segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pedi e recebereis

Que queres que eu faça? pergunta Jesus
Senhor, que eu veja! respondeu o cego
Quantas vezes o Senhor nos dirige esta pergunta, nos momentos de dúvida, de inquietação, de incerteza!...
Só que nós não fomos ao Seu encontro, não parámos para Lhe pedir ajuda, não manifestámos a nossa Fé. Por isso, não escutámos a Sua pergunta, não percebemos que Ele quer atender à nossa dificuldade.
O cego levantou-se, deslocou-se atrás do Mestre, deixou a sua capa e pediu: Tende piedade de mim, Senhor. Por isso, foi acolhido, escutado e saiu curado. É esta atitude que nos falta:
. O movimento ao encontro de...  O cego foi!
.A proclamação da Fé... a afirmação do cego- Jesus Filho de David!
.O despojamento das ideias feitas, das intenções elaboradas... ele largou a capa!
. A humildade do pedido... Senhor, tem piedade de mim!
Ajoelhemo-nos aos pés de Jesus, que da cruz nos olha com Amor, e apresentemos-Lhe, confiantes, o que temos e o que somos. Mostremos-Lhe a nossa Fé e manifestemos o nosso amor. E Ele, curará os nossos males e aumentará a nossa confiança e dar-nos-á uma nova vida.

Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


domingo, 25 de outubro de 2015

Nova oportunidade

Escutando o texto do Evangelho de S. Lucas que nos fala da figueira que não dá frutos há três anos e da atitude do agricultor que a procura proteger, não podemos deixar de pensar no significado, para nós, deste texto. Qual o apelo que ele nos dirige? Que lição nos procura dar? Que ensinamento pretende transmitir-nos?
O dono do terreno, como é natural, não está disposto a ter uma árvore que consome o terreno e não produz frutos. Propõe cortá-la.
Mas o agricultor, homem caridoso, preocupado com os bens que lhe foram confiados, acreditando nas "segundas oportunidades", pede clemência para a figueira descuidada, indiferente e ingrata. Promete que vai cavar à volta, regar, pôr adubo... Enfim! fazer tudo o que está ao seu alcance. Se nada conseguir, então o dono do terreno poderá mandar cortar a árvore.
E quem é este agricultor empenhado, caridoso, que tudo tenta para conseguir resultados? Nem mais nem menos do que a imagem de Jesus que tudo faz para que " nem um só se perca" daqueles que o Pai lhe confiou.
Mesmo quando nada queremos, quando a nossa Fé é diminuta ou nula, quando nos afastamos à procura duma vida sem fruto nem flor, Jesus lá está, chamando, falando ao nosso coração, mostrando o caminho que nos trará à casa do Pai, que nos restituirá a Felicidade.
Com Ele, temos sempre uma nova oportunidade. Aproveitemo-la.

Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 24 de outubro de 2015

Necessidade da persistência

Quem pede recebe...
Quem procura encontra...
Quem chama abrir-se-á.
No capítulo 7 do Evangelho de S. Mateus encontramos estas afirmações que podem tornar mais firma a nossa Fé.
No fundo, S. Mateus chama a nossa atenção para a certeza de que Deus tem presente as nossas necessidades e anseios e não fica surdo aos nossos pedidos.
Nós às vezes é que não temos bem essa certeza...
Talvez por isso, simultaneamente, o autor nos alerta para a importância da nossa oração, do nosso esforço, do nosso empenhamento; para a necessidade do nosso pedido.
É que," recebe quem pede, encontra quem procura, abre-se a porta a quem bate..." É a atitude precisa da nossa parte.
Deus estás sempre atento às nossas dificuldades, mas quer que lhas lembremos, que lutemos para as ultrapassar, que façamos a nossa parte, confiantes de que Deus faz a d´Ele.
Às vezes temos a sensação de que o Pai está insensível às nossas preces, não atende às nossas súplicas, não está atento às nossas necessidades... Esquecemo-nos que o nosso Deus é um Deus ausente que quer que o busquemos  e se manifesta de modo diferente daquele que esperaríamos.
 E depois, não será que pedimos aquilo que não é o melhor para nós? Será que o que solicitamos está em uníssono com a vontade de Deus a nosso respeito? Não será que as Graças que Ele nos concede são as que mais necessitamos e nós nem nos apercebemos disso? 
Há que parar, reflectir, julgar. Depois... Compreendemos.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Compras

