quinta-feira, 7 de março de 2013

Jardins à chuva

Foi este o tema duma composição quando andava no 5º ano do liceu (actual 9º ano). Não sei o que escrevi mas acho que estava inspirada pois a professora (que era bem exigente) gostou muito e classificou com Muito Bom. Aliás, nessa altura, eu tinha imaginação, graça e geito para escrever...
Hoje, não sei porque razão este tema me veio ao pensamento. Deve ter sido porque, quando me levantei, havia uma intensa cortina de nevoeiro e caía uma chuva miudinha que tornava húmidos os caminhos e molhava lentamente quantos se arriscavam a enfrentá-la.
Os pingos que escorriam das árvores pareciam lágrimas escorregando até ao chão.
Um cenário triste e melancólico.
Mas, se pensarmos bem, a chuva é uma bênção, uma necessidade, para o Homem e para a Terra.
E depois... água é sinónimo de limpeza. Fomos limpos com a água do Baptismo...Há uma sensação de frescura quando nos lavamos e conhecemos o contacto da água ...
A chuva pode ser triste, criar neurastenia em nós, mas muda tudo por onde passa. E, se é assim miudinha e leve, parece acariciar-nos e murmurar, enquanto dai deslizando pelas árvores, pelos  vidros da janela, pelas paredes lisas dos prédios.
Fico olhando essas gotas que caem e pensando que demasiadas vezes encaramos apenas o lado negativo das coisas: chuva, molhado, tristeza... E não avaliamos o aspecto positivo: a limpeza, a fertilidade, a renovação.
E, de repente, este termo renovação, salta-me ao pensamento. É que renovação é o que precisamos realizar neste tempo extraordinário da Quaresma.
Renovar... tornar novo...todas as coisas, a começar pelo pensar e o agir.
Renovar... mudar o que está mal; intensificar o bem.
E quando a Páscoa chegar, mesmo que seja com chuva, haverá a alegria de tudo se viver de novo. 
Preparemo-nos para essa alegria, mesmo quando a chuva parece tornar tudo triste e feio.
                               Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

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