sábado, 1 de março de 2014

Escolhas e certezas

"Vem por aqui, dizem-me alguns com olhos doces
... seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "Vem por aqui"
Eu olho-os com olhos lassos
( Há nos olhos meus ironias e cansaços)
E cruzo os braços
E nunca vou por ali..."

São versos de José Régio, versos talvez dum certo desencanto, duma certa frustração. Versos de quem talvez não tenha uma perspectiva maior? Ou de quem anda à procura dela? Será assim que se escolhe "a melhor parte" de que Jesus  falou, respondendo a Marta?
Evidentemente que não podemos deixar-nos levar por sugestões apresentadas por quem não conhecemos, aceitar convites de que desconhecemos a origem, as intenções ou os pressupostos... 
"Não vamos por aí!", como José Régio
Mas há o conselho do amigo, a opinião do irmão, o fruto da nossa reflexão e tomada de consciência... Então sim. é de ir, é de acolher, é de seguir.
"Não vou por aí!" ... pelo errado, o desconhecido, o perigoso.
Mas vou atrás da Luz que guiou os Magos ao presépio, vou seguir a opção que Jesus elogiou a Maria Madalena: "ela escolheu a melhor parte"
Mas às vezes temos dúvidas!
A observação de Jesus é um paradigma para nós, de certo.
"Maria escolheu a melhor parte..." Mas qual a parte que devemos escolher? Onde a encontramos nas nossas vidas? 
A parte da reflexão, da partilha, do perdão?
"Não vou por aí!" 
Escolher o caminho mais difícil, a tarefa mais árdua, o encontro mais complexo?
Para escolher "a melhor parte" é preciso estar atento, de joelhos aos pés de Jesus, ouvindo-O. É preciso não ir por ali, pelo caminho mais fácil, pela vereda mais plana, pela estrada mais luminosa.
É estar simplesmente expectante e ouvir Deus no nosso coração. Ele não deixa de nos indicar qual é "a melhor parte"
                        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.





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