quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O mal da distração

É de Job a frase que lemos no Ofício da manhã: " Se aceitamos os bens da mão de  Deus porque não havemos da aceitar também os males?" E Job fê-lo com disponibilidade, com desprendimento, até ao despojamento total. " Deus me deu; Deus me tirou..."
Interessante esta lição de Job! Ele parte do princípio que os Homens consideram como dom , vindo de Deus, os bens que alcançam ou com que a vida os presenteia.
" Se recebemos de Deus os bens..." também devíamos ver como vindos de Deus os problemas, as inquietações, as dificuldades.
Aqui começa a dificuldade, acho eu. Na verdade, costumamos considerar que todo o bem que nos acontece foi um presente de Deus, um dom que nos chegou, vindo das Suas intenções e fazendo parte dos Seus planos?
Agradecemos a Deus tudo de bom que nos acontece, desde o dom da Vida até às pequenas alegrias do nosso dia-a-dia?
Acho que não... Habitualmente consideramos como natural a Felicidade que usufruímos e não temos o sentimento de Job de a ver como vinda do Pai. Talvez porque não vemos Deus em cada uma das nossas alegrias e na felicidade que nos invade em cada dia bom, nos é mais difícil ver os males como permitidos por Deus e temos dificuldade em os aceitar.
Consideramos o mal como um castigo e, se o referimos a Deus é com este pensamento negativo. Habitualmente não vemos o mal como um contratempo, uma pedra que se nos depara no caminho e que temos que eliminar ou contornar, como um meio de aprendermos a ser mais santos.
Andamos demasiado distraídos para ter Deus como meta e meio, para considerar tudo o que acontece como uma possibilidade maior de santidade, de nos aproximarmos do fim que o Pai escolheu para nós.
Precisávamos ser mais parecidos com Job e aceitar como vindos de Deus ou permitidos por Ele , o que nos acontece de bom ou de mau, de alegria ou dificuldade, de satisfação ou dor.
Ponhamo-nos nesta atitude de gratidão e seremos mais felizes.
                  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

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