me tirou..."
Interessante esta lição de Job! Ele parte do princípio que os Homens consideram como dom , vindo de Deus, os bens que alcançam ou com que a vida os presenteia.
" Se recebemos de Deus os bens..." também devíamos ver como vindos de Deus os problemas, as inquietações, as dificuldades.
Aqui começa a dificuldade, acho eu. Na verdade, costumamos considerar que todo o bem que nos acontece foi um presente de Deus, um dom que nos chegou, vindo das Suas intenções e fazendo parte dos Seus planos?
Agradecemos a Deus tudo de bom que nos acontece, desde o dom da Vida até às pequenas alegrias do nosso dia-a-dia?
Acho que não... Habitualmente consideramos como natural a Felicidade que usufruímos e não temos o sentimento de Job de a ver como vinda do Pai. Talvez porque não vemos Deus em cada uma das nossas alegrias e na felicidade que nos invade em cada dia bom, nos é mais difícil ver os males como permitidos por Deus e temos dificuldade em os aceitar.
Consideramos o mal como um castigo e, se o referimos a Deus é com este pensamento negativo. Habitualmente não vemos o mal como um contratempo, uma pedra que se nos depara no caminho e que temos que eliminar ou contornar, como um meio de aprendermos a ser mais santos.
Andamos demasiado distraídos para ter Deus como meta e meio, para considerar tudo o que acontece como uma possibilidade maior de santidade, de nos aproximarmos do fim que o Pai escolheu para nós.
Precisávamos ser mais parecidos com Job e aceitar como vindos de Deus ou permitidos por Ele , o que nos acontece de bom ou de mau, de alegria ou dificuldade, de satisfação ou dor.
Ponhamo-nos nesta atitude de gratidão e seremos mais felizes.
                  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Os "adeus" que doem...

No domingo passado, deixou-nos a nossa querida amiga e ex-professora Neilma Egreja.
Ensinou Ballet, aqui no Colégio, por mais de 25 anos. E que Ballet! E que Professora!
A sua filha e os seus netos foram nossos alunos. Havia portanto uma forte ligação entre nós. Não era só a professora. Era a mãe, a  avó, a amiga...
Não havia festa ou apresentação em que a colaboração da Neilma não fosse pedida. E lá vinham as meninas, nos seus trajes vaporosos, apresentar-nos os seus esquemas e mostrar-nos as suas habilidades, com mais ou menos jeito. Mas mesmo as alunas menos dotadas para a dança clássica, com esta professora, adquiriam jeito e talento.
Durante vários anos a Neilma foi acompanhada ao piano pela sr. D. Alice, a quem as alunas chamavam a "miss turbante" porque fosse verão ou inverno sempre aparecia com uns turbantes condizentes com o vestuário. Era um enigma, nunca desvendado, o que tinha debaixo do turbante que não tirava nunca, nem nas audições.
Em contrapartida a Neilma, com o seu cabelo louro e os seus olhos azuis, aparecia sempre lindamente penteada e vestida.
Uma senhora e uma artista!...
Deixa saudades mas, junto do Pai, onde está, lembrar-se-á de nós e pedirá a felicidade para quantos a conheceram e estimaram.
Nós ficamos rezando e recordando lindos momentos e maravilhosas festas.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Os Professores e o seu Patrono

Foi no fim do sec. XIX (4 de Agosto de 1880 ) que Leão XIII proclamou S. Tomás de Aquino patrono das Universidades e de todas as Escolas Católicas.
Escolhemos, por isso, este dia para festejar os professores e sempre o fizemos ao longo dos anos.
Havia uma homenagem dos alunos, um presente mais ou menos escolhido por eles, um almoço melhorado oferecido pela comunidade.
Era dia de festa. Festejávamos os professores mas não esquecíamos o seu patrono, dominicano como nós. Era italiano, nascido no sec.XIII e tendo entrado, muito novo e contra a vontade dos pais, na Ordem dos Pregadores.
Procurou sempre a Verdade, onde quer que a encontrasse, e defendeu-a sempre com os profundos conhecimentos teológicos, que estudou e meditou.
Foi proclamado o 5º doutor da Igreja e canonizado pelas suas reconhecidas e inegáveis virtudes.
Como defensor da Verdade, pregou-a e escreveu-a em inúmeros tratados. Como Dominicano, a sua pregação alicerçava-se no estudo e na oração.
Que S. Tomás de Aquino, nosso modelo e nosso patrono, nos ajude a ser testemunhos vivos da Verdade que defendia.
                       Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Quem é escolhido?

