segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Os pastores no presépio

Durante esta semana muitas são as celebrações e evocações: Santo Estêvão, Sagrada família,, Santos Inocentes... Hoje, o Ofício divino apresenta-nos a figura dos pastores e a sua Fé.
Eram homens simples, pouco cultos certamente embora tendo um conhecimento mais ou menos vago de que o Messias havia de nascer.
Guardavam os seus rebanhos e, porque uns anjos lhes cantaram hinos de louvor, deixaram tudo e foram... não sabiam para onde mas seguiram a música dos anjos.
E levaram com eles presentes. O que tinham de melhor. E encontraram o Menino e acreditaram.
Os Magos, também seguiram a estrela e acreditaram. Mas esses eram cultos, estudavam os astros, sabiam ciência, conheciam o movimento das estrelas e sabiam o que ele significava.
Os pastores tinham simplesmente a sua Fé e é esse o testemunho que nos dão.
Também a nós , no fundo do nosso coração há música celeste que nos anuncia a chegada de Jesus. Deixemos tudo e vamos, oferecer-Lhe o presente da nossa disponibilidade e fidelidade
 Ele está à nossa espera e acolhe-nos. Tenhamos essa certeza.
                        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Eis que Ele chega!

É véspera de Natal. Esta noite vai chegar o Menino que vem salvar o mundo. É a sua festa!
Já se sentem os coros dos anjos, a música do céu, que anuncia a vinda há muito esperada.
Já se vê a estrela que ensina o caminho, que lhe dá luz.
Na manjedoura há palha fresca e o bafo quente dos animais que  a aquecem.
Maria está expectante; José atento e confiante. Lá fora, os pastores descansam dum dia de trabalho. E longe, os Magos procuram a gruta de Belém...
Recordo uma outra Maria que, sentada aos pés de Jesus, O ouvia e acolhia os seus ensinamentos, também ela esperando, confiante, a salvação que lhe era anunciada. Foi trinta anos mais tarde...
E vinte séculos depois do anúncio do Anjo :"Não temas Maria, porque encontraste Graça junto de Deus..." também nós nos devemos sentar quietos e tranquilos. Para escutar o som da música que se faz ouvir no nosso coração e, serenamente, acolher Jesus que vem e a quem temos que dar graças.
Como Claudel no seu poema a Maria, talvez não tenhamos nada para dar, nada a pedir... Mas fiquemos, simplesmente para olhar e louvar, de todo o coração, aquele que é Graça e Dom.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Dominicanos

A Ordem Dominicana faz 800 anos.

O projecto de S. Domingos- uma Ordem de pregadores que combatessem a heresia e a ignorância religiosa pela transmissão da Palavra- foi autorizado, em 1215 pelo Papa Inocêncio III.
Honório III, em 1216, confirmou a Ordem.
Interessante que nessa altura eram apenas dezasseis os frades. Mas, S. Domingos, com a convicção que " o grão amontoado estraga-se"  enviou-os dois a dois pela Europa.
O primeiro dominicano a chegar a Portugal, em 1217, foi precisamente um português que fazia parte deste grupo inicial. Era Frei Soeiro Gomes.
E pensamos que não há coincidências...
Alguns dos primeiros conventos fundados em Portugal são trabalho seu.
Como muitos outros frades que deixaram o seu testemunho em Portugal  e a quem devemos muito do que hoje somos ,é desconhecido de muitos de nós...
        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
                        

domingo, 21 de dezembro de 2014

Macau - o ontem e o hoje

Ontem foram celebrados, em Macau, os 15 anos da transferência da administração do território para a China. Foi a 20 de Dezembro de 1999. Um dia como o de ontem.
Lembro-me bem da impressão que me fez o descer da bandeira portuguesa que o último governador português de Macau - Rocha Vieira - dobrou, encostou ao coração e entregou.
Depois, com a bandeira chinesa já subida,  a saída dos convidados, ao som da música bem portuguesa "A canção do Mar".
Eram vésperas de Natal e estas festividades nunca mais seriam vividas da mesma maneira pelo povo daquele pequeno território que, depois de mais de quatro séculos de história, deixara de ser português.
Ontem, vi um documentário na RTP, tentando mostrar o que mudou em Macau nestes 15 anos.
Claro que continua a haver núcleos de portugueses ; gente que fala a nossa língua, que canta o fado, que serve comida portuguesa... Mas, a maioria da população o que conhece como língua é o macaense ou o inglês; o que come, são produtos típicos da região e o que ouve é aquela música dolente que nada tem que ver connosco.
Mas em contrapartida, subiu imenso o número de turistas. Muito movidos pela curiosidade, os monumentos, o resto da influência portuguesa, mas também pela atracção que o jogo exerce.
É que a liberalização dos casinos é uma esperança de riqueza para muitos audaciosos que sonham com dinheiro fácil. E, para o bem e para o mal, Macau tem meios que põe à disposição de quem quer arriscar.
Tudo muda.
Mas lá como cá, continua-se à espera da chegada de Jesus, o Menino  Deus que, por Amor, se entregou para salvação dos Homens.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


sábado, 20 de dezembro de 2014

Um ano depois...

