Ler a história de Elias é sempre algo que nos perturba mas simultaneamente nos anima. É que Elias é um homem que nos inquieta, na medida que levanta uma série de questões, mas ao mesmo tempo nos dá as respostas de que necessitamos. Por um lado é um Profeta, tem uma missão a desempenhar, uma chamada de atenção a fazer àqueles "ouvintes " que parece não o quererem ouvir. Certamente porque lhes chamava a atenção para os erros cometidos...
Por outro lado, é um homem desencorajado, que desiste, que não quer prosseguir na sua missão, que pretende a morte, para se libertar do peso que não se sente capaz de levar.
Desistir... É uma tentação que nos assalta muitas vezes. Estamos demasiado cansados; demasiado desiludidos;achamos que já nada vale a pena; que tudo o que temos para dar não tem valor e não é reconhecido.
Como Elias, chegamos à conclusão que mais nada temos para fazer; que é a hora de "morrer".
Mas Deus não desiste nem permite que o façamos. Deus não permitiu que Elias desistisse. Ao contrário, disse-lhe que ele tinha um longo caminho a percorrer. E ele levantou-se e foi!...
Também a nós Deus nos segreda que, mesmo quando o pensamos, estamos enganados: a nossa missão não acabou e não é inútil, ainda que possa parecer.
Deus continua a insistir connosco e dá-nos o Seu Corpo em alimento, para nos fortalecer, tal como deu pão e água a Elias, para o alimentar naquela travessia do deserto.
Mas desistir é realmente uma grande tentação: não é necessáriofazer mais esforços; não é preciso continuar a lutar; não temos que aceitar o que consideramos errado e, menos ainda, corrigir esses erros; não há necessidade de mostrar que somos "bons" nem esforçarmo-nos por corresponder à imagem que têm de nós.
Desistir é realmente algo que nos interpela profundamente e nos pode aparecer sob as formas mais variadas e insidiosas. Até às vezes nos parece mesmo que é o caminho certo e a opção mais adequada. Mas é um engano. É a procura do mais fácil sob a capa do mais verdadeiro. E não podemos desisitir. Temos que procurar a fidelidade com a certeza que o Pai conta connosco, dando-nos a força de que necessitamos. E afinal, desistir não é assim tão bom...porque é próprio dos fracos e nenhum cristão se pode considerar como tal. Ele é outro Cristo e "nada lhe falta n´Aquele que o conforta".
Ir. M.Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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