sábado, 14 de junho de 2014

Contradições que são convites

Abrir o Evangelho e os nossos olhos caírem no Sermão da Montanha será acaso ,coincidência ou convite à reflexão? É que, se pararmos um instante para compararmos a nossa visão da vida com as afirmações de Jesus, não podemos deixar de nos interpelar. É que há um mundo de contradições entre o que pensamos habitualmente e o que o Evangelho afirma. Não podemos deixar de nos surpreender. Certamente os Apóstolos também se interrogaram sobre o significado das palavras de Jesus :
Bem-aventurados os pobres... os que têm fome... os perseguidos... os que choram...
O Sermão da Montanha apresenta-nos como felizes todos aqueles que, naturalmente, seriam considerados como infelizes pela sociedade. Diz-nos que são felizes aqueles que nós pensamos só terem motivo para se lamentarem; afirma que são felizes os infelizes do mundo.
Dá que pensar!...
Mas não podemos esquecer o final desta exortação: "Exultai e alegrai-vos porque grande será a vossa recompensa no céu".
De facto, tudo o que acontece aqui no nosso mundo, não é mais nem menos do que aspectos da caminhada que nos vai levar até Jesus, onde será grande a nossa recompensa.
Só que nós, habitualmente, vemos o céu como um futuro longínquo e nubloso , sem relação de continuidade com o presente. E pior, queremos viver o imediato, aquilo que nos faz feliz, hoje e agora.
Mas o Sermão da Montanha é um apelo à esperança, um hino ao optimismo, talvez uma recordação nova daquele convite : "Ide e não leveis nada para o caminho" .
E este caminho é toda a nossa vida.
Seria preciso acreditar que felizes somos se confiamos, se não pusermos a nossa felicidade nas alegrias imediatas, se os nossos sonhos forem mais além do fácil, do terreno.
Precisamos cultivar a certeza de que " nada acontece por acaso "  mesmo quando não vemos o porquê e o como.
Não nos podemos deixar abater por "crises" externas e internas, por dores, por mudanças, por dificuldades. Temos que ter a certeza que "grande será a nossa recompensa no céu".
               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

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