Sair para compras a uma grande superfície é um exercício que pode constituir um divertimento mas simultaneamente é um treino de paciência e uma aprendizagem de vária ordem.
Por exemplo, ir ao talho do Pingo Doce é mais ou menos como ir a uma consulta ao hospital. Há que chegar... tirar uma senha e esperar a nossa vez. E esperar mais ou menos tempo conforme o movimento de clientes e aquilo que cada um quer e como quer: partido, com um corte, com vários,etc.  Parecem os tratamentos dum poli-traumatizado...
Enfim! Chegou o nosso número. E é uma porção disto, uns quilos daquilo, um coelho cortado e outro inteiro, um frango com cabeça mas sem unhas e uns bifes fininhos.
E vamos embora. Não, não vamos, porque ainda há que passar pela caixa para pagar. E nova fila nos espera. Enfim... agora é que só falta arrumar as compras no carro e regressar a casa.
Mas enquanto esperei, estive ocupada a observar o que me rodeava. E vi aquelas senhoras de idade que, incapazes de empurrar um carro de compras, transportam apenas duas ou três coisas. Mas a sua espera foi igual à minha... E aquelas mães de família que, para além dum carro cheio de compras levam ainda um bebé ao colo  e outro pela mão. Festinha aqui, repreensão acolá e, no meio, o olhar para a lista e ver o que ainda falta . Como conseguem ?!...
Digam lá que não é um tempo de aprendizagem bem completo!
Saibamos aproveitar as lições que o nosso dia-a-dia nos dá e tirar as conclusões que se nos impõem.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A cruz

Trago ao peito uma cruz sem crucifixo, uma cruz que foi trazida da Irlanda pelas primeiras Irmãs, as que fizeram lá o seu Noviciado.
É uma cruz branca e negra, que uso desde a profissão e nunca chamou a minha atenção, muito embora soubesse desde sempre que nela, o crucificado era eu. Nunca pensei muito nisso, logo não fiz qualquer interpretação mais profunda.
Mas ontem, não sei por quê, vi-a reflectida no vidro da janela e isso, provocou-me uma sensação estranha. Aquelas duas cores... Não são por acaso, não estão ali apenas por serem as cores dos Dominicanos... É que têm ou devem ter outro significado: o branco, alegria do dom feito, das graças recebidas, da felicidade partilhada; o negro, o sacrifício, a dor, a participação na paixão de Cristo.
Branco e negro... as cores da cruz que trago ao peito e que devem traduzir o Sim da minha vida.
                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Agradecer é preciso!

Ao chegar de Benfica, da Missa de corpo presente do Frei Xavier, abri o Evangelho de S. Lucas. Deparei-me mais uma vez com a passagem da cura dos dez leprosos. Novamente aquela sensação estranha de constatar que apenas um voltou para agradecer.  Também Jesus fez notar a ausência dos outros nove. Até perguntou : ... onde estão os outros? 
Quantas vezes fazemos como esses homens?!... Fazemos os nossos pedidos, repetimo-los se necessário e depois, quando atendidos, esquecemos o nosso obrigada.
Geralmente não concordo com o sr. P. Dâmaso que diz muitas vezes que nós só sabemos pedir. Afinal foi mesmo Jesus que nos incentivou a fazê-lo : "Pedi e recebereis "... Mas ao ler o texto de S. Lucas, começo a dar alguma razão ao nosso capelão, muito embora apenas numa faceta do problema, a nossa falta de agradecimento.
E isto não  acontece  apenas com Deus. Também com aqueles que nos ajudam, que nos apoiam, que estão habitualmente ao nosso lado e nos estendem a mão para nos levantar quando caímos.
Agradecer é preciso e é tão fácil que nos esqueçamos disso...
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


domingo, 11 de outubro de 2015

Padres...homens como os outros?

