segunda-feira, 31 de março de 2014

Lições que se aprendem

Gosto sempre de aumentar os meus conhecimentos, venham as informações donde vierem e sobretudo, se chegam de fonte fidedigna. Foi o que aconteceu outro dia ao ler uns textos escritos por um pessoa amiga. Neles aprendi duas grandes lições, que estou a partilhar com aqueles que me lêem.
A 1ª lição foi que é preciso ambiente, tempo e persistência para se conseguirem as condições para uma boa oração.
É que para rezar é necessário encontrarmo-nos connosco mesmos , escutar, no silêncio, a Palavra que nos é dirigida, procurar a resposta que Deus espera. Rezar é realizar este diálogo silencioso entre Deus e o Homem.
Mas, não é fácil entrar dentro de nós mesmos , fazer este silêncio para escutar a palavra do Pai e encontrar em nós a resposta adequada.
Não é fácil criar o clima que se coaduna com o diálogo que se espera que efectuemos, que nos vai pôr face às questões que aguardam a nossa resposta. Não é fácil mas não podemos desanimar, porque temos que corresponder ao pedido que nos foi feito: "Sede santos como o vosso Pai é santo"...
E neste tempo da Quaresma vem mesmo a propósito esta lição que recebi.
Mas a 2ª lição é igualmente importante e fala-nos de vida. Lembra-nos que esta tem altos e baixos , tempos de euforia e felicidade e momentos de tristeza e melancolia.
Há alturas em que somos convidados a deixar projectos, planos, trabalhos que nos agradavam e achávamos mesmo necessários, para enveredar por outros caminhos, outras actividades, outras ocupações menos atraentes. Mas se calhar, é nestas que se enquadra o plano de Deus...
Como ultrapassar a frustração, o desconforto, talvez até a dúvida?
Também nem sempre é fácil!... Aqui, é preciso entrar com uma certa dose de optimismo e com toda a nossa confiança e Fé.
É preciso ter a certeza de que Deus não nos pede nada que esteja acima das nossas forças ; que Ele deseja para nós a Felicidade. Mas... o caminho que nos propõe é aquele que Ele percorreu , rumo ao Calvário.
Sigamos, confiadamente e com coragem,os passos de Jesus e com Ele encontraremos a felicidade da Ressurreição.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 29 de março de 2014

A liberdade da escolha


Muitas vezes quando somos chamados a fazer opções não avaliamos das consequências que elas podem ter para nós e para os outros.
E às vezes as coisas correm mal , de modo diferente dos objectivos que tínhamos imaginado e dos planos que havíamos  traçado.
Então, não recordamos a frase de Pablo Neruda. Limitamo-nos a lamentar o sucedido e... quantas vezes? a lançar as culpas para os outros, para as circunstâncias, para as limitações impostas... eu sei lá!
E, por falar e lembrar Pablo Neruda, recordei um filme que vi há tempos - O carteiro de Pablo Neruda.
Nele também havia escolhas, opções, decisões tomadas e a tomar; também houve consequências, mais ou menos graves. Mas. engraçado! não me lembro das culpas serem atiradas para alguem ou alguma coisa. Talvez não me lembre bem. Mas também não importa. O que é indispensável é ficarmos com a certeza de que Deus nos fez livres e nos quer livres.
Por isso, podemos escolher o caminho que mais nos encanta, que julgamos o melhor ou o mais conveniente. Mas, não podemos esquecer  que as consequências vão-nos ser imputadas e delas teremos que dar contas a Deus.
Ser livre é uma graça mas é também uma responsabilidade.
Mas, tenhamos uma certeza : mesmo quando escolhemos mal, temos sempre a oportunidade de retroceder e lá... está Deus à nossa espera.
            Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 26 de março de 2014

" Quem parte leva saudades..."