Ontem a Igreja celebrava a conversão de S. Paulo e, nos Actos dos Apóstolos (act.22) o próprio S. Paulo nos fala de si, da sua origem, da sua  educação  e  de como  Jesus o chamou e  ele correspondeu a  esse
apelo. Sem dúvidas, sem hesitações...
Mas já no sábado passado os textos da Missa nos falavam de convites de Deus e respostas dos Homens.
Foram Saul e Levi os dois convidados que os textos nos apresentam. Saul vai ser ungido e transformar-se no rei do povo de Israel, aquele povo que já não quer Deus para seu chefe.
Levi, um cobrador de impostos, desprezado e ignorado pelos seus, é convidado a seguir Jesus e a Sua palavra.
São situações talvez estranhas e que nos interpelam. Como? Porquê? Qual a razão porque Deus escolheu aqueles três?
Eram eles perfeitos, melhores do que os outros homens? Tinham eles distintivos ou predicados que os tornavam diferentes? Paulo até se dirigia a Damasco para perseguir e prender os cristãos...
Mas Deus chamou-os porque lhes reconheceu o coração livre e capaz de acolher a Sua Palavra.
Escolheu-os, pela mesma razão porque nos escolheu a nós, para respondermos à Sua chamada. O importante não é o que somos, as qualidades e defeitos que temos, o que fazemos ou deixamos de fazer... O importante é a resposta que damos e a correspondência que tentamos fazer, em cada momento, entre o que queremos e os pedidos que nos são dirigidos. O importante é estar livre, disponível, atento. E não olharmos para trás. "Aquele que... e olha para trás não é digno de Mim". É esse o problema: não olharmos para trás, para o que fomos e para o que somos, o que temos e o que desejamos. Apenas estar atento àquilo que Deus espera de nós.
Saul aceitou ser ungido, tornar-se chefe do povo de Israel; Levi, deixar a banca da cobrança a os seus hábitos e seguir Jesus; Paulo, renunciar a toda a sua formação e convicções anteriores e tornar-se também "pescador de Homens"...
E nós? Deus espera-nos e espera para nos fazer felizes. Mas só o seremos se amarmos como Ele amou.
                                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Viajar cultiva o espírito e o coração

