Era Dominicano, uns quinze anos mais velho do que eu mas nem parecia... Impressionava, pela positiva, pelo seu ar um pouco austero mas jovial, pela sua interioridade mas alegria e sentido de humor. Eram contagiantes!...
Simpatizei com ele e gostei da sua atitude simples e confiante.Talvez por tudo isso foi ele que me preparou para entrar no Noviciado. Com exigência mas também com sabedoria e paz. Nada me ocultou mas nada me revelou do que não era necessário.
A discrição é uma das suas características...
No Noviciado, orientou a minha vida e deu-me a segurança necessária para enfrentar alegrias e dificuldades, contratempos e satisfações.
Esteve no Clenardo, depois foi para o Porto e durante uns anos não nos encontrámos. Até que um dia... "saiu-lhe na rifa" ser nosso capelão. Estava no convento de Queluz e ia e vinha todos os dias.
Mas eis que... "nada acontece por acaso"... precisávamos dum professor de Matemática. Então, acumulou ensino com capelania e mudou a residência para o Ramalhão.
Era, e é, estimado por todos, Irmãs, professores, funcionários, alunos. Para ele não havia "rapazes maus", tal e qual como não existiam alunos insubordinados nem estudantes com dificuldades.
Dava aulas, fazia prelecções, ouvia confidências, passeava com os alunos pela quinta, celebrava as grandes festas e estava sempre presente. Onde alguém precisasse dum conselho, duma opinião, dum ouvinte atento, lá estava ele.
Um dia achou que estava doente demais para permanecer connosco e foi para Fátima, deixando saudades e um grande vazio. Agora está em Coimbra, mas não deixámos de nos falar. Os professores visitam-no com alguma regularidade.
Ontem fez anos... 91! e ninguém deixou de o lembrar.
Todos falamos dele com respeito e carinho porque foi um frade, um professor e um exemplo para todos nós.
Agradecemos-lhe, pelo que foi, pelo que é, pelo que nos deu...
Eu sei que, mesmo longe, recorda cada um e nos lembra nas suas orações.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
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