O problema da Vida é sempre uma questão controversa e mais ainda se se trata da dualidade vida versus morte, compromisso versus segurança, missão versus instabilidade.
Pensando em tudo isto lembrei-me dum filme, que não quis rever, mas que tenho bem presente no espírito, pelas questões que nos levanta, pelas lições que nos dá, pelas opções que põe diante de nós.
Conta-nos a história verdadeira duma comunidade de Monges Trapistas do mosteiro de Tibhirine na Argélia. Estes monges tinham a sua comunidade inserida num meio muçulmano com o qual viviam em paz. Eram bem acolhidos pela população circundante que os procurava e a quem eles ajudavam, tentando testemunhar a Fé mais pelas acções que pela palavra.
Os problemas começaram quando um grupo de guerrilheiros dissidentes aprisionou e matou doze trabalhadores croatas. A vida dos monges podia também estar a correr perigo devido ao fanatismo desse grupo de guerrilheiros. E a questão pôs-se: Que fazemos?
E as opiniões a dividirem-se... As reuniões tensas, as conversas angustiadas, as discussões acesas sucediam-se, divididos entre o que parecia lógico e o que seria a vontade de Deus, entre a segurança pessoal e o compromisso assumido da sua vocação.
Acabaram, tomando a resolução de ficar. Fizeram uma escolha livre e consciente. Talvez demasiado confiante mas feita de certezas, também. Estavam firmes na sua vocação.
Um dia, um grupo extremista invadiu-lhes a casa. Dois monges tiveram a reacção mais natural e conseguiram esconder-se. Os outros, foram levados e nunca mais se soube deles.
Deram a sua vida!... Por quê? Por quem? pode perguntar-se...
Deram-na pela Verdade, pela Fé que professavam, por Deus.
Deram-na! Ninguém lha tirou. Eles tinham feito uma escolha a que foram fiéis. É esse o segredo: ser fiel às escolhas que se fizeram. Mesmo quando é duro, quando não se vê "a luz ao fundo do túnel" , quando exige sofrimento, disponibilidade, entrega. Dar, também é um dom!
E corresponder ao plano de Deus "dando a vida" , não é só morrer. Dar-se, em cada momento, alegremente, em correspondência a esse plano e às opções livremente feitas, pode ser também uma doação de vida.
Tenhamos tudo isto presente e saibamos sorrir mesmo quando dói.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
Madre, que sábias as suas palavras e tão oportunas!
ResponderEliminarVejo que a inspiração voltou!Parabéns!CARLA NORONHA