A chuva parece lavar meigamente as folhas das árvores e, de onde em onde, deixa uma poça no chão, lembrando a irregularidade do terreno.
Bate levemente nos vidros das janelas como a chamar a atenção para a sua presença nas nossas vidas.
As "presas" vão-se enchendo lentamente.
Na rua, não passa ninguém. Apenas os automóveis, mais devagar que habitualmente, porque o piso está escorregadio.
Os agricultores devem estar contentes com esta promessa dos poços, represas e nascentes voltarem a ter água e poderem alimentar campos e gentes. Talvez também as nossas nascentes voltem a ter água em abundância. É uma esperança...
Mas as flores, essas, dobram tristemente as suas corolas vergando ao peso dos pingos de chuva.
Nem tudo pode agradar a todos !
A mim, neste momento, esta chuva, de pingos mais ou menos grossos, lembra-me lágrimas: de tristeza, de fome, de dor... Faz-me pensar nos que não têm Fé, não têm Paz, não conhecem a Alegria.
A chuva, deprimente, vai continuando a cair, impedindo que gozemos a tranquilidade da quinta, que os jovens se distraiam jogando à bola, brincando à "apanhada", andando de baloiço.

A chuva é uma necessidade; marca uma época do ano; devemos agradecê-la a Deus. Mas, ao mesmo tempo, lembrar aqueles a quem ela prejudica, que não têm abrigo, que trabalham, mesmo debaixo de chuva.
Tudo compreensível! Tudo necessário! Tudo fazendo parte do plano de Deus e da acção do Homem. Tudo só aceitável se temos Fé e acreditamos que "nada acontece por acaso" e que "Deus não nos pede nada acima das nossas forças".
A chuva continua a cair, agora com mais intensidade. E eu continuo olhando e pensando em mil coisas, alegres e tristes, e agradecendo ao Pai esta chuva que estava a fazer falta.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
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