Na 6ª feira passada foi a celebração dos Santos Inocentes.

Suprimia-se o silêncio, alteravam-se as refeições, modificavam-se as estruturas hierárquicas.
E o contraste era tanto maior quanto nessa altura a vida religiosa tinha um cunho de rigor que não lhe conhecemos hoje. Era vida de trabalho, de silêncio, de estudo, de reflexão. E o Advento tornava este ambiente ainda mais sério e rígido que habitualmente .
E o contraste era tanto maior quanto nessa altura a vida religiosa tinha um cunho de rigor que não lhe conhecemos hoje. Era vida de trabalho, de silêncio, de estudo, de reflexão. E o Advento tornava este ambiente ainda mais sério e rígido que habitualmente .
Logo, um dia de quebra absoluta das convenções e das normas estabelecidas era coisa que não podia passar ao lado das nossas vidas. Era uma altura de descontração total que começava à meia-noite.
As noviças invadiam a despensa que tinha ficado bem fechada mas onde sempre havia uns miminhos deixados de propósito para as nossas patuscadas. Depois, íamos para a cozinha e preparávamos a ceia tentando, no fim, não deixar tudo muito desarrumado. Lembro-me que a minha especialidade era fazer mousse de chocolate com uma tablete que sobrara do Natal. Também era a minha única habilidade culinária...
No dia seguinte, era a noviça mais nova que fazia de Prioresa, presidia aos ofícios e dava início às refeições. Por vezes, isto era motivo para gargalhada pois a prática era nenhuma e os erros frequentes.
Tudo era diferente nesse dia e bem divertido.
À tarde, habitualmente, havia uma representação improvisada e relacionada com Natal ou a celebração que estávamos a comemorar.
No dia seguinte, tudo voltava ao normal, sem lamentações, sem pena, sem saudades.
Mais tarde, quando a vida conventual começou a ser mais aberta, com mais liberdade e menos limites, estas festas perderam o seu interesse e a sua oportunidade e acabaram definitivamente sem se saber bem porquê.
Realmente é espantoso como a vida mudou e se alteraram hábitos e costumes. Para melhor?
Acho que temos que avaliar prós e contras e não perder o que é essencial.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,OP
As noviças invadiam a despensa que tinha ficado bem fechada mas onde sempre havia uns miminhos deixados de propósito para as nossas patuscadas. Depois, íamos para a cozinha e preparávamos a ceia tentando, no fim, não deixar tudo muito desarrumado. Lembro-me que a minha especialidade era fazer mousse de chocolate com uma tablete que sobrara do Natal. Também era a minha única habilidade culinária...
No dia seguinte, era a noviça mais nova que fazia de Prioresa, presidia aos ofícios e dava início às refeições. Por vezes, isto era motivo para gargalhada pois a prática era nenhuma e os erros frequentes.
Tudo era diferente nesse dia e bem divertido.

No dia seguinte, tudo voltava ao normal, sem lamentações, sem pena, sem saudades.
Mais tarde, quando a vida conventual começou a ser mais aberta, com mais liberdade e menos limites, estas festas perderam o seu interesse e a sua oportunidade e acabaram definitivamente sem se saber bem porquê.
Realmente é espantoso como a vida mudou e se alteraram hábitos e costumes. Para melhor?
Acho que temos que avaliar prós e contras e não perder o que é essencial.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,OP
Prometido é devido. Acabei de passar um bocadinho desta minha tarde com os seus textos que me deram algo mais para pensar. Bem haja. De facto demos início a um Ano Novo, mas que será novo, bom, resplandecente se assim o quisermos e fizermos por isso. Pessoalmente é um compromisso assumido.Quanto ao Natal é confrangedor ver como o Menino tem vindo a ser substituído pelo Pai Natal, como o convívio entre família e amigos é também substituído por uma falsa alegria proporcionada pelo natal/compras/presentes numerosos.A própria palavra Natal e a alegria que deveria trazer, deixou também ela de ter o mesmo significado para assumir um tempo de natal consumista. De facto como mudaram "os usos e costumes"! A vida exigente mas que reconhecia o valor de pequenas/grandes celebrações, como a que exemplifica no seu texto sobre a Celebração dos Santos Inocentes deu lugar ao desconhecimento desses pequenos momentos de fecicidade... Fico por aqui. Um grande, grande abraço. Maria Emília
ResponderEliminarObrigada.
ResponderEliminarCá ficamos a tentar viver com o Menino Jesus e como o Menino Jesus
Um abraço bem amigo
Ir. Teresa,Op