quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ramalhão - 70 anos

Foi há 70 anos  que o Colégio do Ramalhão deu os primeiros passos, com um pequeno número de alunas internas.
Mas foi notícia de Jornal : " Abriu em Sintra um internato para meninas..." Estávamos em 1942
Hoje, os mesmos objectivos, os mesmos ideais, apesar das vicissitudes, das alterações de mentalidades, das modificações na vida e nos valores.
Começámos as festividades dos 70 anos com um Encontro de Antigas Alunas, em Maio passado. Vamos encerrá-las no próximo Maio, com novo Encontro, no 1º sábado, como de costume.

Entretanto, a 15 de Outubro, teremos uma Tarde Aberta, com actividades, para Pais, Antigos e actuais alunos.
Mas antes, no dia 2 de Outubro, haverá uma Missa de acção de graças, pelas 11 horas, na Igreja de S. Domingos, em Lisboa. Agradeceremos as graças e os dons recebidos por nós e por quantos passaram por esta casa.
Juntamos esta comemoração à dos 175 anos de nascimento da nossa Fundadora- Madre Teresa de Saldanha Oliveira e Sousa.
Sem ela, não haveria Congregação e, portanto, não existiria o Ramalhão.

Teresa de Saldanha Nasceu em Lisboa e desde muito nova teve uma grande preocupação com a educação da juventude. Talvez porque sempre acompanhou a mãe nas suas obras de assistência e caridade.
Era uma jovem como as outras da socidade do seu tempo e teve uma educação esmerada em que se inseria a música e a pintura.
Foi mesmo ao pintar o quadro do Ecce Homo que sentiu o apelo de Deus para a vida religiosa, apelo esse a que não queria nem podia resistir.
Mas o pai nunca consentiria que ela fosse religiosa até porque as Congregações estavam a ser expulsas e os conventos fechados, à medida que morria a última freira.
Teresa ultrapassou a situação, ficando em Portugal, mas mandando para a Irlanda as duas primeiras candidatas.
Estas fizeram lá o seu Noviciado e regressaram para uma casa em Lisboa, que a Madre Fundadora já lhes tinha preparado. A pouco e pouco, a Congregação foi crescendo e multiplicando o número de casas.
Depois da morte do pai, Teresa entrou na Congregação, Professou e foi eleita Superiora geral.
Com a República, parecia que tudo se ia desmorenar, mas não. Foi o impulso para a dispersão e solidificação da Obra, espalhando-a por vários países.
O Colégio do Ramalhão nasce 30 anos depois. Festeja este ano, o seu 70º aniversário. Juntemo-nos todos e celebremos este acontecimento, continuando a acreditar que, "Quando a Obra é de Deus, Ele olhará por ela". (T. de Saldanha)
                                                                          Ir. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.




quarta-feira, 25 de julho de 2012

Degelo na Gronelândia

Vi há pouco tempo  a notícia na internet  e fiquei intrigada e algo surpreendida: na Gronelândia, nos últimos 4 dias, derreteu 97% da camada de gelo que cobre o país.
Temos que concordar que é algo de aterrador e que levanta inúmeras interrogações.
Se não fosse a Nasa a dar a notícia até podíamos ter dúvidas. Aliás, parece que, ao princípio, nem eles queriam acreditar...
Que este ano o Verão tem sido anormal, todos nós o podemos afirmar; que todos os anos, por esta altura, mais ou menos metade da camada  de gelo que cobre a Gronelândia derrete, é dado adquirido e do conhecimento de quem estuda estes assuntos... Mas assim um fenómeno tão repentino, é motivo para nos interrogarmos: o que está a acontecer?
Os cientistas da Nasa estão preocupados e devem ter motivos para isso. Certamente sabem mais do que aquilo que divulgam...
E as consequências destes fenómenos podem ser catastróficas:
- por um lado, a subida do nível do mar, com a possibilidade de invasão das zonas costeiras pelas águas;
- por outro, o aquecimento do Artico, com consequências ainda nâo comensuráveis.

