sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Lutar compensa...


Foi ontem que comemorámos o martírio de S. João Baptista. E quem é este Homem? A Bíblia diz-nos que é o precursor, o que vem anunciar a vinda próxima do Messias. Ele não é o Messias... Ele próprio o afirma aos que o interrogam. E acrescenta que outro há-de vir depois dele e esse baptizará no Espírito Santo.
Mas João Baptista vai espalhando a boa nova; vai fazendo o apelo à conversão e ao perdão; vai falando dum reino que há-de existir e dum enviado que virá depois dele para espalhar a Verdade e o Amor.
 Vive no deserto; alimenta-se de gafanhotos e mel silvestre; baptiza os que querer segui-lo; e morre pela fraqueza dum e um capricho de outra.
Cumpre a vontade de Deus, entrega-se aos desejos daquele que era maior do que ele. E qual era a sua vontade? Quais eram os seus desejos? Quais os planos que fez quando ainda era jovem? Nada disso interessou; nada disto foi posto em primeiro plano. O caminho foi-lhe apontado e a ele apenas competia segui-lo, mesmo havendo escolhos, dificuldades, dor.
No mesmo dia também se comemora um outro testemunho de luta por objectivos e ideais. Talvez diferente mas igualmente uma lição de persistência na defesa de direitos de igualdade entre negros e brancos.
Fez cinquenta anos que Luther King pronunciou o seu discurso de apresentação do seu sonho. Pela concretização desse sonho lutou, venceu obstáculos, trabalhou, falou e acabou assassinado.
 São lições de vida daqueles que seguiram o caminho sem hesitações. Não importam contratempos que nos atrapalham a vida; não podemos desistir porque os nossos sonhos ficaram pelo caminho por culpa... sabe Deus de quem; não nos podemos convencer que errámos porque nem tudo corre à medida dos nossos desejos.
O caminho de S. João não foi simples nem fácil; O sonho de Luther King foi difícil e pareceu inacessível; o
caminho da cruz foi doloroso e sacrificante. E são modelos para nós, são luz para as nossas trevas, força para as nossas fraquezas.
Aliás, ninguém disse que seguir o caminho de Jesus Cristo era fácil e segundo os nossos gostos, seguir um ideal de vida era tarefa leve e de acordo com a nossa satisfação...
Portanto! Porque nos havemos de admirar de encontrar espinhos entre as rosas e pedras em veredas planas?
Por detrás de tudo isso há um Pai que nos acolhe e nos consola quando, na nossa fraqueza humana, recuamos mas somos capazes de voltar ao ponto de partida, como as ondas do mar que vão e sempre regressam.
                          Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


  

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Atitudes que se impõem


No domingo, uma morte esperada mas lamentável, a do economista António Borges. À morte deste nome conhecido e celebrado, associou-se o de outra pessoa conhecida, igualmente figura pública- Maria José Nogueira Pinto. Os noticiários falaram e lamentaram; os amigos e conhecidos pronunciaram-se e evocaram recordações. Uns e outros falaram neles não como figuras públicas mas como modelos de desprendimento , de aceitação, de entrega a Deus na disponibilidade. E foi assim que estiveram presentes e trabalharam , sem queixas nem desfalecimentos, até ao fim.
Eram figuras públicas mas não foi por isso que foram e serão  recordadas e faladas. Antes, pelo que eram como pessoas e o que testemunhavam da sua Fé.
Também me lembro de uma pessoa que me deu um grande exemplo de disponibilidade  e de entrega até ao fim - a Irmã Guadalupe.
Muitas antigas alunas se lembram dela; muitos pais a recordam e dela falam; todos os professores têm presente a sua simpatia, o seu sorriso, a sua atenção para todos.
Esteve na secretaria do nosso Colégio, o Ramalhão, mais de trinta anos. Lá atendia pais e alunos, no seu guichet como ela dizia. Lá ouvia confidências, dava conselhos, emitia opiniões. Atendia toda a gente com um sorriso, uma amabilidade, uma boa disposição nunca vencidos.
Esteve no seu posto até ao fim do ano lectivo, até deixar tudo pronto e arrumado para o ano seguinte. Depois... foi ao hospital e deixou-nos.
É assim este testemunho. São assim aqueles que se entregam total e incondicionalmente nas mãos de Deus.
                           Ir, Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P

