Voltei hoje a ler no Evangelho o episódio da cura dos leprosos. Aliás foi o Evangelho dum dos domingos passados! É um episódio que nos põe dúvidas e interrogações, ao mesmo tempo que nos chama a atenção para situações da nossa vida corrente.
Um grupo de leprosos, gente proscrita e sem qualificação, acerca-se de Jesus e pede-Lhe misericórdia. Ele atende-os e cura-os. Mas do grupo, apenas um e logo o estrangeiro, volta atrás para agradecer a graça recebida.
E o resto do grupo? Que aconteceu? Porque não vieram? Todos foram curados... E Jesus até perguntou por eles...
Podemos ser levados a pensar que lhes aconteceu o que se passa connosco tantas vezes: ficaram tão felizes por terem conseguido o que desejavam que se esqueceram de parar, de voltar atrás, para dizer obrigado.
Achei interessante que fosse precisamente esta palavra "Obrigado" uma das que o Papa recomendou às famílias como indispensável ao seu progresso e mesmo à sua subsistência no tempo.
É que saber agradecer é uma manifestação de humildade mas também de justiça e de partilha. É reconhecer o bem que o outro nos faz, o contributo que nos traz para a nossa felicidade. É o testemunho de que não estamos fechados em nós mesmos, no nosso egoísmo e que sabemos reconhecer o outro e como a sua acção é actuante em nós.
Há muitas formas de agradecer. O leproso voltou para trás e ajoelhou-se aos pés de Jesus... Mas às vezes basta parar, dizer uma simples palavra, mostrar um sorriso, um olhar... É simplesmente partilhar o nosso reconhecimento pelo que recebemos.
Se o nosso coração não está fechado, somos sensíveis a estas formas de reconhecimento que indicam que não estamos centrados em nós mesmos.
Talvez os leprosos ainda não tivessem encontrado a luz que significava a sua cura.
Também nós, quantas vezes!...estamos tão encerrados em nós e preocupados com as nossas coisas que não vemos a luz que alumia o nosso caminho, aquele que nos conduzirá à casa do Pai e "torna novas todas as coisas".
Peçamos a Deus que nos abra o coração e que nos ajude a dizer, hoje e sempre, o nosso obrigado. Que a nossa humildade se reflicta no nosso reconhecimento.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.