Como podemos lutar contra tudo isto?
Serão também causas humanas que influenciam estes fenómenos? Teremos alguma responsabilidade no que se passa?
Os cientistas apontam como possíveis causas a cúpula de calor que cobriu o país ou a vaga de ar quente que o invadiu.
Por enquanto parece que pouco ou nada mais se sabe. É um fenómeno da natureza...
E nós, que temos Fé, continuamos acreditando que Deus preside à evolução do Universo e "nada acontece por acaso".
                                   Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


Entre Mateus e Miqueias

Estive a ler aquela passagem do Evangelho de S. Mateus em que Jesus fala às multidões , convidando-as a segui-lo. Jesus mostra-se compadecido por eles estarem oprimidos pelo fardo da Lei, pelo jugo dos mil preceitos e obrigações que ela lhes impõe. E convida-os: "Vinde a mim... o meu jugo é suave e o meu fardo leve" Mt. 11,30
É um convite que Jesus lhes faz, o mesmo que nos faz a nós que estamos cabisbaixos com o peso dos nossos problemas, curvados pelas desilusões, as tentações , as neurastenias... "Vinde a Mim"...
O Seu jugo é suave e leve o fardo que nos impõe porque a sua Lei é a Lei da Misericórdia, do Perdão, do Amor.
Porque será que nem sempre a entendemos até ao fim, para a viver com entusiasmo, de coração aberto?  Para a fazermos orientação para a nossa vida,apesar de tudo e apenas porque Sim...

 De repente, não sei porquê, recordei a Profecia de Miqueias, dirigida a um povo ingrato, pecador, que se afastou dum Deus que tudo fez por ele:
"Povo meu, que te fiz?
 Em que te contristei? (miq.6,3)
Já tinha ouvido estas frases em forma de pergunta e de lamento, mas nunca me tinham impressionado como hoje. É Deus a dirigir-se a nós , invertendo os papéis, como se fôssemos nós os ofendidos... Perguntando-nos a causa das nossas dúvidas, das nossas inquietações, do nosso afastamento.
Que queremos que Deus nos faça mais, Ele que está sempre presente e pronto a acolher-nos?
E continua a convidar-nos: "Vinde a Mim... e aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração".
É um pedido a que se junta uma promessa "Achareis alívio para as vossas almas"
É nesta mansidão, nesta humildade, nesta entrega a Deus, nesta oferta sem cálculos nem restrições, nesta resposta simples à pergunta do Senhor, que encontramos consolo para as nossas dores, alívio para os nossos corações.

      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.





terça-feira, 24 de julho de 2012

Odres novos e velhos...

"Vinho novo em odres novos,
Pano novo em fato novo"
                   Mat.9,19
São orientações dadas por Jesus ao grupo que O escutava mas são válidas para nós, hoje e aqui.
É o convite ao àmanhã, à conversão, a deixar o que há de velho em nós e construir o futuro, o novo, o ignorado, com tudo aquilo que deixámos.
Não vale a pena ficar a olhar o passado e lamentar os erros cometidos. Não adianta "chorar sobre leite derramado". Não temos o direito de analisar escolhas feitas ou caminhos percorridos.
Temos é que pôr mãos à obra e iniciar uma vida nova, com novo entusiasmo e novas convicções.
Ficar simplesmente no que se fez e não se devia ter feito, ou no que falta fazer e não foi feito, é "deitar vinho novo em odres velhos"e desperdiçar o vinho ; é malbaratar forças a chorar sobre mal sem remédio mas que pode ser reparado com arrependimento e um recomeço sério.

Quem põe "remendos de pano novo em fatos estragados" está a construir sobre a areia; simplesmente a "tapar o sol com a peneira"; a fingir que mudou alguma coisa.
Quando fazemos isto, não queremos uma autêntica conversão, que exige de nós o mudar completamente, o largar tudo o que era velho e construir um Homem novo à imagem de Jesus Cristo.
Quando fazemos isto, estamos a enganar-nos, julgando enganar Deus. Estamos a prometer uma conversão, baseada em ficção.

Não sejamos assim, não deixemos que o vento nos arraste a seu belo prazer. Mudemos verdadeiramente; deixemos o que está menos bem e teremos a Felicidade prometida por Deus.
Ele está sempre presente, olha-nos com carinho e esquece os nossos fracassos.

                                Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Missionar é...