terça-feira, 27 de agosto de 2013

As lições do fogo


Têm sido umas semanas impressionantes! Todos os dias os noticiários abrem com a notícia dos incêndios em Portugal...e não só. São onze, sete, quatro pelo menos, sobretudo no norte do país. Ardem florestas, morrem animais, destroem-se construções, vivem debaixo de pânico populações inteiras.
E pior... perdem-se vidas humanas, sobretudo daqueles que mais lutam pela defesa de pessoas e bens -os bombeiros.
É assustador e incompreensível. Até porque a maior parte são fogos postos como se deduz do grande número de detenções feitas pela P.J. .
Pergunto-me quem é capaz de dormir descansado depois de ter feito ou mandado fazer semelhante atrocidade.
E para quê? Quem beneficia com esta situação? Quem fica satisfeito em transformar uma floresta verdejante em resíduos cinzentos carbonizados? 
E, quem ignora que é o oxigénio libertado pelas plantas que permite um ar puro que permite um melhor estado de vida?
Quem não sabe que os fogos, destruindo as florestas, para além de outros prejuízos contribuem para o aquecimento global e para o aumento da camada de ozono?
Afligem-me estes fogos; preocupam-me as populações envolvidas por estes males; inquieta-me aquelas pessoas que, consciente ou inconscientemente, contribuíram para estes flagelos.
Deus assiste impotente ao desenrolar da situação, porque deu ao Homem a Liberdade que ele nem sempre sabe aproveitar.
Saibamos pedir por todos os que não sabem usar da sua Liberdade e assim prejudicam a sua vida, a sua felicidade e a dos outros.
                                      Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Lições da praia

Passar uma manhã na praia é simultâneamente místico e cultural.

Místico porque, sobretudo se é cedo, defrontamo-nos com um ambiente calmo, tranquilo que convida à meditação. O azul da água vem beijar a areia e lembra-nos tempos de felicidade e alegria. É ocasião de lembrar que se está bem na vida connosco e com Deus. Mas as ondas não descansam e, de repente, tornam-se violentas. Recordamos problemas, preocupações, dúvidas. É o momento de inquietação mas que temos que olhar a vida com olhos de confiança e de esperança. E, simultaneamente agradecer as  alegrias e satisfações, com a Fé dos grandes momentos.  
A praia, com as ondas que vão e que vêem, num percurso contínuo, umas vezes mais lento, outras mais intenso, reflecte o dia-a-dia da nossa vida que, se queremos entendê-lo, nunca é igual.Quando nos levantamos  de manhã preparamos um dia que, se o olharmos com o olhar de Deus, nunca é igual ao anterior. Como vivê-lo?
Mas a manhã na praia também é cultural, instrutiva. São as famílias que chegam com as crianças, mais ou menos irrequietas. Umas, desejando chegar à água; outras, olhando-a aterrorizadas. É a diferença entre os homens...
Depois, são os grupos de jovens, animados, irreverentes, ocupando-se com jogos variados ou, simplesmente, deitando-se ao sol. Igualmente, os jogadores de bola que animam a praia toda, fazendo concorrência àquelas mulheres que falam como se a sua conversa fosse mais interessante que a de todas as outras pessoas que enchem o areal.
E pelo meio, os vendedores de bolas de Berlim, os africanos que mostram as suas habilidades, e a mulher que apregoa amendoim torrado.
O banheiro e os nadadores salvadores, atentos, cuidam da segurança e tranquilidade de quem descansa debaixo dos chapéus.
Não lhes parece uma manhã que dá para pôr a vida em dia e aperceber-se das diferenças e igualdades que a Vida nos apresenta?
                                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.  

domingo, 25 de agosto de 2013

Recordar é viver


Da varanda da nossa casa tenho estado a contemplar o mar que hoje está revolto, com grandes ondas que se abatem, com estrondo, na areia e embatem rudemente  contra as rochas do pontão.
Está zangado o mar!...
Ou simplesmente está a chamar a nossa atenção  para que nem sempre se pode ficar mansamente lambendo a areia e refrescando aqueles que dele se aproximam. É preciso abanar os indecisos ou amolecidos.
Mas esta visão do azul do mar , tão belo, tão misterioso, tão apelativo, faz-me lembrar viagens e passeios que fiz, por rios e mares portugueses ou estrangeiros. Lembro a ida ao Sado ver os golfinhos. Uma pequena deslocação, numa lancha que levava umas vinte pessoas. Andámos toda a manhã, olhávamos até os olhos nos doerem mas de golfinhos... nem a sombra. Já só quando íamos desistindo se deu a aparição e foi um deslumbramento. Realmente os simpáticos bichinhos estiveram a testar a nossa paciência.... Mas valeu a pena.
Outras viagens muito diferentes foram cruzeiros, como o que fiz ao Mediterrâneo. Entre gente amiga e divertida foram dias maravilhosos. Era um paquete que parecia uma cidade. Havia de tudo, até uma rua com lojas , umas caras outras mais acessíveis ... E um campo de golfe , um casino, um teatro e uma capela internacional, no último andar, o 14º.
Não havia espaço para nos aborrecermos . Nem tempo para visitarmos tudo ou participarmos em todas as coisas. Mas ainda houve ocasião para um torneio de ping-pong entre adultos já destreinados e uma competição de patins em linha. Ai o equilíbrio!...
Continuando a olhar o mar revolto com as ondas altas e brancas de espuma, não posso deixar de recordar o passeio pelos fiords da Noruega, passeio esse que nos deixa sem palavras.
Mas também lembro a subida do Nilo, mas essa em águas calmas e límpidas. Outra viagem inesquecível! De onde em onde o barco parava e era a altura das compras. Materiais para cá, dinheiro para lá, com grandes discussões obrigatórias pelo meio. Uma maravilha de originalidade.
À noite reuníamo-nos no convés, à luz do luar, com outros estrangeiros que por lá se encontravam. Mostrávamos as nossas habilidades: cantares regionais, anedotas de alentejanos, representações de mímica, pequenos sketes cómicos...
Não posso esquecer estes passeios ligados ao mar, as amizades que se fizeram, os testemunhos dados, a presença constante dum Deus que é amor e está atento às nossas necessidades e alegrias. Acho que foi um enriquecimento mútuo e uma aprendizagem que fica para o futuro. O que é importante é saber aproveitar e tirar partido destas lições da vida.
                                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.  

