sábado, 31 de maio de 2014

O doloroso no Rosário

Estamos no último dia do mês de Maria.
Continuando a falar do Rosário, tenho em mente os Mistérios dolorosos que são talvez os que mais impressionam pela sobreposição de emoções e contradições  que suscitam. Pelo menos a mim!...
Logo no primeiro mistério,Jesus se nos apresenta em toda a sua humanidade a qual se horroriza face à dor que se aproxima : " Pai, se é possível, afasta de mim este cálice ". Mas simultâneamente nos mostra a sua disponibilidade total face à vontade do Pai : " Mas que se faça a Tua vontade e não a Minha" .
É que Ele veio ao mundo para fazer a vontade do Pai e esta vontade vai ser um somatório desmesurado de angústia, humilhação, dor...
É que no plano de Deus estava também o mostrar-nos que nenhum dos nossos sofrimentos se podem assemelhar à oferta que Jesus fez por nós. Mas também que todos cabemos nessa oferta e nela cabem todas as nossas dores e angústias.
Mas há outra lição que devemos aprender se continuamos a meditar nos mistérios do Rosário : É que há sempre Cireneus prontos para nos ajudar a levar a nossa cruz e Verónicas que nos animam com os seus gestos de amor.
Devemos estar atentos a estas ajudas a estes gestos de carinho que se nos oferecem mais ou menos voluntariamente.
Precisamos parar neste 4º mistério para reflectir se não nos teríamos fechado num orgulho vão que nos impediu de aceitar a ajuda dos amigos, o apoio daqueles que nos estimam, o sorriso dos que passaram por nós.
Estejamos atentos a acolher os Cireneus e as Verónicas que se cruzam connosco nos caminhos desta vida.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O Rosário na nossa vida

Estamos quase no fim do Mês de Maria. Isso é mais uma razão para voltarmos a pensar no pedido de Nossa Senhora em Fátima. Ela, aos pastorinhos, pediu que rezassem o Rosário pela conversão dos pecadores e pela paz do mundo.
Muito antes de Fátima, já a Ordem dos Pregadores fazia do Rosário uma das suas armas para o sucesso da pregação dos seus frades.
Portanto, duas razões , entre outras, para o rezarmos.
Mas também é verdade  que muitas vezes achamos  que o Rosário, na sua simplicidade, se torna uma oração monótona e aborrecida. E ficamos espantados quando constatamos o contrário.
Outro dia vi umas fotografias dum grupo de jovens rezando esta oração e fiquei impressionada com a alegria e o entusiasmo com que o faziam. Aliás, foi esse o comentário do autor das fotos e que mais ainda me chamou a atenção.
Então, o aborrecimento e a monotonia vêm talvez da forma como rezamos e do entusiasmo ( ou falta dele) que pomos na oração. É importante acompanhar as palavras com a meditação do Mistério que estamos a rezar. É para isso que essas meditações existem. Assim por exemplo quando tratamos da Anunciação, como não pensar naquela jovem, confiante e simples, a quem o anjo surpreende com uma revelação que não espera. E a surpresa não é só pela concepção imaculada que lhe é proposta mas também por todos os pressupostos que acompanham esta revelação e põem à prova a sua Fé.
Mas se pensarmos no 2º Mistério - a Visitação de Maria a Santa Isabel- temos que ter em mente esta disponibilidade que acaba de saber que vai ser mãe do Salvador e parte, generosamente, para acompanhar a prima em necessidade.
E, quando chegamos ao último Mistério- Jesus no Templo - temos que nos surpreender com esse Menino dando lições aos senhores do Templo. Mas igualmente com a resposta (que é um pergunta) que  Ele dirige a Sua mãe que aflita o procurava : " Não sabíeis que Eu tinha que tratar das coisas de Meu Pai?"
Mas , também digna de reflexão, a atitude de obediência de Jesus: " desceu com eles para Nazaré"
Se meditarmos os Mistérios do Rosário, quantas lições não aprenderemos!...
                       Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Espigas, papoilas, oliveira e malmequeres