Ouvi outro dia uma entrevista a um grupo de jovens, falando entusiasmados no seu desejo de ir fazer uma experiência de Missão em terras de Africa.
Realmente quando se fala em Missões, pensamos logo em terras distantes, em gentes que não conhecem o Evangelho, que nunca ouviram falar de Jesus Cristo.
E o verbo que se conjuga imediatamente é IR.
Mas missionar não é apenas ir. Tanto assim que a padroeira das Missões é Santa Teresinha de Lisieux que, eu saiba, nunca saiu do seu convento.
Então será que missionar é rezar ou pregar num dia particular? Ou dar uma esmola especial ou ler notícias sobre o assunto? É que até há um dia determinado  para celebrar as Missões- 21 de Outubro...
Para mim, ser missionário é , antes de tudo,saber olhar para o outro e transmitir-lhe o nosso dom: o Amor, o afecto, a disponibilidade, o conhecimento, a Fé.
É estar atento às suas necessidades; é estar presente.
Todo o baptizado, todo aquele que é por excelência, o portador da Verdade, deve mostrar-se capaz de a dar gratuitamente aos outros, aos que dela necessitam, aos seus Amigos, mas não só nem especialmente. Temos que ser testemunhos do Evangelho, do Amor do Pai por nós, da sua condescendência, da Sua presença, do Seu perdão.
Muitos, sobretudo jovens, mas não só, têm o entusiasmo pelas terras em que o conhecimento de Jesus Cristo não chegou. É a "missão ad gentes". Mas muitos no seu trabalho, no seu prédio, na sua escola, na sua família, dão também testemunho da Verdade, da Lealdade, da Fraternidade. São os missionários "ad intra", aqueles que ensinam sobretudo com o seu exemplo.


Todos nós, baptizados, somos chamados a testemunhar com as nossas vidas  a realidade de sermos filhos de Deus, escolhidos por Jesus Cristo, herdeiros do Evangelho.
Acreditemos que onde houver um cristão aí estará um missionário que leva consigo a Boa Nova do Reino de Deus.
É Ele que nos chamou, conta connosco. Não O podemos desiludir.

 Ir. Maria Teresa Carvalho Ribeiro,O.P.


domingo, 22 de julho de 2012

A Penitência caminho de esperança

Ontem, fui-me confessar, coisa natural e necessária em mim. Alias, faz-me sempre uma certa espécie quando penso em tanta gente, que eu conheço, gente boa, que se considera  católica, mas que tem dificuldade em se confessar. Será porque têm medo de põr a nu a sua alma e o seu coração, diante de uma pessoa, que não interiorizaram que está ali no lugar de Deus? Será por humildade (ou falta dela ) para reconhecerem perante outro, aquilo que os incomoda ou inquieta?

Quando um jovem diante de mim diz: confessar, hum!... e engelha o nariz, puxo dos meus "galões de catequista"  e replico: Tu não sabes o que é a Confissão! E lá vem a definição do catecismo, mais ou menos engrandecida por comentários a propósito: "sinal eficaz da Graça, instituído por Jesus, para nos santificar".
Como queremos ser santos, como pensamos poder seguir Jesus, se não nos revestimos com estes sinais da Graça que, ainda por cima, são eficazes?
Penso que há uma deformação de base, que faz as pessoas julgar que ir-se confessar é só e apenas dizer uma ladainha de pequenas ou grandes coisas que incomodam o coração e a vida. E, quanto maiores são as "coisas" mais dificuldade há em as dizer. Não sei porquê mas entendo...
Esquecemo-nos, completamente, do lado mais importante da questão: a Graça, o dom que o sacramento nos confere, que o Sacerdote nos oferece da parte de Deus.
Não nos lembramos da sua eficácia, não tornamos presente a certeza de que sem ela nunca conseguimos chegar à santidade.
É que não somos santos só porque queremos mas porque lutamos para fazer a nossa caminhada ao encontro de Jesus e para isso... é indispensável a Sua Graça.
E não é verdade que quando nos confessamos nos sentimos aliviados e com uma alma nova ?
Acho que os que duvidam deviam experimentar. Veriam que as inquietações, as dúvidas, as dores, seriam vistas com uma luz nova,
diferente; uma nova alvorada de Esperança encheria as suas vidas.
     Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bater à porta

Jesus bateu à porta...

São várias as passagens em que o Evangelho nos transmite esta certeza: Jesus bate à porta e não O recebem...
Jesus bateu, antes de nascer e "não havia lugar para Ele na hospedaria".
Arranjaram-lhe um espaço simples, humilde, pobre, embora real. Não O acolheram.

Jesus bateu ao coração do "jovem rico". Falhou-lhe, olhou-o com amor...
Mas ele não o quis seguir.

Jesus foi até Nazaré bater à porta dos amigos, da família, daqueles com quem tinha vivido. E eles espantaram-se com o que Ele fazia ... nem queriam acreditar...

Jesus bateu à alma e à compreensão de Pedro e ele negou-O.