Foi há um ano que tudo começou!
Um ano... trezentos e sessenta e cinco dias... tão pouco tempo... Há um ano, por esta hora, tínhamos começado os preparativos para a viagem. Íamos à festa, ao acontecimento, à celebração que marcou este dia. Tínhamos sido convidadas. E que não fôssemos...tínhamos que estar presentes! São assim os Amigos...
Estava um dia frio mas com sol ,como convinha. Ele dava cor e luz ao ambiente. E graça e alegria. Afastava uma certa nostalgia que toldava o olhar Era já a perspectiva do "amanhã"...
Partimos, finalmente. Partimos com alegria, embora talvez a angústia nos invadisse, perante a novidade que ia começar.
Várias peripécias pelo caminho mas nada abalou a nossa certeza de chegar e a tempo. E chegámos. E participámos nessa celebração que foi um convite ao qual correspondeu um Sim que afastou "compromissos, projectos, planos anteriores". São assim os convites de Deus...
Com a mesma comoção desse dia  lembro, um ano passado, os acontecimentos vividos e adivinhados. E volto, junto do Pai, a pedir a graça da correspondência, em alegria e disponibilidade.
O tempo passa, as circunstâncias mudam mas a Fé e a Confiança permanecem. É que aí reside a alegria do dom.
Pai nosso... seja feita a Tua vontade... hoje e em cada dia do ano que começa.
               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Contrastes

Na sequência do acto terrorista em Sidney - Austrália, soube hoje que morreram três pessoas e ficaram várias feridas. Igualmente foi notícia que no Paquistão, um grupo talibãn entrou numa escola e matou 140 pessoas essencialmente crianças e adolescentes...
Isto, em vésperas de Natal, quando tudo convida ao Amor e parece marcar os dias com alegria. É a triste realidade , a outra face duma teoria que proclama a igualdade entre os homens e os seus direitos. Segundo a Proclamação Universal dos Direitos Humanos todos os homens são iguais em direitos... mas parece que uns são mais iguais do que outros, vamos lá nós saber porquê! E alguns são "tão diferentes" que até se arvoram o direito de matar... Talvez tenham interpretado "à sua maneira" o que o Evangelho nos diz. Realmente lá todos somos apresentados como iguais,porque filhos de Deus. Mas também nos é dito por Jesus que "há muitas moradas na casa do Pai"... E nós, cristãos , entendemos que todos temos lugar no Reino de Deus , desde que o queiramos alcançar. Mas também percebemos que esse "lugar" difere na medida do esforço que empregamos para o alcançar, no tipo de caminhada que praticamos, na tentativa, maior ou menor, para ocupar o lugar que nos foi reservado desde toda a eternidade.
Todos somos iguais, porque filhos de Deus. A todos Ele dedica o Seu Amor, a todos procura como pastor à ovelha desgarrada. Mas temos que compreender as diferenças que pomos nas nossas prioridades, nas vezes que perseguimos objectivos que nada têm a ver com Deus.
Mas para todos Ele enviou o Seu filho, esse Menino cuja chegada está eminente e que muito em breve estará entre nós, na forma duma "criança deitada numa manjedoura" , oferecendo-se a todos os que O quiserem acolher.
Neste Natal, em que tanta coisa dolorosa e estranha acontece, Jesus tem que ser, mais do que nunca, o nosso sinal de Esperança, tem que ser o exemplo que nos leva a acolher todos os que precisam do nosso amor, do nosso carinho, da nossa confiança.
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A caminhada continua...

Pelas ruas das cidades e das vilas prepara-se o Natal. Há enfeites; há luzes; há alegria; há vendas e há música.
As pessoas preocupam-se com o que necessitam para a celebração, com as prendas a dar à família e aos amigos. As crianças antecipam a festa pensando nos presentes que vão receber.
Tudo isto é a preparação exterior do dia de Natal.
Algumas pessoas, mais desprendidas do que é exterior, talvez parem uns instantes para olhar o Menino que em breve vai chegar. Talvez recordem com nostalgia os Natais da sua infância...
Mas Jesus já está, porque nunca deixou de estar no nosso coração e, por que não? nas nossas vidas.
Na televisão e na rádio, música festiva e, nos jornais, anúncios alusivos à quadra. Tudo a lembrar-nos que há festa e uma festa que se estende a todo o mundo.Mas, em simultâneo, notícias que nos deixam preocupados e inquietos :
. Na Austrália, num café de Sidney, um grupo de refens aterrorizados esperava que se decidisse a sua sorte;
. Na Bélgica, um grupo armado que entrou numa residência e cuja actuação era, ainda há pouco, desconhecida;
. Nos Estados Unidos, alerta máxima nas embaixadas de todo o mundo, com receio de ataques terroristas.
Haverá certamente quem, neste momento, chocado com tudo isto, faça a pergunta  que foi tema do último programa "Prós e contras" : Deus tem futuro?
Mas os que acreditam, os que têm vindo a preparar o Natal, sabem que Deus é presença e que nunca esquece os homens. Eles é que O esquecem... Por isso, é necessário que, cada ano, venham os anjos recordar cantando :Glória a Deus nas alturas e na terra paz aos homens de boa vontade.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.