Ouvi ontem na rádio que não sei quantos mil profissionais de saúde, deixaram Portugal, nestes dois últimos anos, para ir trabalhar longe.
À procura de emprego condigno, de melhor salário, de melhores campos de acção. Partem com esperança...talvez com fé, movidos pelo desejo de vencer. E este desejo apaga um pouco as saudades, faz esquecer o que deixam, leva-os a não pensar na incerteza do que os espera. E há sempre muita coisa que se apresenta aos seus olhos e à sua nova vida... desde os costumes que é preciso aprender, aos amigos que é necessário conquistar, aos hábitos diferentes que se impõem.
Penso nos jovens que, com uma certa nostalgia mas com o entusiasmo próprio da juventude, deixam tudo à procura dum futuro melhor.
Mas penso mais ainda nos pais e mães de família que deixam cá uma parte da família para tentar encontrar para ela um futuro melhor.
E lembro também aqueles a quem a sorte não bafejou e que vão procurar longe o que a sua terra lhes negou.
" Quem parte leva saudades..." Saudades do que deixaram, do que fazia parte do seu dia-a-dia, da sua vida.
Mas, "quem fica saudades tem..." e é com alegria que volta a abraçar aqueles que tinham partido e regressam contentes do que conseguiram.
Lembrando a Ascensão de Jesus penso que os Apóstolos também sentiram saudades com a partida do Mestre. Por isso "ficaram a olhar para o céu " com a esperança, sem esperança ,de verem Jesus voltar.
E foi desiludidos que regressaram às suas terras ... Mas com esperança, ao mesmo tempo, porque confiavam. E Deus não os desiludiu. Enviou-lhes o Espírito Santo que os confortou e alicerçou na confiança.
Estes estados de alma passam por pais que ficam e jovens que partem; maridos que vão tentar a sua sorte  e mulheres que ficam esperando.
As saudades, a tristeza da separação, as incertezas do futuro, as dúvidas do presente tudo pode ser superado se confiarmos plenamente em Deus, Ele que está sempre presente e nos enche com a Sua Graça e a Sua Força.
                   Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 25 de março de 2014

Anunciação de Jesus



             25 de Março - Anunciação de Jesus



                           " Não tenho nada para dar
                           Nada para pedir
                           Venho simplesmente Mãe
                           para te olhar!

                           .... Olhar, sorrir de alegria...
                           Sabendo apenas isto
                           Que és minha mãe,
                           Mãe de Jesus Cristo.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Meditação em poema

Oliveiras da compaixão
Margaret Eletta Guider, OSF

Sejamos como as oliveiras
capazes de crescer onde formos plantadas,
em planícies verdejantes e em desertos de areia,
em encostas montanhosas escarpadas,
ou em litorais marinhos varridos pelos ventos.

Cresçamos, então, criando raízes,
sem ocupar espaço.
E se nossos ramos forem quebrados,
por negligência, descuido, desdém
ou por estragos,
possam nossas podagens destruidoras
ser de sentido portadoras,
quais símbolos de paz num mundo partido.

E, quando chegar a hora da colheita,
possam nossos frutos maduros
ser colhidos e espremidos,
transformados em fonte de energia,
uma extensão de nossas vidas;
derramadas qual óleo de alegria
para os deserdados.

Óleo, bálsamo para as feridas,
óleo, força para os vulneráveis,
óleo, alimento para os famintos.
óleo, protecção para os nus,
óleo, restauração para os cansados,
óleo, a iluminar os que entre as trevas
e na sombra da morte estão sentados.

E que a nossa beleza não seja ofuscada
pela poeira ou pela geada,
pelo sol causticante
ou pela chuva torrencial.
Pois a beleza de nossas vidas
em vitalidade se expressa.

Cresçamos, pois, como as oliveiras
neste mundo e nesta Igreja,
onde ecoam milhões de preces
em nossa presença,
assim como ecoou a prece de Jesus
" Chegou a hora...
Se possível, afaste de mim este cálice...
... mas não seja feita a minha vontade"

Por todos os que suspiram e gemem,
e4 choram essas palavras
nos muitos Getsémani de hoje,
possa nossa presença testemunhar
a graça e a paz de nosso Deus compassivo,
cuja forma de trabalhar
se manifesta
nos que crescem como as oliveiras.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Bom dia Primavera!

Começa hoje a Primavera. Diz o calendário e afirmam os meteorologistas.

