Estamos por demais habituados à situação de receber porque, em boa verdade, desde sempre, na nossa vida, esteve presente a componente" recepção".
O bebé recebe o carinho da mãe e a graça do Baptismo; o jovem a quem os pais dão a educação e os professores a instrução; os adultos que recebem a recompensa do seu trabalho e os dons do dia -a-dia; os idosos que são acolhidos com compreensão e amor pelos mais novos.
Por isso, quase achamos que receber é um direito e uma obrigação dos outros, esquecendo-nos que "é dando que se recebe".
Dar: a alegria da criança; o obrigado do jovem; o abraço do adulto; a palavra certa do Amigo.
É que o prazer de ter recebido transforma-se em dom e até se apelida de gratidão. André Conte-Sponville diz mesmo que " a gratidão não tem mais a dar que este prazer de ter recebido". E a gratidão é a alegria que enche o nosso coração nesta simbiose entre o dar e o receber.
Recordemos, na cena do Evangelho, aquela mulher que deposita na caixa das esmolas duas pequenas moedas- tudo quanto tinha- e que Jesus elogia porque ela deu mais do que todos os outros porque deu tudo quanto possuía. E certamente voltou para casa de alma cheia porque no dar tinha recolhido a sua recompensa e encontrado o prazer da oferta.
E, se remetermos novamente ao Evangelho, recordando uma outra vez o jovem rico, temos a convicção de que foi esta alegria do receber dando, que ele recusou; foi o prazer de recolher gratidão na dádiva, que ele não quis aceitar.
Estejamos, então, nós abertos a esta partilha, a esta oferta, a esta libertação que é também a ousadia de oferecer ao mundo o testemunho dum Deus que se fez Homem- Jesus Cristo - que se deu para fazer de nós, como Ele, filhos de Deus.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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