Nos meus tempos de juventude, esta quinta feira era "dia santo de guarda". Nele, os católicos cumpriam o preceito de ir à Missa mas viviam-se também outras tradições. Por exemplo, em cada esquina da cidade de Lisboa onde eu vivia e, certamente noutras cidades, vilas e aldeias, havia mulheres risonhas com cestos floridos , que ofereciam a cada transeunte: " Ó freguesa, compre um raminho..." E alegremente se iam esgotando aqueles ramos, que cada um levava para casa. E com eles, o simbolismo que representavam:
. as espigas, que significavam o pão e a abundância;
. as papoilas que indicavam a alegria
 . o ramo de oliveira que lembrava a paz;
 . os malmequeres brancos e amarelos que profetizavam o bem e a  riqueza.                                                     
Não sei se este velho costume se mantem. Mas era um costume que marcava um tempo litúrgico e que era igualmente a recordação de compromissos assumidos para o ano.
Ignoro se, nas grandes cidades, as pessoas continuam a debruçar-se sobre os cestos para escolher o ramo mais bonito ou mais viçoso.
Não faço ideia se os jovens, sobretudo eles, ainda sabem o significado de cada elemento do ramo que levam consigo ou que as mães trouxeram para casa.
Mas o que eu sei é que passaram quarenta dias sobre a festa da Páscoa e esta quinta - feira marca a altura em que Jesus subiu ao céu, muito embora a data só seja comemorada no domingo que vem.
Jesus elevou-se, perante o pasmo e a admiração e surpresa dos Apóstolos que, apesar de tudo, ainda alimentavam a esperança de que Jesus  ficasse com eles. Era ainda diminuta a sua Fé...
" Homens de pouca Fé, porque estais a olhar para o céu?"
A missão de Jesus na terra estava terminada. Agora, ia para o Pai mas... não os deixava órfãos. Ficava presente na Eucaristia e deixou-lhes a promessa de lhes enviar o Espírito Santo que lhes ensinaria todas as coisas. 
Como os Apóstolos retiremo-nos e fiquemos aguardando a vinda do Paráclito que aumentará a nossa Fé.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

" Factos notórios "

Quase todos os dias , se estivermos atentos, constatamos que há acontecimentos para festejar, situações para celebrar.
Ontem, por exemplo, comemorava-se o " Dia do Vizinho ". Uma realidade simpática, ainda testemunhável nas aldeias mas quase desconhecida nas grandes cidades.
Vivemos no mesmo prédio, frequentamos os mesmos espaços, percorremos a mesma rua mas, praticamente, não nos conhecemos. 
E é pena porque perdemos uma óptima ocasião para mostrar a nossa solidariedade, para dar o nosso testemunho de amor fraterno.
Mas ontem festejava-se também o 107º aniversário do nascimento de Rachel Louise Carson, uma norte-americana de quem eu nunca tinha ouvido falar. No entanto, além de escritora ( que não era uma coisa que me impressionasse sobremaneira), era uma Bióloga e Ecologista notável. E isso, sim! são campos que me dizem alguma coisa. 
E, mais interessante ainda é que, no ano em que eu nasci, foi ela nomeada directora-chefe do Departamento de pescas e vida selvagem dos Estados Unidos da América.
Não foi por acaso que se tornou cientista  no campo da Biologia e da Ecologia. Deveu o seu interesse a sua mãe que, desde muito novinha, lhe chamou a atenção para a Natureza , sua importância e necessidade de a proteger.
E, de facto, precisamos, agora mais do que nunca, de quem se preocupe com a Natureza e sua preservação, quem se preocupe com os prejuízos que voluntária ou involuntariamente o Homem lhe causa.
Não é por acaso que o "buraco do ozono" alastra; não é consequência de "nada" o aumento da poluição, a destruição da floresta, a infestação das águas...
E as modificações do clima? E o degelo da Antártida? E o avanço súbito do mar? Tudo causas naturais apenas?
Claro que o Homem não comanda a Natureza e não tem poder sobre os fenómenos naturais... Mas, o interesse pelo meio em que vivemos, o cuidado com o ambiente que nos rodeia, os conhecimentos de Biologia e Ecologia ajudam, se não a impedir, pelo menos a prevenir e a diminuir os impactos naturais.
"Só Deus pode!"... mas o Homem , com a sua liberdade, consegue fazer opções para bem e para mal.
Não vivamos alheios às consequências das atitudes que tomamos.
                    Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Chamados e escolhidos

" Muitos são os chamados e poucos os escolhidos"
Esta frase do Evangelho sempre me colocou algumas interrogações. Evidentemente que não é por "selecção de Deus" que se faz da multidão dos chamados, ( que somos todos), o grupo diminuto dos que são escolhidos.
Então, onde procurar a causa? Certamente ela está na nossa falta de correspondência , no nosso alheamento, na deficiência do nosso compromisso. Considerando que pertencemos ao grupo dos chamados, devemo-nos perguntar se Deus pode continuar a contar connosco como fazendo parte das "virgens prudentes" que entraram para o banquete das núpcias. 
Tantas vezes desperdiçámos tempo, sem correspondermos ao dom do Pai ; tantas ocasiões em que Ele esteve presente e não conheceu a nossa presença, o  nosso pedido, o nosso obrigada ; tantas situações em que o trabalho, os interesses, os outros, ocuparam o lugar de Deus...
E os dias passam, tornam-se meses, formam anos... De jovens passamos a adultos e acabamos velhos. Perdemos o entusiasmo, as forças. Demos graças a Deus se mantemos a Fé e a Alegria...
Mas que fazer com tudo o que ficou para trás e não foi aproveitado? Que vamos responder quando Deus nos disser "Tive fome e não Me deste de comer..." Não vale a pena fazer a pergunta :"Quando é que isso aconteceu? " Sabemos muito bem quando Deus teve fome da nossa presença e andámos por longe; quando tinha sede da nossa oração e estávamos "ocupados"...
" O passado não se recupera", disse uma senhora idosa outro dia na rádio. Então, talvez seja altura de voltar para trás.
"Há sempre um caminho de regresso" -costumo afirmar, quando penso ou falo nestas situações.
Então, é procurá-lo e segui-lo, porque lá se encontra o Pai  esperando por nós.
Esqueçamos o passado e tentemos construir o futuro vivendo plenamente o presente.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


domingo, 25 de maio de 2014

A Fé face às dificuldades

Este domingo Jesus anuncia a vinda do Espírito Santo e faz a promessa de ficar com os seus apóstolos. Mas, no domingo passado, fez-lhes um convite que é um apelo: " Não se perturbe o vosso coração".
Jesus dirigia-se aos apóstolos, depois de lhes ter anunciado a traição de Judas e a negação de Pedro e após ter dado o testemunho de uma imensa humildade ao lavar-lhes os pés.
" Não se perturbe o vosso coração" 
Será que era possível os apóstolos não se inquietarem perante tais situações? No entanto, é o pedido que Jesus lhes faz, certo de que a Sua Graça lhes basta.
Do mesmo modo, Jesus faz apelo à nossa confiança, à nossa fé, pedindo-nos que não se perturbe o nosso coração, mesmo quando as circunstâncias são adversas, os momentos são difíceis, as opções contraditórias. Sobretudo quando tudo parece correr ao contrário da nossa vontade e contra os planos de Deus. A Sua Graça devía-nos bastar.
É fácil?
Será a medida da nossa Fé que vai tornar fácil ou difícil o encarar as situações que a vida nos apresenta.
Em Job temos o modelo da confiança absoluta, da aceitação plena : "Deus me deu, Deus me tirou; bendito seja Deus". Mas na maioria dos casos não é assim tão exemplar a nossa aceitação dos contratempos que se nos apresentam no caminho. Até porque temos medo, medo do desconhecido, da dor, do esforço. Temos medo até daquilo que os outros vão dizer ou pensar, do julgamento que nos pode ser feito. E são muitas vezes os" medos "que nos tolhem e se sobrepõem à Fé.
Ultrapassemos os medos, as dúvidas, as inquietações e depositemos no Pai toda a nossa confiança.
Assim, seguiremos o caminho que Jesus traçou para nós, de alma confiante e coração tranquilo, correspondendo ao Seu apelo :
                                  " Não se perturbe o vosso coração ".
                 Ir . Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.            

terça-feira, 20 de maio de 2014

Notícias novas e velhas

Hoje vou recordar o início do milénio.
O ano 2000 foi esperado com bastante ansiedade e alguma inquietação.
É que havia presságios terríveis de ser o fim do mundo... Havia quem anunciasse catástrofes imensas... quem só previsse desastres e desgraças.
Felizmente a passagem do ano aconteceu sem acidentes, nem graves nem ligeiros... pelo menos a nível geral. Janeiro iniciou-se com a alegria da chegada dum novo ano.
E a Europa, teve algumas iniciativas com sucesso. Uma delas o Dia europeu sem carros. Lembram-se?
Aqui no Colégio, para colaborar na iniciativa, preparámos um peddy paper por Sintra, desde S. Pedro até à Vila.
Organizaram-se grupos de alunas com professores que iam seguindo as pistas pré-estabelecidas.
Em locais determinados, outros grupos verificavam a veracidade do percurso e procediam a um pequeno inquérito  relacionado com os locais a visitar e as descobertas feitas.
Ganhava quem tivesse chegado primeiro e tivesse conseguido responder melhor e fazer mais descobertas.

 
Foi um dia muito divertido, simultaneamente cultural e recreativo. Tivemos ocasião de conhecer melhor esta lindíssima vila de Sintra, aprender nomes de ruas e apreciar locais históricos. Muitas alunas nunca tinham ido
à Igreja de Santa Maria, que é um dos monumentos turísticos daqui da nossa Vila de Sintra .



segunda-feira, 19 de maio de 2014

A dualidade do Templo

" A glória de Deus encheu o Templo" afirma Ezequiel com convicção. Ele estava talvez a referir-se  ao templo, local de culto, de oração. E queria chamar a atenção para o facto de Deus, na Sua gloriosa manifestação, vir encher o lugar onde rezam os que têm Fé. Não importava a simplicidade ou magnificência do local; não era de considerar a beleza ou a falta dela. A glória de Deus vinha! 
Mas o mais importante a ter em conta é que esta afirmação é já um anúncio, a antecipação da vinda gloriosa do Enviado de Deus, o Filho, o Messias prometido.
Neste tempo pascal que estamos a viver, em que celebramos a Ressurreição gloriosa de Jesus Cristo e a Sua presença em nós, podemos referir a nós as palavras de Ezequiel.
É que nós, templos do Espírito Santo pelo Baptismo, somos esse templo em que se manifesta a graça de Deus. E a Igreja, hoje, não se circunscreve ao espaço, maior ou menor, ao lugar de culto e de celebração, por mais maravilhoso e digno que seja.
A Igreja hoje não são pedras, mesmo artìsticamente trabalhadas, porque "a pedra angular que os construtores rejeitaram" é Cristo que sobre ela edificou a Sua Igreja, que somos nós, todos os que temos fé.
E nós cristãos temos que sair de nós, para lutar pelos valores que a sociedade não está a reconhecer, na sua indiferença, no seu absentismo.
Não podemos ficar parados, calados. Como cristãos temos que seguir Jesus que "veio trazer o fogo à terra e o que quer é que ele se acenda".
Fogo que não são chamas, não é guerra, nem ódios mas antes um fogo que é Amor, que é fraternidade, que é esperança.
Jesus Cristo enviou o Seu Espírito para que o difundamos, com a nossa vida, com o nosso testemunho.
Todo o Baptizado tem que ser um apóstolo, um missionário, um transmissor da Mensagem.
E assim, o mundo entenderá a palavra de Ezequiel:
" A glória de Deus encheu o Templo"
Ir. Maria Teresa sde Carvalho Ribeiro, o.p.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

"O reverso da medalha"

Quando nos debruçamos, com olhos de ver, sobre a sociedade em que vivemos ou mesmo em relação àqueles que nos rodeiam mais de perto, somos tentados a avaliar, pelo seu modo de viver e de actuar, o que são e o que procuram. Vemos a sua ânsia de poder, o seu desejo de serem reconhecidos e considerados, a sua ambição de riqueza ... E, isto tudo a qualquer preço.
Não são tidos em linha de conta os valores morais, não se atende ao testemunho do Evangelho, não se considera que o mais importante é Ser.
Mas nada disto fica impune, mesmo aos olhos dos homens. Todos os dias se ouve dizer na TV ou se lê nos jornais notícias em que estão patentes suspeitas, em que se focam denúncias feitas, em que se anunciam processos a decorrer em tribunal. E vemos "cair" grandes nomes e serem acusados de enormes erros pessoas que eram consideradas como exemplos a seguir, que julgávamos irrepreensíveis.
E pensamos, com pena, que homens que apareciam como modelos afinal tinham "pés de barro".
É que a vaidade, a ambição, o domínio sobre os outros, são características contrárias aos valores do Evangelho, pregado por Jesus Cristo, que nos queria transmitir uma mensagem de desprendimento, humildade, perdão, amor. E estes valores não são, de modo nenhum, os que a sociedade de hoje aprecia e vive.
Claro que podemos lutar pelo melhor, esforçarmo-nos por atingir os nossos objectivos, trabalhar para alcançar o sucesso... mas sempre tendo por base a Verdade, vivendo a nossa Fé, sendo o testemunho daquele Jesus que veio ao mundo e nos afirmou ser o Caminho, a Verdade e a Vida.
Que o nosso maior desejo seja seguir as pegadas de Jesus, em busca do melhor caminho para alcançar a santidade.
                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

A magia do domingo

O Domingo é sempre um dia especial, pelo seu significado, pela carga de misticidade que transporta, pelo que representa para os cristãos.Mas o domingo passado teve uma importância particular. Era o dia dedicado à oração mais intensa e incisiva pelas vocações. Claro que as perspectivas da Igreja, ao consagrar este dia a esta intenção, eram as vocações sacerdotais e religiosas. E bem necessária e oportuna é esta preocupação, atendendo a que cada vez é menor o número de padres e religiosos não só em Portugal mas em toda a Europa.
Rezar pelas vocações impõe-se para que a Palavra de Deus, a mensagem de Jesus Cristo, sejam vividas e levadas ao mundo.
Nosso Senhor precisa de nós, das nossas palavras, das nossas acções e continua a chamar. Mas nós estamos demasiado ocupados para podermos ouvir o Seu chamamento. Mas Ele precisa de nós,  necessita que sejamos Suas testemunhas,  que sejamos os transmissores da Sua mensagem de Amor e de Paz. Precisa que sejamos nós, com a nossa Fé vivida que O anunciemos àqueles que O não conhecem ou não vivem a Sua mensagem.
Mas, num sentido mais amplo, quando se fala de vocação, pensa-se logo é em "gosto", em "jeito", em profissão. Referimo-nos a uma actividade, um trabalho, uma missão específica. Também vocação para um "estado": solteiro, casado, consagrado...
Mas a vocação sacerdotal ou religiosa é muito mais do que isso. É um apelo específico, um chamamento de Deus. Tal como a Zaqueu no seu trabalho ou aos apóstolos que pescavam, Jesus pode-nos dirigir o Seu chamamento. 
Mais ou menos claro, mais ou menos específico mas verdadeiro e interessado: Vem... vem espalhar o meu mandamento de amor, vem curar os que sofrem de dúvidas, de desânimos, de angústias, de solidão. Vem... despojado do dispensável e cheio do entusiasmo da doação.
Vem... mostrar que a Felicidade não está em ter mas em ser.
Vem... testemunhar que a graça está na partilha, no dom.
Era a este convite que se dirigia a nossa oração de domingo passado, que se deve dirigir a nossa oração de todos os dias.
Tenhamos presente que "muitos são os chamados e poucos os escolhidos" não porque Deus faça selecção mas porque poucos se aproximam disponíveis e livres.
                     Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

A democracia entre os Apóstolos

Hoje celebramos mais um santo, o "Apóstolo substituto", S. Matias. Também ele tinha andado com Jesus, presenciado os seus milagres, testemunhado a Sua ressurreição. Mas, não pertencia ao grupo dos doze iniciais. Não tinha sido um dos escolhidos por Jesus para O acompanharem, ouvirem a Sua doutrina, seguirem os Seus ensinamentos. Mas seguiu Jesus como muitos outros e escutava  os Seus ensinamentos e acolhia a Sua Mensagem.
Quando Judas atraiçoou Jesus e deixou de fazer parte do grupo, (até porque se enforcou), Pedro considerou que era necessário substituí-lo. E podia ter feito uma escolha pessoal, mas não quis. Espantoso! Resolveu que a escolha seria feita "democràticamente" por todos os que tinham seguido Jesus. Apenas pôs uma condição : que tivesse testemunhado a Ressurreição de Jesus. Foram apresentados dois discípulos José e Matias, mas a escolha acabou por recair em Matias.
Ele era também uma testemunha da ressurreição E isso, como disse  S. João Crisóstomo era o mais importante porque tudo o resto era do domínio público: a vida pública de Jesus , os  Seus milagres, a Sua morte... Apenas a ressurreição era privilégio dum grupo e só esses que dela tinham tido notícia a podiam testemunhar.
E "se Jesus não tivesse ressuscitado era vã a nossa Fé", diz S. Paulo
É ocasião de nos perguntarmos : como testemunhamos nós a nossa Fé na ressurreição?
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Cova da Iria


Santuário de Fátima
Peregrinação aniversária das aparições

Em Fátima fala-se de paz, de unidade, de fraternidade.

O Patriarca Latino da Terra Santa  apela à compreensão, ao esforço de entendimento entre os cristãos.




Homens e mulheres de todo o mundo rezam, respondendo ao apelo de Nossa Senhora: pela paz no mundo, pela conversão dos pecadores


E ninguém volta igual. Saibamos manter esta chama que, por Maria, nos leve até ao Pai.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Acontecimentos na Sé de Lisboa

Este era mais um fim de semana na capital e em que na 6ª feira se realizava a recepção do Sacramento da Confirmação pelos alunos do Colégio.
Era na Sé, como de costume e, este ano, presidida pelo sr. Patriarca, acompanhado por dois sacerdotes representantes dos três Colégios presentes: Ramalhão , S.José - Restelo e Bom Sucesso.
Independentemente de quem preside ou oficia, a recepção do Sacramento do Crisma é uma responsabilidade para quem o recebe.
É a renovação das promessas do Baptismo, feita pelos nossos padrinhos, em nosso nome, porque na maioria dos casos éramos ainda bebés quando nos baptizámos. E é a recepção, em plenitude, dos dons do Espírito Santo.
Como passar de ânimo leve por um acontecimento destes? Marca-nos para a vida e pede-nos a correspondência ao dom de Deus, na caminhada por um percurso de santidade.
E porque era importante estar presente e rezar por estes jovens e suas intenções e compromissos, lá me pus a caminho da Sé. 
Cheguei cedo, com a intenção de rezar, de estar um pouco concentrada no Pai que ali se encontrava à nossa espera. E depois... também havia documentação a entregar na secretaria da Sé.
Mas, qual quê!... Esqueci-me completamente que a capela do Santíssimo estava fechada e que na nave central bem como nas laterais era um corrupio de turistas que entravam, que saíam, que falavam, que faziam perguntas, que ouviam explicações...
Decidi ir levar a documentação até haver um pouco mais de calma. Mas também não consegui: a sacristia estava fechada e o prior ausente.
Optei por me sentar num banco lateral que me pareceu mais sossegado e onde poderia talvez concentrar-me.
Eis senão quando se aproximam duas jovens e me pediram para tirar uma fotografia comigo. Porque não?
Aí perceberam que eu falava francês e trocámos algumas ideias. Foi um pequeno diálogo mas no fim uma delas declarou: Irmã, não calcula como gostei de a encontrar!...
Mais uma vez o meu hábito branco tinha chamado a atenção daquelas jovens e lhes tinha, de alguma maneira, tocado. 
Foram-se embora e eu fiquei, mais uma vez, Com o problema do testemunho a remexer dentro de mim.
Tenho um hábito branco que representa muito para mim ... O que esperam os outros, de nós que o envergamos? É uma pergunta que me faço com frequência.
                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P. 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Memórias

Não há dúvida que o Mês de Maio é um mês muito especial 
E para mim, em particular, acho eu, porque para além de todas as razões que temos para o comemorar, ainda me traz memórias que não posso esquecer.
Hoje, dia 7, faz anos que fui baptizada. Foi a minha primeira festa, a da recepção do Espírito Santo.
Estou ao colo da empregada lá de casa e devo-me sentir importantíssima com tantos folhos e laços.
A cerimónia realizou-se na capela de Nossa Senhora das Dores, na Rua do Patrocínio, que servia de paróquia visto que a Igreja de Santo Condestável ainda não existia.
Hoje esta capela foi cedida à comunidade alemã e eu vou lá muitas vezes à Missa porque gosto do ambiente que lá se cria e porque vivo recordações do meu tempo de criança.
Mas, passando uns anos à frente, foi também em Maio, no dia 10, que se realizou a minha Profissão de Fé e Crisma. Desta vez, na Igreja de Santa Isabel, a paróquia a que pertencia o Liceu Pedro Nunes, onde eu frequentava o 1º ano (actual 5º). Foi todo o grupo da pré- JECF ,que se tinha preparado em aulas que nos foram ministradas pela nossa responsável- a Teresa Rocha, que comigo participou nesta segunda vinda do Espírito Santo na plenitude dos seus dons.
Como é que eu posso deixar de ter uma  vivência especial neste mês que, ainda por cima, é dedicado a Maria nossa Mãe?
                            Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Feiras e mercados

Ao subir o caminho para S. Pedro  e passar pela Praça D. Fernando II lembrei-me da feira que se realiza todos os meses , no 2º e 4º domingos. É um bem típico e característico "mercado de rua" que vem já desde o sec. XII.
Já lá não vou há demasiado tempo mas lembro-me quando era jovem e vinha com os meus pais , quer da praia quer de Lisboa, para viver esta típica venda de produtos que ia dos animais aos tapetes, dos discos, ao pão e ao chouriço, dos barros ao vestuário , das antiguidades ao calçado.
No início, certamente, era uma feira medieval, onde os habitantes se vinham abastecer dos produtos que lhes eram necessários. Mas no presente, continua típica e muito concorrida, muito embora não tenha talvez tanta variedade de produtos e esteja mais organizada. Pelo menos burros, vacas e cabras já não vemos lá. E é pena, porque negociar os animais com os ciganos era qualquer coisa de extraordinário...
Continua a ser muito concorrida esta feira, quer pelas populações locais , em busca de produtos de confiança e mesmo únicos, quer pelos turistas atraídos pelo típico do local e o colorido das tendas que se estendem desde o campo da bola até quase ao largo da Igreja.
Nos 2º 2 4º domingos, quer chova quer faça sol lá estão os feirantes aguardando os visitantes. E há sempre quem suba até ao alto de S. Pedro para adquirir um barro típico, aumentar a sua colecção de antiguidades ou simplesmente adquirir algum produto para reabastecer a dispensa. De "mãos a abanar" é que ninguém volta, mesmo aqueles que foram só para ver.
É um passeio e uma atracção que Sintra tem para oferecer aos que aqui vivem e aos que nos visitam.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O transcendente nas crianças