Roma, centro do cristianismo, é, sem sombra de dúvida, lugar mítico de culto e de visita. Ali morreram centenas de mártires, que deram o seu sangue pela sua Fé; ali foram reconhecidos muitos santos e enaltecidas as suas virtudes.
Fomos visitar Roma várias vezes com as alunas. Inebriarmo-nos de cultura e de mística, sentir a oração e a vida de outra maneira. Geralmente era também  o ponto de partida para visita a outras cidades italianas.
Uma vez, numa das tardes culturais, depois da visita à Trinita dei Monti, deixámos as alunas livres por um bocado, para compras de ocasião. Nós, os adultos, resolvemos ir lanchar ao mais elegante salão de chá da zona- Caffe el Greco.
Estava cheio. Quando nos preparávamos para desistir, um empregado simpático apontou-nos uma mesa acabada de vagar. Mas... em viagem há sempre aventuras que servem para diversão. Aqui, enquanto nos dirigíamos para a mesa, um grupo de chinesas ( ou japonesas, não sei, só me lembro dos olhos em bico) saltou da mesa em que estavam e foi ocupar o lugar a nós destinado. Coitadas! pois elas estavam numa mesa com um jarrão ao meio e tinham que torcer o pescoço para falar... Mas o prof. João Carlos não se compadeceu. Com a sua fleuma e no seu "melhor italiano" dirigiu-se-lhes : reservato per noi. Elas não perceberam nada mas com a velocidade com que tinham vindo se retiraram. E nós ficámos rindo sob o olhar malicioso dum senhor que, numa mesa próxima, observava a cena fingindo que lia o jornal.
Depois de Roma seguimos para Veneza.
Lá, como era 2ª feira , tivemos oportunidade de desfrutar das maravilhas do Carnaval Veneziano. Todo o dia gente mascarada , mas lindamente mascarada, passeando pelas ruas e praças. As festas, propriamente ditas, seriam realizadas à noite, em privado. De tarde, também em salões escolhidos, eram as festas das crianças.
O outro ponto de paragem na nossa viagem foi Florença que nos brindou com a sua maravilhosa paisagem e onde pudemos apreciar os frescos de Fra Angelico, no convento dominicano de S. Marcos.
Dali, Siena e as memórias de Santa Catarina, nossa padroeira e Bolonha, onde nos ajoelhámos aos pés  de S. Domingos, no seu túmulo, pedindo-lhe que intercedesse por nós e apresentasse os nossos sonhos e aspirações junto do Pai.
Mas não nos tínhamos esquecido de, antes , ir a Pádua, para visitarmos o nosso Santo António que os italianos apregoam como seu.
Que maravilha de viagem!...
Quem a não recorda e agradece a Deus a oportunidade que Ele lhe deu?
Foi cultura, foi divertimento mas também tempo de reflexão e oração. E a certeza de que Deus está presente mesmo quando contemplamos belezas saídas das mãos dos homens.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

"Os Homens não se medem aos palmos"

David era um jovem quase adolescente, quando Samuel o mandou apresentar-se. Estava guardando os rebanhos de seu pai. Ninguém o tinha preparado para a unção que ia receber e que faria dele Rei do povo de Israel.
O pai não pensava que ele pudesse ser o preferido de Deus; Samuel não sabia qual dos filhos de Isaí ia ser o escolhido, qual o que ele tinha que ungir; o jovem talvez nem se apercebesse das consequências que podiam advir de tal unção.
Deus não escolheu nenhum dos irmãos mais velhos, mais experientes, certamente com mais capacidades para se aperceberem do que era melhor para o povo, do que era esperado deles.
Deus pôs o Seu olhar sobre David e encarregou-o duma missão. Porquê David, podemos perguntar... Não temos resposta, mas podemos reflectir.
Talvez porque era o mais simples, o mais transparente, o que se apresentou aberto para acolher o apelo de Deus. Talvez porque sendo jovem, inexperiente, não marcado ainda pela vida, estava em melhores condições para ouvir o Senhor e dizer o seu Sim, seguir asSuas inspirações, corresponder aos Seus pedidos.
Façamo-nos nós simples como David. Qualquer que seja a nossa idade, procuremos a nossa alma de criança sabendo que "delas é o reino dos céus" . Abramo-nos sem falsas intenções, sem floreados ou complicações, à vontade do Pai.
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A Unidade é possível?

Estamos a viver a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. 
É um sonho, um desejo, uma intenção!...
Rezamos e pedimos mas sabemos como é difícil conseguir essa relação entre todos aqueles que acreditam em Cristo, O seguem e O amam.
O que é que nos aproxima?
Precisamente esta Fé no Senhor Jesus, o Filho de Deus, em que todo o cristão acredita.
E o que nos separa?
As diferenças, que são imensas e têm mais peso do que o que nos aproxima: a cultura, o ambiente, a forma de viver, os costumes, o tipo de relações...
São diferenças que afastam os corações e que exigiriam um grande acto de humildade para aproximar as vidas, que precisariam de compreensão e despojamento.
Todos desejamos esta unidade mas ainda ninguém conseguiu dar o primeiro passo de desprendimento e condescendência, para acolher o outro, receber o que ele nos dá e lhe oferecer o que se tem.
Conseguir esta Unidade seria um imenso paradigma para muitas situações, para quantos rezam pela unificação de qualquer coisa e, neste momento, se calhar para o mundo da política  que bem precisa de se unir para atingir o ideal comum.
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Panteão Nacional


