Sempre que me encontro com casais amigos ou conhecidos é inevitável: a conversa acaba sempre por ser em torno da educação das crianças e jovens, das dificuldades que se encontram, dos erros que se cometem.
Rapidamente se fala na facilidade com que os pais dão licenças sem critério ou trocam a sua presença por presentes, também eles muitas vezes, inúteis ou despropositados.
É a vida moderna... o pretexto de sempre.
Para satisfazerem os pedidos dos filhos e também as suas aspirações pessoais, trabalham demasiado, estão ausentes demasiado tempo e apagaram do seu vocabulário a palavra NÃO.
A este propósito lembrei-me dum artigo que li há tempos. Era como se uma criança falasse aos pais e lhes dissesse o que eles deviam ou não deviam fazer, para ajudar à sua educação .
Nesse artigo dizia-se que se os filhos pudessem dar a sua opinião seriam os primeiros a afirmar que os pais estão muito enganados quando os deixam entregues a terceiros ou lhes arranjam múltiplas actividades para os ocuparem longe da família. Diriam aos pais que a sua presença é indispensável para os ajudar a crescer , a entender o que é bem e o que é mal, a encontrar o caminho da Verdade.
Se as crianças pudessem emitir a sua opinião diriam que sabem muito bem que as suas exigências são simples tentativas de chamar a atenção dos adultos e de testar a sua capacidade de subornar a família.
E depois, quando de crianças passam a adolescentes e se mostram revoltados e chocam com as suas atitudes, querem simplesmente que os adultos se apercebam que eles estão ali e precisam da sua ajuda.
Se crianças e adolescentes fossem chamados a dizer aos pais como gostariam que eles procedessem, diriam para eles não serem tão transigentes e flexíveis, para não aceitarem tão facilmente as suas exigências e teimosias, para não viverem como se eles não existissem e não pagassem as ausências com brinquedos e presentes disparatados.
E o artigo terminava discorrendo sobre o que as crianças e jovens pensam mas não podem dizer e sobre o que os pais julgam ser o melhor para os filhos e não é.
Na sequência de tudo isto fiquei a pensar que os erros das crianças precisam de ser corrigidos e a liberdade conquistada e compreendida. E, para tudo isto, o papel do exemplo e do testemunho dos pais é indispensável.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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