quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Em torno da Santidade

Sempre gostei daquilo que li de Paul Claudel. Pareciam-me palavras de grande transcendência mas, simultaneamente, de imensa simplicidade.
Li algumas coisas quando era muito nova e talvez não tivesse entendido até ao fim a mensagem que elas procuravam transmitir. Mas isso, não me impedia de gostar e de aproveitar.
Trago sempre por perto aquele poema a Nossa Senhora, que procuro interiorizar: "Não tenho nada a pedir, nada para dar...".
O que só recentemente soube foi que ele se converteu aos 18 anos, num Dia de Natal e levou quatro anos lutando entre o apelo de Deus e as suas convicções passadas. Talvez daí a interioridade e ao mesmo tempo a complexidade dos seus textos.
Um dia destes li um excerto duma carta dele para Louis Massignon em que diz: " Eu bem sei que é pela santidade que servimos Deus mais do que por qualquer talento ou pela ciência humana..."
E aqui, fiquei a pensar se concordava com esta afirmação, assim sem mais. É que não sei bem se ser santo é um "serviço" prestado a Deus. A santidade é o nosso objectivo último, a correspondência ao pedido de Jesus: "sede Santos como o vosso Pai é Santo!"
E como se consegue atingir este objectivo?
Pela oração, dizem os místicos, os crentes... Mas, não só, acho eu. Santa Teresa até dizia que para ser santo era preciso apenas Amar muito... E nesse Amor, está contida a adesão da nossa vontade à vontade do Pai, o testemunho da nossa Fé, a vivência quotidiana da correspondência ao apelo de Deus. E isto, como se realiza?
Talvez aqui venha a propósito a continuação da carta de Paul Claudel "... cada um faz o que pode e usa o que tem". Então, ponhamos a render os nossos talentos, utilizemos os nossos conhecimentos, empenhemo-nos no nosso trabalho, digamos  a palavra certa no momento oportuno, olhemos com carinho o Amigo que precisa de nós, testemunhemos a alegria de viver, procuremos a adesão ao lado bom das coisas, vejamos em tudo e em qualquer circunstância, o olhar amoroso do Pai.
E tudo isto é o que "nós temos" ( ou devíamos ter ) e é com os sucessos e fracassos que temos que atingir a meta a que somos chamados. A santidade não a encontramos e "vestimos" já pronta. Construímo-la, passo a passo, e é nesse  esforço  do dia-a-dia que temos que nos empenhar com entusiasmo e alegria.
                                                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 
 

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