Estes últimos dias da semana são por demais densos e interiorizantes. Tornam-nos, talvez por isso, mais sensíveis e vulneráveis.
Na 5ª feira foi a cerimónia do Lava-pés com toda a sua dimensão existencial em que ficou bem patente a humildade que Jesus testemunha e que nos convida a viver.
Fazer como Ele fez, em espírito de caridade, de serviço, de disponibilidade, de partilha. Servir os mais simples, os mais humildes, os que mais necessidade têm de apoio, de acolhimento. Descer à condição de servo e abrir os braços aos que passam ao nosso lado e que não têm coragem de pedir ajuda.
Foi a lição de 5ª feira Santa, com a instituição da Eucaristia e a transmissão do poder sacerdotal.
A este dia, segue-se 6ª feira Santa, em que acompanhamos o drama da Paixão, em que recebemos outro exemplo de Jesus que, mesmo ao ser procurado, pretende proteger os discípulos. "Se é a Mim que procurais deixai ir estes..." E assim se cumprem as escrituras.
E depois, a figura de Pilatos, ressaltando de todo o processo de julgamento sumário. Pilatos, aquele homem cobarde que sabe que Jesus está inocente mas que O condena, porque tem medo de ser acusado de não ser amigo de César.
Também ele está dividido entre a Verdade e o poder . E opta pelo poder lavando as mãos do "sangue daquele justo".
E uma grande tristeza, uma grande solidão se estende sobre a terra. A Cruz, em que Cristo morreu, impõe-se a todos os homens e obriga ao silêncio e à veneração. É o único dia em que o Homem se ajoelha diante da Cruz, venerando esse instrumento da morte de um Deus feito Homem.
E hoje, é sábado, o dia do silêncio, da solidão, em que nos recolhemos em nós mesmos para agradecer ao Pai que nos deu o Seu Filho e ao Filho que foi "obediente até à morte e morte de cruz".
Ajoelhemos diante do mistério e acolhamos o dom que fez de nós filhos.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.