Olho o sacerdote que se está a preparar para a celebração deste domingo. E penso no conceito que tantas vezes fazemos do padre: aquele personagem distante, investido em poderes divinos, ministro dos sacramentos...
Se é um frade, pior ainda porque traz com ele a carga duma comunidade, a estrutura duma vida em comum, a obrigatoriedade duns votos feitos.
E esquecemo-nos de que por detrás de tudo isso está o Homem, com os seus dons e as suas fragilidades, os seus anseios e as suas decepções, as suas lutas e as suas vitórias.
Está um homem ,como Zaqueu ou como Mateus, a quem Jesus chamou. Só que, em vez de se retirar compungido, como o jovem de que o Evangelho hoje falava, disse o seu Sim e O seguiu.
O padre é um homem que, no momento da Consagração, torna Cristo presente e, como Ele, está disposto a dar e a dar-se. Mas não é Deus nem ainda santo. E por isso, sofre, erra, recua e... recomeça. 
Recordo algumas notícias de jornal em que só o erro serve de assunto e lamento que seja tão pobre a ideia que fazemos do sacerdote. Ele é um homem mas dedicou a sua vida ao serviço dos homens. Merece o nosso apoio, a nossa estima, a nossa oração. Precisa da nossa compreensão e também do nosso incentivo.
Que o Pai olhe para a Igreja e perante as suas fragilidades faça o apelo a muitos jovens para que O sigam.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 10 de outubro de 2015

Nós e o Tempo

Geralmente, que estamos a pensar quando falamos de tempo? Acho que nem mais nem menos do que das condições atmosféricas. Hoje, por exemplo, estaríamos a lamentar o tempo horrível que se faz sentir: Vento, chuva, nevoeiro... Estamos no Outono e a chuva faz muita falta, mas... Portugal é o país da Europa com mais dias de sol , dizem as estatísticas... Logo, chuva e mau tempo é sinónimo de sacrifício para os que têm que sair e de neurastenia para os que o não podem fazer.
E mais uma vez estou a falar de condições atmosféricas!...
Mas a Bíblia fala-nos de outro Tempo. Por exemplo o Eclesiastes diz-nos que "há um tempo para nascer e um tempo para morrer... tempo para chorar e tempo para rir... um tempo para acumular e outro para dispersar..."
Um tempo para viver! É uma chamada de atenção, um imperativo para que aproveitemos, hoje e aqui, os dons que recebemos, o tempo que nos foi dado para realizarmos a Missão que o Pai nos confiou. É um incentivo para que agarremos a alegria e a felicidade que passam ao nosso lado e temos que construir e transmitir. Talvez um apelo para nos lembrar que temos que ser nós mesmos e que temos que distribuir pelos que nos rodeiam as graças que de Deus recebemos.
"Há um tempo para viver !" Tempo único, que temos que aproveitar e dele dar contas. Não vale a pena fechar os olhos, lamentar o mau tempo, proceder como se não houvesse amanhã... 
O Pai está connosco e é hoje que é preciso viver.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Festa de S.Luis Beltrão

