Uma tarde passada num hospital, à espera duma consulta,é uma situação simultâneamente desesperante, cómica e trágica, ao mesmo tempo.
Primeiro são as filas : para entregar carta de chamada; para confirmar exames; para assegurar a consulta. E até para pagar, se o "sistema" estiver em stand by.
Depois são as esperas, nas várias salas: aguardar para os exames; esperar para ser atendida...
Mas... também há comicidade, se a quisermos assim entender, e não estivermos de todo desesperados. As conversas dos doentes são muito elucidativas: para uns, os médicos são óptimos, verdadeiros santos; para outros, nem tanto. Uns queixam-se do serviço de enfermagem ou de atendimento mas outros são só elogios. E quando chegamos ao sector "maleitas" é um nunca mais acabar de doenças conhecidas ou desconhecidas. Lembramo-nos logo da lista do Raul Solnado no seu monólogo "Ida ao médico".
Mas, no meio de tudo isto, quantos dramas humanos ali são revelados ou deixados adivinhar...quantas angústias testemunhamos ou descortinamos... quantas pessoas idosas, sòzinhas, com dificuldades e tendo que enfrentar este mundo de barreiras que é preciso transpôr...
Acho que ficamos doentes só de constatarmos quanto sofrimento, físico ou moral, quantas situações dramáticas, quanta angústia recalcada.
E esquecemos o que há de desesperante ou de cómico para apenas nos centrarmos no que representa, para muitos, a necessidade dessa visita ao hospital.
Em tempo de Quaresma tenhamos presente os dons que recebemos e saibamos partilhar, comunicar, estar presente.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
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