Hoje, ao folhear um velho compêndio de Filosofia do meu tempo de Faculdade, deparei-me com a célebre frase de Sócrates "Só sei que nada sei! " . Parei para pensar naquela afirmação do homem considerado o mais sábio da época e constatar que nos tornaríamos bastante mais humildes se interiorizássemos esta verdade em vez de nos pensarmos detentores do conhecimento.
Daí passei para outra ideia, a de que Cientistas e Filósofos se consideram, habitualmente, como pertencendo a mundos diferentes. É que a ciência se centra nas etapas que tem que percorrer para atingir os seus objectivos e não se preocupa com a relação da Ciência, propriamente dita, com qualquer outro ramo de conhecimento.
No entanto, há uma relação profunda entre a Filosofia e a Ciência.
Quando os gregos, mais ou menos por altura do sec. V a. C. se desprenderam das lendas e dos mitos, vulgares nessa época, e passaram a centrar as suas reflexões sobre a razão, criaram a "filosofia ocidental" e esta, que se centrava na razão, foi por assim dizer a base que permitiu o salto para a Ciência como conhecimento e linha de pensamento e investigação.
O patrono desta filosofia ocidental, Sócrates, era realmente considerado o maior sábio do seu tempo. Só ele é que parecia não estar muito convencido disso. Por essa razão foi consultar o Oráculo de Delfos a quem afirmou que "apenas sabia que nada sabia". E esta sábia afirmação bastou para o Oráculo o definir como o homem mais sábio entre todos os outros,porque era o único que sabia que nada sabia.
Mas esta dicotomia entre os homens da Ciência e da Filosofia vem talvez do método científico essencialmente assente na observação, na experimentação baseada em hipóteses e na dedução resultante da experiência e que permite conclusões.
A Filosofia, ao contrário, é uma técnica de pensamento que reúne várias correntes diferenciadas e quase sempre heterogéneas, com um tipo de racionalidade próprio. Tem por objectivo levar o homem, não a experimentar e concluir, mas a entender a relação entre conhecimento e realidade.
Se pensarmos no "Método socrático" constatamos que, a finalidade era essa, mas utilizava como meio o diálogo, através de perguntas simples, dirigidas aos alunos, para os levarem a aperceber-se das contradições existentes no seu pensamento.
Também nós precisávamos de nos aperceber das mil contradições que nos impedem de ver o caminho que nos conduz à Santidade.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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