Nestes últimos dias parecia ser o assunto mais importante: o Panteão e quem para lá ia ou não ia. Em boa verdade, quando foi decidido que seria ali o Panteão Nacional, destinava-se, como disse Camões "àqueles que por feitos valoroso se vão da lei da morte libertando". Simplesmente a definição dos" feitos  valorosos" é que  parece que não é fácil...
Mas também não é simples a história deste edifício.
Foi em meados do sec XVI que D. Maria I, a filha de D. Manuel, mandou que se iniciasse a construção da Igreja - Igreja de Santa Engrácia - para sede da freguesia em que estaria instalada e que ainda hoje assim se chama - freguesia de S. Vicente de fora. Simplesmente, nunca chegou a ser aberta ao culto. Primeiro, porque foi destruída e a sua reconstrução levou 284 anos; depois, porque lhe deram múltiplas aplicações que não o culto religioso.
Só depois da Implantação da República, mais precisamente em 1916, foi decretado que se transformasse o espaço em Panteão Nacional e para lá fossem transladados os tais cujos " feitos valorosos..."
Mas, até agora, apenas dez pessoas foram consideradas dentro desses padrões. Há quatro Presidentes da República, quatro escritores, um defensor dos direitos democráticos e uma fadista .
E, em abono da verdade, talvez como consequência de ignorância histórica, o túmulo mais visitado é, sem sombra de dúvidas, o da Amália Rodrigues, deixando para ver de corrida os outros cujos nomes dizem muito pouco aos visitantes: Aquilino Ribeiro ou Teófilo de Braga; Guerra Junqueiro ou Manuel de Arriaga...
São nomes do mundo da política ou das letras mas de que os Portugueses e o mundo não ouviram falar ou de que fazem apenas uma ideia vaga.
Mas agora o Panteão é assunto do momento e discutem-se os seus futuros habitantes.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Confiança

Nada te perturbe, nada te espante,
Tudo passa, Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem, nada lhe falta;
Só Deus basta.

Eleve o pensamento, ao céu sobe,
Por nada te angusties, nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue, com grande entrega,
E, venha o que vier, nada te espante.
Vês a glória do mundo? É glória vã;
Nada tem de estável. tudo passa.

Deseja as coisas celestes, que sempre duram;
Fiel e rico em promessas, Deus não muda.
Ama-O como merece, Bondade Imensa;
Quem a Deus tem, mesmo que passe
por momentos difíceis,
Sendo Deus o seu tesouro, nada lhe falta.
SÓ DEUS BASTA.
Santa Teresa de Avila

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Troféus que se ganham

Ontem foi uma manhã de tensão emocional que se estendeu pela tarde, até às 19 horas. E não foi só no mundo do futebol... Portugal ( senão o mundo ) estava ansioso. 
Assunto: Cristiano Ronaldo e bola de ouro.
Ganha? Não ganha? Tudo levava a crer que sim mas os mais incrédulos apontavam adversários fortes como Messi que já tinha conseguido o troféu em quatro anos consecutivos.
Finalmente o resultado: Ronaldo considerado o melhor jogador do mundo em 2013 e vencedor do troféu tão desejado e já a 2ª bola de ouro. Como conseguiram Eusébio e Figo...
Mas não pensemos que esta vitória se deve apenas a sorte, a habilidade, a um ou outro passo de magia. Não! É também resultado de muito trabalho, muita persistência, dum esforço continuado de cada dia e de todos os dias.
Cristiano Ronaldo começou muito novinho a mostrar gosto pelo futebol e a manifestar aptidões excepcionais para o "desporto rei". Mas, simultâneamente, esforçava-se por ser cada dia melhor. Não lhe bastavam os treinos. Depois deles ficava e fica, sòzinho a experimentar novos passos, a intensificar as habilidades possíveis , a treinar novos processos de ataque.
Trabalhava e trabalha intensamente, com gosto e com perseverança. Descobriu-o o Sporting, verificaram-no os seus treinadores e reconheceram-no os dirigentes dos clubes por onde andou e onde é desejado.
Ganhou a bola de ouro!
É uma glória para Portugal, uma alegria para a Madeira, uma felicidade para a família.
Mas também um testemunho de trabalho, de persistência, de dedicação, para todos e cada um de nós.
Compreendamos e sigamos o seu exemplo tendo a certeza de que nada se consegue sem esforço e empenho.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Fazer o bem cansa?

Vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem"
É uma recomendação de S. Paulo aos Tessalonicenses mas esta recomendação é também dirigida a cada um de nós : não nos cansemos de fazer o bem.
E era talvez razão para nos perguntarmos : mas fazer o bem cansa?
Em sentido restrito não parece ser uma actividade cansativa mas então, porque deixamos de o fazer? Deixamos de ouvir o amigo que precisa de nós; passamos ao lado do desconhecido que procura uma indicação; esquecemos o vizinho que necessita apoio material ou simplesmente consolação; ignoramos o colega de trabalho que implora uma ajuda; estamos ausentes da família que conta com a nossa ajuda... Não estamos disponíveis ! E porquê? Estamos cansados de fazer o bem? Ou ignoramos a frase do Evangelho que diz que Jesus passou pelo mundo fazendo o bem? Não. Nem uma coisa nem outra. Simplesmente, não ouvimos uma palavra de agradecimento, um sorriso de compreensão, um incentivo de esperança. E achamos que temos direito a essa compensação, direito a que as nossas acções beneméritas sejam reconhecidas, valorizadas e agradecidas.
E esquecemos aquele conselho Bíblico : " Que não saiba a tua mão direita o que faz a esquerda" .
E isto não se refere apenas à esmola.Num sentido mais universal, diz respeito a todo o bem que se pratica.
Não estejamos à espera de recompensa imediata; não nos cansemos de, como Santa Isabel, distribuir rosas que são pães. Não nos cansemos de fazer o bem e, como diria a nossa Fundadora, façamos o bem em silêncio.
Todos aqueles que nos rodeiam esperam o nosso testemunho de Amor, de disponibilidade, de partilha. 
Esperam de nós o dom sem retorno, a oferta que não espera recompensa.
Esperam o nosso carinho, a nossa compreensão, a nossa palavra amiga.
Esperam o nosso Amor, à semelhança do Amor de Deus, que se deu sem medida.
             Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Missas no Colégio

Ontem foi a Missa do Natal aqui no Colégio.
Mais dia menos dia, mais semana menos semana, por esta altura, sempre celebrávamos a missa do Natal, cá no Colégio. Participavam os alunos, os funcionários, os professores, as Irmãs e, às vezes, alguns pais. Era uma das três ou quatro missas celebradas cada ano. A 1ª era a 15 de Outubro, aniversário do Colégio; a 2ª era no Natal, a 3ª na Páscoa e, no fim do ano, por vezes, a Missa do encerramento das actividades.
Temos que concordar que muito menos vezes do que aqui há uns anos, em que havia uma Missa por semana ou, pelo menos, por mês. E se pensarmos nos primeiros anos do Colégio, então a diferença é abissal pois, nessa altura, pelo menos as internas , iam todos os dias à Missa.
Mas, muitas ou poucas, a Missa tem que ser sempre vista como uma festa, a oferta de Jesus que esteve presente no presépio, que se ofereceu por nós na cruz, e que permanece presente no sacrário. Esse mesmo Jesus que em cada consagração, se faz presença para que o possamos receber.
É frequente os jovens acharem a Missa uma maçada. E consideram- na assim porque não realizam que a Liturgia da Palavra é dirigida a todos e a cada um de nós para que a recebamos e a vivamos; que no Ofertório, cada um de nós está presente naquela gota de água que o sacerdote deita no cálice e nas ofertas que estão  no altar. E, sobretudo, que a consagração é o momento da presença de Jesus Cristo, pão e vinho, mas humanidade e divindade.
Para viver a Missa e ela ser realmente uma festa, temos que atender a cada gesto do sacerdote e fazer nossas cada palavra; temos que nos colocar na patena e fazer a nossa oblação e ser simultaneamente, como Jesus, dom e presente.
Neste tempo de Natal, que está a acabar, peçamos ao Menino de Belém, que veio por nós e para nós, que nos faça acolhê-lO e oferecermo-nos com Ele; que aprendamos a fazer da Missa uma autêntica festa que se prolonga pela vida.
                 