Jesus sofreu o desconforto de ser rejeitado, incompreendido, abandonado. Mas continua a bater. E também bate à nossa porta. E insiste!...
E nós, como reagimos quando ele bate ao nosso coração? Como respondemos às Suas solicitações de Amor? Como fazemos quando Ele nos mostra o caminho e nos aconselha: Vem por aqui?
Jesus não é dominador, exigente ou possessivo. Ele apenas sugere, aconselha, convida.
Mas nós andamos tantas vezes ocupados com mil coisas, tantas vezes absorvidos pelos enredos da vida, tantas vezes tão cheios de tudo, que não conseguimos esvaziar o nosso coração e o nosso pensamento para ouvir Deus.
A vida, a família, o trabalho, as dificuldades, o prazer, preenchem-nos. Não temos tempo nem disponibilidade para os outros e, menos ainda, para Deus.
Quantas vezes um amigo, necessitado de compreensão e de apoio nos procurou e nós não tivemos tempo para ele?!...
Quantas vezes sentimos necessidade de parar e, embrenhados no turbilhão que nos avassala, nem conseguimos fazê-lo?!...
Mudemos! modifiquemos a nossa vida e paremos para escutar... a alegria, os sons da Vida, a Palavra, que é Deus.
Não deixemos que Jesus nos bata à porta e nós não demos por isso...
                             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.
                          



quinta-feira, 19 de julho de 2012

O sol quando nasce é para todos

O sol quando nasce é para todos.
Realmente! Se há coisa que não faz acessão de pessoas é o sol. Ele nasce todos os dias, mais luminoso ou mais opaco, mas sempre para transmitir luz e calor... a todos e a cada um.
É ele que aciona o crescimento das plantas, dá alegria aos que choram, faz nascer a esperança aos que a não têm.
O sol modifica a paisagem, altera a disposição das pessoas, torna diferentes até os animais.
Ninguém pode apagar o sol a seu belo prazer ou limitá-lo a um grupo escolhido ou a um espaço reservado.
O sol não é património particular de ninguém . Surge de manhã no horizonte e todos nós o podemos acolher , alegremente, se estivermos dispostos a isso. 
Não podemos apagá-lo quando estamos tristes ou nos sentimos infelizes. Às vezes, bem o desejávamos...
Também não o podemos fazer surgir só porque estamos felizes e nos apetece que o tempo acompanhe a nossa alegria.
O sol não é egoista.
Quando nasce é para todos.
E ao dizermos isto, devemos pensar em igualdade, em partilha, em fraternidade. Faz-nos ter presente que ninguém é maior do que o outro, nem merece mais do que ele, só porque sim.
A igualdade do sol perante os homens, recorda-nos que todos somos iguais, irmãos, aos olhos de Deus, que a colaboração e a fraternidade são exigências de vida, sobretudo para os cristãos.
Não deixemos que a injustiça apague o sol nos olhos daqueles que se cruzam connosco e não tiveram as mesmas oportunidades.
Não façamos, com  a nossa atitude, egoista e indiferente, que o sol esmoreça no coração daqueles que esperavam de nós, pelo menos,  uma palavra, um sorriso, um olhar.
Lembremos os dois apóstolos, face ao paralítico : " Não temos ouro nem prata, mas o que temos vamos dar-te: levanta-te e anda!"
É o que os outros esperam de nós. Lembremo-nos que o importante não é dar mas dar-se.

