Um amigo meu, aqui há tempos, comentava esta recomendação de Jesus e (entenda-se a extrapolação) dizia da sua aplicação e oportunidade, sobretudo quando se tem que fazer uma caminhada de mochila às costas, como é o caso da peregrinação a pé a Santiago de Compostela.
Depois disso e meditando na palavra de Jesus e nos comentários feitos, pensei em quantas coisas supérfluas metemos numa mala quando saímos para um fim de semana, para uma viagem ou para férias na praia.
Levamos tudo o que pensamos precisar, tudo o que talvez precisemos, tudo o que sabemos de antemão que não vamos precisar, mas... Talvez!
Trabalho a mais e peso desnecessário, mesmo que não tenhamos que carregar com a mala...
E passando para outro nível, o da vida de todos os dias, será que não fazemos também assim?
Mesmo sem querer, vamos acumulando: o que nos dão, o que adquirimos, o que juntamos... porque nos pode vir a ser necessário ou útil, porque são recordações, porque é de estimação, porque é interessante, porque não temos coragem de nos desfazer...
E vamos enchendo prateleiras, gavetas e arcas. E choramos se, um dia, a vida nos exige mudar e deixar tudo.
" Não leveis nada para o caminho " recomenda Jesus aos apóstolos quando os envia a pregar. Não leveis... alforge, comida, duas túnicas; não transporteis bens inúteis nem acumuleis o que não necessitais.
Lembro-me daqueles jovens do meu tempo que parecia não precisarem de nada, que viviam felizes com o indispensável. E o indispensável era tão pouco...
Houve um tempo em que uma amiga minha sonhava, para nós, com uma tenda no deserto. Simplesmente... o deserto ficava longe, era difícil de alcançar e a tenda... não se coadunava com a nossa vida na altura.
Mas o sonho ainda persiste.
Este sonho que deve ser de todos nós . Um sonho de desprendimento, de liberdade, de acolhimento, de confiança no Pai que dá o "pão nosso de cada dia" e alimenta os " lírios do campo, que não semeiam nem colhem ".
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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