Outro dia bateram-nos à porta dois jovens que vinham pedir dormida para um grupo que andava em peregrinação, em defesa da vida, da terra e não sei mais de quantas coisas.
Não entendemos quem eram, nem quais os seus objectivos. Ou eles não os explicaram devidamente... Por isso, recusámos o acolhimento, até porque seria num dia de semana, não se sabia bem para quantas pessoas, etc.. Tive pena, mas não me pareceu uma situação muito clara.
Mas o problema do acolhimento é algo que sempre mexe comigo porque penso logo em José e Maria procurando asilo e não o encontrando senão naquele estábulo inóspito. E ali foi passado o 1º Natal, porque "não havia lugar para eles na hospedaria". E não foi este o único momento em que Jesus não foi acolhido. Na sua terra, na Galileia, numa pequena aldeia, quando ia a caminho de Jerusalem e noutros lugares que os Evangelhos não especificam. Jesus não foi acolhido pela família, pelos fariseus , até pelos discípulos!É que Jesus trazia uma mensagem que é difícil de entender e mais ainda de aceitar:Ser como criancinhas... Não ter duas túnicas... Não levar farnel para o caminho... Receber igual salário quer trabalhasse duas horas quer o dia inteiro... Perdoar não sete vezes mas setenta vezes sete... etc..
Os próprios discípulos se perguntavam: " Quem pode escutar e entender estas palavras?" Mesmo Pedro, que tão genuinamente responde a Jesus "A quem iremos se só Tu tens palavras de vida eterna?" é o primeiro a negá-Lo.
É que é difícil esta mensagem de Amor que Jesus quer transmitir...porque pressupõe a nossa disponibilidade para nos darmos sem medida, uma vez que tudo recebemos de Deus.
Não entenderam os discípulos e não entendemos nós.
E sem entender e mais ainda sem viver, continuamos pelos tempos fora .
Como cristãos, damos um triste testemunho do acolhimento de Jesus. Se O encontrássemos ao canto da rua, na sua simplicidade, que Lhe diríamos? Como O convidaríamos a vir a nossa casa?
Faríamos como Zaqueu, que prometeu partilhar o que tinha com os que enganara e com os que viviam necessidades? Ou seríamos como os fariseus, que não entenderam que Jesus comesse com os publicanos nem aceitaram o " desperdício" do perfume que a pecadora derramou sobre os pés de Jesus?
É esta escolha, entre Zaqueu e os fariseus, que somos convidados a fazer cada dia. E da nossa resposta depende seguir ou não Jesus.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
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