                           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Apelo sem resposta

Outro dia conversando com um grupo de Antigas Alunas, debruçámo-nos sobre o problema da vocação, a semana de oração pelas vocações, a falta de sacerdotes, a crise nas vocações religiosas, etc.,etc.. Eram tudo "jovens" já senhoras casadas e com filhos...
Às tantas, uma delas, mãe de 4 filhos, revelou que tinha pensado ser religiosa mas que desistira porque achava ser demasiado exigente e difícil. Hoje é feliz mas não esqueceu esse seu desejo de juventude.
Ri-me sem vontade e usei, mais uma vez, o velho lugar comum: E quem disse que é simples e fácil seguir Jesus?
Rimo-nos e mudámos de assunto, falando de acontecimentos "velhos" e sempre novos, ocorridos no Colégio, no tempo da Juventude. É assunto que nunca esgota porque um acontecimento lembra outro e outro.
Mais tarde, já sozinha, comecei a pensar naquela aluna e no episódio do "jovem rico" e do apelo que o Senhor lhe fizera. Ele tinha ido ter com Jesus para Lhe perguntar o que devia fazer para ser perfeito. Aquela jovem, boa cristã, tambem muitas vezes, certamente, perguntara o que tinha que fazer para ser santa. E ao jovem do Evangelho, como àquela jovem, Jesus respondera o mesmo: deviam cumprir os mandamentos.
O jovem fazia-o e ela tambem... não matavam, não roubavam, não prejudicavam o próximo... Que mais era preciso?
Deixar tudo e seguir Jesus!
E diz-nos o Evangelho que o jovem se afastou porque tinha muitos bens. Pensamos imediatamente que tinha muito dinheiro. Era rico!
Mas o que significa ser rico? Ter muitos bens?
Acho que aquilo que nos prende, muitas vezes, não são os bens materiais mas sim o apego àquilo a que estamos acostumados, às nossas ideias, ao nosso prazer, mesquinho ou não, às nossas comodidades, àquilo que faz o nosso dia-a-dia.
Há muitos ricos que são pobres, de facto, porque são desprendidos, livres, atentos aos que os rodeiam, disponíveis.
E será que não há pobres muito "ricos", porque presos às suas ambições, aos seus desejos, às suas revoltas, às suas invejas?!...
O que afastou aquela jovem do apelo de Jesus? Não será o que afasta tantos outros jovens também?
Sobretudo o medo do desconhecido, do esforço de deixar tudo, da ignorância do que vai receber em troca...
Deixar tudo e ir... sem planos, "sem alforge, sem duas túnicas"...
É preciso ter coragem mas é a condição para seguir Jesus.
                                  Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Mudam-se os tempos...

                          "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades(...)
                          Todo o mundo é composto de mudanças..."

Assim fala o poeta. Assim podemos falar nós se observarmos o tempo, o mundo, a vida; se olharmos à nossa roda; se nos interrogarmos a nós mesmos.
O tempo muda!... as estações sucedem-se, ora inebriantes de luz, de alegria, ora plenas de tristeza e melancolia... Os meses seguem-se, uns atrás dos outros, todos iguais e todos diferentes... O dia e a noite alternam, ora com o sol a encadiar-nos ora banhando-nos a ténue luz da lua...

Os tempos mudam! Hoje há paz, tranquilidade, abundância, quietude; amanhã, tudo é diferente. A guerra substitui a paz; a tranquilidade degenera em agitação; a abundância traduz-se em fome; a quietude dá lugar à inquietação.

E com os tempos mudam-se também as vontades. É tão difícil ser persistente, defender as suas ideias, ser coerente... e é tão fácil deixarmo-nos dominar e arrastar pelo "grupo", pela moda, pelo "parecer bem ou mal"...

Mudam-se as vontades... E porque não? E porque não mudar quando consideramos que nos enganámos, que o caminho a seguir é outro, que o desafio a corresponder não é aquele que aceitámos?...
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". É inevitável. O mundo, a vida, são feitos de mudanças. Mudam as pessoas... Mudam os trabalhos... as organizações... os princípios... os objectivos... "Todo o mundo é feuito de mudanças"
E é bom que assim seja. É importante saber acolher o que o dia a dia nos oferece e tirar disso o melhor partido. É importante saborear as múltiplas facetas com que a Vida se reveste e ver em cada uma a  imagem de Deus. Esse Deus Uno e Trino, que se oferece como Pai, Filho e Espírito Santo. Também Ele símbolo de mudança!...

Aceitemos as mudanças. Acolhamo-las com entusiasmo, certos que elas fazem parte do desafio que o mundo e a vida nos propõem, esse mundo a que pertencemos e essa vida que é a nossa.
                      Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sonho duma antiga aluna

Esta noite
sonhei com o Natal.
Sonhei com todas as crianças
felizes, neste dia tão especial.

Sonhei
que o Senhor nos abençoava
e todas as pessoas do mundo
envolvia e acarinhava.

Sonhei
que no coração do Homem
não existia dor nem rancor.
Só paz, ternura e amor.

Sonhei
que à mesa do Senhor
o mundo estava em festa
e que nunca houvera existido
na vida, felicidade semelhante a esta.

Então,
eu ajoelhei-me perante Deus
e perguntei-lhe:
Será isto apenas
um sonho ou realidade?

