segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ser cego e ver

O Evangelho de ontem contava a cura daquele cego a quem a Fé permitira a Jesus que lhe restituísse a visão. O sacerdote, na homilia, ligou esta cegueira com outros tipos de cegueira que se encontram nos homens e falou em Gandhi e Luther King porque ambos, lutando pela liberdade e igualdade para todos, nos seus países, duma forma não violenta, diziam dos seus compatriotas: "eles são bons mas estão cegos".
Estas cegueiras também nos afectam a nós, muitas vezes: quando não queremos ler nos acontecimentos a vontade de Deus; quando não queremos aceitar a opinião que choca com a nossa; quando evitamos ouvir a palavra amiga que nos chama à razão, porque estamos errados; quando insistimos na ignorância dos factos... mesmo quando não queremos apreciar a beleza da Natureza que nos traria a calma e a tranquilidade de espírito. Não é verdade que muitas vezes sofremos de "cegueira" e não nos queremos tratar? Aliás, "não há pior cego do que aquele que não quer ver..."
E o pior ainda, é que queremos guiar outros "cegos" como nós. E um cego a guiar outro cego não pode ser ben sucedido na sua caminhada. E, menos ainda quando essa caminhada é um percurso de Fé.
O cego do Evangelho foi curado não porque era especial, porque o conheciam, porque teve alguma "cunha" ou alguem influente intercedendo por ele. Muito ao contrário! A multidão que rodeava Jesus pretendia afastá-lo porque era incómodo, porque gritava algo que eles não entendiam mas em que ele acreditava : "Jesus Filho de David..."
O cego foi curado porque, antes de tudo, tinha acreditado: "A tua Fé te salvou", disse-lhe Jesus.
Ele era cego mas "via", para além do imediato, do tangível. Ele acolhia o transcendente, aquilo em que só podemos acreditar pelo coração, com a Fé.
Não queiramos continuar "cegos" . Procuremos alimentar a nossa Fé nos pequenos como nos grandes acontecimentos, acreditando que Deus está lá e é na Fé que nos pode curar.
                                        Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
 

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