sábado, 24 de agosto de 2013

Lutar para vencer

" Quem aceita a sua sorte é feliz até à morte"

Não conhecia este ditado popular. Nunca o tinha ouvido nem lido até ontem quando um casal, de sorriso radioso nos lábios, o anunciou como princípio de vida.
Era um casal a quem a vida não tinha propriamente sorrido. Tinham sido donos duma mercearia que acabara por falir devido à concorrência dos supermercados. Mas não baixaram os braços nem deixaram de sorrir. Mudaram de estratégia e de modo de vida.
Com muito esforço, muitas horas de trabalho, algumas ajudas mas sempre com um sorriso e uma entrega absoluta nas mãos de Deus. 
Extraordinário testemunho de Fé!
Foram um exemplo que me fez ficar a pensar como tantas vezes encaramos mal os acontecimentos e como é pequena a nossa capacidade de superar as contrariedades e aceitar as dificuldades da vida, como elas se nos apresentam. Quantas vezes não nos revoltamos contra aquelas opções que foram feitas por nós? Simplesmente porque embatemos nos escolhos que  nos aparecem no caminho...E tantas vezes temos a tentação de desistir porque o caminho que escolhemos se nos apresenta menos simples e linear do que nós queríamos!...
São escolhos, que é preciso tornear, sem deixar que eles sejam mais fortes do que nós, que destruam os nossos sonhos e as nossas vontades.
Muitas vezes as contrariedades resultam de situações secundárias, de circunstâncias que, ou são solucionáveis ou simplesmente testam a nossa capacidade de ultrapassar e ser fiéis às nossas intenções.
É que nós queremos ser felizes... hoje e até à morte. E Deus também quer a nossa felicidade.
Este casal deu-me uma grande lição: a da certeza de que a Fé move montanhas. Aliás, estas são palavras do Evangelho: " Se tiverdes Fé do tamanho dum grão de mostarda..."
É esta Fé que eu quero alimentar em mim  e pedir ao Pai para os meus Amigos, sobretudo quando todas as coisas apontam para uma solução impossível. E alimentar esta Fé com um sorriso nos lábios e uma certeza no coração, como aquele casal que nunca desanimou nem desistiu.
                              Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A violência resolve?


Conheço o Egipto. Tive oportunidade de o visitar , de aprender " in loco " a sua história, de admirar os seus monumentos, de contactar o seu povo.
Tudo o que vi me encantou, me surpreendeu, me deixou maravilhada  com esse recuo ao tempo e o mergulho  na história.
Havia pequenos pormenores muito típicos como o regatear necessariamente os preços, a cruzinha gravada no pulso que os católicos nos mostravam orgulhosos, as inscrições do nosso nome que faziam em medalhas de prata, etc..
Foi uma viagem que não consigo esquecer pelo muito de novidade da história antiga que me fez conhecer.
Talvez também por isso me têm vindo a angustiar cada vez mais, os noticiários que todos os dias relatam cenas de violência, autênticas lutas fraticidas.
Não sei quem tem rezão; se é que alguém tem razão... Mas de certeza que mesmo aqueles que se julgam injustiçados estão a perder a razão quando recorrem à violência.
A violência não resolve problemas. Somente cria maior violência. Talvez alguém se baseie na palavra de Jesus quando lê no Evangelho: "Vim trazer o fogo à terra e o que quero é que ele se acenda", para justificar a sua guerra, a sua luta. Simplesmente, não entendeu nada  e toma o texto à letra . E aquilo que Jesus quis que entendêssemos  e quer que se espalhe é a Verdade, aquela Verdade que é Ele mesmo. Foi pela sua expansão e difusão, para que crescesse no coração dos Homens, que deu a Sua Vida.

Se compreendemos isto, se entendemos até ao fim que a mensagem de Jesus é uma mensagem de paz e de amor, menos entendemos o que se está a passar no Egipto.
Irmãos lutam com irmãos; familiares matam membros da família...
Senhor, eu sei que Tu dás aos Homens a liberdade de proceder de acordo com as suas convicções, mas... o mundo precisa de paz e todos nós devemos pedi-la com todo o nosso entusiasmo e as nossas forças.
Para o Egipto, para o mundo em geral mas, sobretudo, para os nossos corações.
                                                                     Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.     