E Deus respondeu:
Minha filha, se tiveres Fé
tudo pode ser verdade.
               Sónia Marques

terça-feira, 10 de julho de 2012

Recordações

Outro dia bateu-me à porta uma aluna antiga. Não voltara ao Colégio há 40 anos mas tinha sentido um desejo imenso de rever espaços, relembrar situações, recordar cheiros característicos.
E bateu à porta!
Quis ver tudo: o dormitório onde estivera, a sala onde tinha tido aulas, o recreio dos seus primeiros anos, a floresta onde tomava as refeições, a varanda, donde se avista o mar e grande parte da quinta e onde se escondiam para desespero da Irmã que ia deitar.
E viu... com as modificações ocorridas, claro! Viu e chorou de alegria e comoção.
Tanto tempo, tantas recordações, tantas saudades!...
Depois, foi o reviver...
Os passeios na quinta, aquela ida a Lisboa de comboio, aquelas festas em que participou, as visitas ao guarda-roupa onde se iam alugar os fatos para as representações, as viagens, cada ano repetidas, e tantas outras coisas que foram vindo à memória.
Também o dia-a-dia doColégio: o pão das 11h, a sobremesa de pães de leite com marmelada, as argolinhas e os suspiros, o estudo da noite com o seu chá e pão com manteiga...
Lembrou também as reprimendas e os castigos mas vendo-os agora como uma ajuda ao crescimento e à sua formação.
E afirmou: " O que sou, devo-o ao Colégio. E, muitas vezes, quando estou a chamar a atenção aos meus filhos, recordo esta ou aquela Irmã que me dizia exatamente a mesma coisa na idade deles"
São estas visitas que nos dão a certeza de que vale a pena lutar pela formação dos jovens e sua preparação futura.
Há sempre muito quem recorde, sobretudo quando se juntam duas ou três "antigas" cada uma com as suas experiências.
Falam do que foram e do que são: das alegrias e tristezas, mas sobretudo das alegrias porque "tristezas não pagam dívidas" e já se esvaíram no evoluir dos tempos.
    Ir. Teresa de Carvalho Ribeiro, o.p.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

"Partir é morrer um pouco"


"Partir é morrer um pouco..."

Estou a pensar naqueles jovens que deixam a sua casa, a sua terra, os seus amigos para irem estudar longe. É um objectivo que os move,e o desejo de vencer talvez apague um pouco as saudades, a lembrança do que deixaram, a incerteza do que os espera.
Mas há sempre ajustamentos a fazer, adaptações que se impõem, costumes que são diferentes, amigos que é preciso conquistar, hábitos que se têm que adquirir...

Mas penso ainda mais naqueles pais de família que deixam os seus, para tentar a sorte noutro país , noutro ambiente, noutro meio.
E penso naqueles homens e mulheres a quem a sorte não bafejou e têm que ir procurar longe o que a sua terra lhes negou.
Partem com esperança... alguns com Fé.
Mas levam com eles a saudade e deixam nas suas casas um pouco de si mesmos.
A cada passo há a lembrança do que deixaram e, mesmo quando tudo corre bem, não é sem alegria que voltam e abraçam os que cá ficaram e admiram, com olhos novos, tudo o que deixaram.

Calculo que os Apóstolos também "morreram um pouco" quando Jesus os deixou.
Não foram eles que partiram mas deixou-os Aquele em quem tinham posto a sua confiança.
Ficaram a olhar para o céu com a esperança sem esperança de ver voltar Jesus.
E regressaram às suas terras um pouco aturdidos, desiludidos mesmo, interrogando-se sobre o que tinha acontecido. Tinham confiado, tinham seguido o Mestre , muito tempo sem compreender, mas certos do que Ele lhes prometera.
E agora?... "Morreram um pouco!"
Mas a alegria, a felicidade, a Fé ,voltou. Chegou, quando o Espirito Santo os inundou e lhes restitui a certeza de que não estavam sós.

É esta certeza que nos falta muitas vezes. A saudade, a tristeza da separação, as dúvidas quanto ao futuro, tudo isso seria superado se confiássemos plenamente que Deus não nos pede nada para além das nossas possibilidades e que Ele está sempre presente com a Sua Graça e a Sua força.
               Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.





sábado, 7 de julho de 2012

Semear com lágrimas; colher na alegria

Quando o Senhor restaurar os destinos de Sião
será para nós como um sonho
                     ...                                                                  
Os que semeiam com lágrimas
recolhem entre cânticos.
Na partida vai chorando
o que leva a semente,
no regresso vem cantando
o que transporta as espigas.
                      sal. 125