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Aventuras

Um dos ex-libris aqui do Colégio eram as viagens. Maiores ou mais pequenas, de autocarro ou de avião, das finalistas ou dos outros anos, eram sempre momentos de cultura, partilha e convívio.
Até começámos por ter um simulacro de agência de viagens, a Ramalhão - Tours e tratávamos das marcações directamente. Foi com a viagem de que me lembrei hoje ao ouvir o rádio que terminou, como tinha começado, esta nossa "agência de viagens". E já vão perceber porquê...
Era uma viagem com um circuito por Portugal interior. A 1ª noite correu bem. Ficámos num Hotel em Coimbra. Depois, rumámos ao Porto e por lá estivemos todo o dia visitando a cidade. À noite, devíamos jantar e ficar no Sameiro, numa casa de Retiros, dirigida por Irmãs brasileiras. E aqui, começaram os problemas.
Primeiro, contavam com sessenta alunas, e tinham jantar para elas e nós éramos só trinta... Depois, havia um retiro de casais e outro de sacerdotes. Logo, queriam silêncio. E como conseguir isso com jovens finalistas , que se estão a despedir para ir para a faculdade e são cheias de vida e de alegria?
Bem nos colocaram entre os casais e os sacerdotes mas foi uma tentativa inglória, porque nos juntámos todos num quarto a celebrar e o chius ainda aumentavam o barulho. Enfim! chegou a manhã, tão depressa quanto possível. Pedimos desculpa aos "retirados, que compreenderam, compensámos as Irmãs pelas despesas feitas e seguimos viagem, "cantando e rindo" na verdadeira acepção do termo. Ainda não havia cintos nem obrigatoriedade de "tudo sentado" e o sr. Antero, o nosso motorista, alinhava com tudo. Até era a ele que cabia fazer os ovos com chouriço para os almoços volantes...
Depois de várias paragens e "aventuras" um belíssimo almoço em Mogadouro, a posta mirandesa, no restaurante do sr. Eliseu ( que não era o nosso fotógrafo de estimação...)
A dormida seria em Viseu, num Colégio também de Irmãs. Isto tudo , claro!  em função da redução de custos. Não se falava ainda em "crise" mas éramos poupadinhas... Tínhamos feito telefonemas para lá, recebido chamadas para cá, uma carta bem explicativa. Parecia tudo acertado. Só que a Irmã responsável tinha ido de retiro e se esquecera de deixar instruções. Logo, nem jantar nem quartos. Mas, desde que haja boa vontade tudo se consegue. Então... mãos à obra e, num instante transportaram-se camas, empilharam-se colchões, improvisou-se um jantar. E ali, não havia imposição de silêncio nem horas de recolher. Foi uma festa!
Espero  que algumas das minhas leitoras recordem esta viagem, inesquecível nos seus pormenores.
E gostaria também que, sempre que forem de viagem, aproveitem para enriquecer os seus conhecimentos, apreciar as maravilhas da Natureza e agradecer a Deus todos os bens que nos proporciona.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Os Padroeiros

Entre nós é costume, no início de cada ano, tirarmos à sorte, os Padroeiros, aqueles santos que nos vão acompanhar nos 365 dias que o ano comporta.
Há sempre animação, um pouco de festa, uns bolos e uns sumos no fim.
Este ano foi ontem, dia de Reis, a ocasião escolhida para o cerimonial do costume, com a surpresa inerente ao facto de ser ao acaso que saem os santos e as virtudes a praticar que sempre acompanham estas situações.
Para mim, foi uma surpresa muito agradável. Saiu-me S. José e Santa Teresa de Ávila.
S. José, o patrono do Colégio, o homem do silêncio, aquele que foi escolhido por Deus para acompanhar e proteger o Seu filho Jesus e a mãe Maria.
S. José, que aceitou um papel secundário na história da salvação mas que nos dá o seu testemunho de fidelidade, de generosidade, de abandono à vontade do Pai.
S. José, o homem de quem os Evangelhos quase não falam mas que encaminhou os passos de Maria até Belém, para cumprimento das Escrituras.
S. José, que vai ser o meu modelo de descrição e entrega aos planos do Pai .