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O poder da Liberdade

" Ó mar salgado quanto do teu sal são lágrimas de Portugal "

Ao escreve restes versos Fernando Pessoa estava certamente a pensar nos Descobrimentos, nas caravelas que partiam, cheias de homens entusiasmados e que as condições adversas faziam perecer entre as águas revoltas dos Oceanos.Mas eu estou a pensar mais prosaica mas não menos dolorosamente, nos vários acidentes mortais que vão acontecendo nas nossas praias e nos nossos rios.
Esta semana mais um caso triste: duas irmãs jovens em que a mais nova se sente mal e a mais velha a tenta salvar da água. A mais velha morre afogada e a outra encontra-se em situação crítica...
Oh! mar traiçoeiro...
Ou, será que não é o mar que tem a culpa mas sim a falta de cuidado e atenção dos homens?
Muitas vezes culpamos tudo e todos e até... Deus dos contratempos e males que nos acontecem... Mas, não é verdade que Deus deu liberdade ao homem para ele actuar de acordo com o seu coração e o seu sentir?Não é certo que muitas vezes tomamos resoluções sem medir consequências, levados pelo imediato, sem olhar ao que seria essencial?
Não sei verdadeiramente o que se passou com as duas irmãs que sofreram afogamento; não sei se as coisas podiam ter sido diferentes. Sei simplesmente que é preciso lamentar e rezar pela família destas jovens e espalhar a necessidade de maiores cuidados.
Mas deixando o aspecto material e imediato, passemos ao plano espiritual e pensemos que também aqui muitas vezes nos deixamos "afogar"  pelas dúvidas, as tentações, o ambiente, as pressões, as crises... E não nos lembramos que há uma "boia" que sempre se estende para nós e nos é acessível - a oração. E, também nos vamos esquecendo de nos agarrar a apoios acessíveis - os sacramentos.
Será que temos mesmo que nos deixar "afogar"?  
Levantemos os olhos para Aquela que é mãe e está sempre presente para apresentar a Jesus as nossas necessidades. E... nada é impossível.
                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O presente entre o passado e o futuro


Os dias deste Verão  vão passando, mais quentes e mais frios, mais ventosos ou mais serenos. O mar, muito azul vai mostrando os seus encantos e atraindo o nosso olhar. A areia dourada rodeia-nos e vai-nos falando de aventuras mas ao mesmo tempo , prendendo-nos às cadeiras acolhedoras.
 Fechamos os olhos e pensamos no passado , nas alegrias que vivemos, nos factos que nos preencheram  e nos entusiasmaram.
Mas, já passou!... Aliás, mesmo o presente, como diz o poeta, "é um instante entre o passado que já não é e o instante que ainda não foi". O presente é este momento que estamos a viver e nos vai ultrapassar quando mal dermos por isso. O futuro é o que nos espera e que temos que construir. Temos que o ir construir, mesmo quando não há nada que nos entusiasme ou nos faça prever que vale a pena.
Mas "tudo vale a pena quando a alma não é pequena"  e é essa a certeza que nós temos que agarrar porque Deus deu aos Seus filhos  uma alma grande e concedeu-lhes a Fé que alimenta a Vida. Ontem, ao ver um programa de televisão fiquei chocada, pela positiva, com o testemunho duma artesã,numa aldeia do interior de Portugal. A senhora em questão, afirmou que a sua alegria e felicidade lhe vinha da Fé, da força que recebia cada vez que, junto do Sacrário, apresentava ao Senhor as suas certezas e dúvidas.
Também temos que ter esta atitude . Também temos que ir alimentar a nossa Fé junto do Sacrário e assim preparar um futuro em alegria, qualquer que sejam as dificuldades, as angústias, as dúvidas e os problemas que o futuro nos reserva.
O Pai espera que confiemos n´Ele e que, em disponibilidade e confiança, construamos o Àmanhã.
Paremos para reflectir; vejamos o que queríamos e porque queríamos; não tenhamos medo; continuemos a acreditar que "nada acontece por acaso" e Deus conta connosco.
                        Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

15 de Agosto


Festa da Assunção de Nossa Senhora, um dos feriados que a Igreja e o Estado mantiveram, depois do acordo para cortes de feriados.

