Enquanto procurava entre as minhas "relíquias" uns apontamentos que queria rever, novamente deparei com aquele poema que sempre me emociona :
"Tenho um hábito branco..."
É que este hábito branco é também o meu , o que enverguei há muitos anos quando assumi um compromisso com Deus e a Congregação.
Mas não foi nisso que hoje pensei. Antes, recordei a veste branca do Papa. Mas o Papa só se veste de branco desde que António Ghilslieri, frade Dominicano, Bispo de Nepi e Lutri e depois Cardeal, subiu à cadeira de Pedro com o nome de Pio V.
Porque pretendia continuar a mostrar ao mundo a Ordem a que pertencia, não quis deixar o seu hábito branco. Daí em diante foi este hábito que se tornou veste papal e hoje é envergada por todos os sucessores de Pedro.
Claro que pouca gente sabe a razão porque o Papa se veste de branco, como a maioria ignora que S. Pio V era frade da Ordem dos Pregadores. E desconhecem também que houve outros Papas Dominicanos - Inocêncio V e Bento XI.
Todos eles entraram muito jovens na Ordem, muito embora em épocas diferentes: Inocêncio V e Bento XI no século XIII e Pio V no século. XVI. Também a sua nacionalidade era distinta: Bento XI e Pio V eram italianos; Inocêncio V francês.
Mas nada disso os impediu de testemunharem o seu valor e o seu amor à Verdade, apanágio da Ordem a que pertenciam. Tiveram percursos de vida e trabalhos diferentes:
Inocêncio V trabalhou com Sto Alberto Magno e S. Tomás de Aquino no sentido de promover o estudo dos frades dominicanos e não só.
Bento XI distinguiu-se na luta que travou pela restauração da paz em Inglaterra e na Alemanha bem como na reconciliação entre a França e a Sé Apostólica.
S. Pio V teve um papel importante no Concílio de Trento promulgando mesmo o catecismo emanado deste concílio. Igualmente procurou incentivar a formação teológica do clero com base na Suma Teológica de S.- Tomás de Aquino. Foi ele que declarou este santo Doutor da Igreja Latina com a designação de Beato Angélico. A S. Pio V se deve o Breviário e o Missal Romano.
Três homens, três frades Dominicanos, três percursos distintos, três actuações diferentes na vida, mas os três fiéis à mensagem de S. Domingos e à devoção do Rosário.
Inclusivamente foi S. Pio V que, após a vitória de Lepanto, dedicou essa vitória a Maria. Instituiu a festa de Nossa Senhora da Vitória que depois passou a ser a comemoração de Nossa Senhora do Rosário.
Grandes Papas, grandes Dominicanos. São um convite para nós Dominicanos, mas para todos os cristãos, a segui-los no seu caminho da Santidade.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, OP
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