Foi ontem que comemorámos o martírio de S. João Baptista. E quem é este Homem? A Bíblia diz-nos que é o precursor, o que vem anunciar a vinda próxima do Messias. Ele não é o Messias... Ele próprio o afirma aos que o interrogam. E acrescenta que outro há-de vir depois dele e esse baptizará no Espírito Santo.
Mas João Baptista vai espalhando a boa nova; vai fazendo o apelo à conversão e ao perdão; vai falando dum reino que há-de existir e dum enviado que virá depois dele para espalhar a Verdade e o Amor.
Vive no deserto; alimenta-se de gafanhotos e mel silvestre; baptiza os que querer segui-lo; e morre pela fraqueza dum e um capricho de outra.
Cumpre a vontade de Deus, entrega-se aos desejos daquele que era maior do que ele. E qual era a sua vontade? Quais eram os seus desejos? Quais os planos que fez quando ainda era jovem? Nada disso interessou; nada disto foi posto em primeiro plano. O caminho foi-lhe apontado e a ele apenas competia segui-lo, mesmo havendo escolhos, dificuldades, dor.
No mesmo dia também se comemora um outro testemunho de luta por objectivos e ideais. Talvez diferente mas igualmente uma lição de persistência na defesa de direitos de igualdade entre negros e brancos.
Fez cinquenta anos que Luther King pronunciou o seu discurso de apresentação do seu sonho. Pela concretização desse sonho lutou, venceu obstáculos, trabalhou, falou e acabou assassinado.
São lições de vida daqueles que seguiram o caminho sem hesitações. Não importam contratempos que nos atrapalham a vida; não podemos desistir porque os nossos sonhos ficaram pelo caminho por culpa... sabe Deus de quem; não nos podemos convencer que errámos porque nem tudo corre à medida dos nossos desejos.
O caminho de S. João não foi simples nem fácil; O sonho de Luther King foi difícil e pareceu inacessível; o
caminho da cruz foi doloroso e sacrificante. E são modelos para nós, são luz para as nossas trevas, força para as nossas fraquezas.
Aliás, ninguém disse que seguir o caminho de Jesus Cristo era fácil e segundo os nossos gostos, seguir um ideal de vida era tarefa leve e de acordo com a nossa satisfação...
Portanto! Porque nos havemos de admirar de encontrar espinhos entre as rosas e pedras em veredas planas?
Por detrás de tudo isso há um Pai que nos acolhe e nos consola quando, na nossa fraqueza humana, recuamos mas somos capazes de voltar ao ponto de partida, como as ondas do mar que vão e sempre regressam.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.