Este é um salmo que nos fala de esperança, de confiança, de certezas, muito embora também de  esforço e de dificuldades.
"Quando o Senhor restaurar..." Ele já restaurou. Ele já chegou e já trouxe consigo a Paz, o Perdão, o Amor. Ele já morreu e ressuscitou. Já nos deixou a Sua Mensagem e nos pediu a nossa colaboração. Temos razão para pensar em sonho, em alegria, em cânticos.
Jesus já veio e já nos prometeu o Seu Reino, um reino onde todos temos o nosso lugar e em que seremos felizes se O acolhermos e O seguirmos; se ouvirmos a Sua Palavra e dela formos mensageiros.
E aí, começam as dificuldades. É que , para seguir o Senhor Jesus, temos que fazer a nossa caminhada de esforço, de correção, de procura da santidade. Temos que seguir o nosso caminho de escolha livre, de sucessos e recuos. Por isso, "vai a chorar aquele que leva a semente " da graça, da virtude,do bem. Essa semente que tem que ser regada, cuidada, para crescer e dar fruto. E este é um trabalho que exige esforço, despojamento, vontade.
E, no nosso caminho que nem sempre é plano, nem seguro, nem fácil, há escolhos e há desvios que nos convidam a seguir por veredas mais agradáveis e fáceis. É o momento de chorar o nosso erro, o nosso pecado, o nosso afastamento do Pai.
Mas Ele lá está a falar-nos ao coração, a dar-nos o Seu perdão, a fazer com que o nosso arrependimento, a nossa pequena semente de santidade frutifique e faça de nós o semeador que volta" cantando transportando as espigas" da nossa identificação com Cristo .
semeando com lágrimas podemos recolher entre cânticos.
                            
                             Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Almas perdidas

Outro dia entrevistei uma jovem candidata a aluna do Colégio. Candidata não é bem o termo porque quem queria que ela fosse candidata era a família, pareceu-me...
Mas não é por isso que esta entrevista me marcou, mas sim pela maneira como decorreu.
Habitualmente não tenho problemas com jovens candidatos, mesmo com aqueles que se mostram desde logo desafiantes, prontos a marcar as suas posições.E também não com aqueles que querem agradar , mostrando aquilo que não são e manifestando o que não pensam.
Há de tudo nestas entrevistas e muito se aprende com elas.
Mas com esta jovem não foi nada assim: nem desconfiada, nem arrogante ou desafiadora, nem demasiado confiante nem influenciadora. Não! Apenas me pareceu perdida.
Nem uma palavra, as lágrimas correndo silenciosamente pelas face que ela escondia atrás das mãos.
Nem uma resposta às minhas questões. Apenas uma frase de desespero: Não quero ficar fechada!...
E porque razão uma quase criança, uma adolescente (12 anos) se mostra assim frágil, deprimida, ausente?
Na altura não me debrucei sobre o assunto mas passados estes dias , aquela jovem voltou-me ao pensamento.
Será mesmo assim ou serão causas externas que a puseram naquele estado? Dificuldades de vida, falta de assistência familiar, ausência de Fé?...
Recordei-me naquela idade... Cheia de alegria, de confiança, de certezas. Lembrei as minhas amigas, a transbordarem de felicidade.
O que torna diferentes crianças e jovens da mesma idade?Traumatismo de infância? Alterações genéticas?Situações familiares? Diferenças de educação?...Não sei! Acho que tudo e nada. Mas o que tenho a certeza é que Deus nos quer felizes e que todo o educador tem a missão de mostrar aos jovens o caminho da Felicidade.
E a Felicidade é uma conquista mas também resulta de uma outra causa que é um dom : a Fé.
A Fé é um dom que Deus oferece a todos. Basta agarrá-lo e desenvolvê-lo.
Gostaria de abanar aquela jovem e milhares de outras como ela e gritar-lhes que não estão sós, que não estão perdidas, que há um caminho para percorrer e um sol para as iluminar. Que a adolescência é um período difícil, entre a inconstância da infância e o desejo de liberdade da Juventude.Mas que é a altura de crescer, de abandonar umas coisas e agarrar outras, de adquirir valores, de formar a Vontade. Crescer é importante e imprescindível.Queria poder ainda dizer-lhes que devem acreditar que Deus lhes sorri e o Seu Filho está ali, ao seu lado, para as acolher.
                                     
                 Ir. Teresa de Carvalho Ribeiro.o.p.


                                                       





terça-feira, 3 de julho de 2012

Querer é poder!...

