Falar sobre vocação em geral e vocação religiosa em particular não é fácil. Aliás, não é assunto de conversa habitual... Mas, anteontem , com um grupo de mães de alunos aqui do Colégio, não sei como nem porquê, a crise de vocações veio "à baila" . Talvez porque estamos na semana de oração pelos seminários... Enveredámos por aí : a falta de sacerdotes, a idade avançada das Irmãs, o número diminuto de seminaristas e vocações religiosas.
Eis senão quando uma das mães, que tinha sido nossa aluna, se sai com esta : " Eu, quando era jovem, pensei ser religiosa. As Irmãs encantavam-me com a sua atitude e modo de ser. Achava linda a vida das Irmãs. Depois, desisti porque considerei que era capaz de ser demasiado difícil. No entanto, nunca esqueci este meu desejo..."
Todas se riram . Ela é mãe de três crianças amorosas, por sinal... Eu ri-me também mas sem vontade. Para mudar de assunto, usei o velho lugar comum: E quem disse que era simples e fácil seguir Jesus? E entrei numa de falar em problemas de educação, estratégias de ensino, questões de disciplina, etc. Pareceu esquecido o problema da vocação. Mas para mim não estava.
Mais tarde, na capela, voltei a pensar naquela jovem e noutros ,que têm medo do que lhes é pedido. E recordei o "jovem rico" do Evangelho. Tal como a ele, Jesus teria sugerido àquela jovem que deixasse tudo e o seguisse. O jovem, diz o Evangelho, afastou-se triste " porque tinha muitos bens". Também àquela jovem, também a nós, noutras circunstâncias, Jesus diz o mesmo. A ela faltou-lhe a coragem... E a nós?
É que muitas vezes estamos presos a pequenas coisas a que nos acostumámos, que fazem parte do nosso dia-a-dia. Estamos presos, às nossas ideias, ao nosso trabalho, às nossas comodidades.
O que teria afastado aquele jovem de seguir o apelo de Deus? O que afasta tantos jovens a quem o Senhor diz "Vem!" ? O que nos afasta a nós de corresponder a um pedido, de aceitar uma escolha?
É sobretudo o medo do desconhecido, o deixar tudo e seguir sem planos "sem alforge, sem duas túnicas"...
É preciso coragem e essa é a condição.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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