E,como mulher, Santa Teresa de Avila, a santa do meu nome, a mulher de entusiasmos, de força, de persistência.
Santa Teresa que, ao conhecer a vontade do "Jesus de Teresa" nunca mais foi a mesma e teve a coragem e o dinamismo para reformar o Carmelo, fundar conventos, estabelecer regras, modificar normas.
A mulher que em toda a parte e sempre deu o seu testemunho de fidelidade e doação, que não se deixou abalar pelas dificuldades, que encontrou na oração a sua força e a sua luz.

Dois grandes santos que tenho como protectores este ano!...
Que eu saiba olhá-los e segui-los neste ano de 2014... Sem medos, sem desânimos, sem pessimismo ou melancolia.
O mesmo que desejo para cada um dos meus amigos.
" ... Quem nos pode separar do Amor de Cristo?... Seremos vencedores n´Aquele que nos amou"
                              Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Ser feliz é...

Hoje é domingo e está sol depois daqueles dias de mau tempo. Talvez por isso as nossas almas cantem e pensemos mais em ser felizes. Mas, segundo Gandhi, "não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho". 
Com esta frase, Gandhi sugere-nos que a felicidade a vamos nós construindo , no percurso que fazemos cada dia, ao encontro do Pai, no seguimento da Sua Palavra.
E Fernando Pessoa, num seu poema, dá-nos algumas sugestões:

" Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos
os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta."

Não podemos deixar que nada nem ninguém nos impeça de conquistar e seguir o caminho que faz de nós aquilo que Deus quer: Homens felizes.
Aliás, Pessoa começa o seu poema lembrando-nos que " A nossa vida é a maior empresa do mundo e podemos evitar que ela vá à falência"  e termina com um conselho muito expressivo: " Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Meditemos nestas suas palavras e acreditemos que tudo isso passa pelas nossas vidas e é fácil ultrapassar. É só e apenas confiar na Graça e procurar, cada dia, dar um passo mais na estrada magnífica que Deus traçou para nós.
                                                                         Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.





sábado, 4 de janeiro de 2014

Perdão sem castigo

"Se os filhos de David abandonarem a minha lei e não caminharem segundo os meus preceitos... punirei os seus delitos... mas não lhes retirarei o meu favor nem faltarei à minha fidelidade"
Isto são palavras dum salmo do Antigo Testamento mas  que encontramos formuladas, embora de outro modo, no Novo Testamento.
Não foi mesmo Jesus que disse, a várias pessoas: "os teus pecados são-te perdoados!" ?
Não foi Ele que contou a parábola do Filho Pródigo,em que o pai vai ao encontro do filho, ingrato e pecador? 
Nestes, como noutros casos do Novo Testamento, não se apresenta o pressuposto do castigo. O mal, o arrependimento,a Fé são suficientes. 
Simplesmente, Deus, no Antigo Testamento, é encarado mais como o Senhor poderoso e justiceiro do que como o Pai bondoso e condescendente. Por isso, é natural que também seja apresentada a sanção  como consequência do erro.
Mas porque Jesus nos quer mostrar o Pai como a Bondade, o que prevalece é o Amor e o Perdão.
E esta, é uma certeza que acalenta os nossos corações: podemos errar, desviar por caminhos tortuosos, escolher opções incorrectas... Deus não se desvia e  continua à nossa espera, porque Ele é fiel no seu Amor.
E neste momento, ainda tempo do Natal, em que continuamos lembrando Jesus que veio para estar entre nós, não nos devemos inquietar com erros ou desvios. Apresentemo-nos simplesmente, diante do presépio e fiquemos com a certeza de que a paz de Deus estará em nós e nos guiará. 
Assim, a alegria será constante nas nossas vidas e haverá sorrisos nos nossos olhos.
                   Ir. Maria Teresa de Carvalho ribeiro, O.P. 