A Missa tinha acabado. Cá fora, vários grupos falando. Nós, comentávamos a homilia em que mais uma vez o sacerdote chamara a atenção para o Tempo Pascal que estamos a viver, marcando a importância da Ressurreição de Jesus.
Eis senão quando, um garoto que estava com a mãe, me puxa pela manga do hábito e me pergunta : " Tu acreditas mesmo que Jesus ressuscitou?"
O miúdo pedia uma resposta simples e directa., mas  eu respondi-lhe com a frase de S. Paulo : " Se Cristo não tivesse ressuscitado seria vã a nossa Fé" . É que então, estaríamos a confiar num homem e não no Filho de Deus que se fez Homem por amor de nós . Cristo ressuscitou e nós temos cinquenta dias para celebrar este acontecimento. É a ressurreição de Jesus Cristo e, de alguma maneira, a nossa também. Sim, porque devemos ter deixado para trás tudo aquilo que nos incomoda  e nos afasta do caminho certo onde começa uma nova vida.
As mulheres do Evangelho foram surpreendidas pelos anjos  que lhes disseram que Jesus não estava ali; tinha ressuscitado. Maria Madalena reconheceu Jesus quando Ele a chamou pelo nome e a encarregou de ir anunciar aos Apóstolos a boa nova da ressurreição.
E nós, somos surpreendidos, cada sábado santo quando ao acender o círio nos é anunciado que ele é a Luz de Cristo ressuscitado.
E esta ressurreição é tão importante que a Igreja a lembra durante cinquenta dias, tempo esse que muitas vezes vivemos bem longe da realidade que eles comemoram.
As conversas acabaram e cada um se retirou . Mas eu fiquei a pensar naquela criança que, apesar de pequena , já sentia a inquietação do transcendente. Será que o nosso testemunho ajuda a intensificar e esclarecer a sua Fé ? 
                               Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Maio mês especial


Maio chegou . Com a primeira festa - o dia de S. José operário E chegou com uma mudança de ambiente. Chegou, anunciando um Verão ainda longínquo mas com prenúncios satisfatórios: céu sem nuvens, pouco vento e algum calor.
Começámos festejando S. José, lembrando a sua presença apagada no Evangelho mas grandiosa na sua generosidade, exemplo, disponibilidade. Não se fala quase nada nele mas ele esteve , desde a primeira hora, ligado ao mistério da encarnação.
S. José, um artífice, um chefe de família, um pai adoptivo que foi certamente um modelo para o Jesus menino, entregue também aos seus cuidados.

Depois, vem o dia da Mãe. Engraçado! Este ano é quase a seguir à festa em honra do pai adoptivo, que nos  lembramos das nossas mães e, sem dúvida nenhuma, da Mãe que está no céu e a quem Jesus nos entregou do alto da cruz: Mulher, tens aí o teu filho .
Dirigia-se a S. João mas nele, englobava todos os homens que assim se podem dirigir a Maria chamando-lhe Mãe.
E neste primeiro domingo de Maio vamos festejar todas as mães , as que ainda estão connosco e aquelas que o Senhor já levou para junto de si.

Mas, também não podemos esquecer que este mês é aquele em que, em Fátima, Maria pediu aos pastorinhos a reza do Rosário. E, já agora, lembrar que desde o sec. XIII os Dominicanos espalham, entre crentes e não crentes, esta devoção ao Rosário.
Aliás, é da nossa tradição a reza diária do Rosário e, conta-se que, quando um frade começava a pregar havia sempre outros que iam desfiando as contas do Rosário.
Também todos sabemos que é lenda mas não deixamos de ter quadros com Nossa Senhora dando o Rosário a S. Domingos. Claro que Ela não lhe deu assim as contas enfiadas e organizadas mas inspirou-lhe um modo novo de rezar as duas orações simples mas profundas que qualquer homem entende : o Pai-nosso e a Avé Maria.
Tenhamos presente este pedido de Nossa Senhora e lembremos que há oito séculos gente simples e homens sábios dirigem ao céu esta oração.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Superar dificuldades

Cada vez acredito mais no que li num texto duma pessoa amiga: a Vida apresenta-se sempre com altos e baixos, alegrias e dificuldades, felicidades e contratempos.
Não há nada a fazer. É mesmo assim... dizem os cépticos...
Mas não! Há que superar os momentos de crise , de dúvida, que nos trazem inquietações e desânimo; as demasiadas actividades que nos afastam do objectivo último; as frustrações dos projectos abandonados que nos causam desilusão.
E, como ultrapassar tudo isto?
Nem sempre é fácil, não... mas a mim, propuseram-me um remédio...
Quereis experimentar?