domingo, 14 de dezembro de 2014

A caminho do Natal

Terceiro Domingo do Advento. Domingo da Alegria, porque o Natal está próximo. 
Caminhamos a passos rápidos para ele.
Talvez fosse altura de parar para nos interrogarmos como têm sido esses passos : Lentos, atentos, reflectidos ou rápidos e sem cuidado?
Como tem corrido a nossa preparação? Como temos acolhido e vivido o convite de Jesus? Mesmo se Ele transtornou os nossos planos e modificou os nossos objectivos...
Olhemos para Maria. Também ela foi apanhada de surpresa e viu alterados os seus projectos de vida. 
Encontrou-se comprometida com uma família e com um bebé nos braços. Um bebé que, por desígnio do Altíssimo, é o Filho de Deus que vem para salvação da humanidade.
Claro que Maria pôs interrogações, fez perguntas ao Anjo da Anunciação. Talvez ficasse inquieta e receosa mas... a sua resposta foi simplesmente : Faça-se em mim a Sua vontade.
Neste Advento, podemos ter novamente presente toda esta realidade que a Bíblia nos conta; devemos reflectir no modelo que é para nós Maria; talvez pensar como reagiríamos se fosse connosco este convite feito por Deus. Que, em boa verdade é!...
Também a nós Ele se dirige para nos perguntar : Queres? Queres aceitar as contrariedades como as alegrias? As dificuldades como as linhas rectas da vida?
O Natal aproxima-se... Até a atmosfera resolveu mostrar que estamos no Inverno, tempo propício para enquadrar o nosso presépio.
Olhando a chuva que cai penso que ela vai limpando também as nuvens escuras do nosso espírito para nos deixar antever as graças e dons que o Natal oferece.
Estamos a tempo de preparar o nosso coração para cantar o Adeste fideles.
                    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A Novidade é precisa...

A rotina marca muitas vezes a nossa vida e de tal maneira nos habituamos a ela que a vida se nos torna uma monotonia . Tira-nos mesmo toda a alegria de viver e torna-nos uma espécie de robôs cumpridores de tarefas.  
Esquecemo-nos que, embora a rotina seja necessária e útil, há um outro aspecto igualmente importante e que dá cor aos nossos dias: a novidade.
E o que é a novidade?. São os pequenos e grandes acontecimentos diários, revestidos de algo que os torna diferentes. Ou são os nossos olhos , fechados e abertos de novo, que vêem de modo diferente a realidade, mesmo a conhecida.
Afinal, cada dia é diferente do dia que o precedeu e distinguir-se-á do que lhe segue.
Cada noite dá sempre  lugar a uma manhã. Tudo igual e tudo diferente, como  diferentes são as estações e os dias do ano.
E se pensarmos no Ano Litúrgico, embora comece sempre com o Advento, tenha o seu ponto alto na Páscoa e continue pelo "tempo comum", o facto é que os textos só se repetem de três em três anos . E, cada um deles nos apresenta a sua versão, sempre igual e sempre nova.
Quando nos deitamos, olhamos para o hoje, talvez para o ontem; mas só podemos perspectivar o àmanhã.
Amanhã, como será? Este "desconhecido"é a Novidade que chega. E que é importante...
Precisamos de parar, na rotina que enche os nossos dias, para encontrar a alegria do novo dia que nos deslumbra e entusiasma. E nessa alegria da novidade, temos a maneira nova de oferecer o conhecido de cada dia, de renovar a oferta sempre igual e sempre nova.
A Rotina estiola o coração do Homem , feito à imagem de Deus. Sempre abertos ao que é novo, vivamos cada dia buscando a novidade que Ele encerra.
                   Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Festa da Imaculada Conceição

É uma grande festa para a Igreja, celebrada precisamente neste período em que nos preparamos para a vinda do seu Filho Jesus.
Não foi por acaso, como não é por acaso que se mantem o feriado neste dia.
Foi o Papa Sisto IV  que, em Fevereiro de 1476, fez desta comemoração uma festa universal celebrada, portanto,  em todo o mundo. Nela somos convidados a fazer uma reflexão sobre o tipo de resposta que damos aos desafios que Deus nos propõe ; como O ouvimos, como Lhe falamos. É por isso, certamente, que a liturgia nos propõe como modelo Maria de Nazaré. Ela, simplesmente, com confiança e humildade, colaborou com os planos de Deus. O seu Sim foi o motor para a salvação do mundo. A sua plena aceitação ao convite do Anjo permitiu a vinda de Jesus Cristo.
Talvez seja altura de, mais uma vez, nos perguntarmos como temos vivido os nossos Sins...
Esta festa da Imaculada Conceição é também , para os católicos, a celebração do Dogma que apresenta Maria como isenta de pecado desde a sua concepção. Foi no século XIX , em 1854 que Pio IX definiu este dogma.Mas, para nós portugueses, a Imaculada Conceição desempenha um outro papel. Ela é  padroeira de Portugal. E isto deve-se a D. João IV  que, depois da Restauração, nas cortes de 1646, coroou a imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal.
Há festa em Vila Viçosa; há festa em Portugal ; e há festa no meu coração porque faz anos que cheguei a esta casa para começar a minha vida religiosa.
Junto de Maria agradeço todas as graças recebidas e lembro os meus Amigos para que também eles encontrem em Maria um "porto seguro" que os abrigue na caminhada do seu Sim, até ao Pai.
Maria, Padroeira de Portugal, Mãe de Deus e nossa mãe, rogai por nós.
                   Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
        


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Em rodagem...