"Querer é poder" - diz o povo e é verdade.
Diz o povo e mostra-o a vida em todas as situações, mais simples ou mais complexas .
Nós, talvez ainda com mais razão do que outros, podemos afirmar esta máxima, que vivemos ao longo dos tempos.
Quisemos e mostrámos novos mundos ao mundo...
Quisemos e construímos um património reconhecido in- ternacionalmente pela sua preciosidade e beleza... Até a Unesco o confirma...
Quisemos e libertámo-nos de opressões e super potências...
Já dizia o poeta:
Deus quer, o Homen sonha, a obra nasce!
Mas a obra só nasce quando o homem sonha e vai ao encontro do querer de Deus. Quando o Homem põe o seu "engenho e arte"ao serviço do Senhor dos senhores.
Continua a ser um ditado popular e uma convicção de séculos."Querer é poder "
Mas hoje em dia parece que a maioria dos jovens não acredita nesta imensa capacidade de realização que vem dum simples "querer".
Estão muito mais crentes na "capacidade do improviso", no "há-de acontecer!", no "talvez", no "logo se vê".

Vejo crescer, com uma imensa mágoa, uma geração de fracas aspirações, de grandes indiferenças, de pouca vontade e de falta de convicção no poder do esforço. Uma geração do "deixa andar".
Salvam-se as honrosas excepções que, de vez em quando, surgem nos jornais ou são notícia de TV, porque levaram além fronteiras o seu saber e a sua força de vencer.

Alegro-me sempre quando isto acontece e, mais ainda, se são jovens portugueses como o que aconteceu, ainda o ano passado, com duas antigas alunas: a Joana Coelho e a Nídia Trovão.
Porque é o nome de Portugal que está em causa ( e não apenas no futebol nem pelas piores razões) mas também porque são jovens que mostram a outros jovens que vale a pena lutar e que o querer tem muita força, sobretudo se o querer se alicerça na Fé.
São jovens que continuam a manter vivo o velho ditado popular:
" Querer é poder!"
           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

domingo, 1 de julho de 2012

Ser professor

Ainda haverá quem escolha, por vocação, ser professor?
É que, quando eu era criança e pensei ser professora, esta era uma profissão que realizava, que entusiasmava qualquer um, pela satisfação que trazia. Mas hoje, ser professor é um desafio que se nos apresenta, um desafio difícil e muitas vezes inglório. Por um lado é preciso conquistar o público-alvo--os alunos, para que eles acolham aquela verdade que lhes queremos transmitir, o que não é fácil, concordemos.
Por outro, é necessário um ambiente de disciplina, de tranquilidade,que torne produtivas as nossas aulas. Ainda mais difícil!...
Há que lutar para desenvolver os melhores, manter os médios no mais alto nível possível e conseguir interessar aqueles para quem o desinteresse é a maior e melhor ocupação.
O professor tem que cativar os seus alunos sem deixar de lhes chamar a atenção para os erros e corrigir as faltas.
É a ele que cabe inventar as melhores estratégias de ensino, diversificar os métodos, equilibrar a exposição com a pesquisa dos alunos. Tem que ser mestre,mas ao mesmo tempo amigo, confidente e até pai e mãe...
Precisa dar sem nada esperar em troca e estar ciente que ser professor é ter uma vocação de disponibilidade e altruismo. Tem que se estar sempre atento, sempre presente, sempre com a intenção de apreder. E é aqui que entra a humildade do verdadeiro professor...Não sabe tudo, não é capaz de tudo e tem que tudo fazer, sem esperar recompensa para o seu esforço nem agradecimento pelo seu trabalho.
Quando os resultados são bons, foi mérito dos alunos, inteligentes e trabalhadores; se os resultados foram deficientes, culpa do professor que não quis ou não soube fazer melhor.
Será que continuamos a querer trabalhar com entusiasmo sem qualquer reconhecimento? Que queremos continuar a sofrer por alunos para quem o professor é "o inimigo" que impõe e coarcta a sua liberdade de "não querer" ?
Continuo a gostar da profissão que escolhi, quando ainda brincava com bonecas, e a admirar todos aqueles que optam por ela. Mas reconheço que cada vez é mais difícil atingir os nossos objetivos: formar para o futuro, homens e mulheres com sabedoria , com valores, com capacidade de trabalho e de vontade, com Fé e com Alegria.
Ser professor é por-se ao serviço duma "causa quase perdida" com a certeza de que a pode ganhar  desde que acredite que "tudo pode n`Aquele que o conforta