Ao celebrar esta festa lembro-me das alusões à vida de Nossa Senhora que os Evangelhos nos fazem.
A mais enigmática e que talvez mais nos interroga é a Anunciação. É a situação daquela jovem, dedicada a Deus e a quem um anjo vem anunciar que o mesmo Deus a escolheu para mãe do Seu Filho Jesus. E ela aceitou... talvez sem medir as consequências que aí podem advir. Aceitou porque já se tinha posto nas mãos do Pai  sem regatear dádivas e sacrifícios. Depois, esta mesma jovem, sem pensar no seu dom, esquecendo a graça recebida e a oferta feita, vai... ter com a sua prima que necessita dela.
Em seguida, o Evangelho conta-nos a descida de Nazaré a Belém, a procura de alojamento, a falta de acolhimento pelos habitantes da cidade. Mas, o momento tinha chegado e Jesus nasce, nas condições que conhecemos , com tudo aquilo que o rodeou e em que Ele é a figura principal. Mas Maria lá está e é ela que O vai apresentar no Templo e receber de Simeão o veredicto de que uma espada de dor vai atravessar o seu coração.
E essa dor começa talvez quando aos 12 anos Jesus ficou no Templo e Maria e José O procuram durante três dias, para no fim desta busca angustiante ficarem a saber que Ele tem que tratar das coisas do Seu Pai.
Mas Maria é mãe, mãe de Jesus  e, mãe de todos nós. Por isso, estava presente e se preocupou com aquele casal que não tinha vinho e que ela recomendou ao seu filho Jesus.
Mas, é junto à cruz de Jesus que Maria é declarada mãe da humanidade e João, nosso representante, a leva para sua casa.
Neste dia de férias, mas que deve ser também de reflexão, passo em revista estes e outros episódios que os Evangelhos nos fazem presente. E quero continuar a ter a certeza que o olhar amoroso de Maria não esquece nenhum dos seus filhos e continua a olhar por nós.
             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Dar é receber


Nem tudo o que se ouve ou se lê nos noticiários da TV ou nos jornais são notícias desagradáveis.De vez em quando, aparecem notícias que nos impressionam pela positiva. Foi o caso de ontem. Soube dum grupo de jovens (entre os 15 e os 25 anos) que, no Porto, se preocupam com crianças com cancro. Formam uma associação e não só visitam as famílias das crianças, como acompanham estas durante os tratamentos, brincam com elas e as distraem, para lhes darem um pouco de felicidade, dão-lhes brinquedos, distraem-nas...
E não contentes com tudo isto, que já considero imenso e louvável, ainda inventam processos de juntar dinheiro para prover às situações difíceis; fazem actividades de rua, vendas várias, galas, etc..
São jovens! Podiam ter outros interesses e outros divertimentos para ocuparem o seu tempo e era natural. Mas não! Dedicam-se àquelas crianças que precisam delas.
Como eu gostava de saber que alunas minhas colaboravam nesta instituição ou tinham partido para qualquer outra coisa de semelhante... Era bom, não era?
É que, "é dando que se recebe"...
Mas a minha admiração ontem não ficou por aqui; não acabou neste grupo de jovens generosas, dedicadas, solícitas, viradas para as crianças que precisam delas. Soube também dum grupo de senhoras que se ocupam numa obra social bem original e útil. Como elas dizem, querem mudar a sociedade e vão consegui-lo, acho, eu! Começaram por dar almoço a um grupo de necessitados que, neste momento são mais de cem. Depois, fornecem , mensalmente, capazes para famílias necessitadas.
Mas o mais importante e espantoso é a sua acção de tentativa de integração dessas pessoas que ali, num andar alugado e decorado à moda do "antigamente", encontram um espaço de acolhimento, de apoio, um ombro amigo para receber confidências, uma palavra de ajuda e encorajamento.
E, última etapa, as responsáveis desta actividade, tentam conseguir algumas instalações dignas e trabalhos estáveis para estas pessoas com dificuldades.
E acreditam, os que me estão a ler, que a "cabeça" desta organização é uma pessoa que foi desenganada clinicamente? E querem crer que esta organização não tem comparticipação do Estado e vive de donativos, mais ou menos incertos?
Para aqueles que amam, não há impossíveis... E elas, tem" mais alegria em dar que em receber"...
Será que estes exemplos não falam ao nosso coração?
                                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Os Santos e... ser santo


Este princípio do mês de Agosto é pródigo em festas litúrgicas.Mesmo sem falar na Transfiguração de Jesus ou na Dedicação da Basílica de Santa Maria maior, temos festas de vários santos mencionados no calendário litúrgico. Em 1º lugar, S. Domingos de Gusman, o nosso padroeiro mas também S. João M. Vianney, Sto Afonso M. de Ligório, S. Sisto II, Sta Edith Stein, S. Lourenço mártir ou Sta Clara...
E todos estes Santos apresentam uma vida que nos vai impressionar, se nós formos ler as suas histórias. Somos mesmo capazes de ficar um pouco cépticos da possibilidade de os podermos imitar e de eles poderem servir de exemplo de vida para alguns.
Vemos o que foram as suas vidas , como se testemunharam as suas virtudes e o que as pessoas que conviviam com eles admiravam neles. E... achamos que não somos capazes. Eles são demasiado "extraordinários"... E temos a tentação de desisitir. Mas esquecemo-nos do imperativo de Jesus: "Sede santos como Santo  é o vosso Pai". Foi também para nós que o Senhor falou, pedindo-nos para acolher o Seu pedido e lutar pela santidade..
E afinal ser santo  não é só querer igualar aqueles que a Jgreja nos propõe como modelos. A cada um de nós Deus pede, segundo as nossas possibilidades. O importante é dar "tudo" mesmo que o tudo seja apenas um dedal e não um balde grande. Simplesmente, um e outro têm que estar cheios! E, se "a quem mais se deu mais se lhe é pedido", o inverso também é verdadeiro: se não recebemos muito é-nos pedido menos. Mas, atenção! não nos podemos refugiar atrás do slogan: recebemos pouco logo, só podemos pôr a render pouco.e não todas as nossas capacidades.
Mas Deus, conta connosco e espera de cada um de nós a correspondência à oferta que Ele nos faz e ao pedido que nos dirige: Sede Santos...
Quem pode dizer que ser Santo não é a sua vocação ou que não está dentro das suas possibilidades? Deus não nos pede senão aquilo que podemos dar. Mas isso...não Lhe podemos recusar.
               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Interrogações

No sábado fui surpreendida por uma notícia na TV: " o mistério de Santiago " era o título da notícia. E um historiador ou pseudo-historiador veio dizer que certamente o corpo que se encontra na cripta da catedral de Santiago de Compostela não é do apóstolo Tiago mas sim de um bispo que foi degolado pela Inquisição, sob a acusação de heresia.Tive a impressão de já ter ouvido falar do assunto mas, ainda confusa, tentei contactar uma pessoa amiga que já foi várias vezes a Compostela. Não consegui e fiquei sentada a pensar nas mil dúvidas que se me acumulavam no cérebro:
-Verdade ou mentira? Simples lançamento da confusão? Dúvida científica?
Mas, se for verdade, quais as consequências? Como vão entender os peregrinos que chegam a fazer centenas de quilómetros só para, no fim, abraçar a estátua do Santo? Como explica a Igreja uma troca que se tem aguentado ao longo dos anos? Como explicar que uma lenda, tornada devoção, não passa de uma meia verdade? Que aquela barca que se conta ter vindo de Roma por mar e aportado à costa próxima de Santiago nunca existiu? Que foi muito conveniente alimentar esse mito que tornou Compostela centro de peregrinação religiosa?  E como sustentar a actuação da Inquisição face ao atentado contra um Bispo que , afinal, só defendia valores já muito adiantados para o seu tempo?
Dizia um professor de teologia que, para os peregrinos, a diferença não seria grande pois o Bispo Prisciliano, o tal que foi morto, apresenta-se como o primeiro mártir do cristianismo.
Acho que a Verdade tem que ser preservada e defendida mas há que ter cuidado em não espalhar "os talvez" enquanto não temos na mão os " de certeza".
Entretanto, acho que vou continuar a querer ir a Santiago de Compostela e, se for possível, ir um dia a pé!
       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 10 de agosto de 2013

Notícias


Nestas últimas semanas as notícias de acidentes, assaltos, fogos e outros tipos de desastres têm-se multiplicado. Podemos perguntar-nos porquê mas sem obtermos qualquer resposta. São faltas de cuidado,ódios,maus funcionamentos de veículos, que sei eu! ...
Até aqui estávamos preocupados com as guerras, os desentendimentos entre os homens, a falta de condescendência... E achávamos que rezar pela paz era uma tentativa de solução, entre outras, claro!
Hoje... não sei bem com o que é que temos que estar preocupados, quais as acções que é preciso pôr em marcha nem porque intenções particulares devemos rezar.
Mas, certamente, não podemos ficar indiferentes. A vida demasiado agitada, as tensões emocionais, a falta de domínio, o deixar-se levar pelos sentimentos imediatos, fazem com que as pessoas tenham reacções com que não contávamos e que, certamente, não são as que o Pai deseja.
E é sobretudo enquanto se é jovem que se tem que começar a parar para reflectir sobre aquilo que é preciso corrigir e amadurecer..
O deixar-se levar pelo prazer de momento, o não controlar as emoções, o viver apenas o dia-a-dia são questões que não nos ajudam a crescer e a tornar-nos Homens e Mulheres segundo o plano de Deus.
"As coisas não acontecem por acaso" e a Vida é para ser vivida em plenitude, de acordo com as opções feitas. Até porque a Vida é um dom de Deus que tem que ser preservada e alegremente, na medida das nossas possibilidades e capacidades. Não podemos deixar que as situações vençam o querer e o saber. Deus conta connosco, com a nossa disponibilidade, com a nossa adesão à Sua vontade.
Tem que ser esta a oração do nosso dia-a-dia: " Pai, que a Tua Vontade seja feita".
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Coração aberto

"Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis o vosso coração".

Foi uma das frases da Liturgia de ontem que me ficou gravada na memória, E fixei-a tanto mais quanto nos é muito fácil fechar os ouvidos à voz de Deus  e arranjar mil desculpas para justificar o nosso afastamento e a nossa surdez.
Ouvir a voz de Deus é algo de que temos necessidade, que é imprescindível para a orientação da nossa vida. Só que Deus fala no silêncio, na tranquilidade, na calma. por isso é tão fácil dizermos que não ouvimos a voz do Senhor; é normal afirmarmos que Deus não nos fala; é perfeitamente lógico acreditarmos que Deus não se dirige a pessoas como nós. E talvez até nos desculparmos dizendo que não somos dignos, suficientemente bons, capazes de rezar e reflectir...
De facto tudo isto são desculpas mais ou menos esfarrapadas. Evidentemente que Deus pode não se dirigir a nós directamente; não nos falar com voz altissonante e perfeitamente audível como fazia aos profetas e a alguns santos... Mas também é verdade que Deus se manifesta através dos acontecimentos, por meio das circunstâncias, nas pequenas e grandes situações, às vezes tão naturais que até parecem passar despercebidas.
Ontem, a meio da Missa da festa de S. Domingos, uma senhora sentiu-se mal , caiu do banco, foi preciso chamar o INEM  e ser levada para o Hospital. E, caso mais extraordinário, coincidência ou não... essa "senhora" era uma Irmã Dominicana, nossa irmã bem conhecida e que estava no banco atrás de mim.
E podemos perguntar-nos: que recado queria o Senhor dar-nos? 
Não sei... Mas é importante estarmos atentos aos sinais que se nos apresentam. E, não fecharmos o nosso coração. "Nada acontece por acaso" e Deus olha-nos e tem sempre uma palavra que oriente a nossa vida.
                Ir. M.Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.   

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Festa de S. Domingos


" O Santo que me encantou" é título dum livro que li muito depois do protagonista dele me ter encantado...

Tudo começou na Parede, no Hospital de Santa´Ana ( na altura -1953/54 denominado Sanatório) onde ia visitar uma amiga operada lá. 
Conheci lá as Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, e conheci-as como enfermeiras, observando o cuidado e o carinho com que tratavam a minha amiga e os outros doentes.
Conheci-as depois como "orantes" quando tive oportunidade de participar na Liturgia que celebravam e compreendi a interioridade que as animava.
Em determinada altura fui convidada a ir lá passar uns dias para estudar para os exames e, ao mesmo tempo, desfrutar da praia. Aceitei sem preconceitos ou previsões. 
E foi nesse Verão que tive ocasião de conversar mais intensamente com uma Irmã que se tornou minha amiga - a Madre. Maria da Madre de Deus Prado e conhecer outras Irmãs como a Madre M. de S. Paulo de Frias Carvalho, a Prioresa, as irmãs de sangue, S. João e Santa Rosa Almeida e a Ir. S. Jacinto Pais, entre outras, que me encantaram pela sua gentileza, a sua religiosidade sem beatice, o seu apostolado sem pieguice. Nessa altura, conheci as Irmãs como filhas de S. Domingos, cumpridoras dos seus pilares institucionais: oração, estudo, vida comum e missão. Conheci-as como vivendo aquilo em que acreditavam e testemunhando o que reflectiam e oravam. Encantaram-me e deixei-me encantar.
Nunca me influenciaram, nunca me falaram em ser religiosa e, menos ainda em ingressar nas Dominicanas.
Até o sr. P. Domingos,O.P., que conheci bem lá na Parede e a quem falei em ser religiosa,  me chamou a atenção para as múltiplas dificuldades que teria que enfrentar e a mudança radical que a minha vida, muito livre, teria que sofrer. Mas, S. Domingos foi mais forte do que tudo. E hoje, na sua festa, tenho que lhe prestar uma homenagem especial. E tenho que lhe pedir pelos seus filhos e filhas, pela nossa fidelidade, por uma força que nos não deixe esquecer o apelo que nos foi feito e os compromissos que assumimos.
S. Domingos, nosso Pai, rogai por nós
                                      Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P. 

sábado, 3 de agosto de 2013

Os fortes e os débeis


Ontem na capítula de Vésperas, impressionou-me a primeira frase: " Nós os fortes devemos suportar as fraquezas dos mais débeis".
São Paulo dirigia-se aos Romanos, os cristãos,  aqueles  que  ouviram e seguiram a mensagem do Senhor, os que receberam o Espírito Santo e, com a Sua força eram capazes de enfrentar dificuldades e entender fraquezas.
S .Paulo dirigia-se a todos aqueles que seguiam o Mestre e que queriam testemunhar a Sua Palavra.Considerava-os os "fortes" porque tinham recebido a Graça de Deus, porque Ele os apoiava, acompanhava e deve ânimo.
E quem eram os "débeis " para S. Paulo? Aqueles que não conheciam ainda o Evangelho ou que não tinham tido a coragem suficiente para o seguir.
Estas são palavras, conselhos, advertências , dirigidas aos cristãos dos primeiros tempos... Mas hoje, estas palavras têm ainda actualidade? Podiam ser-nos dirigidas, com oportunidade?
Nós os "fortes", os Baptizados, os que vivemos o Evangelho de Jesus Cristo, os que cumprimos os seus Mandamentos... E,particularmente, aqueles a quem Deus chamou, qualquer que seja a sua missão, que corresponderam ao Seu apelo, em quem o Pai confia para transmitir a Sua Mensagem de Amor.
Nós... temos que ser realmente "fortes", na Graça, no testemunho, na resposta ao chamamento do Pai! Temos que olhar com um olhar de amor, para os que não tiveram as mesmas graças, que as não souberam aceitar,que não quiseram, como o jovem rico do Evangelho, deixar tudo e segui-Lo.
Aprendamos, cada dia, a lição do Pai Nosso: Seja feita a Vossa Vontade...perdoai-nos, como nós perdoamos.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