Mas aqui no Ramalhão, em boa verdade, não parece nada que se iniciou a Primavera. O céu está nublado, o sol nem sequer sorri e um ventinho fresco desmente as previsões de temperaturas amenas.
Também as andorinhas, prenúncio de Primavera, não deram ainda o seu sinal de vida.
Com este tempo assim, ainda meio Inverno, os espíritos também se apresentam como o tempo, algo nublados.
Apesar do fresco da manhã dei uma volta pela quinta, a desanuviar ideias e a registar o que o tempo já nos oferecia: As orquídeas, nos seus vasos debaixo da varanda, estão lindas ; as violetas, nos canteiros em frente, começam a florir para nós e, mais além, num ou noutro lugar, uma flor tímida mas resistente sorri para mim.
E sentei-me num banco abrigado a pensar na lição que aquela humilde flor nos dá. Apesar do tempo ainda não ser propício ela quis alegrar aqueles que por ela passam e dar-lhes um sinal de vida e de esperança.
É uma mensagem para cada um de nós: saibamos sorrir apesar dos contratempos, espalhemos alegria embora as contrariedades e digamos que temos um Pai que, do céu, nos apela à Felicidade.
Levantemo-nos, sacudamos a letargia e... vamos.
             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Festa de S. José


               
19 de Março - Festa de S. José

S. José, Padroeiro do nosso Colégio
olhai por nós

terça-feira, 18 de março de 2014

Perguntas que esperam resposta

No domingo, a leitura do Evangelho foi o relato da transfiguração de Jesus no Monte Tabor. Este episódio sempre me deixa meditativa e com alguns problemas para resolver mentalmente.
Jesus aparece aos apóstolos ,que subiram com Ele, Pedro, Tiago e João, cercado de luz, como diz a descrição do Evangelho. E os apóstolos ficam emocionados ; querem ali ficar; prontificam-se a fazer três tendas mas para Jesus, Moisés e Elias.
E este esplendor, esta luz, não é fantasia, não é mistério. Simplesmente porque Jesus se deixa habitar por Deus, Ele se manifesta na Sua glória.
Jesus é o Templo de Deus.Mas, da mesma maneira, cada um de nós, pelo Baptismo, se torna Templo do Espírito Santo. Nós!... Tu, eu, cada um dos Baptizados... somos templos em que habita Deus.
E agora, eis a questão: Como O manifestamos aos outros? Como O vemos nos outros? Como podemos deixar de nos amarmos , de nos admirarmos?
E, como nos vemos a nós mesmos e O vemos em nós?
Precisamos de colocar uma máscara para parecermos o que não somos, se já temos tal importância, a de Templos? Afinal Jesus fez-se Homem como nós e o Espírito de Deus habita em nós como habitou n´Ele e O transfigurou face aos apóstolos...
Talvez nesta Quaresma tenhamos que subir o nosso Monte Tabor para aprendermos a " transfigurarmo-nos" ou melhor, a mostrar o que somos e a apreciar os outros como se apresentam. Deixar que o Espírito Santo manifeste em nós a Sua luz. 
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Senhor, ensina-nos a rezar

Pai Nosso...
seja feita a tua vontade!
Oração bem simples e tão profunda, todos os dias a rezamos. Todos os dias repetimos as mesmas afirmações e fazemos os mesmos pedidos.. Mas... quantas vezes não se mantem na nossa vida a dicotomia entre a vontade de Deus e a nossa vontade?!...
Nesta altura lembro-me das crianças que, reunidas em torno do altar, rezavam o Pai Nosso e que eu achei que não tinham entendido, até ao fim, nem as palavras da oração nem o sentido profundo do gesto das mãos dadas que tinham sido convidadas a fazer .
E nós? Pensamos que o Pai Nosso é  a oração da fraternidade, da partilha, da disponibilidade, face à vontade do Pai?
Sobretudo, pensamos o que representou para Jesus fazer a vontade do Pai? 
Jesus Homem, descendente de Adão, com a Sua vontade própria, tinha tido que renunciar a ela para aceitar a vontade do Pai  Tinha tido que vencer a tentação do confronto entre duas vontades: a sua e a do "Pai que o enviara para fazer a Sua Vontade". 
" Pai... que se faça a Tua Vontade!" foram palavras de Jesus . É o que pedimos a Deus cada dia: "Seja feita a Vossa vontade..." Mas, procuramos, verdadeiramente, em cada momento, saber qual é esta vontade? Tentamos realizá-la, sabendo que traduz um pedido que implica vontade, dádiva, talvez sacrifício? E esta altura da Quaresma não será o melhor momento para encontrar as respostas que se impõem?
Muitas vezes tentamos justificar a nossa recusa com a ignorância: é difícil saber qual é a vontade de Deus... Muitas vezes dizemos que nos enganámos, que não encontrámos o caminho. Desculpas!...
Deus está presente e envia-nos os seus sinais.
Talvez neste tempo de caminhada até ao calvário seja a altura ideal para nos perguntarmos como vivemos o Pai Nosso. E já agora, se aquela vontade que pedimos "seja feita" é a d´Ele ou a nossa.
Que seja em verdade que dizemos:
Pai Nosso...
seja feita a vossa vontade...
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 16 de março de 2014