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

E a festa continua...

Aquela estampa, "velhinha" de 21 anos, fez-me recordar tudo o que foi a celebração do 50º aniversário do Colégio.
Havia uma equipa de planeamento de que fazia parte a Luizinha Sabbo, a Cristina Soldin e a Conceição Bueso. O seu primeiro trabalho foi elaborar uma lista de actividades e acções que deviam fazer parte das festividades que duravam um ano.
Essas actividades iam desde a criação dum Hino novo para o Colégio e dum postal comemorativo, desenhado pelo professor José Carlos, até à Missa de encerramento nos Jerónimos, passando pela peregrinação a Fátima, por sessões culturais, exposições, almoço e lanche das Antigas Alunas, edição dum livro, criação de T-shirts, fatos de treino ou chapéus para a Infantil, descerramento duma lápide comemorativa dos 50 anos e dum painel de azulejo com S. José,  criação de alfinetes, pins e marcadores, etc.
Muito trabalho, muitas ideias, muita realização!...
Para as sessões culturais foram convidados artistas e pessoas conhecidas como o director do Palácio da Pena, entre outros. Artistas vieram vários e tivemos o prazer de ouvir um especialista em flauta transversal e uma "expert" em cravo.
Num dos encontros de Antigas Alunas quisemos apresentar uma exposição evocativa dos 50 anos do Colégio. Para isso, pedimos que nos emprestassem fotografias dos seus tempos de alunas e conseguimos uma representação dos vários anos, desde 1943.
O almoço e o lanche, um em cada uma das reuniões, decorreram na floresta, com produtos típicos do Ramalhão: o pão quente, as argolinhas, a marmelada caseira, os pães de leite, os pratos mais apreciados pelas alunas da época.
Foi um ano "em grande!"
Muitas coisas se fizeram... muitas se começaram... várias permanecem... algumas passaram com os anos e não se repetiram.
Mas a lembrança ficou e o que está gravado no coração não desaparece. Não deitemos fora, tudo o que recebemos e nos fez grandes.
             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Nos 50 anos do Ramalhão

Ao folhear , com algum desinteresse, um livro antigo em que não mexia há muito tempo, saltou para o chão uma estampa . Imediatamente se alertou o meu interesse. É que essa estampa tem 20 anos ou, mais precisamente, fez 21 em Maio. É que foi em 1992, numa Missa nos Jerónimos que ela foi distribuída pelos presentes.
A estampa foi uma surpresa da Ir. Inês para festejar os meus 25 anos de directora do Ramalhão. Colaborou a nossa professora de Artes - a Teresa Matos - que fez o desenho. E ele tem tudo a ver connosco: o preto e branco bem Dominicano, a abóbada que centra a personagem  e simultaneamente a projecta na cruz e em Jesus crucificado. 
As estampas foram distribuídas no início da Missa, que comemorava os 50 anos do Colégio do Ramalhão e, ao mesmo tempo os 25 da directora.
Foi extraordinário! Os Jerónimos encheram-se : alunas, ex-alunas, professores, funcionários, pais, amigos e conhecidos. Todos quiseram estar presentes.
Foi celebrante o P. Victor Feytor Pinto e com ele concelebraram, o provincial dos Dominicanos, o sr. P. Domingos e o prior das Jerónimos.
O coro do Colégio abrilhantou a celebração e o Padre Victor foi brilhante, como sempre, na sua alocução.
No fim da Missa, a cada um dos que saía, era oferecido um pãozinho dos que se faziam na altura no Ramalhão. Dois grandes cestos esperavam os participantes que não se fizeram rogados em lembrar tempos presentes e passados.
Eu, depois de recordar tudo isto e muito mais, voltei a guardar a estampa, memória de outros tempos e de outras pessoas, nas agora num lugar em que a tenha mais acessível, bem como às outras que sobraram e que encontrei depois.
Recordações que não passam porque marcaram as vidas de muita gente.
                                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro