quarta-feira, 30 de abril de 2014

Quatro décadas depois

Foi há quarenta anos que a minha equipa de trabalho no Colégio

me dirigiu este postal.

 Éramos nove Irmãs, cada uma com o seu trabalho de Evangelização, seguindo o princípio dominicano da Democracia. Não nos sobrepúnhamos.
Colaborávamos

Algumas destas Irmãs  já não estão entre nós mas delas resta a lembrança e este postal do 1º de Janeiro de 1974.

Ele representa os votos implícitos de que, no silêncio, a palavra de Deus estivesse presente a iluminar o nosso trabalho.
Com ela nunca  nos íamos sentír sós porque o Pai estava connosco.
                 Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Catarina Benincasa





Santa Catarina de Sena

Uma das mulheres que mais revolucionou a Igreja
Deve-se a ela, à sua acção e à sua Fé, o regresso do
Papa Gregório XI à sua cátedra de Roma









Santa Catarina Doutora da Igreja

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Amigos

Esta manhã, novamente, ouvi aquela conhecida canção do António Sala em cujo refrão ele se interroga onde estão os seus velhos amigos, que é feito deles, que lhes aconteceu.
E eu, ao reflectir nos meus amigos , os mais presentes e os mais afastados, tentei definir, para mim, o conceito de Amizade.
Constatei quanta falta nos faz, como precisamos dela, quanto nos é necessário um ombro amigo no qual possamos chorar, uma cara alegre com um sorriso que partilhe das nossas alegrias.
Onde estão os nossos velhos amigos?
Estão longe? Ocupados? Perdidos?
Podem estar tudo isso mas a Amizade não terminou, não se esgotou, continua presente porque ela é a participação no Amor de Deus.
Onde estão os nossos velhos amigos? Aqueles que conhecemos e com os quais criámos laços quando adolescentes... Os companheiros de estudo e de trabalho... Os que conhecemos mais recentemente porque o Espírito Santo os inspirou a dizer a palavra certa na hora certa...
Não vale a pena perguntar onde estão. Não adianta interrogarmo-nos sobre a sua presença ou ausência.
Os Amigos, por mais afastados que se encontrem, continuam presentes, continuam a pedir por nós ao Pai, a ter presentes as nossas necessidades, a actualizar as nossas dificuldades, mesmo aquelas que não conhecemos ou não queremos conhecer.
Os Amigos são uma realidade que devemos agradecer a Deus.
Os Amigos são um dom que não podemos desperdiçar e de que não devemos duvidar.
                          Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 27 de abril de 2014

Canonizações




                Domingo da Divina Misericórdia


             


           Canonização dos Papas João XXIII e João Paulo II

sábado, 26 de abril de 2014

Uma nova cidade

Março de 2003!
Novo grupo de Finalistas... Nova viagem... Novo destino...
Desta vez, a finalidade última era conhecer Barcelona, os seus mistérios, a sua arquitectura fora do vulgar, a sua vida que atrai tantos estudantes estrangeiros.
E conseguimos! Desde o Templo da Sagrada Família até ao Park Güell... passando pela casa Batlló e por La Pedrera, ficámos a conhecer os mais notáveis trabalhos de Gaudí, a sua originalidade, o seu misticismo, resultados de uma imensa criatividade e alguma "magia"



Mas também fomos conhecer a vida nocturna do porto, apreciar as especialidades regionais e experimentar a vivência das famosas Ramblas, com os seus quiosques e as suas exposições /vendas.


 Como sempre, uma viagem inesquecível de amizade e dom. Podemos continuar a agradecer a Deus...
                    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O dia D de Portugal

Este dia 25 de Abril de 1974 foi chamado o dia da Revolução dos cravos e os mais jovens são capazes de perguntar porquê.
Realmente, revolução e cravos não são duas palavras que liguem muito bem. Mas é que nesta " revolução " as armas que os soldados empunhavam estavam ornamentadas com cravos encarnados. Cravos que, nas ruas, as floristas e quantos se juntavam a eles lhes iam oferecendo.
Foi uma maneira de festejar a liberdade.
E aqui, temos novos pontos de interrogação: Liberdade? De quê? Que tipo de liberdade?
Actualmente, sobretudo para os mais jovens, liberdade é mais ou menos sinónimo de "libertinagem", de poder fazer o que lhes apetece. Esquecem mesmo que a liberdade de uns termina onde começa a liberdade dos outros. E nem se lembram que a liberdade pressupõe direitos mas também deveres.
Mas, em 1974, a liberdade que se festejava era o fim dum regime ditatorial  e o início dum governo em democracia. E isto, significava  a libertação de muitas coisas que pareciam pesar demasiado.
Aliás, ser livre, verdadeiramente, é ser capaz de se desprender de tudo aquilo que nos prende, que nos impede de olhar além, de sonhar mais alto, de aspirar à santidade.
Não é, necessàriamente, abdicar de tudo, mas ser capaz de se desprender do que não deixa livre o coração e o espírito. A liberdade está dentro de nós, no nosso coração.
Com o 25 de Abril de 1974, desprendemo-nos da ditadura e assumimos a democracia. Não sei se, nesse dia, já tínhamos plena consciência do que tudo isso implicava ; se todos aqueles que alegremente se manifestavam nas ruas sabiam o que o país lhes ia pedir.
Eu estava em Lisboa nessa madrugada de Abril e fui acordada pelo som do telefone que avisava o meu irmão que tinha havido uma revolução. Depois, um grande silêncio e a expectativa do que se iria passar. E o que desejei e consegui foi regressar rapidamente ao Ramalhão. Havia um Colégio de que eu era a responsável...
Nesse dia não aconteceu nada. Apenas suspendemos as aulas. Depois, é que se seguiram RGAs, RGEs, etc. Quantas reuniões! Quantas dúvidas! Quantas inquietações!
Era o preço a pagar pela liberdade alcançada.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Felicidade da vida em comum

Os meus pais faziam hoje 80 anos  de casados. Digo faziam, porque já nenhum deles está entre nós. A minha mãe morreu há dois anos e o meu pai fez quarenta anos que nos deixou. Foi no ano da "revolução dos cravos" mas já não teve tempo de se aperceber de tudo quanto esta revolução nos ia trazer.
Portanto, já nenhum dos meus pais vive; mas eu continuo a lembrar este dia e a comemorá-lo.Junto de Deus, eles certamente ficarão contentes com isso. O meu pai não deixava passar nenhuma data sem a festejar...
Já não estão cá. Mas antes, foram quarenta anos de felicidade, de vida em comum, de alegrias e dificuldades partilhadas.
Nem tudo foi fácil. Houve dias melhores e dias piores como em todas as famílias. Mas, tiveram a felicidade de ver os filhos formados e com a vida estabilizada: o meu irmão casado e eu seguindo a minha vocação religiosa.
Lisboa era a sua cidade. Lá tinham estudado, passado a sua adolescência, vivido. Lá se tinham conhecido, casado e continuado a viver.
Ambos tinham irmãos e, para qualquer deles, a família era muito importante. Daí as festas vividas em família: o Natal , a passagem de ano, a Páscoa, os aniversários...
Hoje, a festa, fazem-na no céu e nós, lembramos outras festas e outros dias. 
De certeza que eles, junto do Pai, estão a pedir por nós: os filhos, os sobrinhos, os netos.
Obrigada, meus pais, por tudo o que nos destes.
                             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.



quarta-feira, 23 de abril de 2014

Dia Mundial do Livro

Mais uma comemoração mundial!...
Esta comemoração, que eu aplaudo, convida à leitura e à escrita, e por isso incentiva à criatividade, aumenta o gosto pelo conhecimento, ajuda a uma melhor expressão das ideias .
Neste momento e nesta era das novas tecnologias, em que os jovens são convidados a utilizar um tipo de linguagem e de escrita que é bastante simbólica , para não dizer irreal, falar em livros é da maior oportunidade. Embora também pareça uma irrealidade...
Já lá vai o tempo em que se considerava "o livro como um amigo" que se tratava com respeito e carinho. Ele ocupava as nossas mentes e os nossos tempos livres.Era ele que nos transmitia os conhecimentos desejáveis e ajudava a desenvolver a nossa imaginação.
Foram os livros que "criaram" poetas e escritores...
Ter uma boa biblioteca era a ambição de muita gente que centralizava nela os seus desejos de cultura.
Hoje, tudo se digitaliza, quase tudo se encontra na internet e os livros ficam relegados para um segundo plano, para o campo das curiosidades ou das recordações.
Mas há um livro que não podemos ignorar nem relegar para o campo das antiguidades- a Bíblia. Porque ela nos fala de Vida , de Verdade, de seguimento de Jesus Cristo.
E também não podemos esquecer do livro da nossa vida, aquele que vamos escrevendo, folha a folha, de que não podemos arrancar páginas porque não nos satisfazem, a que não é possível acrescentar factos lindos que o embelezariam.
Ele é o livro em branco, onde tudo fica registado e que tão mais belo será quanto mais a sua história se aproximar da história que o Pai desejou para nós.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.


terça-feira, 22 de abril de 2014

Terça - feira de Páscoa





                                         
                   Não me prendas que ainda                                         não fui para o Pai

                       Maria Madalena possuía já Jesus no seu coração, pela sua Fé, pelo seu Amor
                       Saibamos como ela encontrá-Lo no fundo do nosso coração, neste tempo de Páscoa.
            


segunda-feira, 21 de abril de 2014

Segunda - feira de Páscoa

                                          





  "Não tenhais medo.
  Dizei aos meus irmãos
  que vão para a Galileia.
  Lá Me vereis."



É o convite que Jesus nos faz... para que vamos ao encontro d´Ele.











domingo, 20 de abril de 2014

Alleluia



                            Páscoa de 2014

                                  Alleluia              

sábado, 19 de abril de 2014

O dia do silêncio

" E um grande silêncio se estendeu sobre a terra"
Um grande silêncio e uma grande solidão. Nem o Cristo na cruz, para Lhe podermos falar, dizer das nossas preocupações e angústias, pedir o que necessitamos, lembrar os amigos e os que o são menos, agradecer o dom da Sua graça...
Jesus foi descido da cruz, colocado no sepulcro e a entrada tapada com uma grande pedra.
A cruz ficou... despida, chocante no fundo dum  céu revolto.
A cruz ficou... vazia. Um testemunho duma vida que se ofereceu por nós, numa "obediência até à morte e morte de cruz".
Jesus partiu mas a cruz está lá.
Continua lá...
À espera de que a façamos nossa , de que nos ajoelhemos perante ela e digamos que queremos seguir Cristo e fazer nossa a Sua vontade.
A cruz continua presença, lembrança, prova da dádiva dum Deus que se fez homem e morreu por amor pelos homens.
Também tenho uma cruz sem crucificado, à espera de que seja eu que preencha esse vazio.
Não precisamos de procurar, de inventar cruzes.
Elas estão lá ,no nosso dia-a-dia, à espera que as tomemos e façamos nossas.
 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sexta-feira Santa em Jerusalem

Via dolorosa . É o princípio...
Seguimos este caminho percorrido por Jesus levando a cruz. Paramos em cada lugar rezando e meditando os textos das estações. Somos um grupo que não é muito grande mas a nós se juntam outros e ficamos muitos. Vamos andando...
É comovente esta multidão que segue a cruz, em todo este percurso longo e difícil, desde o palácio de Pilatos até à Igreja do Santo Sepulcro. Todos fazemos silêncio, todos tentamos viver a recordação dolorosa desta caminhada feita por Jesus.
Mas, pelo caminho, lojas abertas com artigos decorativos expostos para venda.
E gente que compra e que vende, que fala, que discute, indiferente à multidão que passa. Nem curiosos...
E turistas, esses sim, observando os que seguem em procissão, interrogando-se talvez,
o que estão fazendo no meio  daquela rua de comércio, entre uma multidão que reza e que canta.
Foi o que mais me impressionou!
Pensar que Jesus passou por ali, com a cruz aos ombros, exausto, o rosto dorido e ensanguentado, pelo meio de gente indiferente, talvez por demais acostumada a espectáculos como aquele.
Mas para mim não era um espectáculo. Era Jesus em oferta total. Era a Paixão que já tinha começado, que se estava a desenrolar e que ia terminar no Calvário com o abandono nas mãos do Pai.
Segui ... Seguimos todos... esquecemos os turistas , as lojas, os vendedores, as conversas dos indiferentes... Alguns rostos estão constrangidos... há algumas lágrimas discretas...
Finalmente, de joelhos, diante do túmulo de Jesus, prometemos... não sei o quê. Mas certamente que nada mais podia ficar igual. E não pode. 
Lembrar, hoje, esta Via Sacra, revivê-la, é assumir um compromisso.
Senhor, acolhe-me e transforma-me... Tu que, "pela Cruz remiste o mundo".
                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O surpreendente de Milão

É Quinta - feira Santa

Estamos em Milão : eu e um grupo de finalistas que vieram a Itália em viagem de fim de curso. Foi já há anos, mas imaginamos que foi hoje e agora.
Encontramo-nos no Convento Dominicano de Santa Maria das Graças com o objectivo de admirar o fresco da Ultima Ceia de Leonardo da Vinci. Esta pintura foi encomendada pelo duque de Milão e encontra-se na parede do fundo do refeitório dos frades. Apresenta-se um pouco deteriorada ( data dos fins do sec.XV e talvez sem restauro...) mas mesmo assim é espantosa.
Parece que estamos a viver um filme . Ficamos de olhos pregados no fresco e sentimo-nos como participantes dele. Recordamos todos os momentos.
No silêncio que se faz, é como se estivéssemos ceando com os apóstolos; como se também a nós Jesus tivesse lavado os pés e nos tivesse denunciado, veladamente, quem era o que o ia trair ; como se observássemos cada um dos apóstolos e tivéssemos trocado o olhar com Jesus que também a nós ofereceu o pão e o vinho que são o Seu corpo e o Seu sangue.
É a custo que despegamos o olhar dessa pintura que representa a dádiva maravilhosa da Eucaristia.
É em silêncio, um silêncio profundo e sentido, que saímos levando connosco esta imagem que é um convite.
Que não guardemos esta recordação apenas na memória mas que ela fique impressa no nosso coração é o pedido que faço, ao agradecer o dom que recebi.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

A espera

Vão-se escoando lentamente os dias que nos separam dos grandes acontecimentos desta semana.
Jesus retirou-se discretamente, sabendo que o queriam prender mas que ainda "não tinha chegado a Sua Hora".
São já dias de dor, angustiantes. É que fazer a vontade do Pai pressupõe sofrimento, humilhação, despojamento, morte...
" Pai, que se faça a Tua vontade"  é o grito assumido desde a primeira hora mas não deixa de vir repleto de sofrimento e inquietação. A humanidade de Jesus Cristo revolta-se apesar do dom oferecido e aceite voluntariamente.
Durante estes dias "de espera", digamos assim, os acontecimentos futuros vão já passando pelos seus olhos e atravessar o seu coração : para além da Paixão, a traição de Judas, a negação de Pedro, o abandono dos apóstolos... 
São dias de grande angústia e de dor. Associemo-nos a esta dor e, no silêncio da espera, procuremos encontrar a verdade da nossa vida, aquela que nos colocará mais próximo d´Ele. Aceitemos essa verdade e vivamo-la com toda a abertura e disponibilidade.
Sentemo-nos diante do sacrário, despidos de tudo o que desvirtua as nossas relações com Deus. E, em Amor e com Amor, nesta longa espera que nos separa da Ressurreição, digamos o nosso Sim, aquele que pronunciámos no dia da nossa escolha. E continuemos, calmamente, à espera dos alleluias pascais.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A Grande Semana

Começou a Semana Santa, esta semana cheia de Graças,  de Mistérios, de contradições. Esta semana densa, pesada, em que temos uma sensação de desconforto, de tristeza, de perca.
É a capela despida de flores, ornamentada de roxo,; é o silêncio algo forçado; são os textos magníficos mas pesados...
Uma semana em que não sabemos bem se nos havemos de sentar aos pés da cruz, chorando todas as dores e todos os erros, se havemos de correr gritando de alegria porque o Cristo que morre vai ressuscitar para sempre. Uma semana de conflitos.
E começou já esta semana cujo início oficial será na 5ª feira, com a oferta eterna da presença de Jesus Cristo na Eucaristia da Última Ceia. Esta Ceia devia ser uma festa mas torna-se chocante com a atitude dum Mestre que se prostra a lavar os pés aos discípulos; com a saída abrupta de Judas com o seu plano de traição. Depois, vem o caminho até ao Horto das Oliveiras,a angústia do Mestre, o sono inoportuno dos discípulos que "não puderam velar uma hora com Ele". E a chegada dos soldados comandados pelo discípulo traidor. E aquele beijo que Jesus permitiu numa tentativa última de conversão, que não resultou. Em seguida, o percurso até ao palácio de Pilatos, as idas e vindas entre Anás e Caifás... E, antes da subida para o Calvário, a grande dor da negação de Pedro.
Estamos em Sexta Feira Santa- Paixão e Morte de Jesus. Junto da Cruz, Maria e João. E a promessa da maternidade divina para todos nós naquela que é a Sua Mãe : "Eis aí a tua mãe!.
Três horas ... um grande silêncio. Jesus morreu para salvação de todos nós.
Ajoelhemo-nos diante da Sua Cruz e agradeçamos este dom de Morte e Vida que vai tornar-se Ressurreição porque o amor do Pai quer a nossa salvação.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Um conto adequado

A internet é um grande motor de busca e descoberta. às vezes dá-nos informações inoportunas mas outras fornece-nos conhecimentos importantes. E até nos conta histórias que nos fazem reflectir.
É o caso desta, que nos transmite uma mensagem bem oportuna.

A corda e nós
Num ponto qualquer do globo, não importa onde, vivia um homem sempre alegre e sereno. Pela sua maneira de estar atraía quantos passavam por ele e paravam para conversar.
E a todos causava curiosidade o motivo daquela constante alegria e bondade. Mas ninguém tinha coragem de o interrogar.
Um dia o Rei  daquele país procurou-o e disse-lhe:
- Você está sempre alegre. Será que nunca se preocupa com coisa alguma?
  Não se preocupa com o seu destino?
  Será que nunca pensa nos seus pecados, de que um dia Deus lhe vai pedir     contas?... Afinal, nesta vida, todos somos pecadores!...
Então, o homem respondeu:
- Vossa Majestade tem toda a razão em dizer que devemos dar contas do mal que fazemos.
  Eu por mim penso e ajo assim:
  Imagino que estou agarrado a Deus por uma corda.
- Como assim? - perguntou o Rei
- Quando eu peco corto essa corda ; mas quando me arrependo e peço perdão, Deus pega nas duas       pontas da corda  e faz um nó para reatá-la.
  Deste modo a corda fica mais curta  e eu fico mais perto de Deus.
  Os anos passam e eu, apesar do esforço, continuo a falhar, mas Deus vai fazendo mais nós na corda
  e, desta forma, vou chegando cada vez mais perto d´Ele...
  Então, porque me devo preocupar ou entristecer?

O Rei ficou muito admirado com a sabedoria do homem e entendeu a situação daqueles que, embora pecadores, conhecem e amam a Deus.
Que tal a lição para a Quaresma?

domingo, 13 de abril de 2014

Viver as contradições

Entramos na Semana Santa, a semana das grandes contradições, das grandes glórias e das grandes humilhações, dos grandes testemunhos e da imensa traição.
É Domingo de Ramos. Lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
E quando empunhamos aquele ramo simbólico, lembramos a euforia , os gritos de alegria e de louvor da multidão.
Hossana oh! filho de David.
Saúdam o Rei, o libertador, aquele que eles julgam os vai libertar do domínio do povo estrangeiro, que pensam que lhes vai conseguir um reino de abundância, de felicidade, o reino anunciado outrora pelos profetas.
Mas aqui, temos que considerar a primeira contradição: o Rei vem montado num jumentinho que nem sequer lhe pertence.
E depois, a outra grande contradição: os mesmos que o exaltam e aclamam são aqueles que o vão entregar, que o vão acusar de prejúrio e vão ser cúmplices da crucificação.
O Rei, o nosso Rei, é um Rei crucificado, morto mas ressuscitado. E o reino, o Seu reino, está dentro de nós e só será diferente quando conseguirmos ver Deus e observar a Vida  despidos da roupagem enganadora com que os tentamos disfarçar para que não os vejamos com a Luz da Verdade.
É este Reino novo, passado pelo sofrimento e centrado na Verdade, que Jesus nos quer oferecer. Um reino de desprendimento, de alegria no dom e na partilha.
É para esse reino que Ele nos convida neste Domingo, de glória e de drama antecipado. Queremos pertencer-lhe?
A escolha é nossa. Queremos um reino terreno, ilusório ou ser testemunhas deste Rei crucificado?
                         Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 12 de abril de 2014

Tu sabes que Te amo

Meu Deus eu me entrego
nas Tuas mãos.
Modela e remodela este barro
como argila nas mãos do oleiro.
Dá-lhe uma forma
e, depois, se quiseres, desfá-la...
Pede, ordena, Que queres que eu faça?
Que queres que eu não faça?
Exaltada ou humilhada, perseguida,
incompreendida, alegre e triste
 ou inútil para tudo, só direi a exemplo da Tua Mãe:
" Faça-se em mim segundo a Tua palavra "
Dá-me o amor por excelência,
o amor da cruz. Não das cruzes heróicas,
que poderiam aumentar a minha vaidade,
mas de cruzes vulgares que, no entanto,
suporto com repugnância: aquelas que se
encontram todos os dias na contradição,
no esquecimento, no fracasso, nos falsos juízos,
na frieza, nos desaires
e nos desprezos dos outros, no mal-estar
e defeitos do corpo, na obscuridade da morte
e no silêncio e aridez do coração.
Então, e só então, Tu saberás que Te amo.
E. mesmo que eu o não saiba, isso me basta
                  R. Kennedy



sexta-feira, 11 de abril de 2014

A escolha...

Enquanto tentava pôr em ordem os pensamentos duma noite atribulada, quase instintivamente abri a Bíblia ao acaso. Saiu-me o Evangelho de S. Lucas e nele a parábola da ovelha perdida. Directamente não tinha nada a ver com os meus pensamentos revolto. E daí...
Não pude deixar de me perguntar o que tinha levado o pastor a deixar todo o rebanho para ir à procura duma única ovelha que se tinha perdido. Porquê? Era menos uma ? Tinha que dar contas dela? Era um prejuízo material acrescido? Aquela era uma ovelha especial?
Por tudo isso talvez... o pastor tinha ido à procura... mas o mais natural é que a preocupação do pastor se centrasse simplesmente na ovelha que se tinha perdido. Apenas isso. Daí a alegria ao encontrá-la.
Se das ovelhas passarmos ao " rebanho " a que nós pertencemos, constatamos como é fácil perdermo-nos.
E aqui entro no campo dos meus pensamentos. 
O trabalho, os interesses, os projectos, as preocupações, o imediato e o indispensável são outros tantos motivos que nos levam, fàcilmente e quase sem darmos por isso, a nos afastarmos do caminho certo e a nos enfiarmos por "veredas tenebrosas".
Às vezes perdemo-nos voluntariamente, sabende de antemão que estamos a escolher caminhos que nos conduzem a metas indesejáveis. Só muito mais tarde lamentamos o tempo e os esforços desperdiçados... Mas outras vezes é a inconsciência , o ambiente pelo qual nos deixamos envolver ou o grupo ao qual pertencemos que nos levam a um percurso do qual não encontramos a saída.
Perdemo-nos!... Talvez um dia , olhando para trás, para esse "passado que já não é" constatemos quão longe nos encontramos da meta onde o Senhor nos espera.
Mas não vale a pena "chorar sobre leite derramado" . Vale sim a pena recomeçar, certos de que Deus não nos quer nunca perdidos. E tal como o pastor que leva a ovelha ao colo; tal como o pai do filho pródigo, que sai ao seu encontro, também Deus nos aguarda para se congratular com o nosso regresso.
Aproveitemos este tempo de Quaresma, que é tempo de reencontro, para procurar e seguir o caminho certo.
           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O importante é dar-se

Não sei porquê, quando há pouco, estava em frente do computador, à procura de inspiração, lembrei-me daqueles dois apóstolos a quem se dirige um paralítico. Não sei a pedir o quê; não me lembro se formulou o pedido, mas recordo muito bem da resposta dos apóstolos : " Não temos ouro nem prata mas o que temos vamos dar-te: Levanta-te e anda! E o paralítico começou a andar.
Transferindo este episódio  para a nossa vida, interrogo-me se não será isto que os outros esperam de nós, os amigos, os indiferentes, os que passam ao nosso lado... Mais importante do que dar-lhes coisas não estarão eles à espera de que nos demos?
Não contarão que nos lembremos que o "sol quando nasce é para todos"  e que isto leva a pensar em igualdade, partilha, fraternidade ? Não acharão que devemos ter presente que ninguém é maior do que o outro, nem merece mais do que ele, só porque sim?
É que, de facto, todos somos iguais, irmãos, filhos do mesmo " Pai que está nos céus " e portanto a colaboração e a solidariedade são exigências de vida, sobretudo para os cristãos.
Na rádio está-se a fazer uma campanha em favor dos bebés com necessidades " Malhas que o amor tece". É habitual no Natal e na Páscoa, como têm tempos determinados as campanhas do Banco Alimentar contra a fome. Mas, a partilha não deve fazer parte do nosso dia a dia, mesmo que seja a partilha dum sorriso ou duma palavra?
Não podemos apagar o sol a nosso belo prazer , porque estamos tristes ou aborrecidos, como não o podemos fazer surgir para alegrar as nossas vidas.
" O sol quando nasce é para todos " Não deixemos que a injustiça apague o sol nos olhos daqueles que se cruzam connosco; não façamos com  a nossa atitude que o sol esmoreça no coração daqueles que esperam de nós pelo menos uma palavra, um sorriso, um olhar.
Ontem uma pessoa amiga disse-me que nos meus olhos havia luz e alegria... Fiquei a pensar se sempre era assim e se sempre partilharia desse dom.
                    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 8 de abril de 2014

"LIsboa tem mais encanto..."

Lisboa tem mais encanto de cada vez que  lá se volta.  Para mim, não é como no fado, que diz que o encanto de Coimbra chega na hora da despedida... Para mim, o encanto aumenta cada vez que se volta a Lisboa. E eu estive novamente na cidade a respirar aquele ar poluído resultante do tráfico intenso, das habitações acumuladas, das chaminés mal cuidadas.Mas também a contemplar a beleza maravilhosa do estuário do Tejo, com a sua grandiosidade, a sua cor, a sua luz.
Deixei-me envolver pelo conhecido. Desci até ao Jardim da Estrela e entrei na Basílica para, no silêncio que ali reinava, poder realizar o meu diálogo com o Pai.
Apanhei o eléctrico, o célebre 28, e segui até ao Chiado. Ali, deixei-me envolver pela multidão de turistas que entra e sai das igrejas, admira as montras das elegantes lojas da não menos elegante R. Garret e acaba na Brasileira, lado a lado com o Pessoa.
Depois, desci a R. do Carmo e encontrei-me no Rossio. Parei um instante a admirar os novos-velhos estabelecimentos , o movimento, a venda de flores, a calçada portuguesa, as fontes murmurantes, a estátua de D. Pedro IV... Entrei na Pastelaria Suiça a beber um chá e continuei pela sombra até parar diante do sempre admirável teatro Nacional D. Maria II e, à esquerda, a restaurada estação dos caminhos de ferro..
Cheguei à Praça dos Restauradores e ao seu monumento comemorativo. Para além, de baixo para cima, estende-se a Av, da Liberdade, com o seu arvoredo, os seus bancos, as seus lagos, as suas lojas caras, os seus quiosques e esplanadas...
Ao fundo, bem no centro da praça, o pedestal com a estátua do Marquês de Pombal, um homem admirado por alguns , odiado por muitos...
Estava cansada e por demais emocionada. 
Não me apeteceu subir a Avenida apesar dos seus encantos e atractivos. Apanhei um autocarro e regressei à Estrela, inebriada de cor, de cheiros, das luzes da minha cidade.
E voltei a entrar na Basílica. Agora, para agradecer as mil graças deste dia na cidade. Havia silêncio. Ninguém ! Apenas uma música suave e, no sacrário, Jesus Cristo que acolhe aqueles que O procuram e a Ele se entregam.
Fiquei, na certeza de que lá, apenas Ele e eu.

                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

domingo, 6 de abril de 2014

Aproveitar o tempo que passa

É engraçado como, à medida que vamos envelhecendo, nos vamos apercebendo melhor da velocidade com que o tempo passa. Os dias sucedem-se... o tempo corre... escoa-se entre os dedos como a areia com que brincamos na praia.
Ainda " ontem " foi Verão e gozávamos das alegrias do calor à beira mar e já estamos novamente quase a preparar as malas para férias. É que já estamos em férias de Páscoa. Páscoa "hoje" quando ainda "ontem" foi Natal ...  O tempo voa!
E porque estamos em férias e é domingo, há um grande silêncio a envolver-nos. Ainda não é o grande Silêncio da Semana Santa, mas acho que este nos começa a preparar para ele. 
E sentimo-nos estranhos com este silêncio  que nos rodeia, consequência da ausência de alunos, das suas brincadeiras, dos seus gritos por vezes incómodos.
Mas também fruto dum tempo sombrio, algo opressivo, apesar do sol querer despontar para dizer que estamos na Primavera.
O silêncio continua a envolver-nos neste início de manhã. Talvez aproveitarmos para criar em torno de nós o ambiente de sossego propício à reflexão tão adequada a estes dias de fim de Quaresma, de vésperas de Semana Santa.
Deus fala no silêncio! Deixemos que ele nos invada e nos encha de paz. Desprendamo-nos de conversas inúteis, de trabalhos desnecessários, de pensamentos incómodos , de planos desassossegados. Recordemo-nos que desprendimento significa libertarmo-nos, ficar "livres para"...entrar no nosso quarto, fechar a porta e encontrarmo-nos com Jesus, segui-Lo na Sua caminhada até ao Calvário; livres para testemunhar o Amor de Deus que exigiu a morte do Seu Filho para salvação dos homens; livres para, à semelhança de Maria, dizer o nosso Sim de adesão ao plano do Pai.
Procuremos o silêncio e nele fiquemos, com a certeza de que estamos sós mas... nós e Deus.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 5 de abril de 2014

Recuperar o passado

" Não podemos recuperar o passado"  era o lamento duma senhora idosa ontem na rádio. Fiquei a pensar se sim se não, dividida entre a possibilidade ilusória da reconstrução e a realidade do evoluir do tempo.
Mas realmente não; não podemos recuperar o passado, até porque vivemos no "presente que é um instante entre o passado que já não é e o futuro que ainda não foi" . O passado ficou para trás, para o baú das nossas memórias. Não o podemos desenterrar e por isso não podemos reviver o tempo que desbaratámos, apagar os erros que cometemos, ultrapassar os fracassos que lamentámos. Mas também não vale a pena. O "ontem" passou e ficou inscrito no livro dos dias passados
E se nos lembrarmos da frase de Michel Quaist " a Vida é o novo Evangelho em que nós próprios escrevemos um folha cada dia" mais nos convencemos de que o passado foi ontem e não vale a pena recuperá-lo. O importante é construir o futuro, aquele que Deus prepara para nós em cada momento. 
E a vida é cheia de novidades, de imprevistos, de alegrias e tristezas, sinais que nos querem mostrar aquilo que Deus espera de nós. E as respostas que vamos dando, são as páginas em branco que vamos preenchendo e são já os alicerces do futuro.
E devíamos preenchê-las com um sorriso nos lábios e a alegria no coração. Esse sorriso e essa alegria que nos vão faltando, por vezes, face às contrariedades que se nos deparam no caminho. Mas não deixemos que os maus momentos se instalem . Também eles vão, rapidamente, fazer parte do passado, desse passado que não podemos recuperar. Nem queremos!... 
Lembremos tudo o que de bom a vida nos vai dando, agradeçamo-lo ao Pai e construamos um futuro de Fé e alegria.
                       Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Deixemos o que nos pesa

" Não leveis nada para o caminho..."
É recomendação de Jesus aos apóstolos quando os envia a pregar.
Ide!... mas não leveis nada que vos pese, que vos impeça de andar, de caminhar ligeiros ao encontro dos que precisam de vós... é a nossa interpretação ao ler a recomendação de Jesus.
E esta palavra que Jesus dirige aos apóstolos sempre me incomodou, sobretudo quando preparo uma mala para um fim-de-semana, uma viagem ou mesmo para férias.
É que levo tudo o que preciso, tudo o que talvez precise, tudo o que não vou mesmo precisar. E a vós, não acontece isto?...
Levamos tudo, como medida de precaução...
E se pensarmos naqueles peregrinos, que fazem caminhadas a pé, estamos a vê-los carregar com uma imensidade de coisas inúteis, só porque talvez?...
E se pensarmos em Nossa Senhora, acaso ia ela carregada, quando "apressadamente" se dirigiu para casa de sua prima Isabel? Certamente que não!
Mas nós, até na vida do dia-a-dia vamos fazendo "acumulação de bens" : o que nos dão, o que adquirimos, o que juntamos , porque... nos pode vir a ser necessário, porque são recordações, porque é de estimação, porque lembra um momento ou uma pessoa especial.
E não temos a coragem de nos libertar, de nos despojarmos, para ficarmos mais livres, mais leves, mais capazes de ir ao encontro dos que nos esperam.
" Não leveis nada para o caminho" disse Jesus aos apóstolos e di-lo a nós , referindo-se à caminhada desta vida.
Às vezes recordo com saudade um "sonho " da Juventude, dos meus primeiros anos de religiosa, quando as palavras de Jesus tocavam mais fundo e mais intensamente os nossos corações cheios de entusiasmos. E pensava em viver numa tenda no deserto, sem nada, confiando apenas na Providência Divina.
Simplesmente o deserto era aqui, e a tenda, o convento em que vivia...
Mas o "sonho" tem que persistir, estar presente em todos nós. Um "sonho" de desprendimento, de liberdade, de acolhimento, de confiança num Pai que "alimenta os lírios do campo" e nos dá a nós  "o pão nosso de cada dia".
                   Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.