O Pai Nosso das crianças

Num dos domingos passados , que por acaso era domingo de carnaval, tivemos na nossa Missa, aqui na capela do Colégio, um episódio algo inusitado. Mas não foi por ser carnaval nem a celebração teve nada de carnavalesco. Muito ao contrário!
Mas a Missa marcou o dia, de alguma maneira, porque o celebrante teve uma iniciativa a que não estamos habituados, aqui em casa.
Na altura do Pai Nosso chamou todos os pequeninos que estavam presentes para se juntarem a ele, em torno do altar e darem as mãos.
Foi um momento muito emotivo.
As crianças primeiro estavam receosas e levaram algum tempo a aproximarem-se. Claro, nunca tal coisa lhes tinha aqui acontecido... Mas, incentivadas pelos pais foram-se chegando ao altar e dando as mãos em jeito de amizade.
E aquele Pai Nosso teve outro sabor, com os pais felizes vendo os filhos a darem um testemunho de fraternidade e de partilha.
Os filhos, talvez não tivessem entendido até ao fim, o significado daquele gesto ( a maioria era demasiado pequena...) mas certamente ficará na sua memória aquele domingo em que, à volta do altar, deram as mãos aos outros meninos para juntos rezarem a oração que Jesus ensinou a todos nós.
Tentei imortalizar este momento numa fotografia para a posteridade mas estava demasiado nervosa e comovida e o resultado está à vista.
Não importa. É o testemunho duma realidade que deve ser vivência para todos nós : a fraternidade, a partilha, o amor, a que, de maneira particular esta Quaresma faz apelo.
                  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 15 de março de 2014

O mar e a contemplação

Todos precisamos dum ambiente calmo, acolhedor e envolvente para podermos reflectir.
Hoje, logo de manhã, pensei no mar. 
É que, para mim, passar uma manhã na praia é qualquer coisa que se me apresenta simultaneamente arrebatador e místico.
Místico, sim! sobretudo se é de manhã cedo , quando tudo nos convida à meditação: aquela neblina que mesmo no Verão nos envolve, aquele bater suave das ondas na areia, aquela brisa fresca que nos acaricia...
Tudo nos convida a fechar os olhos e pensar apenas no que é bom e feliz na vida. É o momentos de nos consciencializarmos de que estamos bem connosco e com Deus. E porquê?
Quando íamos talvez enumerar as razões da nossa calma, da nossa felicidade, tudo muda. De repente, sobretudo neste tempo incerto de quase Primavera, é o mar que se torna  revolto e nos chama à realidade, lembrando-nos que a Vida tem altos e baixos, alegrias e dificuldades, felicidade e inquietação. É uma chamada de atenção para que tomemos consciência de que na vida os dias são todos diferentes mas Deus está presente em todos eles.
Mas uma manhã na praia, nesta altura, é também motivo de atracção, de distracção e de conhecimento de situações diferentes das que vivemos habitualmente:
São os barcos que saem para a pesca, na expectativa de conseguir a subsistência da família. São os surfistas com as suas pranchas que procuram apanhar a onda. São os apoios de praia que se começam a preparar para o Verão que não tarda aí. São alguns sem-abrigo que passaram a noite protegidos pelas rochas e enrolam agora os parcos haveres. São os amantes da manhã, como eu, que antes de irem para o trabalho vêm gozar o prazer de admirar o mar e respirar o ar fresco que ele oferece...
Ao pensar no mar tudo isto se desenrola diante dos meus olhos e no meu pensamento. Mas o que eu desejo é ficar com o ambiente tranquilizador que me deixa pensar.
                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.