No calendário Dominicano, neste dia 9 de Outubro, faz-se memória de S. Luis Beltrão, um jovem espanhol de Valência que viveu no sec. XVI. Foi, durante algum tempo, Mestre de Noviços no convento de Llombay. Mas depois foram as missões o seu grande campo de apostolado e pregação, influenciado por Frei Bartolomeu de las Casas.
Num dos seus escritos, que foi leitura para o Ofício de hoje, diz uma coisa que achei interessante. Cristo tem três formas de amizade. A primeira, é a dele pelos homens, com a Sua oferta por eles; a segunda, a dos homens uns pelos outros que devem amar à imagem d´Ele; a terceira é a amizade que os homens devem ter por esse Cristo que os ama. E a minha pergunta é coma vivemos a amizade de Deus por nós e como é a nossa amizade duns pelos outros e, pelo próprio Cristo. Afinal Jesus recomendou-nos que nos amássemos como Ele nos amou...  E a amizade é esta forma mais vulgar de designar o Amor.
E nós precisamos de amar.Aliás, a palavra amor , em qualquer das suas formas, é um lugar comum do vocabulário do Homem. Portanto,  precisamos de  amizade, do  apoio do  amigo,  da sua  colaboração,  do incentivo para recomeçar quando desfalecemos.
S. Luis Beltrão ao falar de amizade, como manifestação do amor do Pai, não se esquece de enumerar a amizade dos homens uns para com os outros. Ele certamente sabia como é importante sentir o ombro amigo em que nos podemos apoiar, mesmo sendo outro o tempo e ele um asceta...
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Magia do mês de Outubro

Outubro um dos meses importantes do calendário porque nele se honra particularmente a Virgem Maria, Senhora do Rosário. É o mês em que lembramos a última aparição de Nossa Senhora em Fátima, o atentado sofrido por João Paulo II, a vinda de Papas ao Santuário, etc.
Para nós, Dominicanos, é um mês especial porque incentiva a nossa devoção a Maria e à reza do Rosário. O rosário é, aliás, uma das nossas tradicionais devoções. Há mesmo uma   lenda que  diz que foi Nossa Senhora que deu o Rosário a S. Domingos e, não há convento ou capela dominicana em que não esteja o quadro representativo dessa dádiva.
Claro que é história mas o que é verdade é que desde sempre esta devoção se espalhou e se manteve na Ordem de S. Domingos.
E certamente foi ela que o inspirou a tornar sua e da sua Ordem esta devoção, devoção esta que vem da Idade Média mas que só no sec. XV tomou a estrutura que lhe conhecemos. E isto deve-se a Alamo de la Roche e, no século seguinte ao papa dominicano S. Pio V.
O Rosário reza-se nos conventos, nas paróquias, nas comunidades leigas, nas famílias. Façamos um esforço para o termos mais presente neste mês que lhe é dedicado.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.






quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O Sim de Maria

Pelo menos uma vez por dia saudamos Nossa Senhora com a recitação do Angelus.
E dizemos que o Anjo lhe veio anunciar a encarnação de Jesus e que Maria, mesmo sem entender o que se estava a passar, disse o seu Sim : " Faça-se a Vossa vontade"
Maria não conhecia ainda Jesus. Tal como os apóstolos não sabiam quem Ele Ele quando os chamou e eles O seguiram.
Nós também não O vemos nem conhecemos plenamente. Sabemos a Verdade que nos transmitiu e temos a certeza que O recebemos na Eucaristia: Jesus, o Deus feito homem , o filho de Maria que encarnou e morreu por nós. E isto nos basta!
Não O conhecemos mas temos um caminho a percorrer para nos aproximarmos d´Ele  um caminho de esforço e de graça, um caminho de silêncio e de verdade, um caminho de trevas e de luz.
Aliás o nosso Deus é um Deus silencioso, escondido,desconhecido. Um Deus que está presente mas não se mostra, um Deus que parece ausente porque quer que O procuremos. Convida-nos a que O busquemos, pelos caminhos da Vida, pelas veredas suaves ou íngremes que se nos apresentam para que as sigamos, pelos atalhos pedregosos ou macios que somos induzidos a percorrer.
Deus apela à nossa Fé para que não desanimemos mesmo quando o percurso se apresenta difícil e a escuridão consegue ofuscar a luz.
Como Maria, no desconhecimento mas na confiança, continuamos convidados a dizer o nosso sim.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.