Estamos a caminho! Vamos percorrendo o tempo que nos separa do Natal.
E ao pensarmos no nascimento de Jesus, recordamos que também Maria e José tiveram que preparar esta chegada, necessitaram procurar um lugar para que Ele nascesse. "Não havia lugar para eles na hospedaria..."
Despojamento... Desprendimento... confiança na divina providência...
E este aspecto situa-nos igualmente naquele momento em que Jesus envia os discípulos " como ovelhas no meio de lobos" mas lhes recomenda que "não levem bolsa, nem alforge, nem sandálias nem dinheiro".
Esta recomendação também nos é dirigida nesta nossa caminhada até ao Natal. É um convite ao desprendimento e à confiança; uma recomendação de que partilhemos com os que não têm; que atendamos à dificuldade dos momentos que vivemos.
Estamos a chegar ao fim desta primeira semana do Advento. Como a vivemos? Que esperava e espera Deus de nós? Como correspondemos?
São perguntas que se impõem e que pedem uma resposta.
Talvez tenhamos planeado situações sofisticadas, sacrifícios exaustivos, partilhas temerárias...
Tudo sonhos que não chegamos a concretizar, desejos grandiosos que não cabem na nossa capacidade de ser generosos... É que levar o Evangelho "à letra" ... partir sem farnel, sem bolsa, sem duas túnicas, é uma dimensão de desprendimento que não é pedida a todos. Mas o que nos é pedido, neste Advento, é que olhemos com amor para os que nos rodeiam, atentos às suas necessidades materiais mas também de carinho, de acolhimento, de compreensão.
Vamos sem farnel e sem alforge porque não nos angustia o "àmanhã". Já há demasiada preocupação e dor no mundo. É preciso espalhar a confiança e a alegria enquanto esperamos a vinda de Jesus.
Junto do presépio, enquanto aguardamos o grande dia, rezemos para que saibamos acolher o dom de Deus e o partilhemos com os outros.
 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Eis que Ele vem

Chegou o Advento! A a advertência que o primeiro domingo nos faz é : Vigiai! É por assim dizer não só a vinda breve do Messias mas também o anúncio duma vinda, " não sabemos como nem quando"  no fim dos tempos.
Vigiai! porque não sabeis o dia nem a hora. É simplesmente um anúncio duma vinda de que Isaías já falava , apresentando Deus como Pai e Redemptor  que deixa que os filhos se afastem mas a quem promete a salvação. É um passado de esperança e confiança, o texto de Isaías.
Depois, temos S. Paulo chamando a atenção dos Coríntios para o modo de viver de todos e cada um. Anuncia-lhes a presença de Jesus Cristo que deu aos homens "todo o dom da Graça" esperando que eles o aproveitem para se prepararem para o encontro definitivo com o filho de Deus.
Mas o alerta para a vigilância indispensável é-nos dado por S. Marcos no seu Evangelho, dizendo-nos que temos que ser como aquele porteiro que guarda a casa do seu senhor, atento e vigilante "porque não conhece o dia nem a hora" em que ele vai regressar. É a preparação para uma vinda futura, desconhecida mas certa.
Nesta caminhada de certezas que é o Advento, devemos ter espelhado o caminho da vida, cheio de dúvidas e incertezas mas que é necessário percorrer confiantes, na senda de Jesus, à guarda da Igreja que Ele nos deixou.
O Natal é a antecipação simbólica da última vinda, aquela que nos conduzirá ao "mundo que há-de vir", mas que não sabemos quando nem como.
Entretanto, permaneçamos seguros e confiantes.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 

sábado, 29 de novembro de 2014

Curiosidades

A propósito do Hábito branco dos Dominicanos, lembrei-me da origem da veste branca do Papa que é uma consequência da eleição dum Papa que era frade da Ordem dos Pregadores- S. Pio V e vestia portanto de branco.
Mas talvez porque os frades da Ordem dos Pregadores existem desde o século XIII, e tiveram muitos conventos em Portugal ; talvez porque a Ordem engloba vários ramos : frades, monjas, religiosas de vida apostólica e leigos comprometidos com a Ordem, há em Portugal outras influências. 
Uma, acabei de a ouvir contar...
Conheceis a bandeira da Câmara municipal de Lisboa? 
Lembrai-vos das cores que a formam?
Pois nem mais nem menos do que branco e preto como o nosso hábito dominicano. E isto, por quê?
Talvez haja muitas razões; dão-se imensas explicações, certamente válidas...
Mas uma delas e a que diz quem parece saber, está relacionada com a Ordem Dominicana. Talvez seja invenção, talvez boa vontade de amigos e admiradores, mas não deixa de ter o seu quê de curioso.
Diz aquele conhecedor que se deve a cor da bandeira ao 1º Presidente da Câmara de Lisboa, que era Terceiro Dominicano, um dos tais leigos comprometidos com a Ordem.
Então, por admiração ou como testemunho duma presença,quis que a bandeira da sua câmara tivesse as cores da Ordem a que pertencia: o branco e o negro característicos.
Não tem representada a cruz que surge no emblema da Ordem. Era demasiado!... Mas a disposição das cores pode fazer lembrar essa mesma cruz.
Talvez não seja verdade; pode ser apenas desejo dum   entusiasta; mas, é um dado que sempre nos chama a atenção para uma Ordem que teve e tem a sua acção positiva e insubstituível na Igreja portuguesa.
                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Palavras que fazem pensar

