Um dia um camponês apresentou-se à porta do convento e ofereceu ao Irmão porteiro um cacho de uvas, como agradecimento pela caridade com que ele sempre o tinha tratado.
O frade porteiro passou a manhã a olhar para o magnífico cacho. De repente, teve uma ideia: foi levá-lo ao abade para lhe dar um pouco de alegria.
Este agradeceu mas lembrou-se que no convento havia um frade idoso e doente que certamente apreciaria tão belo cacho de uvas. E levou-lho.
Mas o frade doente pensou que ele seria mais proveitoso nas mãos do Irmão cozinheiro que tanto se sacrificava por eles e ofereceu-lhe as uvas.
E o frade cozinheiro pensou e achou que o Irmão sacristão precisava mais das uvas e foi dar-lhas. Este, levou-as ao frade mais novo do convento ,que mais precisava de apoio. E assim, de mão em mão, as uvas foram novamente parar ao Irmão porteiro.
Lembrei-me, ao mesmo tempo, nesta sequência de dar e receber, do Evangelho de S. Mateus :" Quem der um copo de água a um destes pequeninos..."
E, comentei comigo mesmo se haveria mais alegria em dar ou em receber. Geralmente, defendemos a teoria do dar, mas... não é dando que se recebe? E Deus não é um dom permanente e gratuito? Mas, claro que espera a nossa disponibilidade para a oferta. O convite ao jovem rico não era uma promessa de dom em troca da disponibilidade e do despojamento?
Esta história não é tão simples como parece e levanta demasiadas questões.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
Sem comentários:
Enviar um comentário