Precisava reflectir e abri, ao acaso, o Evangelho de S. Mateus.
Calhou precisamente numa descrição que sempre me impressiona pelo seu realismo mas também pela mensagem que, indirectamente, os Apóstolos nos transmitem - a Transfiguração de Jesus.
Voltei a ler e, mais uma vez, me deixei fascinar. Pelo acontecimento em si: a revelação de Jesus como Filho de Deus, que já conhecemos mas é sempre uma verdade nova, se quisermos. Mas mais ainda, pela atitude dos Apóstolos. Eles estão espantados, emocionados, encantados ao mesmo tempo. Dobram-se até ao chão mas não é de medo; é de emoção. Do espanto que a revelação de Deus lhe causou.
E qual a sua reacção? Façamos aqui três tendas... Mas não são para eles , não! Como quase sempre, mostram-se desprendidos, generosos: "Façamos aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias". Não pensaram neles, não se fecharam na revelação que tinham acabado de receber; não pretenderam ficar ali, a gozar comodamente da alegria que lhes tinha sido concedida. Ofereceram-se para trabalhar; pensaram nos outros que se tinham revelado. Para eles, Sim! a comodidade, a segurança, uma tenda onde se abrigassem. Para os apóstolos, apenas a alegria de estarem ali.
Mas, rapidamente, é preciso regressar à realidade, esconder o que viram e ouviram, até depois... um momento ainda longínquo, que não sabiam quando seria nem entendiam como seria: " Não faleis até que eu tenha ressuscitado".
E regressaram sem lamentos nem protestos. Regressaram com a alegria no coração mas impedidos de manifestar livremente essa alegria. "Não faleis... até..."
E guardam para eles, mesmo sem entenderem, porque confiam n´ Aquele a quem chamam Mestre.
Quem me dera ter a confiança e a atitude aberta e disponível dos Apóstolos!...
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
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