Foi uma festa. Tinham sido minhas alunas mas há mais de 30 anos que não vinham ao Ramalhão. Queriam ver tudo, saber tudo, falar com toda a gente.
Entrámos a porta principal e subimos a escadaria semi-circular que conduz às salas de visitas (antigos aposentos da Rainha Carlota Joaquina). Apreciámos mais uma vez os frescos e lembrámos os tempos em que os pais vinham ali, ao domingo, para as visitar. Das janelas vimos o campo de tenis remodelado e o "solar" que era a antiga casa do caseiro - o sr. José Marques.
Seguimos em frente, corredor fora, contando graças, relembrando o "dormitório branco", a rouparia das alunas internas ( hoje atelier da Ir. Conceição), os quartos das mais velhas....
Depois, os dormitórios... e lá vieram as histórias velhas e sempre novas como a da aia da Carlota Joaquina que se passeava pelos corredores com a cabeça num prato ou a dos fantasmas que faziam ranger as tábuas do soalho.
Na actual biblioteca, parámos a ver a paisagem que se deslumbra da varanda ( na época a maior da Europa ). Dali se pode apreciar o arvoredo, algum casario e ao fundo o mar.
Ambas quiseram indicar o lugar das camas onde tinham dormido e lembrar as Irmãs que ficavam com elas nos dormitórios, o modo como acordavam, a exigência do silêncio (nunca totalmente respeitado) depois de se apagarem as luzes.
Fomos à floresta e,mais uma vez, se contaram as histórias das alunas novas que pensavam que iam almoçar na quinta, das empregadas que serviam, do silêncio durante a sopa.
Descemos à capela e aí rezámos por todos os que por aqui passaram: professores, funcionários, alunos.
E cada uma pensou nos momentos de intimidade que tinha vivido ajoelhada naqueles bancos, contemplando aquele sacrário donde Jesus Cristo certamente sorria à sua juventude, aos seus anseios, aos seus sonhos.
Antigas alunas...velhas amigas... são presença e são recordação.
Que sempre "... se vão lembrando de tudo o que daqui levaram".
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
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