segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A lei dos afectos

Acabei de ler a frase de um santo dirigida a Deus a qual me impressionou: "Não me tires, Senhor, os afectos mas acrisola-os".
E isto, deu-me que pensar. É que o afecto, a manifestação de amor, é uma necessidade da nossa alma. Sem afecto, ficamos secos, duros, estéreis, no sentido amplo do termo. Incapazes de amar e de nos deixarmos amar.
Todos nós procuramos nos outros , nalguns dos outros pelo menos, o campo em que possamos espalhar os nossos afectos, os nossos interesses, as nossas alegrias e angústias. Todos nós temos necessidade de Amigos em "casa" de quem nos refugiemos para partilhar, tal como Jesus com Lázaro, Marta e Maria.
Também o Mestre tinha um "discípulo que Ele amava" , que distinguia dos demais, muito embora não diminuísse em nada a estima que tinha pelos outros.Por isso, não é estranho este pedido dirigido ao Pai: Não me tires os afectos...
Também nós não queremos perder as amizades, ver afastar os que estimamos, "estragar" afectos que dilatam o coração e nos fazem melhores.
Mas claro que todas as Amizades têm que ser "limadas" porque sempre pomos nelas uma quota parte de egoísmo, sempre pensamos  um bocadinho mais em nós e nos nossos interesses que nas dificuldades ou necessidades dos Amigos. Sempre nos preocupamos mais com os nossos interesses imediatos do que com aquilo que era bom ou importante para os outros.
Quantas vezes não ocupamos o tempo dos Amigos com as nossas "coisas" esquecendo-nos que também eles têm coisas para fazer e quiçá para dizer ou mesmo para dar?!...
É por isso que concordo que os afectos têm que passar pelo crisol do respeito, da disponibilidade, da doação, da generosidade.
Mas, Senhor, mantem-nos esta capacidade de amar que é o dom que nos deixaste.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

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