" ... Quando deres do teu pão ao que tem fome e saciares a alma do indigente brilhará a tua luz  na escuridão e as trevas serão como o meio-dia " (Is. 58)
Estas palavras de Isaías que acabei de reler com mais atenção fazem-nos reflectir  na necessidade da partilha, na disponibilidade, no interesse pelos que nos rodeiam e nos mostram a sua fragilidade e falta de apoio: porque têm fome, porque necessitam de consolo, de companhia; porque a sua casa é na rua e as suas vestes são velhas e poucas; porque estão doentes e os remédios escasseiam...
São os pobres, aqueles para quem Jesus chama a atenção, afirmando que o que lhes fazemos é a Ele que estamos fazendo.
Aliás, S. Mateus no seu Evangelho, ao relatar o discurso de Jesus sobre o juízo final, torna bem patente a recompensa dos que tiveram no próximo a imagem de Jesus mesmo sem o saber.
Se olharmos à nossa volta quanta pobreza detectamos! Quantos a necessitarem da nossa ajuda!Quantos, mesmo silenciosamente, a implorarem a nossa misericórdia!
Mas não são só os que têm fome , que não têm que vestir, que estão doentes ou presos... Há outros "pobres" a solicitarem a nossa atenção: os que anseiam por cultura, que desejam descobrir o Bem, que gostariam que alguém lhes desse a conhecer a Verdade que é Deus.
Há muitos "pobres" de amizade que precisariam de ter um ombro amigo em que reclinassem a cabeça para chorar. Há outros que precisam dum conselho, duma chamada de atenção, duma observação oportuna mas cujos amigos se retraem com medo de serem importunos ou inoportunos...
Partilhar que é Amar não é só de bens materiais. É também de compreensão, de conhecimentos, de descoberta. E por que não um sorriso, uma palavra de carinho, uma advertência?
Amar... é caminhar ao lado de...
            é estar presente quando...
            é ouvir sempre que...
É dizer a palavra certa no momento certo.
E é ter a certeza  de que sempre que o fazemos ao mais pequenino é ao Senhor Jesus que o fazemos.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, OP

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Dominicanos e Papas

Enquanto procurava entre as minhas "relíquias" uns apontamentos que queria rever, novamente deparei com aquele poema que sempre me emociona :
                                                              "Tenho um hábito branco..."
É que este hábito branco é também o meu , o que enverguei há muitos anos quando assumi um compromisso com Deus e a Congregação.
Mas não foi nisso que hoje pensei. Antes, recordei a veste branca do Papa. Mas o Papa só se veste de branco desde que António Ghilslieri, frade Dominicano, Bispo de Nepi e Lutri e depois Cardeal, subiu à cadeira de Pedro com o nome de Pio V.
Porque pretendia continuar a mostrar ao mundo a Ordem a que pertencia, não quis deixar o seu hábito branco. Daí em diante foi este hábito que se tornou veste papal e hoje é envergada por todos os sucessores de Pedro.
Claro que pouca gente sabe a razão porque o Papa se veste de branco, como a maioria ignora que S. Pio V era frade da Ordem dos Pregadores. E desconhecem também que houve outros Papas Dominicanos - Inocêncio V e Bento XI.
Todos eles  entraram muito jovens na Ordem, muito embora em épocas diferentes: Inocêncio V e Bento XI no século XIII e Pio V no século. XVI. Também a sua nacionalidade era distinta: Bento XI e Pio V eram italianos; Inocêncio V francês.
Mas nada disso os impediu de testemunharem o seu valor e o seu amor à Verdade, apanágio da Ordem a que pertenciam. Tiveram percursos de vida e trabalhos diferentes:
Inocêncio V trabalhou com Sto Alberto Magno e S. Tomás de Aquino no sentido de promover o estudo dos frades dominicanos e não só.
Bento XI distinguiu-se na luta que travou pela restauração da paz em Inglaterra e na Alemanha bem como na reconciliação entre a França e a Sé Apostólica.
S. Pio V teve um papel importante no Concílio de Trento promulgando mesmo o catecismo emanado deste concílio. Igualmente procurou incentivar a formação teológica do clero com base na Suma Teológica de S.- Tomás de Aquino. Foi ele que declarou este santo Doutor da Igreja Latina com a designação de Beato Angélico. A S. Pio V se deve o Breviário e o Missal Romano.
Três homens, três frades Dominicanos, três percursos distintos, três actuações diferentes na vida, mas os três fiéis à mensagem de S. Domingos e à devoção do Rosário.
Inclusivamente foi S. Pio V que, após a vitória de Lepanto, dedicou essa vitória a Maria. Instituiu a festa de Nossa Senhora da Vitória que depois passou a ser a comemoração de Nossa Senhora do Rosário.
Grandes Papas, grandes Dominicanos. São um convite para nós Dominicanos, mas para todos os cristãos, a segui-los  no seu caminho da Santidade.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, OP

