Ouvi ontem na rádio que não sei quantos mil profissionais de saúde, deixaram Portugal, nestes dois últimos anos, para ir trabalhar longe.
À procura de emprego condigno, de melhor salário, de melhores campos de acção. Partem com esperança...talvez com fé, movidos pelo desejo de vencer. E este desejo apaga um pouco as saudades, faz esquecer o que deixam, leva-os a não pensar na incerteza do que os espera. E há sempre muita coisa que se apresenta aos seus olhos e à sua nova vida... desde os costumes que é preciso aprender, aos amigos que é necessário conquistar, aos hábitos diferentes que se impõem.
Penso nos jovens que, com uma certa nostalgia mas com o entusiasmo próprio da juventude, deixam tudo à procura dum futuro melhor.
Mas penso mais ainda nos pais e mães de família que deixam cá uma parte da família para tentar encontrar para ela um futuro melhor.
E lembro também aqueles a quem a sorte não bafejou e que vão procurar longe o que a sua terra lhes negou.
" Quem parte leva saudades..." Saudades do que deixaram, do que fazia parte do seu dia-a-dia, da sua vida.
Mas, "quem fica saudades tem..." e é com alegria que volta a abraçar aqueles que tinham partido e regressam contentes do que conseguiram.
Lembrando a Ascensão de Jesus penso que os Apóstolos também sentiram saudades com a partida do Mestre. Por isso "ficaram a olhar para o céu " com a esperança, sem esperança ,de verem Jesus voltar.
E foi desiludidos que regressaram às suas terras ... Mas com esperança, ao mesmo tempo, porque confiavam. E Deus não os desiludiu. Enviou-lhes o Espírito Santo que os confortou e alicerçou na confiança.
Estes estados de alma passam por pais que ficam e jovens que partem; maridos que vão tentar a sua sorte e mulheres que ficam esperando.
As saudades, a tristeza da separação, as incertezas do futuro, as dúvidas do presente tudo pode ser superado se confiarmos plenamente em Deus, Ele que está sempre presente e nos enche com a Sua Graça e a Sua Força.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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