sábado, 12 de janeiro de 2013

Ainda o tempo de estudante



Realmente a zona da Estrela está intimamente ligada à minha infância e juventude: A basílica da Estrela, o Jardim, o Liceu Pedro Nunes...
Foi naqueles lugares que se processou o meu crescimento, o meu desenvolvimento intelectual e religioso, a certeza da minha vocação.
Até à 4ª classe estudei em casa. Imagine-se que tive uma professora particular - a D. Ludovina - que, nas proximidades dos exames das 3ª e 4ª classes, me vinha fazer uma preparação mais específica. Sim, que havia esses exames no meu tempo... e passava-se com classificação de Bom ou com Distinção.
Depois, foi o Liceu Pedro Nunes que me acolheu, após o exame de admissão, em que eram escolhidos os melhores para serem admitidos.
Era um liceu masculino em que havia algumas turmas de raparigas não sei bem porquê. Parece que a razão era ser um "liceu normal" o que significava ser um estabelecimento de ensino em que os professores faziam estágios e terminavam a sua preparação para o ensino.
Por ser um liceu masculino e a mentalidade da época assim o exigir, as turmas eram separadas, os recreios independentes e havia lugares onde as alunas não podiam permanecer como os corredores, o campo de jogos ou o átrio de entrada.
Tínhamos bons professores como por exemplo o de Matemática com quem aprendi a dar aulas - o Dr. Leote - e outros menos bons ou mais condescendentes. Foi com um desses professores que fiz a primeira e única aposta em como era capaz de copiar. E fui! Mas claro que no fim disse ao professor o que tinha feito. Só que acho que ele nem acreditou. Eu era muito boa aluna e bem comportada...
Também porque era muito bem conceituada no Liceu é que o Reitor pregou uma descompostura ao contínuo que me levara ao gabinete dele por eu estar num lugar proibido.
Medida pouco pedagógica por parte do Reitor, mas que orgulho para a garota que eu era!...
Havia professoras e professores no Liceu mas essencialmente homens. Das senhoras lembro a Drª Arminda Zaluar Nunes e a Drª Constança Múrias. Qualquer delas me ensinou a gostar de ler e escrever.
Lembro-me também do professor de História que dava aulas para um aluno de cada vez, podendo os outros ocuparem-se no que gostassem... E o professor de Ciências por quem todas as alunas tinham uma paixão platónica... E o professor de Inglês... E o de Desenho...
Era uma equipa e uma estrutura que não só ensinava como ajudava a formar. Por isso e porque tinha valores mais altos que me dirigiam e direccionavam, não saí estragada com os elogios e os direitos que sempre me acompanharam, nos anos que passei no Liceu.
Foram uns tempos extraordinários que lançaram as bases do que sou hoje.
                                               
                                              Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
 

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