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Memórias

No domingo a Igreja celebrou a Festa de Cristo Rei.
Quando eu era jovem, este era um grande dia para a Acção Católica.
Reuniam-se na Sé todos os dirigentes dos vários ramos da A.C. para fazerem o seu juramento : 
"... Assim prometo e juro e assim Deus me ajude " 
Era pessoal, colectivo e impressionante:
Agrários, estudantes, independentes, operários, universitários,todos juntos num mesmo sentimento e em igual desejo: servir a Igreja e testemunhar o Evangelho.
Saias ou calças azul escuras e blusas azuis claras enchiam a Sé. Todos orgulhosos da missão a que se tinham dedicado e da causa que tinham prometido servir : Jesus Cristo, Senhor e Rei do Universo.
Não sei explicar o que todos e cada um sentia. Só sei que ser da A.C. era algo que modificava a vida e nos fazia ser diferentes. Não nos cansavam as reuniões em que participávamos; não nos enfastiavam as várias acções de que nos encarregavam; não nos sentíamos descriminados, antes orgulhosos por usar um emblema que testemunhava o zelo pelo apostolado que tínhamos jurado praticar.
E vivíamos o Hino que cantávamos: 
                                                      Abram alas, terra em fora
                                                      por entre frémitos de luz.
                                                      Deus nos chama é nossa a hora
                 Àlerta pela cruz....
Foi assim até vir para o convento. Primeiro na JECF e depois na JUCF. Sempre estive "ao serviço"
Ainda me lembro do entusiasmo com que me preparei para receber emblema. Sim! na altura não era brincadeira nenhuma... Havia que se trabalhar em três vertentes "ver, julgar e agir" no nosso meio.O que era necessário fazer e como fazer. Depois, a nossa acção, o nosso empenhamento, eram  apreciados e valorizados ou não.
Bons tempos? Outros tempos!...
Ao vir para o Ramalhão, deixei a Acção Católica. Mas não a esqueci e à influência que ela teve em mim. Até trouxe o emblema que mantenho guardado...
Mas, não alimentei saudades. Outros caminhos se me depararam; outras actividades me esperavam. E ser Dominicana não é um modo de servir a Igreja, espalhar a Verdade, testemunhar o Evangelho? E não tinha o mesmo entusiasmo e o mesmo empenhamento dos meus tempos de estudante?
Os tempos mudaram! A Acção Católica "morreu" ou quase. Outros movimentos surgiram .
Que sirvam a Igreja com o mesmo entusiasmo com que a A.C. a serviu.
                        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


sábado, 15 de novembro de 2014

A coragem do Sim

Falar sobre vocação em geral e vocação religiosa em particular não é fácil. Aliás, não é assunto de conversa habitual... Mas, anteontem , com um grupo de mães de alunos aqui do Colégio, não sei como nem porquê, a crise de vocações veio "à baila" . Talvez porque estamos na semana de oração pelos seminários... Enveredámos por aí : a falta de sacerdotes, a idade avançada das Irmãs, o número diminuto de seminaristas e vocações religiosas.
Eis senão quando uma das mães, que tinha sido nossa aluna, se sai com esta : " Eu, quando era jovem, pensei ser religiosa. As Irmãs encantavam-me com a sua atitude e modo de ser. Achava linda a vida das Irmãs. Depois, desisti porque considerei que era capaz de ser demasiado difícil. No entanto, nunca esqueci este meu desejo..."
Todas se riram . Ela é mãe de três crianças amorosas, por sinal... Eu ri-me também mas sem vontade. Para mudar de assunto, usei o velho lugar comum: E quem disse que era simples e fácil seguir Jesus? E entrei numa de falar em problemas de educação, estratégias de ensino, questões de disciplina, etc. Pareceu esquecido o problema da vocação. Mas para mim não estava.
Mais tarde, na capela, voltei a pensar naquela jovem e noutros ,que têm medo do que lhes é pedido. E recordei o "jovem rico" do Evangelho. Tal como a ele, Jesus teria sugerido àquela jovem que deixasse tudo e o seguisse. O jovem, diz o Evangelho, afastou-se triste " porque tinha muitos bens". Também àquela jovem, também a nós, noutras circunstâncias, Jesus diz o mesmo. A ela faltou-lhe a coragem... E a nós?
É que muitas vezes estamos presos a pequenas coisas a que nos acostumámos, que fazem parte do nosso dia-a-dia. Estamos presos, às nossas ideias, ao nosso trabalho, às nossas comodidades.
O que teria afastado aquele jovem de seguir o apelo de Deus? O que afasta tantos jovens a quem o Senhor diz "Vem!" ? O que nos afasta a nós de corresponder a um pedido, de aceitar uma escolha?
É sobretudo o medo do desconhecido, o deixar tudo e seguir sem planos "sem alforge, sem duas túnicas"...
É preciso coragem e essa é a condição.
                             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A lei dos afectos

Acabei de ler a frase de um santo dirigida a Deus a qual me impressionou: "Não me tires, Senhor, os afectos mas acrisola-os".
E isto, deu-me que pensar. É que o afecto, a manifestação de amor, é uma necessidade da nossa alma. Sem afecto, ficamos secos, duros, estéreis, no sentido amplo do termo. Incapazes de amar e de nos deixarmos amar.
Todos nós procuramos nos outros , nalguns dos outros pelo menos, o campo em que possamos espalhar os nossos afectos, os nossos interesses, as nossas alegrias e angústias. Todos nós temos necessidade de Amigos em "casa" de quem nos refugiemos para partilhar, tal como Jesus com Lázaro, Marta e Maria.
Também o Mestre tinha um "discípulo que Ele amava" , que distinguia dos demais, muito embora não diminuísse em nada a estima que tinha pelos outros.Por isso, não é estranho este pedido dirigido ao Pai: Não me tires os afectos...
Também nós não queremos perder as amizades, ver afastar os que estimamos, "estragar" afectos que dilatam o coração e nos fazem melhores.
Mas claro que todas as Amizades têm que ser "limadas" porque sempre pomos nelas uma quota parte de egoísmo, sempre pensamos  um bocadinho mais em nós e nos nossos interesses que nas dificuldades ou necessidades dos Amigos. Sempre nos preocupamos mais com os nossos interesses imediatos do que com aquilo que era bom ou importante para os outros.
Quantas vezes não ocupamos o tempo dos Amigos com as nossas "coisas" esquecendo-nos que também eles têm coisas para fazer e quiçá para dizer ou mesmo para dar?!...
É por isso que concordo que os afectos têm que passar pelo crisol do respeito, da disponibilidade, da doação, da generosidade.
Mas, Senhor, mantem-nos esta capacidade de amar que é o dom que nos deixaste.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 8 de novembro de 2014