sexta-feira, 14 de março de 2014

Hora da paragem

Estamos a viver a primeira semana da Quaresma. Aliás, encontramo-nos quase no fim da semana e é altura, pelo menos para mim, de começar a "fazer contas", a reflectir como viver este tempo em que, liturgicamente a cor é o roxo. E não é por acaso!...
É que estas seis semanas são tempo sério , um convite profundo a uma reflexão intensa, uma chamada de atenção para pensarmos como tem que ser a nossa caminhada, aquela que nos vai levar até à Páscoa.
Não podemos deixar escoar estes dias como areia que se solta livremente das nossas mãos. Porque este é tempo de reflexão, de intimismo, de oração, de penitência, de conversão.
Para muitos podem ser dias como os outros.Mas nós cristãos não os podemos ver assim e, menos ainda, podemos deixar de os viver em caminhada de renúncia, de partilha, de sacrifício.
Mas não vale a pena ter medo nem imaginar grandes sacrifícios e renúncias que nos atemorizam e que talvez não sejamos capazes de fazer. Basta viver em intensidade o nosso dia-a-dia estando atentos aos pequeninos nadas que podemos suprimir ou introduzir na nossa vida. Talvez discretamente, talvez sem grande esforço, mas sempre com Amor, como dádiva. como entrega.
São quarenta dias estes de que a Igreja nos fala, quarenta dias que vão do carnaval à Semana Santa; quarenta dias em que, sobretudo devemos arranjar tempo para "olhar para dentro", para descobrir o que nos afasta de Cristo que, do alto da cruz nos proclamou como filhos do Seu Pai.
São quarenta dias que nos chamam cada manhã para que os vivamos, para que paremos a tirar  "dos nossos olhos as traves" que nos impedem de ver o caminho; para que nos detenhamos a apanhar as pedras que dificultam a nossa caminhada e com as quais vamos construir o sepulcro em que Jesus repousou e a catedral do nosso coração.
  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Fátima - 2001



Neste Maio de 2001, o Colégio, como todos os anos, foi a Fátima.
Éramos muitos, desde os pequeninos até ao secundário.
Fomos de camioneta, como é natural e, durante o caminho estivémos falando de Nossa Senhora, das aparições, dos pastorinhos e, rezando o Terço. Era uma peregrinação, o que supunha um certo clima de interioridade.


Em Fátima, vários momentos de celebração: no poço, nos Valinhos, na Loca do cabeço.

O almoço era pic-nic e comemo-lo nos Valinhos, antes da celebração junto de Nossa Senhora. Depois, em silêncio, mais ou menos dois a dois, subíamos até ao Anjo de Portugal onde lhe prestávamos a nossa homenagem.
Novamente de camioneta, voltávamos ao Santuário, onde íamos oferecer flores a Nossa Senhora e fazer-lhe a nossa consagração.
O regresso era mais descontraído mas ninguém esquecia a ida a Fátima e as intenções que lá nos levavam.
E aqui está mais uma recordação das actividades que aconteciam no Colégio, cada ano.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.



