segunda-feira, 3 de setembro de 2012

As certezas das crianças

Há dias assim, em que se levantam dúvidas e se poêm interrogações.
Estava muito calor e nem pensar  me apetecia.
Eu, sentada ao fundo da igreja, tentava dizer a Jesus que O olhava e procurava fazer silêncio para O ouvir...
De repente, um garoto de 5, 6 anos, chegou ao pé de mim e pediu-me: Reza pelo meu tio Zé e pela tia Mia que se estão a separar e eu não quero porque gosto muito deles.
Fiquei um pouco atordoada, sem palavras, o que em mim não é muito habitual, mas sempre arranjei maneira de lhe responder : Rezo, sim, mas pede tu também porque Jesus gosta da oração dos meninos!...
Não tive tempo para mais nada, porque conforme chegara tambem desapareceu pela porta da igreja.
Mas eu fiquei impressionada e até me esqueci de que estava calor e não me apetecia pensar.
O que tinha visto aquela criança em mim para me fazer aquele pedido e daquela maneira tão elequente? Eu estava simplesmente sentada ao fundo da igreja, calada, tentando ouvir... Mas rezei! Rezei, lembrando-me do que Jesus prometera: "Pedi e recebereis... O pior é que Ele se " esqueceu " de nos dizer quando e como satisfaria o nosso pedido... E tantas vezes parece que não nos ouve!... É que é preciso acreditar, ter a certeza que Deus é Pai e quer o melhor para nós. E nem sempre pedimos o que é melhor...
Não seria o que Jeremias queria dizer quando punha na boca de Deus a pergunta: "como poderei chamar-te Meu filho?"
Filho é o que procura fazer a vontade do Pai, escutar a Sua voz, segui-Lo.
É a nossa manifestação de Fé e de Esperança, dizer com confiança " Senhor aqui estou. Quero fazer a TuaVontade, faz que a minha seja a Tua Vontade.
Pedir pelos tios daquela criança era rogar a Deus que fizesse que a vontade do manino fosse a Sua vontade de Pai.
Aquela criança sabia que rezar era importante para conseguir o que ele tanto desejava e pensou que eu tinha mais "poder" para fazer da vontade dele a vontade de Deus.
Impressionou-me esta confiança mas ao mesmo tempo também fiquei a pensar na necessidade de testemunho que se nos impõe.
Que viu aquela criança, numa freira silenciosa ao fundo duma igreja?
Que podem ver todos aqueles que se cruzam comigo cada dia que passa?
Que testemunho de Fé e de Amor damos aos que lidam connosco?
Como lhes transmitimos que Deus conta connosco  e estamos simplesmente a fazer a Sua vontade?
 
E o dia continuou mas eu já não tinha calor e havia muitas coisas em que pensar...
                                                      Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 

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