Tristezas e alegrias da História

25 anos sobre a queda do muro de Berlim! A Alemanha está a comemorar o acontecimento e tem razão para isso. O mundo mudou e ela foi a primeira a testemunhá-lo,
A queda do muro de Berlim não foi só a possibilidade da unificação da Alemanha, a felicidade do reencontro de famílias separadas há 30 anos, o grito de liberdade para todos. Foi muito mais do que isso, porque afectou positivamente toda a Europa, dando-lhe a liberdade de expressão e de vida. E por que não dizer da mudança para todo o mundo? Claro que também houve excessos, erros, deficiências... É inevitável. Mas o saldo é positivo.
No meio de toda a euforia das comemorações, ouvi ontem na TV que alguém tinha retirado algumas das cruzes que, no lugar mítico do muro, assinalavam o sítio em que tinham morrido os que tentavam saltar.
E retirado, para quê? Disse o repórter, para as colocar noutro lugar em que fossem  uma chamada de atenção para o facto de que muitos ainda não têm as mesmas possibilidades do povo da Alemanha.
Realmente ainda muitos homens e mulheres ,no mundo,estão longe de ser livres, de poderem expressar as suas ideias, de viver ao seu gosto, a sua vida.
E é para testemunhar esta realidade que aquelas cruzes foram levadas. Serão colocadas algures num ponto onde indiquem que são a voz dos que não têm voz, são a expressão dos que não podem exprimir-se, são a vida dos que não têm vida própria.
Que não nos esqueçamos nunca de todos esses que o mundo às vezes parece esquecer e, se não podemos fazer mais nada,ao menos podemos rezar  Podemos ter presentes, junto do Pai, aqueles que sofrem , aqueles que não foram abrangidos pela felicidade da queda do muro de Berlim.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Ao encontro da paz

Paz!... é um desejo que parece nascer no coração de todos os homens. Surge em todas as discussões ou encontros como "pano de fundo" digamos assim.
Reza-se pela paz... os países dialogam em torno do processo de paz... assinam-se acordos de paz... Mas, em contrapartida, os noticiários, os jornais, a rádio, a televisão, bombardeiam-nos com notícias de guerra, de lutas, de mortes.
E tudo isso, estas ideias e acções contraditórias quase nos fazem esquecer aquela outra paz, a paz interior, aquela quietude serena que por vezes nos envolve e nos enche de Deus. Às vezes nos sítios e ambientes mais inesperados.
Recordo sempre com emoção a visita que fiz, uma vez, a uma igreja dum convento que me era desconhecido.
A primeira impressão foi desagradável. Quase me senti esmagada pelo peso do cimento envolvente; chocada com a luminosidade que emanava dos bancos de madeira; admirada com o jardim que se podia observar duma janela lateral.
Tudo estranho. Tudo perturbador. Tudo diferente daquilo a que estava habituada.
Sentei-me diante do sacrário, a única coisa que, desde o primeiro instante ,me deslumbrou, me seduziu. Não sei se me sentei para rezar, para apreciar e compreender o que me rodeava ou, ao contrário, abstrair dessa sensação de desconforto que me inquietava.
Mas a verdade é que, ao olhar aquele sacrário me senti bem, descontraída, envolvida por uma paz e serenidade como há muito não sentia. Esqueci tudo o resto e só agradeci aquela alegria interior que me invadiu.
Já lá vão dois anos mas lembro-me como se fosse hoje e gostava de me sentir como naquele dia, naquela igreja , naquele banco em que parecia ser apenas Deus e eu..
Não sei se rezei,  não me lembro se disse alguma coisa àquele Senhor que parecia olhar-me... Mas do que tenho a certeza é que a Paz, aquela que Jesus nos prometeu,me encheu o coração.
E também tenho a certeza que essa paz não fui eu que a pedi; foi Deus que ma ofereceu e eu a aceitei.
Procuremos abrir o coração a esta paz que é dom, é oferta.
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.



quarta-feira, 29 de outubro de 2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Qual a razão do sofrimento?

Paul Claudel traz muitas vezes a resposta mesmo às perguntas que não nos atrevemos a fazer. Ontem encontrei esta, perdida no meio de apontamentos vários: "Cristo não veio suprimir o sofrimento, mas enchê-lo coma Sua presença; não veio explicar a cruz mas deitar-se nela " .
Claro que podemos ver esta resposta de dois ângulos diferentes e podemos utilizá-la como uma explicação simplista para a atitude de desânimo e e resignação que tantas vezes é a nossa.
Mas, é uma utilização errada, uma falsa interpretação, sobretudo se pensarmos na atitude amorosa e consoladora de Jesus face aos doentes, qualquer que seja o seu mal. Basta lembrarmo-nos do texto de ontem e 
daquela mulher enferma há 18 anos. Ela entra no Templo sem qualquer pensamento reservado, sem fazer qualquer pedido. É Jesus que a vê, que se compadece dela e a cura. Aliás, Ele fez assim com muitos outros doentes: uns que solicitam a sua ajuda; outros que só lhe mostram o seu estado; outros ainda que apenas estão próximo, com os seus males, as suas dores.
É claro que podemos sempre interrogar-nos : Se Jesus é todo compaixão, por que sofremos ? Se Jesus quer a paz na Terra, porque permite a guerra?
Para estes factos a ciência e a filosofia arranjam sempre mil explicações, umas mais interiorizantes do que outras... mas, para o cristão, o sofrimento e a morte fazem parte dum todo que é a Vida. E esta Vida, é a missão que temos que realizar na Terra e que vai encontrar no céu a plenitude .
Aliás, se pensarmos no Amor de Jesus por nós que O levou a entregar a Vida pelos Homens, percorrendo o caminho do sofrimento e da dor, que o conduziu até à cruz, temos um incentivo para não ver a dor apenas pela negativa mas descobrir nela a presença do Amor. E assim, não enveredar pelo desespero nem pela resignação.
                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.                                       