Mensagem dum Amigo

Acabei de ler um texto, em forma de poema, que traduz bem o que nos acontece muitas vezes, sobretudo neste tempo.
" O meu amigo chama-me.
Bate à porta. Grita.
Não ouço.
Não estou atenta.
Não me apetece escutar o seu convite.
Faço ouvidos surdos..."
Neste tempo que estamos a viver, o tempo da Quaresma, Deus chama-nos, todos os dias, a todo o momento.
Chama-nos para que escutemos a Sua palavra, para que entremos no nosso quarto, fechemos a porta e... não paremos a ouvir música ou a escrever no computador... antes, façamos uma pausa para entrar dentro do nosso coração e ouvir a Sua palavra.
Quaresma é tempo de apelo, tempo em que Deus nos chama a mudar de vida, a acolher o Seu Filho que nos mostra o caminho a seguir.
Quaresma é tempo para abandonar tudo o que nos impede de ouvir o coração, de sermos melhores, de nos tornarmos tão florescentes como o jardim em plena Primavera.
Quaresma é tempo de abandonar os velhos hábitos que nos instalaram numa vida serena mas medíocre, de nos erguermos e, cheios de entusiasmo agarrarmos ma cruz. a nossa cruz,e seguir, com Jesus, a caminho do Calvário.
Quaresma é tempo de escolha, de opção entre fechar os ouvidos e manter os velhos costumes de egoísmo, mentira, preguiça... ou, levantarmo-nos e prepararmo-nos para a Ressurreição.
Quaresma é tempo de ouvir o apelo:
" Vamos! Ergue-te! Deus chama-te a segui-Lo"
Vamos recusar? Fazer ouvidos surdos? Continuar desatenta, porque não me apetece escutar o convite?
                 Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.




quarta-feira, 12 de março de 2014

Uma tarde no hospital

Uma tarde passada num hospital, à espera duma consulta,é uma situação simultâneamente desesperante, cómica e trágica, ao mesmo tempo. 
Primeiro são as filas : para entregar carta de chamada; para confirmar exames; para assegurar a consulta. E até para pagar, se o "sistema" estiver em stand by.
Depois são as esperas, nas várias salas: aguardar para os exames; esperar para ser atendida...
Mas... também há comicidade, se a quisermos assim entender, e não estivermos de todo desesperados. As conversas dos doentes são muito elucidativas: para uns, os médicos são óptimos, verdadeiros santos; para outros, nem tanto. Uns queixam-se do serviço de enfermagem ou de atendimento mas outros são só elogios. E quando chegamos ao sector "maleitas" é um nunca mais acabar de doenças conhecidas ou desconhecidas. Lembramo-nos logo da lista do Raul Solnado no seu monólogo "Ida ao médico".
Mas, no meio de tudo isto, quantos dramas humanos ali são revelados ou deixados adivinhar...quantas angústias testemunhamos ou descortinamos... quantas pessoas idosas, sòzinhas, com dificuldades e tendo que enfrentar este mundo de barreiras que é preciso transpôr...
Acho que ficamos doentes só de constatarmos quanto sofrimento, físico ou moral, quantas situações dramáticas, quanta angústia recalcada.
E esquecemos o que há de desesperante ou de cómico para apenas nos centrarmos no que representa, para muitos, a necessidade dessa visita ao hospital.
Em tempo de Quaresma tenhamos presente os dons que recebemos e saibamos partilhar, comunicar, estar presente.
                 Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 5 de março de 2014

4ª feira de Cinzas

"Lembra-te ó homem que és pó e em pó te hás-de tornar"
É uma alusão ao início da vida sobre a terra, quando Deus criou Adão e Eva usando o pó da terra e, ao mesmo tempo, uma chamada de atenção para o quanto é fugaz a permanência do homem na terra dos vivos. Do pó da terra o homem foi feito; em pó se há-de tornar 
Daí, a colocação das cinzas sobre as nossas cabeças, neste dia : recordação e apelo.
Recordação do que somos, do que fizemos, do que temos; apelo à conversão, à mudança, à viragem para uma vida melhor.
Mas aqui estamos a considerar apenas a parte material - o corpo. Não entramos em linha de conta com o espírito, a alma, o coração. A pensar neles, nas suas circunstâncias  e realidades, para atender às suas necessidades o texto de S. Mateus " ...entra no teu quarto, fecha a porta e ora".
É uma sugestão para que nos encontremos connosco mesmos, para nos confrontarmos com as nossas fragilidades e deficiências, para constatarmos quantos dons  desperdiçámos e quantas infidelidades cometemos nas nossas vidas.
Seria razão para termos medo de entrar e parar; teríamos motivo para não querermos fechar a porta da nossa alma... O medo pode querer apossar-se de nós ... mas não podemos deixar, porque no fundo do nosso quarto, à nossa espera, para um encontro de Amigo, de Confidente, de Irmão, está Jesus Cristo. E Ele, é a Luz que nos vai iluminar, a força que nos vai encorajar à mudança a que a Quaresma nos convida.
Com coragem, com confiança, entremos no nosso quarto e comecemos este tempo que nos vai levar até à Ressurreição.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