frades e freiras



Acabei de chegar da capela aqui do sítio e lembrei-me particularmente do sr. P Domingos. Não é nada para admirar pois ele faz parte do imaginário de todos nós que vivemos ou passámos pelo Ramalhão. Esteve durante 20 anos como nosso capelão e, ao mesmo tempo, como professor de Matemática , uma das suas muitas especialidades. Durante todo esse tempo acompanhou dezenas de jovens  e consolou e fez crescer outras tantas.  
Aliás, a história do Ramalhão está intimamente ligada com a vida dos Frades Dominicanos .Para começar, o Noviciado da Província Portuguesa dos Frades Dominicanos era em S.Pedro de Sintra, paredes meias com o Ramalhão e a relação das Irmãs com os Frades era de   grande     fraternidade.. Aliás, sempre ouvi dizer isso e tive ocasião de conhecer alguns estudantes do meu tempo.       Mas, do meu tempo também é o nosso professor de Moral- o P. AlfonsoO.P. -um frade espanhol que       estava    em Fátima e vinha uma vez por mês dar aulas às noviças e júniores, no Ramalhão.Começava      sempre,entre    outras coisas, pelos pecados capitais "codícia, pereça,e invídia"...
  Igualmente inesquecíveis o P. Reed, O.P. e o P. Sylvain,O.P., dois canadianos que foram, por assim dizer.
  os "impulsionadores" da Província.  Eram presença  ali no Ramalhão e muito ajudaram  as Madres no que     significou o  desenvolvimento do Colégio.
  E não posso também deixar de lembrar o P. Raimundo, irmão da nossa madre Ascensão que, durante um
  tempo esteve aqui no Colégio e dava aulas de Filosofia às alunas.
 E como esquecer o capelão anterior ao sr. P. Domingos, o P. Aireo Otero, sofrido da guerra de Espanha e

que não gostava de barulho no pátio de recreio e queria que fôssemos fazer  as "bufanarias  finas  para    o    ginásio".
Engraçado que nessa altura nós chamávamos aos Frades, Padres , apesar destes a que me refiro serem todos religiosos Dominicanos.
Quantas recordações! Quantas ligações fraternas! Quantos laços que se têm vindo a manter até hoje!
Não somos só nós que continuamos lembrando a história do Ramalhão...
A Província Portuguesa dos Dominicanos e o Colégio do Ramalhão tiveram sempre uma relação de grande fraternidade que uns e outros não esquecem e que sempre constituíram um elo de ligação e de apoio através
do tempo.
                  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A praia e o infinito

A praia é um mundo de aprendizagem pelos melhores e piores  motivos:

crianças que, ao sol, sem chapéu nem roupa adequada, deambulando pela praia; surfistas que entusiasmam jovens e menos jovens com as suas habilidades; grupos de adolescentes que com as suas gargalhadas, mais ruidosas do que alegres, incomodam toda a gente; jovens destemidos que, ignorando avisos e sinais, são a dor de cabeça dos nadadores salvadores; famílias simpáticas e agradáveis que procuram meter conversa com os vizinhos de toldo; banheiros prestáveis, sempre disponíveis,  cuidando da nossa segurança... 

Enfim! um mundo que mostra o melhor e o menos bom da nossa sociedade balnear.
Mas a praia também é areia... mais ou menos fina, mais ou menos dourada... areia que se esboroa sob os nossos pés e que lembra os sonhos que não quisemos ou não soubemos concretizar. Areia que alimenta o nosso descanso e nos convida a parar e a sonhar, enquanto nos vamos aproximando do mar, esse elemento que não desaparece nunca, que se mostra sempre azul, reflectindo o céu, murmurando baixinho, aos nossos ouvidos, aplaudindo os nossos êxitos. Mas também rugindo, zangado, sempre que os nossos erros ultrapassam os êxitos...
Que férias sejam dias de descanso, de mudança, de estar com os amigos ou a família, mas também tempo de paragem, de reflexão, de interiorizar e dar graças pelos dons recebidos e fazer planos de compromisso para o ano que irá começar.
                                             Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.