sábado, 25 de outubro de 2014

A vocação a que fomos chamados


Ouvir comentar o capítulo 4 da Epístola de S. Paulo aos Efésios, por uma pessoa com dom de palavra e vida interior, causa uns certos arrepios na espinha.
É que S. Paulo faz uma chamada de atenção aos Efésios que nos diz também respeito a nós: " Exorto-vos... a andardes de modo digno da vocação a que fostes chamados, com humildade, mansidão... suportando-vos uns aos outros..."
E aqui, põe-se-nos a primeira questão : Estamos conscientes de que fomos chamados? Qual a vocação a que Deus nos chamou? Como a estamos a viver? Como correspondemos a essa vocação, qualquer que ela seja?
E S. Paulo tinha acrescentado ..." suportando-vos com amor, procurando conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz"
E agora outra pergunta , igualmente oportuna : Como trabalhamos para a unidade? Onde encontramos o amor, dom do Espírito e contributo para a construção da paz ?
E S. Paulo continua lembrando:" ... é uma só a esperança da vocação com que fostes chamados...Há um só Senhor, uma só Fé , um só baptismo, há um só Deus e Pai de todos"
É  uma forma de consolação, talvez, mas também um incentivo e um "despertador " para as nossas faltas de certezas, as nossas dúvidas, as nossas frustrações.
Mas no fim, Paulo deixa-nos uma certeza: " a cada um de nós foi dada a graça pela medida do dom de Cristo" . E Cristo deu-nos um dom infinito que foi a Sua vida, morte e ressurreição; que é a Sua presença na Eucaristia.
Vale a pena ler, devagarinho, este capítulo da Epístola de S. Paulo aos Efésios.
                         Ir. maria Teresa de carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

800 anos depois...

Pensando nos Dominicanos, nos seus conventos, nas suas actividades, na sua fundação, constatei que em 2016 fará 800 anos de existência  a Ordem dos Pregadores - os Frades Dominicanos como vulgarmente são conhecidos.
800 anos... 8 séculos... milhares de frades e freiras espalharam-se pelos cinco continentes, constituíram uma variedade de Províncias, dedicaram-se a difundir a verdade e o bem. Em toda a parte exerceram a sua missão evangelizadora, de pregadores que são.
E há santos e mártires; Bispos e Papas; religiosos e religiosas; frades e Irmãos cooperadores; monjas e fraternidades leigas...
Muitas Universidades foram criadas pelos Dominicanos; em muitas outras são eles professores. Muitos colégios são obra e trabalho de Dominicanos e Dominicanas; em muitas paróquias há a marca do seu trabalho , da sua pregação, da sua vida.
E no entanto, quantas pessoas conhecem realmente a vocação dominicana , a sua origem, a figura e vida do seu fundador? Quantos jovens o procuram seguir?
Quem sabe que S. Domingos  era cónego da catedral de Osma e que foi depois de uma viagem ao norte da Europa, como companheiro do seu Bispo - Diego de Osma , que teve contacto com a heresia de Tártaros e Albigenses e aí começou o seu apostolado?
Quem conhece a preocupação de S. Domingos pela pregação da Verdade e portanto a necessidade de arranjar colaboradores que, com ele, levassem ao mundo a pregação mas também o testemunho de vida?
Quem compreende que um ano após a constituição do 1º convento em Toulouse, S. Domingos tenha enviado os seus Frades, dois a dois, a pregar pela Europa?
Quem sabe que o 1º convento da Ordem Dominicana , em Prouille, se destinou não a Frades mas a um grupo de mulheres convertidas da heresia  e que pretendiam seguir Domingos? Eram monjas e , como as de hoje, não pregavam nem exerciam qualquer forma de apostolado exterior...

Quem alguma vez leu que um dos prémios Nobel da Paz foi entregue em 1958 a um Dominicano belga - Frei Dominique Pire - pela sua liderança do "Europe du coeur au service du monde" associação que ele fundou para ajuda dos que sofriam, depois da 2ª Grande Guerra?
Quem consegue perceber o que são os conventos dominicanos e qual a importância que tiveram e têm nas cidades e na cultura?
Quem, por curiosidade, foi investigar e descobriu que os Jogos Olímpicos tiveram o seu início no sec. XIX num convento dominicano, perto de Grenoble?
Quem já ouviu dizer que os quatro pilares da vida dominicana são a oração, o estudo, a pregação e a vida comum?
Será que hoje se considera difícil ser Dominicano/a?
Talvez seja a hora dos jovens deste tempo procurarem saber as respostas a estas perguntas e compreenderem que Deus continua a chamar hoje, como há 8 séculos, para se fazerem filhos e filhas de S. Domingos.
                     Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.