terça-feira, 4 de março de 2014

A Ousadia do Dom

Estamos por demais habituados à situação de receber porque, em boa verdade, desde sempre, na nossa vida, esteve presente a componente" recepção".
O bebé recebe o carinho da mãe e a graça do Baptismo; o jovem a quem os pais dão a educação e os professores a instrução; os adultos que recebem a recompensa do seu trabalho e os dons do dia -a-dia; os idosos que são acolhidos com compreensão e amor pelos mais novos.
Por isso, quase achamos que receber é um direito e uma obrigação dos outros, esquecendo-nos que "é dando que se recebe".
Dar: a alegria da criança; o obrigado do jovem; o abraço do adulto; a palavra certa do Amigo.
É que  o prazer de ter recebido transforma-se em dom e até se apelida de gratidão. André Conte-Sponville diz mesmo que " a gratidão não tem mais a dar que este prazer de ter recebido". E a gratidão é a alegria que enche o nosso coração nesta simbiose entre o dar e o receber.
Recordemos, na cena do Evangelho, aquela mulher que deposita na caixa das esmolas duas pequenas moedas- tudo quanto tinha- e que Jesus elogia porque ela deu mais do que todos os outros porque deu tudo quanto possuía. E certamente voltou para casa de alma cheia porque no dar tinha recolhido a sua recompensa e encontrado o prazer da oferta.
E, se remetermos novamente ao Evangelho, recordando uma outra vez o jovem rico, temos a convicção de que foi esta alegria do receber dando, que ele recusou; foi o prazer de recolher gratidão na dádiva, que ele não quis aceitar.
Estejamos, então, nós abertos a esta partilha, a esta oferta, a esta libertação que é também a ousadia de oferecer ao mundo o testemunho dum Deus que se fez Homem- Jesus Cristo - que se deu para fazer de nós, como Ele, filhos de Deus.
                          Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sábado, 1 de março de 2014

Escolhas e certezas

"Vem por aqui, dizem-me alguns com olhos doces
... seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "Vem por aqui"
Eu olho-os com olhos lassos
( Há nos olhos meus ironias e cansaços)
E cruzo os braços
E nunca vou por ali..."

São versos de José Régio, versos talvez dum certo desencanto, duma certa frustração. Versos de quem talvez não tenha uma perspectiva maior? Ou de quem anda à procura dela? Será assim que se escolhe "a melhor parte" de que Jesus  falou, respondendo a Marta?
Evidentemente que não podemos deixar-nos levar por sugestões apresentadas por quem não conhecemos, aceitar convites de que desconhecemos a origem, as intenções ou os pressupostos... 
"Não vamos por aí!", como José Régio
Mas há o conselho do amigo, a opinião do irmão, o fruto da nossa reflexão e tomada de consciência... Então sim. é de ir, é de acolher, é de seguir.
"Não vou por aí!" ... pelo errado, o desconhecido, o perigoso.
Mas vou atrás da Luz que guiou os Magos ao presépio, vou seguir a opção que Jesus elogiou a Maria Madalena: "ela escolheu a melhor parte"
Mas às vezes temos dúvidas!
A observação de Jesus é um paradigma para nós, de certo.
"Maria escolheu a melhor parte..." Mas qual a parte que devemos escolher? Onde a encontramos nas nossas vidas? 
A parte da reflexão, da partilha, do perdão?
"Não vou por aí!" 
Escolher o caminho mais difícil, a tarefa mais árdua, o encontro mais complexo?
Para escolher "a melhor parte" é preciso estar atento, de joelhos aos pés de Jesus, ouvindo-O. É preciso não ir por ali, pelo caminho mais fácil, pela vereda mais plana, pela estrada mais luminosa.
É estar simplesmente expectante e ouvir Deus no nosso coração. Ele não deixa de nos indicar qual é "a melhor parte"
                        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.